quinta-feira, março 31, 2005
patrão fora, dia de trabalho na loja?
Gritos
"Para a semana faço 32 anos e ainda não sei o quero ser", comentava-me uma amiga. Pudera. Alguém saberá? Cavalgamos, apenas, sobre a ténue linha da existência. Eu cá, acho que isto está do avesso. Queria voltar ao berço, em dias assim. Nascer encarquilhado e acabar-me a abocanhar o seio desejado. Antes de me banhar para sempre nos líquidos essencias da mulher primeira. Largar os carris de vez para o refugio dos quadris quentes e lânguidos da materna doçura. Não faria mais sentido?
Eu cá, em dias pintados assim, sei que o quero ser.
Para a amiga, que não precisa de chocolates, roubei umas fumaças à Tabacaria.
Adeus, ó Esteves!
"[...]Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso?
Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio?
Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas
-Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente
(...)
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeiraTalvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira.
Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança,
e o Dono da Tabacaria sorriu"
Tabacarioa, Álvaro Campos
E a Igreja?
«Que num debate sobre a direita, a uns dias do referendo sobre o aborto, e quando se recomenda o "debate ideológico", a Igreja não se mencione é um contra-senso ou uma fuga.Ontem, em conversa com este jornal, as cabeças pensantes da direita portuguesa conseguiram o milagre de falar da direita sem falar da Igreja. Voluntária ou involuntária, esta omissão é curiosíssima. Por várias razões. Primeiro, porque a história e a própria existência da direita sempre esteve, e continua a estar, ligada à Igreja. O miguelismo foi uma aliança entre o trono e o altar e o anti-clericalismo dividiu os campos durante todo o século XIX e mais de metade do século XX. Ninguém conseguia ficar neutro ou sequer à margem. Ou se estava de um lado ou se estava do outro. A literatura (incluindo o ensaio) reflecte, aliás, muito fielmente o que sucedia na sociedade e na política. De Garrett a Sérgio, corre, página a página, um ódio inextinguível à Igreja e ao padre, que nenhum católico conseguiu contrariar ou sequer mitigar. A Monarquia caiu em grande parte por causa da "questão religiosa" e a República ou, mais precisamente, o Partido Democrático de Afonso Costa não passou em grande parte uma perseguição endémica à Igreja.
Mas, no fim, a Igreja ganhou. Salazar era a sua criatura e o Estado Novo o seu regime. Muito se tem escrito sobre a independência que Salazar supostamente assegurou ao Estado. Não assegurou nada. A Ditadura vivia do facto, para ela feliz, de existir um pároco em cada paróquia. Não precisava de um partido único para doutrinar, vigiar e reprimir a população. A Igreja bastava e, quando ela faltou, depois do Concílio e de Paulo VI, tudo tremeu e se desfez. Caetano, coitado, acabou sem fé. Mas, durante o PREC, a Igreja resistiu e ainda em 1979, na campanha da AD, assisti a muita missa em que se proibia o voto no PS, por ser obviamente um "partido marxista". Em 1980, os velhos ministros de Salazar já ensinavam na Universidade Católica, que desde essa altura se tornou na principal escola de quadros da direita.
Fora esta realidade crua e dura, também não se vê bem como qualquer "refundação" do CDS ou do PSD possa a prazo prescindir dos valores da Igreja e do seu apoio institucional activo. Não por acaso aumenta constantemente o número de políticos que exibem com clamor o seu catolicismo. Eles sabem que precisam de uma referência ao mesmo tempo popular e sólida para moderar ou conter o "politicamente correcto". Que num debate sobre a direita, a uns dias do referendo sobre o aborto, e quando se recomenda o "debate ideológico", a Igreja não se mencione é um contra-senso ou uma fuga.»
Bom dia!
PARA EL FIN
DEL MUNDO
O EL ANO NUEVO
LLEGARÁS MANANA
PARA EL FIN DEL MUNDO
O EL ANO NUEVO
MANANA TE MATO
MANANA TE LIBRO
ESTOY ADELANTE YA NO
YA NO TENGO MIEDO
MANANA TE DIGO QUE EL AMOR
QUE EL AMOR SE HA IDO
quarta-feira, março 30, 2005
Boa Noite
Entre mim e o que em mim me suponho,
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.
Fernando Pessoa
Mourinho, o gestor
Obrigada Mourinhete e Guess Who pela gargalhada que me fizeram dar com os vossos comentários :) Realmente... não falta mais nada!
Mesmo assim, aplicando-se lindamente a máxima "uma imagem vale mais do que mil palavras", cá vai o motivo do post.
Um artigo da revista EXAME, de Abril, assinado pelo jornalista Pedro Fernandes, intitulado «18 lições de campeão« levaram-me a abordar o assunto.
Fiquei desde logo "agarrada" à leitura pelo "lead" e dei por bem empregue o tempo dispendido. Diz assim: «Pode o modelo de gestão de José Mourinho ser aplicado em empresas fora do mundo do futebol? Sim. O seu livro tem ensinamentos para todo o tipo de gestores». E a legendar uma foto: «O livro do homem que poucas vezes sorri foi motivo de um artigo no Financial Times onde se alerta os ingleses para os ensinamentos que os gestores podem retirar com a sua leitura».
São três páginas agradáveis onde se resumem 18 tópicos de "boas práticas", mais três caixas. A que mais gostei foi a do Professor Jorge Vasconcellos e Sá que aponta sete factores para o sucesso de José Mourinho. A dado momento da sua análise pode ler-se «A maior parte das pessoas passa pela vida sem saber o que faz bem. Mourinho faz aquilo para que tem talento. Este (o talento) nunca é universal.Quer no liceu, quer no Iscef, teve problemas com a Matemática; desistiu do curso de gestão no ISCTE; desistiu de ser futubolista quando concluiu que não tinha jeito», e por aí fora. Eu gostei de ler.
Se hoje de manhã, me tivessem dito que eu "postaria" qualquer coisa sobre o Mourinho, negaria! Diria: jamais! eu percebo muito pouco de futebol e, no blog, esse tema está, geralmente, sob a alçada do Rui. Sarcástico, quase sempre, principalmente quando o FCP, perde!
Have I Told you lately?
(Quem preferir pode ouvir aqui em Windows Media Player)
Have I told you lately that I love you
Have I told you there’s no one else above you
Fill my heart with gladness
Take away all my sadness
Ease my troubles that’s what you do
For the morning sun in all it’s glory
Greets the day with hope and comfort too
You fill my life with laughter
And somehow you make it better
Ease my troubles that’s what you do
There’s a love that’s divine
And it’s yours and it’s mine like the sun
And at the end of the day
We should give thanks and pray
To the one, to the one
Have I told you lately that I love you
Have I told you there’s no one else above you
Fill my heart with gladness
Take away all my sadness
Ease my troubles that’s what you do
There’s a love that’s divine
And it’s yours and it’s mine like the sun
And at the end of the day
We should give thanks and pray
To the one, to the one
And have I told you lately that I love you
Have I told you there’s no one else above you
You fill my heart with gladness
Take away my sadness
Ease my troubles that’s what you do
Take away all my sadness
Fill my life with gladness
Ease my troubles that’s what you do
Take away all my sadness
Fill my life with gladness
Ease my troubles that’s what you do
Orbi
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite)
Manuel Bandeira
(A imagem é da autoria do fotógrafo indiano Tarun Khiwal)
Music is THE BEST
com recurso ao Windows Media Player. Se houver muitas reclamações na caixa de comentários eu coloco um ficheiro na página. Mas, para já, vamos tentar este método para não sobrecarregar o blogue.
