sábado, março 26, 2005

 

O Argumento

Esta semana, Henrique Monteiro escreve no Expresso uma sugestiva crónica, a que não resisto em deixar aqui a devida nota.
O ARGUMENTO esfarrapado é uma das mais curiosas instituições portuguesas. Contrariados pelos factos, certas personagens - muito mais por dever de ofício do que por convicção profunda - amontoam à pressa duas ou três frases e saem em defesa de damas já totalmente indefensáveis.
No topo destes casos está, o ainda secretário geral do PSD, Miguel Relvas. Comentando o regresso a Lisboa das secretarias de estado deslocalizadas, opinou: «É uma medida para inglês ver».
Afirmar que o regresso aonde sempre estiveram é para inglês ver só pode ser verdade pelo facto de, eventualmente, passarem mais ingleses por Lisboa do que por outra qualquer localidade de Portugal.
Mas não é só M. Relvas. Também Luís Delgado, admirado com a boa prestação de Sócrates no Parlamento, escreve: «É caso para dizer que este PM poderia muito bem ser de centro-direita». Seguindo raciocínio de Delgado, Sócrates manifestamente enganou-se ao afirmar-se de esquerda. Um homem de esquerda não pode, de acordo com este analista evidenciar a competência de Sócrates, o discurso de Sócrates, as propostas de Sócrates. Por isso é tempo de cada primeiro-ministro, cada ministro, cada deputado, antes de se definir politicamente como de direita ou de esquerda, fazer o teste Delgado. Ele, lá do alto do seu critério, lhes dirá em que área se deverão posicionar.
O pódio do argumento esfarrapado é completado pelo líder da Associação Sindical de Juízes, que comentou assim a proposta de redução das férias judiciais, de dois para um mês: «As férias judiciais não significam um período de descanso». Pelo contrário, acrescenta, é nesse período que processos mais complexos são analisados. «As férias não significam que os agentes da justiça estejam sem fazer nada», insiste.
Ora, a isto só poderemos responder: POIS !

|



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?