domingo, outubro 29, 2006
O último a saber
Esta Associação de Côrnos (eu sei que podia dispensar o acento circunflexo, mas acho que dá à palavra um charme especial) apoia Lula da Silva nas eleições que se disputam hoje no Brasil.
Faz sentido: cornudo que se preze é sempre o último a saber. Tal como Lula.
A notícia, para os que duvidam, está aqui. É só clicar no link.
sábado, outubro 28, 2006
Chico
Fiquem aí sossegaditos a ver o jogo entre o Glorioso e os outros rapazes daquele clube feioso, que eu prefiro ir ver o eterno Chico. Depois conto-vos como foi. E não, eu não estou me guardando para quando o Carnaval chegar...
Três vezes BUBA
BUBA (quem?) só volta a marcar três golos quando o Inferno gelar, o que já não deve faltar muito. Ou quando José Sócrates deixar de ser vaiado cada vez que se desloca a qualquer lado, o que deve demorar mais um bocadinho.
Grande Beira. Grande BUBA (quem?).
O último debate
História de amor às avessas em São Paulo
Estou entre o erro certo e o duvidoso...
...e faltam só dois dias para as eleiçoes de 2º turno do lado de cá do Atlântico. Assisto à última propaganda eleitoral e me aparece na telinha até o Paulo Coelho a pedir votos para o tio Lula. Muita viagem pro meu gosto e de viagem o presidente parece que gosta mesmo...
sexta-feira, outubro 27, 2006
A DEGRADAÇÃO DA PRIVACIDADE E DA INTIMIDADE
Pacheco Pereira in Público de 26 de Outubro
Li e lembrei deste blog
Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem conseqüência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...
(Álvaro de Campos)
segunda-feira, outubro 23, 2006
Banca Isenta !!!
Agora que a administração fiscal já tem uma interpretação sobre a matéria, os impostos deste tipo de operações vão passar a ser pagos já a partir de Janeiro do próximo ano, assegura o Ministério das Finanças.
O fisco reconhece que o sector bancário aplicou, até agora, o princípio da boa-fé no regime da tributação de juros sobre empréstimos emitidos no exterior, pelo que, segundo o nº 5 do artigo 68.º da Lei Geral Tributária, "determinou a não aplicação retroactiva" das novas regras.
Importa-se de repetir ???
Poesia do pé
Ao pé da letra é resposta pronta, sem vacilação. Quem aperta o pé só quer andar mais rápido. Meter os pés é pagar favor com ingratidão... Quem fala ao pé do ouvido quer conversa "em segredo".
Quem bate o pé é teimoso.
Quem bota o pé no mundo quer degredo.
Quem cai de pé é tinhoso...
Quem fica com o pé atrás é desconfiado.
Em pé de igualdade, de igual pra igual.
Se entra com o pé direito, quer ter sorte.
Se entra com o pé esquerdo, é azarado...
Quem lambe os pés, adula e bajula.
Se trata na sola dos pés, é grosseiro.
Quem não chega aos meus pés não tem importância,
É pé-de-chinelo, zé-ninguém sem dinheiro.
Se o negócio está de pé, é porque o acerto é mantido.
Se procuras um pé, buscas pretexto ou motivo.
Quem é pé-de-chumbo não progride na vida;
Mas se é pé-de-bode é trabalhador e prestativo.
Quem chega pé ante pé, vem com vagar, de mansinho;
Mas se é pé-de-guerra, cuidado que de lá vem chumbo!
Se vem pé-d'água, espere toró e aguaceiro.
Se é pé-de-vento é redemoinho...
Pé-de-gancho ou Pé cascudo é o diabo!
Quem mete o pé no estribo encaminha a viagem;
Já pé-quente é o motorista ligeiro
Que mete o pé na tábua quando some na paisagem.
Se digo pé-de-página falo de rodapé de livro.
Já pé-de-moleque é doce de rapadura.
Para o pedreiro coluna de casa é pé-direito.
E pé-duro é caipira da roça, sem cultura...
Pé na cova é o doente nas últimas.
Azarado e sem sorte chamam de pé-frio.
Quem se arruína mete o pé no atoleiro.
Acaba pé-rapado, sem dinheiro nem brio.
Quem pisa no pé quer provocação;
Mas quem tem tirocínio tem sempre os pés-no-chão...
A poesia é do Alexandre Pelegi, mas o pé é meu.
O voador
César, caminhoneiro de profissão, sonhador por opçao e inventor porque acredita que é. Sonha em voar, construindo sua própria máquina. O que falta em recursos sobra em disposiçao e, numa oficina improvisada, à sombra de uma mangueira, ele transforma pedaços de alumínio e madeira na máquina voadora que batizou de Canitaú, um tipo de pássaro grande da Amazônia que tem um voo lento e delicado. "Quando ele era desse tamanhinho, já era doido por avião. Subiu num muro, apanhou palha de coqueiro, pôs uma embaixo de cada braço e se jogou. Plantou-se no chão e quase morre", conta o pai, e, depois de uma sonora gargalhada, continua, num misto de admiraçao e tristeza: "é uma pena que eu nunca tenha podido ajudar". É ele quem mostra a fábrica de sonhos do filho. O avião que começou a ser construído há seis anos ainda não levantou vôo. Será que já é hora de desistir? "Nunca - diz César- só quando morrer que desisto. No caixão não tem mais jeito, mas por enquanto..."