Information is not knowledge,
Knowledge is not wisdom,
Wisdom is not truth,
Truth is not beauty,
Beauty is not love,
Love is not music
and Music is THE BEST
terça-feira, março 29, 2005
É dos carecas que ele gosta mais
Memória
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade
Azenhas do mar
Faz-lhe cócegas qu'ela gosta
Um post roubado descaradamente ao Azenhas do Mar, que aproveitou as celebrações de um ano de existência para migrar para o blogger. Parabéns atrasados. Pela casa nova e pelo aniversário. E agora divirtam-se a fazer cócegas à menina. Mas sem exageros...
Certezas, dúvidas e equações
Não estive longe. Mas distante, o suficiente, do meu quotidiano. E de rotinas mais ou menos recentes, mais ou menos conciliadoras. O blog é uma destas rotinas recentes e conciliadoras que, inesperadamente, nos fazem falta.
Parti em viagem, breve, depois de um funeral. O pai de uma amiga morreu.
E agora, chegada aqui, a esta casa antiga, com chuva nas janelas penso nas pessoas que cruzaram o meu caminho e naquelas que ainda chegarão, antes que eu parta também. Não sou pessimista. Prezo tanto a vida, que até a agradeço em plenas e demoradas filas de trânsito e no decorrer de tantos outros desesperos humanos. Dos mais banais aos mais filosóficos. Mas, novamente, o confronto com a morte, fez-me ficar quieta naquela frase que se ouve nos funerais: «é a única certeza que temos na vida…mas…» Mas não estamos preparados para digerir tamanha certeza, muito menos em rituais de despedida atenuados ou não pela fé.
Para além de que, esta “única certeza” é sempre sinónimo de subtracção.
Para o bem ou para o mal, tiram-nos alguma coisa, certa pessoa, determinados momentos vivos. Privam-nos do que, às vezes, nem sequer usufruímos.
Mas privam-nos. Desassossegam-nos. Entristecem-nos.
E depois, a morte, é uma certeza que induzimos tarde. Ou rejeitamos, ou adiamos. A certeza da morte é o tal cromo que ninguém tem repetido.
Tinha outras, tantas outras certezas, antes desta, que equacionava de forma simples. Certezas urgentes, impiedosas, ímpias.
Certezas serenas, sagradas, basilares.
Muito antes de deslacrar a certeza da morte, tinha certezas eternas guardadas. Minhas. E desse baú enorme de certezas, resta-me uma absoluta e outra relativa. Ri o. De mim. E do fundo do baú, tão amplo, tão grande para tão poucas certezas e tão ínfimo para tantas dúvidas.
Há certezas que nos adicionam, que nos multiplicam, que nos dividem.
Ah! como nos dividem, como nos multiplicam, como nos adicionam…
à vida, numa osmose quase perfeita. Tanto que nos pode ser adicionado.
Amor, coragem, ternura, alegria, amizade, sorriso, calor, sinceridade, vontade, sonho, vitória, prazer, cumplicidade, emoção… Certezas que se multiplicam e fazem do coração um lugar demasiado pequeno. Certezas que nos dividem, nos sobressaltam e nos fazem querer, ao mesmo tempo, uma ilha e um continente.
Outras certezas, porém, não só subtraem pessoas, como subtraem sentimentos. Tanto que nos tiram. Fazendo com que a nossa equação desequilibre e o resultado pareça, às vezes, inalcançável, indecifrável, insuportável.
Outras vezes o resultado dessa equação de certezas, de dúvidas, de incógnitas, é tão, mas tão evidente que fazemos bem a conta de cabeça, ou de coração, conforme o caso. Tanto o que pode acontecer numa equação. Tanto o que lá cabe. Tantos sinais, tantas variáveis. Equações possíveis, impossíveis ou indeterminadas.
Certezas, dúvidas e equações.
Eu fazia uma muito simples, nos cadernos, nos muros ou no tampo das mesas da sala de aula da minha escola
maria + paulo = amor ou, quando não tinha namorado, maria + ? = amor
E era assim que, naquele tempo, imenso e demorado, eu fazia contas à vida! Muito poucas variáveis, às vezes uma incógnita, sempre temporária, uma solução certa e absoluta.
Era no tempo das equações simples, de resultado inquestionável e, certamente,feliz.
El sueño
El sueño
Si el sueño fuera (como dicen) una
tregua, un puro reposo de la mente,
¿por qué, si te despiertan bruscamente,
sientes que te han robado una fortuna?
¿Por qué es tan triste madrugar? La hora
nos despoja de un don inconcebible,
tan íntimo que sólo es traducible
en un sopor que la vigilia dora
de sueños, que bien pueden ser reflejos
truncos de los tesoros de la sombra,
de un orbe intemporal que no se nombra
y que el día deforma en sus espejos.
¿Quién serás esta noche en el oscuro
sueño, del otro lado de su muro?.
Jorge Luis Borges, 1964
Meu erro
segunda-feira, março 28, 2005
ressuscitarei?
My workingweek and my Sundayrest
My noon, my midnight, my talk, my song
I thought that love would last forever: I was wrong
The stars are not wanted now, put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood
For nothing now can ever come to any good
W.H. Auden
Marcelo a banhos
Como foi possível comprovar numa edição recente do Diário de Coimbra, Marcelo é o primeiro a contribuir para a lenda. Atente-se no primeiro parágrafo do texto de opinião que escreveu para o diário: Parece mentira, mas não é. Saía eu do meu banho no mar diário – sempre à hora do almoço, entre aulas de manhã e aulas à tarde, salvo ao fim-de-semana, em que separa uma boa corrida e um frugal almoço –, eis senão quando deparo com o querido amigo Adriano Lucas, num dos seus passeios domingueiros ao longo do paredão. E pronto. Ficámos todos esclarecidos sobre os hábitos balneares do professor, que enfrenta as águas sem arrepios faça sol ou faça chuva. E sem mesmo vestir o roupão, redigiu logo ali na praia uma longa prosa contra a co-incineração. Homens assim não existem. Mas não existem mesmo.
Bom dia!
Outro Dia
Pessoa acordava assim na figura de Caeiro:
Todos os dias acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei-de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer cousa para eu acordar de novo.
Alberto Caeiro
domingo, março 27, 2005
Última Tentação
Ficaram os dois numa desesperante frustração.
Não há dúvida que o Paraíso está atornar-se cada vez mais chato !
mário-henrique leiria (novos contos do gin)
sábado, março 26, 2005
Boa Páscoa
Duas penadas
Triste país esta coisa adiada. Ou, como escrevia há uns tempos o compagnon RB, pátria que nos pariu! Basta ler o título da novela..
Quase em surdina, surge-me a voz da Manuel Azevedo. Sem indirectas a qualquer tipo de clã.
Agora faço-me à estrada, que as curvas estão já ali.
Vieste comigo
nesse jeito pós-moderno
de não querer saber nada
de não fazer perguntas
essa pose cansada
tão despida de emoção
de quem já viu tudo
e tudo é uma imensa
repetição
não fosse a minha competência para amar
e nunca teriamos acontecido
num mundo de competências
e técnicas de ponta
a dádiva da fala
quase já não conta
depois quase ias embora
desse modo
evanescente
não soubesse eu ver-te
tão transparente
e teria sido apenas
o encontro acidental
uma simples vertigem
dum desporto radical
não fosse a minha competência para amar
e nunca teriamos acontecido
num mundo de competências
e técnicas de ponta
a dádiva da fala
quase já não conta
Competência Para Amar Carlos Tê \ Hélder Gonçalves
O Argumento
O ARGUMENTO esfarrapado é uma das mais curiosas instituições portuguesas. Contrariados pelos factos, certas personagens - muito mais por dever de ofício do que por convicção profunda - amontoam à pressa duas ou três frases e saem em defesa de damas já totalmente indefensáveis.
