quinta-feira, março 24, 2005

 

Ritmo!

E agora um bocado de ritmo, que os corpos vão-se arrumando e o céu vai-se enchendo de cerejas.

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente
E posso dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas, nem a fascinação das
promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pedes que repouses quieto, muito quieto
E deixe que as mãos cálidas da noite encontrem a fatalidade do olhar
estático da aurora.

Vinícius de Morais

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