No topo destes casos está, o ainda secretário geral do PSD, Miguel Relvas. Comentando o regresso a Lisboa das secretarias de estado deslocalizadas, opinou: «É uma medida para inglês ver».
Afirmar que o regresso aonde sempre estiveram é para inglês ver só pode ser verdade pelo facto de, eventualmente, passarem mais ingleses por Lisboa do que por outra qualquer localidade de Portugal.
Mas não é só M. Relvas. Também Luís Delgado, admirado com a boa prestação de Sócrates no Parlamento, escreve: «É caso para dizer que este PM poderia muito bem ser de centro-direita». Seguindo raciocínio de Delgado, Sócrates manifestamente enganou-se ao afirmar-se de esquerda. Um homem de esquerda não pode, de acordo com este analista evidenciar a competência de Sócrates, o discurso de Sócrates, as propostas de Sócrates. Por isso é tempo de cada primeiro-ministro, cada ministro, cada deputado, antes de se definir politicamente como de direita ou de esquerda, fazer o teste Delgado. Ele, lá do alto do seu critério, lhes dirá em que área se deverão posicionar.
O pódio do argumento esfarrapado é completado pelo líder da Associação Sindical de Juízes, que comentou assim a proposta de redução das férias judiciais, de dois para um mês: «As férias judiciais não significam um período de descanso». Pelo contrário, acrescenta, é nesse período que processos mais complexos são analisados. «As férias não significam que os agentes da justiça estejam sem fazer nada», insiste.
Ora, a isto só poderemos responder: POIS !
sexta-feira, março 25, 2005
Hábitos...
Os oito candidatos vão ser entrevistados por Annan e pela vice-secretária geral da ONU, Louise Frechette, o que permitirá às Nações Unidas avaliá-los segundo vários critérios, entre os quais a capacidade em matéria de diplomacia, de gestão e de mobilização de recurso e o conhecimento das questões dos refugiados.
O novo alto comissário dos refugiados deverá ser "um líder que lutará sem vacilar pela causa dos refugiados" e possuidor de "qualidades de comunicação e de estabelecer consensos".Numa iniciativa anunciada no final de Janeiro, Annan lançou o objectivo de procurar um novo alto comissário da ONU para os refugiados entre "os candidatos mais bem qualificados do Mundo" para o lugar.
Os oito candidatos ao cargo
- António Guterres (Portugal), ex-primeiro-ministro e presidente da Internacional Socialista.
- Ema Bonino (Itália), parlamentar europeia, membro das comissões dos Negócios Estrangeiros e do Orçamento e da sub-comissão dos Direitos Humanos.
- Hans Dahlgren (Suécia), Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros.
- Gareth Evans (Austrália), presidente do International Crisis Group em Bruxelas.
- Soren Jenssen-Petersen (Dinamarca), representante especial da ONU no Kosovo.
- Bernard Kouchner (França), antigo Ministro da Saúde e antigo representante especial da ONU no Kosovo.
- Kamel Morjane (Tunísia), Alto Comissário Adjunto para os Refugiados.
- Mark Verwilghen (Bélgica), Ministro da Economia, da Energia, do Comércio Externo e das Políticas Científicas.
António Guterres – sem embargo das suas próprias prioridades políticas -, revela aqui uma especial motivação para participar em projectos de natureza pública e humanitária.
António Vitorino foi convidado para o cargo e não aceitou.
Já estamos habituados...
quinta-feira, março 24, 2005
O nosso maior fã...
Ritmo!
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente
E posso dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas, nem a fascinação das
promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pedes que repouses quieto, muito quieto
E deixe que as mãos cálidas da noite encontrem a fatalidade do olhar
estático da aurora.
Vinícius de Morais
Helás
Esperemos
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou precioso s
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.
Pablo Neruda (Últimos Sonetos)
No divã do psiquiatra
Caso 1:
Adora comer flores ao pequeno almoço. Ao meio-dia adora cheirar os pés porque acha que o seu cheiro é sensacional e comovente. À noite, antes de ver televisão, faz uns exercícios de yoga. O seu defeito é chamar-se Dulcolax.
Caso 2:
Hipnotiza as pessoas para as seduzir por telepatia. Para isso usa um cristal de pedra que fixa o olhar das pessoas. Tem a teimosia de comprar roupa por cheque. E sente pena das pessoas porque acha que o cheque é apenas uma folha de com uns númreos escritos. O seu maior defeito é ser criativo.
Caso 3:
"Sente-se atraído por feirantes e compra roupa de mulher só para manter conversa com elas. Pensa que é gay por ter o quarto decorado com cortinas de flores verdes que comprou na feira. Todo o bairro o goza.
Caso 4:
O seu crime foi amar alguém sendo mulher. Agora sabe que o seu destino é amar homens. Sente-se atraído por panquecas de alecrim. Depois de tomar banho come uma banana com mousse.
Península
Os espanhóis costumam visitar Portugal na Páscoa. Mas hoje proponho que façamos juntos o caminho no sentido inverso. Com raras excepções, a música espanhola não é muito conhecida por cá. Mas por lá vão-se fazendo coisas muito interessantes, a começar por Martirio, que José Duarte considera a melhor cantora europeia de jazz. Mas hoje não rumaremos a Sevilha. Vamos antes até Málaga, onde Pasión Vega acabou de lançar o seu terceiro álbum, Flaca de Amor, que mistura a tradicional copla com arranjos mais mainstream. Há quem não goste do estilo - mas eu confesso que sempre me derreti com Pasión Vega. Por isso aqui fica El Viajero, que até tem uma discreta referência a Lisboa.
Sinais
VOLVER
de las luces que a lo lejos
van marcando mi retorno.
Son las mismas que alumbraron,
con sus palidos reflejos,
hondas horas de dolor.
Y aunque no quise el regreso,
siempre se vuelve al primer amor.
La quieta calle donde el eco dijo:
"Tuya es su vida, tuyo es su querer!"
Bajo el burlon mirar de las estrellas
que con indiferencia hoy me van volver.
Volver,
con la frente marchita,
las nieves del tiempo
platearon mi sien.
Sentir,
que es un soplo la vida.
que veinte años no es nada,
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.
Vivir,
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo,
que lloro otra vez.
Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.
Tengo miedo de las noches
que, pobladas de recuerdos,
encadenan mi soñar.
Pero el viajero que huye
tarde or temprano detiene su andar.
Y aunque el olvido,
que todo destruye,
haya matado mi vieja ilusion,
guardo escondida un esperanza humilde,
que es toda la fortuna de mi corazon.
Carlos Gardel y Alfredo Le Pera
quarta-feira, março 23, 2005
Tenham um resto de bom dia.
I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself, what a wonderful world
I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world
The colours of the rainbow, so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shakin' hands, sayin' "How do you do?"
They're really saying "I love you"
I hear babies cryin', I watch them grow
They'll learn much more than I'll ever know
And I think to myself, what a wonderful world
Yes, I think to myself, what a wonderful world
Oh yeah
Humor madeirense
Intendência
Bom dia!
Como evoluiu o "mundo" publicitário!
Como aumentou a diversidadede de produtos alimentares e outros.
Como houve alterações na forma de mostrar, de dizer,
de promover, de embalar, de induzir a compra.
Mas há anúncios, embalagens que ficam, para sempre, associados à nossa infância, adolescência, etc. E, por vezes,fixamos slogans que nos assaltam automáticamente, às vezes a propósito de coisa nenhuma!
Fica o desafio: quem se lembra de slogans e de produtos que desapareceram ou se renovaram?
terça-feira, março 22, 2005
O "BUSCAVIDAS" está quase a chegar
O autor? Alberto Breccia. Para mim, outra referência incontornável do fabuloso mundo BD.
BUSCAVIDAS é um álbum onde podemos deambular com um homem sempre pronto para ouvir uma história, uma confidência, um segredo. Depois, guarda-o no seu arquivo.
Mais do que um curioso, é um coleccionador de vidas.
A vida de uma neta de uma santa milagreira, um cómico caído em desgraça, uma família mafiosa, uma vedeta de telenovelas, um parente afastado, um assaltante de meia-tigela, aspirante a cantor de boleros ou, ainda, a vida de um ditador afastado do poder.
Enquanto este prometedor àlbum não chega, podem espreitar em www.asa.pt, uma editora que está a "dar cartas" na banda desenhada e tem muitos, muitos heróis para miúdos e graúdos.
Cá por mim, podem crer, vou esperar ansiosa pelo BUSCAVIDAS, de Breccia, com argumento de Carlos Trillo. Sei que vou gostar desta história!
"A pior banda do mundo" é a minha banda de eleição
A pior banda do mundo. Um mundo absolutamente fantástico, que recomendo vivamente.
«A pior banda do mundo, uma inepta e desastrada banda, de intenções vagamente jazzísticas e resultados puramente caóticos, ensaia regularmente na cave de uma alfaiataria encerrada desde 1958. Os seus membros são Sebastian Zorn (saxofone tenor), Idálio Alzheimer (piano), Ignacio Kagel (contrabaixo) e Anatole Kopek (bateria). Embora ensaiem há três décadas nunca se conseguiram apresentar ao vivo. As desventuras destes músicos sem qualquer talento são apenas um pretexto para entrar num mundo com centenas de personagens, a maioria entregando-se a ocupações improváveis e preocupações inverosímeis».
Para saberem mais podem dirigir-se a http://www.devir.pt/ e procurar a entrada banda desenhada portuguesa. Está lá tudo. Mesmo.
Djavan...
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia,
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você.
E tudo nascerá mais belo,
O verde faz do azul com amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris
Pérolas aos poucos
eu quero ver as ondas se quebrar
eu jogo pérolas pro céu
pra quem pra você pra ninguém
que vão cair na lama de onde vêm
eu jogo ao fogo todo o meu sonhar
e o cego amor entrego ao deus dará
solto nas notas da canção
aberta a qualquer coração
eu jogo pérolas ao céu e ao chão
grão de areia
o sol se desfaz na concha escura
lua cheia
o tempo se apura
maré cheia
a doença traz a dor e a cura
e semeia
grãos de resplendor
na loucura
[eu jogo ao fogo todo o meu sonhar
eu quero ver o fogo se queimar
e até no breu reconhecer
a flor que o acaso nos dá
eu jogo pérolas ao deus dará]
Zé Miguel Wisnik
Discretamente...
Poesia
segunda-feira, março 21, 2005
Juro que não acampei; menos férias judiciais
Mas tenho de acampar antes que o Sócrates me tire um dos dois meses de férias judiciais que tinha!
Onde andam, meus amigos, onde?
Conforme a vida que se tem o verso vem
- e se a vida é vidinha, já não há poesia
que resista. O mais é literatura,
libertinura, pegas no paleio;
o mais é isto: o tolo de um poeta
a beber, dia a dia, a bica preta,
convencido de si, do seu recheio...
A poesia é a vida? Pois claro!
Embora custe caro, muito caro,
e a morte se meta de permeio.
Enquanto eles não chegam...
O meu sentido interno predomina de tal modo sobre os meus cinco sentidos que vejo as coisas desta vida - estou convencido disso - de modo diferente dos outros homens. Existe - existia - para mim um significado riquíssimo em algo tão ridículo como a chave de uma porta, um prego na parede, os bigodes de um gato.
Há, para mim, toda uma plenitude de sugestão espiritual numa galinha com os seus pintos a atravessarem a estrada com ar pimpão. Há para mim um significado mais profundo do que os medos humanos no aroma do sãndalo, nas latas velhas deitadas num monturo, numa caixa de fósforos caída na valeta, em dois papéis sujos que,num dia ventoso, rodopiam e se perseguem pela rua abaixo.
Pois a poesia é assombro, admiração, como de um ser caído dos céus que toma plena consciência da sua queda, espantado com o que vê. Como alguém que conhecesse a alma das coisas e se esforçasse por recordar esse conhecimento, lembrando-se que não era assim que as conhecia, não com estas formas e nestas condições, mas não se lembrando de mais nada.
Fernando Pessoa in Escritos autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal, Assírio & Alvim
Para celebrar a chuva... faz-nos falta!
dramaturgos e proferas
a chuva dos manifestos
fecunda a horta das letras.
Chovem bátegas de sílabas
Chovem doutrinas e tretas
chovem ismos algarismos
que numeram os poetas.
Chovem ciências ocultas
Chovem ciências concretas
e nascem alfaces cultas
para poemas-dietas.
Chovem tiros de espingarda
chovem pragas e lamentos
e cresce a couve lombarda
nos quintais do sentimento
(...)
Para o poeta que chova
por dentro, em razão inversa,
forçoso é ter guarda-chuva
contra a palavra perversa
que foi um chão que deu uva
e hoje só dá conversa.
José Carlos Ary dos Santos
Pergunta
Rui, Wal, Hélder C., P.Vilarinho...
Não é possível que tenham ido todos acampar...
Sinto-me desamparada, pois claro que sinto!
A primavera & a poesia: hoje
um dia de primavera
e cantámos
a simples glória
de estarmos vivos (...)
Cristina Nobre, in Dia após dia
(...)
Inquietação: não tocar senão
com as pálpebras
os seus lábios maduros.
Relembro as paixões mais antigas e versos
perdidos no rio: não uma a uma
com as horas, as folhas do limoeiro.
Apenas o que da sua fome ficou por habitar
ou dizer. (...)
Francisco José Viegas in Metade da Vida
Quem me leva a voz
para debaixo das ramadas
esperando que achuva passe?
Aprecio vê-la escorrer
sobre os amantes.
Quem anda à chuva
não lhe pesa o coração.
(...)
Vasco Ferreira Campos in A Voz à Chuva
São horas de voltar. Tu já não vens, e a espera
gastou a luz de mais um dia. Agora, quem passar
trará um corpo incerto dentro do nevoeiro,
mas terá outro nome e outro perfume. Eu volto
à casa onde contigo se demorou o verão e arrumo
os livros, escondo as cartas, viro os retratos
para a mesa. Sei que o tempo se magoou de nós,
sei que não voltas e ouço dizer que as aves
partem sempre assim, subitamente. Outras virão
em março, apago as luzes do quarto, nunca as mesmas.
Maria do Rosário Pedreira in A Casa e o Cheiro dos Livros
sábado, março 19, 2005
Um brinde...
The Blower's Daughter
And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new
Tenham um bom Dia do Pai
Acampar na Páscoa
sexta-feira, março 18, 2005
For Him Magazine e outras questões
«Men's Health», «Ego», «GQ» e «Maxman» são outros títulos dirigidos a este target.
O que as distingue? Que homens as compram?
Dizer que são os “sapiens, sapiens” não é objectivo!
Nesta “categoria” estamos todos e, apesar das especializações, homens lêem a «Máxima», a «Activa», a «Elle», revistas destinadas a mulheres e mulheres lêem, também, as publicações dedicadas aos homens.
Mas tem de haver diferenças, motivações distintas.
Se afinal há mercado para todas e …venha mais uma!?
E, no caso, esta mais uma, segundo li, é a genuína, a original revista lifestyle masculina. Parece que, por toda a Europa este mercado está no puro dinamismo e a FHM, chegou a Portugal, 28º país a recebê-la, para destronar a actual líder deste mercado – a Maxmen.
Da FHM diz-se que é sexy, útil, divertida, relevante.
O seu conteúdo é feito de jornalismo, moda, beleza, entrevistas, máquinas, carros, gadgets, curiosidades, humor, artigos de comportamento, fotografias e modelos femininos.
E quem serão este leitores da FHM?
De acordo com o que li são homens «entre os 20 e os 40 anos, bem lançados na carreira e a viverem os seus golden years. Provavelmente ainda não se casaram e vão com os amigos à neve, ao futebol, ao ginásio. Têm rendimentos para comprar telemveis, computadores e roupa e começam a preocupar-se mais com a aparência».
Como é que os outros títulos vão fidelizar os seus leitores. Qualidade dos conteúdos, lay outs mais apelativos? A análise terá de ser mais profunda e extrapola matérias e design. Apela a análises multidisciplinares e abrangentes sobre o mesmo objecto de estudo: o género masculino. Qualquer director de marketing, por exemplo, que queira incluir no seu plano de meios estas revistas especializadas, pede a óbvia tabela de preços da publicidade e o estudo sobre cada uma, para saber qual o posicionamento de cada revista no mercado. E define se investe ou não. Se dirige bem o seu produto, se o promove no meio certo.
Mas quem são esses homens, afinal? Do que é que gostam? O que é que consomem?
De quando em vez surgem nichos bastante específicos. Recentemente surgiu o metrossexual. Quem é este homem, “descoberto” pelo jornalista inglês, Mark Simpson? Este homem vivo e emergente. Não se trata de nenhuma descoberta da antropologia física ou da arqueologia.
Nenhuma ossada para analisar, portanto!
Pelo que sei, o conceito designa o homem metropolitano, heterossexual, empreendedor, entre os 25 e os 45 anos, vive em grandes cidades, é um excelente consumidor e não dispensa o espelho. Mima o corpo e a alma. É macho. Gosta de mulheres, pode querer ser pai.
O “rótulo” pode, pelos vistos, aplicar-se a todos os homens que vivem em grandes centros urbanos e que não se importam de exibir, por que o assumem, o seu lado mais feminino.
Li, ainda, que o ícone dos metrossexuais é o jogador inglês David Beckham.
Este “novo” homem emergente gosta de jóias, produtos de beleza, roupas caras e diferentes, carros desportivos, ganha e gasta muito dinheiro e anonimato não é com ele. Faz manicura, pinta o cabelo, faz limpezas faciais, massagens e spa`s, cuida dos lábios e das mãos. Recorre à cirurgia plástica gosta e sabe cozinhar tem “instinto” paternal e lida com biberões e fraldas com prazer e know-how, não se aborrece com idas ao shopping.
E como se classificam todos os outros homens que não "cabem" nesta definição?
Por exemplo, os que gostam de viver no campo, tem pavor a grandes cidades, são fiéis ao Old Spice, não têm preocupações estéticas, o único corte que usam é “máquina zero”, só vão a um barbeiro, só usam o relógio que herdaram do pai ou do avô, para que vistam uma camisola ou camisa diferente, alguém tem de as fazer rodar no gavetão ou no guarda-roupa, não sabem nem querem cozinhar, não usam caqui, porque não aprenderam essa cor na escola primária, não comem fruta para não terem de a descascar, não vão ao cinema porque estacionar o carro é uma chatice, não usam roupa que exiba a marca de forma ostensiva, não usam cor-de-rosa porque é uma cor feminina…e por aí fora. Serão raros? Justificariam uma publicação só para eles e para todos os outros que também não se "inserem" aqui? Ou eles também compram as FHM`s?
Seria uma longa conversa, creio.
QUANDO FORES VELHA
Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
William Butler Yeats
A quem interessar...
Grande animal!
Falta de paciência
Para já, vamos esperar para ver. Mas admito que o blogue possa migrar em breve para outras paragens, se os problemas continuarem. A ver vamos.
Para canção do dia escolhi Media Vuelta, numa versão de Luis Miguel. O mexicano nunca foi um dos meus cantores favoritos, embora louve o trabalho que ele tem feito para recuperar alguns boleros e tangos que corriam o risco de cair no esquecimento. Mas sempre gostei deste Media Vuelta, em parte pela letra, em parte pelo arranque com os "mariachis". Além disso, o videoclip desta canção, filmado a preto e branco numa velha cantina mexicana, é simplesmente soberbo. E julgo ainda que, tendo em conta o tempo primaveril que atravessamos, não fica nada mal começar o dia com uma cançãozinha que convida à languidez. Sou um sibarita, essa é que é essa. Por outro lado, esta história de escolher uma canção mexicana é um excelente pretexto para colocar no ar uma fotografia da divina Salma Hayek. É só vantagens, meus amigos (e amigas, pois claro).
La media vuelta
Te vas porque yo quiero que te vayas
A la hora que yo quiera te detengo,
Yo sé que mi cariño te hace falta
Porque quieras o no
Yo soy tu dueño
Yo quiero que te vayas por el mundo
Y quiero que conozcas mucha gente
Yo quiero que te besen otros labios
Para que me compares
Hoy, como siempre
Si encuentras un amor que te comprenda
Y sientas que te quiera más que nadie
Entonces yo daré la media vuelta
Y me iré con el sol
Cuando muera la tarde
Te vas porque yo quiero que te vayas...
quinta-feira, março 17, 2005
Impressionante!
E por falar em paciência...
A eleição para a presidência da câmara, disputadíssima, aconteceu a menos de um mês. O PT, partido do meu querido presidente, disputou até com ele mesmo. E entre candidatos homéricos, vence um deputado de um partido quase nulo. Se fosse futebol, seria uma zebra daquelas!Nem situação, nem oposição. Um partido que tenta agradar a gregos e a troianos, dentro da câmara, claro. E vem conseguindo.
Severino Cavalcante venceu com sobra de votos. Um espanto. Severino, nome de nordestino sofrido. Cara de nordestino bem do nordeste mesmo. Severino faminto que venceu, acreditem, prometendo dobrar o salário dos parlamentares. Não conseguiu. Seria um escândalo na câmara depois de toda a novela que se seguiu para aumentar o salário mínimo. O salário do povo. Daria muito nas vistas. Mas Severino não desistiu e todos os dias surge com novas propostas e disparates. Parece uma criança solta numa loja de doces. Quer encher os bolsos e não disfarça.
Ontem, Severino teve uma vitória. Conseguiu aumentar as taxas a serem gastas com as assessorias, que são os locais onde os políticos costumam empregar seus familiares por aqui. Isso, Severino, você conseguiu aumentar a renda familiar dos parlamentares! Severino hoje me aparece na tv dizendo que os deputados que não concordam com a proposta não devem receber. Concordo. Seria um exemplo e tanto de dignidade que julgo inexistente. Advinhem quantos vão fazer isso. Se alguém fizer, eu prometo que escrevo uma ode em sua homenagem e mordo a língua. Porque não concordar é uma coisa, mas entre o discurso e a realidade vai lá uma grande diferença, ainda mais neste terreno arenoso da política. O que mais me espanta e até me deixa encantada é a autenticidade de Severino em não esconder o que é. Cínico de menos? A política brasileira é que é cínica demais. Puro cinismo camuflado em bandeiras de “para o povo e pelo povo”.
Fim de tarde
AQUARELA
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cair num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva norte e sul
vou com ela viajando o Havaí, Pequim ou Stambul.
Pinto um barco à vela branco navegando
é tanto céu e mar num beijo azul.
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
E se a gente quiser....... Ele vai pousar.
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra eu consigo passar num segundo
giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está.
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vidae depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia em fim
Colorirá....
Atrasada
Filminho
O Irão...
O Comboio em Portugal
No entanto, aquando da edição do post, algo correu menos bem e não surgiu nem o site nem o nome do autor do texto: Guerra Junqueiro. Está rectificado.
We found it!
Blogger sucks!
Língua de fora
A bênção da locomotiva
Desenrolando o fumo em ondas pelo ar.
Mas, antes de partir mandem chamar a Igreja,
Que é preciso que um bispo a venha baptizar.
Como ela é concerteza o fruto de Caím,
A filha da razão, da independência humana,
Botem-lhe na fornalha uns trechos em latim,
E convertam-na à fé Católica Romana.
Devem nela existir diabólicos pecados,
Porque é feita de cobre e ferro; e estes metais
Saem da natureza, ímpios, excomungados,
Como saímos nós dos ventres maternais!
Vamos, esconjurai-lhes o demo que ela encerra,
Extraí a heresia ao aço lampejante!
Ela acaba de vir das forjas d'Inglaterra,
E há-de ser com certeza um pouco protestante.
Para que o monstro corra em férvido galope,
Como um sonho febril, num doido turbilhão,
Além do maquinista é necessário o hissope,
E muita teologia... além de algum carvão.
Atirem-lhe uma hóstia à boca fumarenta,
Preguem-lhe alguns sermões, ensinem-lhe a rezar,
E lancem na caldeira um jorro d'água benta,
Que com água do céu talvez não possa andar.
Guerra Junqueiro
Ps. dedicado à Pitonisia, pela dica do site e pelo seu humor inteligente!
A bênção da locomotiva
A obra está completa. A máquina flameja,
Desenrolando o fumo em ondas pelo ar.
Mas, antes de partir mandem chamar a Igreja,
Que é preciso que um bispo a venha baptizar.
Como ela é concerteza o fruto de Caím,
A filha da razão, da independência humana,
Botem-lhe na fornalha uns trechos em latim,
E convertam-na à fé Católica Romana.
Devem nela existir diabólicos pecados,
Porque é feita de cobre e ferro; e estes metais
Saem da natureza, ímpios, excomungados,
Como saímos nós dos ventres maternais!
Vamos, esconjurai-lhes o demo que ela encerra,
Extraí a heresia ao aço lampejante!
Ela acaba de vir das forjas d'Inglaterra,
E há-de ser com certeza um pouco protestante.
Para que o monstro corra em férvido galope,
Como um sonho febril, num doido turbilhão,
Além do maquinista é necessário o hissope,
E muita teologia... além de algum carvão.
Atirem-lhe uma hóstia à boca fumarenta,
Preguem-lhe alguns sermões, ensinem-lhe a rezar,
E lancem na caldeira um jorro d'água benta,
Que com água do céu talvez não possa andar.
Squooosh!
Somewhere Only We Know
Espanha e Portugal: violência doméstica?
En nuestros días la «invasión» ya no toma cariz militar sino económico y los portugueses braman contra la penetración, particularmente en el sector financiero, pero también en otros de menor calibre como el de las telecomunicaciones, el de las grandes superficies o el textil. Braman, también, contra el alto número de profesionales de la sanidad que han ido a Portugal a trabajar o la penetración de ciertas costumbres españolas, como las culinarias, en el país luso. Somos percibidos como «autosuficientes», «arrogantes», «arrojados» y, también y sobre todo, como invasores.
Pois.
(O assunto deste post foi sugerido pelo A. Cravo-Roxo)
quarta-feira, março 16, 2005
Desafio do dia
"Che" Mourinho
Diagnóstico
Instantâneo do dia
Leve, leve
CANTOS DO MEU PAÍS
Bijagós, Guiné, Março de 2004.
Canto as mãos que foram escravas
nas galés
corpos acorrentados a chicote
nas américas
Canto cantos tristes
do meu País
cansado de esperar
a chuva que tarde a chegar
Canto a Pátria moribunda
que abandonou a luta
calou seus gritos
mas não domou suas esperanças
Canto as horas amargas
de silêncio profundo
cantos que vêm da raiz
de outro mundo
estes grilhões que ainda detêm
a marcha do meu País
JULIÃO SOARES SOUSA, poeta guineense.
(Um novo amanhecer, 1996)
Faz hoje um ano que regressei de uma viagem à Guiné e às ilhas Bijagós, reserva mundial da biosfera. Os posts feitos na altura estão arquivados e podem ser consultados. Passado um ano, é tempo de começar a preparar o regresso.
terça-feira, março 15, 2005
Declaração de Amizade
Aproveito para fumar. Com um charuto caro e os olhos fechados, sou rico. Mas um simples bombom de chocolate escangalha-me os nervos com o excesso de recordações que os estremece. A infância. E entre os meus dentes que se cravam na massa escura e macia, trinco e gosto as minhas humildes felicidades de companheiro alegre do soldado de chumbo e do cavalo de pau. Sobem-me as lágrimas aos olhos e junto com o sabor do chocolate mistura-se ao meu sabor a minha infância ida e pertenço voluptuosamente à suavidade dos dias. Nem por simples é menos solene este meu ritual no paladar. Mas é o fumo do charuto o que mais espiritualmente me reconstroí. Por isso me evoca as horas que morri, mais longínquas as faz presentes, mais nevoentas quando me envolvem, mais etéreas quando as corporizo. Com uma subtil plausibilidade de sabor-aroma empresto outra vez as cores à vida, tão diagonal à certeza rectângula das coisas. Sentemo-nos aqui, Rui. Daqui vê-se mais céu. É consoladora a expansão enorme desta altura estrelada. Dói a vida menos ao vê-la. Não sei de prazer maior em toda a minha vida do que fazer amigos.
It's in your eyes
I can see the love
You try to hide
It's in your eyes
I can feel the hurt
So deep inside
When I look at you
I know your love for me is so true
We can build anything
No matter we wanna do
Let's build oh, this love
Foundation is strong
So open up your heart
And let your feeling fly away
It's in your eyes
Don't hide
What's in your eyes
When I hold you close
I know you're the one for me
You are all I need
To make my dreams come true
I see you comin' every night and every day
When I see you go away
Don't be afraid
Just keep holding on
It's in your eyes
(...)
Hold me
And never let me go
Feel Me
I Love you, yes I do
Take my hand
As long as we're together
I know our love is here to stay
Just open up your heart
And let your feeling fly away
It's in your eyes
I can see the love
You try to hide
It's in your eyes
I can feel the hurt
So deep inside
It's in your eyes
I can see the love
You try to hide
Pauletta Washington
A propósito do novo código da estrada - parte II
Faltavam dez dias para o meu exame de condução. O meu primeiro instrutor – Senhor Silva - era uma homem baixinho, miudinho, de bigodinho, a contar os dias para chegar à reforma. Estava quase.
Usava sapatos Ecco, algumas vezes utilizados para travar os meus ímpetos rodoviários. Na nossa primeira aula fez questão de me explicar teórica e minuciosamente como funcionavam as mudanças e o motor do carro. Depois as aulas foram iguais. Mais rua, menos rua, bem nos arrabaldes da cidade, longe da confusão. Depois, ao fim-de-semana, auto-estrada, via de cintura interna, marginal da Foz do Douro.
Um dia comentei: o meu instrutor, ao sábado, faz-me conduzir até à Foz, manda-me parar o carro e sai. Regressa vinte minutos depois e a aula está no fim. Deve andar indisposto, com algum problema, pensei. Eu enfiada no carro. Ele a caminhar, lentamente, mãos atrás das costas. Entrava, cabisbaixo e dizia: siga.
- Ou conduz muito mal e o instrutor enjoa e tem de ir apanhar ar ou algo está errado nessas paragens na Foz, disseram-me, os funcionários, entre-olhando-se. Parecia um episódio familiar na secretaria da Escola de Condução.
Obviamente que acreditei, piamente, na primeira hipótese. Desanimei.
- Vamos trocar de instrutor. Peça isso, por escrito, que é melhor. Como se fosse iniciativa sua. Está a compreender? Vá por mim. É melhor, dizia-me a Senhora Dona Odete, levantando as sobrancelhas, acima do aro dos óculos.
Acatei o conselho e, na aula seguinte, aparece-me um Senhor Fernando, alto, moreno, todo perfumado. Vivaço nas palavras e nos gestos. Por momentos, achei que íamos entrar numa corrida de automóveis, dada a sua determinação e genica.
-Ora vamos lá. A ver o que vale. Cinto. À direita.
As indicações telegráficas continuaram. Até ao momento de estacionar, numa descida, entre dois carros. Transpirei por tudo que era poro. Não imaginava como fazer aquilo. O carro iria para todo o lado, menos para trás. Menos para aquele lugar balizado por dois automóveis.
- Então! Vamos lá. Quando é o exame?
- Daqui a dez dias, respondi, voz sumida, nervosa.
- Nem daqui a dez semanas! Então não consegue estacionar o carro?
No fim da aula, o Senhor Fernando fez o diagnóstico: eu só sabia andar para a frente. Logo, ou eu estava disposta a um esforço suplementar ou era melhor desistir do exame. Nos dias seguintes fiz a recruta rodoviária.
Aulas extra. Sobe, desce, estaciona. Estaciona, sobe, desce. Trava, arranca. Arranca. Trava. Subidas, descidas, rotundas, cruzamentos, pleno engarrafamento. Realmente, eu tinha andado afastada do trânsito. Preparavam-me, talvez, para conduzir no deserto.
Um dia, foi a vez dos seus sapatos clássicos, gastos mas reluzentes, nos travarem o arranque no sinal vermelho.
- Então, onde está com a cabeça?! A seguir, vire à esquerda.
Virei. E o Senhor Fernando, inclinou a cabeça na direcção do meu ombro, baixou a voz e perguntou, quase sussurando: é segredo?
- Como? Perguntei sem tirar os olhos da estrada.
- É segredo, perguntou, agora, em tom normal.
- É segredo o quê, Senhor Fernando?!
- Que viramos à esquerda.
- Não.
- Então porque não fez pisca?
E sempre que eu me esquecia de dar o sinal indicador de mudança de direcção, o Senhor Fernando perguntava: é segredo? E quando ele não perguntava e eu me esquecia, afirmava: não, não é segredo, Senhor Fernando.
E sorríamos cúmplices, ao ritmo intensivo de um treino exigente. Já nos últimos dias, o Senhor Fernando começou a falar da sua Laurinda, com ternura. E ao sábado de manhã, deixei de ir para a Foz para ir até ao bairro, onde ele morava e ele, da janela do carro, acenava-lhe e dizia-me: é a minha Laurinda.
No dia anterior ao exame, berrou comigo como nunca. E eu, como nunca, nem conseguia por o carro a trabalhar! Na manhã do exame, disse-me: vá lá a fazer isto, caramba! Não esqueça: aqui não há segredos. E não houve.
Fiquei tão bem treinada que, ainda hoje, faço pisca para virar, dentro da minha garagem.
Fá-lo-ia no deserto. Creio. Pois, então, se não é segredo!
Intimidade
- Você quer ser meu abrigo?
Quero comer no teu prato,
Calçar os meus pés nos teus sapatos...
E arrastar.
Eu quero esperar por você.
Pegar suas camisas e esconder...
Esconder pra você não sair
E estar sempre perto de mim
Pra me abraçar...
Eu quero deitar no teu colo...
- Quer ouvir o que tenho pra contar?
Descansar recostada ao teu ombro,
Ouvir teu coração
E me acalmar.
Quero vestir sua camisa...
Com mangas maiores que meus braços...
Correr pela casa, seguindo teus passos
Me abandonar no teu laço...
E te abraçar.
Declaração de amor
Lembrei-me desta história porque preciso de comprar um presente para o meu pai, que hoje celebra mais um aniversário. Eu gostava de lhe dar uma camisa igual, uma camisa que nos devolvesse ao tempo da felicidade em estado puro. Mas isso é impossível. Por isso vou dar-lhe uma coisa qualquer comprada numa loja qualquer, uma coisa que não foi desenhada, cortada e costurada amorosamente pela minha mãe. Uma coisa que eu dificilmente cobiçarei. E para além disso vou dar-lhe o meu amor. E o meu respeito. Reparo agora que esta é, de certeza, a mais difícil declaração de amor que alguma vez fiz. E pública, ainda por cima. Ele vai estranhar. Mas como ele não lê blogues há sempre a possibilidade de não vir a reparar nela.
Declaração de amor
Lembrei-me desta história porque preciso de comprar um presente para o meu pai, que hoje celebra mais um aniversário. Eu gostava de lhe dar uma camisa igual, uma camisa que nos devolvesse ao tempo da felicidade em estado puro. Mas isso é impossível. Por isso vou dar-lhe uma coisa qualquer comprada numa loja qualquer, uma coisa que não foi desenhada, cortada e costurada amorosamente pela minha mãe. Uma coisa que eu dificilmente cobiçarei. E para além disso vou dar-lhe o meu amor. E o meu respeito. Reparo agora que esta é, de certeza, a mais difícil declaração de amor que alguma vez fiz. E pública, ainda por cima. Ele vai estranhar. Mas como ele não lê blogues há sempre a possibilidade de não vir a reparar nela.
Olhares
Sem embargo do tempo se tornar escasso para uma avaliação séria, a verdade é que Portugal inaugurou um novo estilo.
Para já reconhece-se uma afirmação visível de liderança, patente, por exemplo, no processo de constituição do Governo. E não menos inteligente foi a alteração introduzida no figurino da cerimónia posse. Durante os 55 minutos que durou a cerimónia, o País respirou melhor e parecia tranquilo. Quanto ao discurso, parece que Sócrates está a impor o seu estilo e voz de comando. Uma breve análise conteúdo evidencia termos que se repetem: «caminho», «rumo», «para onde ir». Longe de estarmos perante expressões escolhidas ao acaso, como alguém escrevia hoje, revela «um misto de clássico “homem do leme”, com a muito em voga “atitude à José Mourinho”. Resta esperar pelos resultados. Se José Sócrates vingar, espera-o não Stamford Bridge mas mais quatro anos em São Bento. Se falhar, ficará muito provavelmente para a história como um governante teimoso e com mau feitio”.
Até ao momento, o Primeiro Ministro geriu – sem comprometer -, o seu desígnio político. O que, necessariamente, nos tempos que correm, constitui uma revelação impressiva.
Iuuupiii!
Hoje está um daqueles dias em que só apetece fazer como o Calvin.
Be nice to your computer...
O homem que semeia o caos
Santana Lopes regressa à presidência da câmara
A maneira desastrada como PSL tem gerido a sua carreira política nos últimos tempos merece ser estudada nas escolas de Ciência Política e, provavelmente, de Psiquiatria. De "ungido" a caso clínico em meia dúzia de meses. Mete dó. Como diz a frase da Bíblia, "Quem vive pela espada, morre pela espada" - mas devíamos ser todos poupados a esta agonia em praça pública. Como qualquer pessoa sem rumo, PSL merece pelo menos a nossa compaixão. É horrível dizer isto, eu sei, mas é verdade.
Não é um banal esfregão mas sim um livro! Um livro-objecto editado, recentemente, pela PALAVRA! Um presente original, para dispor bem. Pode provocar gargalhadas, sorrisos ou sorrisos amarelos!
BILHETE
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,
.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.
Mario Quintana
Bom dia
Vida Académica
Links
segunda-feira, março 14, 2005
De regresso?Optimus????
Numa operadora de telemóveis, por sinal aquela cujo PDG (ou CEO...) - um dos mais ricos do Mundo - se queixa de que há "abuso de posição dominante" no sector, para se proceder ao carregamento do telemóvel no Multibanco, aparece no monitor 10 Euros, quando o mínimo é 7,50E. A culpa vai ser da SIBS...
Por que o futebol merece uma festa
A paixão não. É adquirida, altamente pegajosa e, por isso, um mal nacional.
No país do futebol, a bola é musa. É o centro. E já foi considerada uma grande inimiga dos estudos. “Pra quê estudar, mãe?! Eu vou ser jogador de futebol!”, dizia o garoto antes de ganhar a rua e alcançar o campinho improvisado pra jogar uma “pelada”, como dizem por aqui.
Mas este é um conceito que vem mudando em escolas de bairros pobres de minha cidade. Aqui no Brasil, ainda mais na Amazônia, quando se diz “pobre”, se quer dizer miserável. A linha é bem mais abaixo.
Numa dessas escolas que faz da bola uma aliada, o futebol salva e vem ajudando alunos com baixos conceitos a melhorarem as notas em sala de aula.
Todo o trabalho é feito por voluntários. Tem pedreiro que perde uma diária nos sábados pra ajudar a molecada a melhorar a performance em campo. Tem cinegrafista que investe umas horinhas batendo bola com a garotada. Tem professor que faz hora extra sem ganhar um real a mais. Tem até ex-jogador famoso que aparece vez ou outra pra dar uns conselhos. O retorno vem em forma de resultados animadores. João, 13 anos, irmão mais velho de Pedro, era mais um aluno problema. Hoje, Pedro quer ser igual a João. O menino, que já se envolveu com drogas e passou duas vezes pela casa de detenção de menores infratores, é uma das revelações. Deu um salto na produção escolar e, de quebra, dá show de bola. Sonha com o estrelato, mas por enquanto nem pensa em desistir dos estudos. Pergunto se ele tem algum ídolo. Ele responde “meu professor de futebol”.
Os professores são craques de solidariedade que vem driblando a pobreza e as adversidades para construir sonhos. Mesmo sem recursos, marcam gols de placa contra a delinqüência infanto-juvenil, ajudam a melhorar o rendimento escolar e a diminuir o índice de evasão. Mais do que uma fábrica de craques, a escolinha solidária vem se transformando numa fábrica de esperanças pra quem não tinha futuro.
Em Roma sê romano. E o herdeiro da coroa britânica lá fez a tradicional saudação da tribo Maori. Não só "esfregou" o nariz dos nativos como o de todos os altos dignatários locais. Na Austrália. Quem me dera !
Também não é preciso exagerar...
- Quero a paz no mundo.
- Paz no mundo...certo! Mais alguma coisa?
- Quero a vitória do Benfica no campeonato...
- Pedes pouco.
- Pois. Sou pouco ambicioso.
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- Posso pedir outra coisa?
- Diz...
- Quero viver um grande amor!
- Pensei que já estavas servido.
- Os grandes amores nunca são de mais!
- Se tu o dizes...
A propósito do novo código da estrada - parte I
Recorrendo à banalidade, a minha vida pode dividir-se num a.c e num d.c – antes da carta e depois da carta.
Antes da carta, por exemplo, fui chamada para um novo emprego a que me tinha candidatado e ao fim de três entrevistas, disseram-me que o lugar era meu.
- Parabéns. Vamos agora acertar o seu vencimento. Contas feitas, não fica a perder, pois, optamos por lhe atribuir uma viatura da empresa, diz-me, caloroso, o director.
Tentei, por diversas vezes interromper, enquanto ele divagava sobre a marca do carro, a rodagem do carro, o motor do carro…
- Desculpe, disse enfim, eu não tenho carta por isso não preciso do carro.
Dez minutos após ter sido demitida fui despedida.
- Inimaginável. Está a brincar comigo! Como é que não tem carta, perguntava o director, braços no ar, colérico. Como é que não tem carta?
Pois em nenhuma linha do meu CV dizia ter carta de condução, expliquei-lhe, advertindo-o para o facto de me estar a gritar. Tinha o direito de se indignar, mas de me gritar, não. Levantei-me para me ir embora.
- Espere aí. Vamos lá negociar isto, novamente. Mas tem de tirar a carta.
Anos, muitos anos mais tarde, após este episódio, em circunstância quase secretas fui tirar a carta. Converteu-se numa questão de honra. E a honra, como sabemos, é uma questão antiga e muito séria na vida das comunidades e das pessoas.
Não foi a condução que me custou. Foi o código. O código da estrada conseguiu deixar a minha auto-estima de rastos. Um dia, no fim da aula, o técnico perguntou: alguém tem dúvidas? Levantei o dedo.
- Porque é que esta cruz, de que nos falou, se chama Cruz de Santo André?
A gargalhada geral, estridente, reduziu-me a alcatrão. Senti-me uma nódoa. Uma nódoa com dúvidas. Mas uma nódoa. Fui aconselhada a não fazer perguntas. Que decorasse. Aquilo era uma questão de decorar. Mais nada.
E, caso não acreditasse em milagres, tinha motivo para me converter.
Lá consegui induzir a cartilha. O vulgar “pisca” é «um sinal indicador de mudança de direcção», o eixo da faixa de rodagem, «é uma linha longitudinal, materializada ou não, que divide uma faixa de rodagem em duas partes, cada uma afecta a um sentido de trânsito», a auto-estrada é «uma via pública destinada a trânsito rápido, com separação física de faixas de rodagem, sem cruzamentos de nível nem acesso a propriedades marginais, com acessos condicionados e sinalizados como tal». E a todas estas definições juntou-se uma panóplia de significados que, naquele período, abalaram a minha vida. Até os meus sonhos. Neles passaram a mover-se automóveis, motociclos, motocultivadores, quadriciclos, ciclomotores, tractores agrícolas, velocípedes, tractocarros e reboques. Até o triciclo da minha infância deixou de ser encantador! A matéria onírica expandira-se. E, literalmente, os meus sonhos eram sinalizados por cruzes de Santo André e afins. Ele era contra-ordenações graves e muito graves. Toda a espécie de coimas e cilindradas superiores e inferiores a 50 cm3! Ele era taras e pesos brutos, pontes, túneis e velocidades. Até ao dia em que me sentei, pela primeira vez, ao volante de um carro – sim, poderia voltar a chamar-lhe simplesmente carro – e, feliz, passei a ponte da Arrábida, comigo ao volante. Quando, a dez dias, do exame de condução descubro que só sabia conduzir… para a frente e mudei de instrutor!
Nota para o Rui Baptista: meu caro blogger-mor claro que não estás sózinho!
Manhã complicada, foi o que foi! Aproveitei hora do almoço para esgalhar este textito! E, a final, quem tem um blog, descobri recentemente, nunca está sózinho! Abraço. Abraços a todos.
Recado aos meus colegas de blogue
Atrium
Bom sinal
Boooceeejoooooooo!
If loving you is wrong I don't wanna be right
If being right means being without you
I'd rather live a wrong doing life
Your mama and daddy say it's a shame
It's a downright disgrace
Long as I got you by my side
I don't care what your people say