O homem que ensinou o mundo a voar
Foi há 100 anos. Eu fico emocionada quando penso no que um homenzinho daquele tamanho foi capaz de fazer. Nada de testes secretos numa praia deserta. Diante de uma multidão de curiosos, em Paris, Santos Dumont decolou para a eternização histórica.
sábado, outubro 21, 2006
Pergunte a Ms. Dewey
Sedutora, impertinente, sábia, inconveniente. Ms. Dewey é a verdadeira bomba inteligente. Com resposta para tudo na ponta da língua. Esqueçam o Google. Ms Dewey é quem tem as respostas.
O link é este. Have fun!
sexta-feira, outubro 20, 2006
Recado PÚBLICO
O NOVO FASCISMO
O Assédio psicológico no local de trabalho no neo-liberalismo ou o novo fascismo"No terror psicológico no trabalho distinguem-se três espécies de sujeito: o agressor, a vítima e os espectadores. (...) O agressor pode ocultar-se nos atos da diretoria da empresa, na hipótese do mobbing estratégico. Quanto à vítima, tudo é feito para que ela se sinta culpada e assim seja julgada pelos espectadores".
"Na medida em que o perverso logra afastar a vítima do convívio dos colegas, os ataques se amiúdam, reduzindo-se as chances de a vítima escapar. A pessoa ofendida é isolada, seja porque os colegas se aliam ao agressor e a evitam, seja porque o agressor consegue isolar fisicamente a vítima, obrigando-a a trabalhar em outro local em condições inferiores e humilhantes A essa altura, o perverso, que a princípio agia discretamente, ganha maior liberdade de ação frente à assistência passiva dos espectadores. A passividade destes se explica, por um lado pelo caráter sedutor da perversão, e mais uma vez vamos flagrar estreitas semelhanças entre o assédio moral e o totalitarismo."
"Por outro lado, a passividade daqueles que assistem aos ataques do sujeito perverso se explica pelo que Christopher Dejours denominou de banalização da injustiça social. Segundo esse autor, a sociedade atual, dominada pela competitividade desenfreada, pelo desemprego e precarização das relações sociais, vive mergulhada numa profunda crise ética. As pessoas, diante da inexorabilidade do desemprego, temerosas da exclusão social, suspendem o pensamento e desenvolvem a "tolerância à injustiça" escusando-se de reagir diante da perpetração do mal e, muitas vezes, colaborando com o "trabalho sujo" nos processos de enxugamento das empresas. Para Dejours, o processo de banalização da injustiça social é o mesmo tanto no neoliberalismo quanto foi a banalização do mal no nazismo".
(Texto encontrado no Estradas Perdidas, blogue do jornalista Nuno Ferreira)
A vingança do velho Acosta
Pois cá se fazem, cá se pagam. Tanto brinquei com a ciática do Acosta, que a piada virou-se contra mim. E agora sou eu quem fica de fora por causa da ciática. Arrasto-me por aí a ganir, com uma dor atroz na perna esquerda, que começa bem lá em cima e se prolonga até ao joelho.
Acosta, hombre, eu não sabia. Era um trintinha inconsciente. Ciática? La puta madre!...
quinta-feira, outubro 19, 2006
A filha do boto
Reza a lenda que em noites de lua, o boto vira homem pra encantar e seduzir a cabocla. O fruto de uma noite de amor com o ser encantado é reconhecido por uma marca, um traço diferente, misturado ao indígena. Foi assim que o boto assumiu durante séculos a paternidade dos filhos sem pai da Amazônia, e, daqueles que, como Stéfanhi (a grafia é assim mesmo), têm o exótico da diversidade racial.
A imagem dela percorrerá o mundo, a partir do dia 1° de novembro, associada à indústria Amazongreen, empresa santarena que investe na fabricação de produtos de beleza, a partir de essências da flora amazônica.
Classificados
Nos classificados da China, um homem de 105 anos anda a procura de uma noiva de 50. O médico pra lá de experiente dá detalhes de requisitos que a pretendente deve ter: noçao de medicina e de literatura. Ah, como menos de 50 anos que é pra ter condiçoes de cuidar dele direitinho. Alguma interessada?
O segredo da longevidade, diz ele, é ter metas, objetivos de vida.
quarta-feira, outubro 18, 2006
Catarse
Vi um bebê morrendo, de um jeito horrível. Foi a manchete do dia na minha cidade.
Existem histórias, eu sei, que não deveriam ser partilhadas, elas nem deveriam existir. Daí a vida (as pessoas) tece uns roteiros tão loucos que supera o mais louco dos cineastas ( e por falar em cinema, o único da minha cidade fechou).
Uma mulher dá a luz a um bebê de 7 meses durante a noite. Menina. Daí ela abandona o bebê num lixeiro, dentro de um saco plástico, ainda com restos de placenta e cordão umbilical. Talvez pense que o nenem vá morrer sufocado em poucos instantes. Mas não é o que acontece. 9 horas da manhã e um garoto, brincando, ouve um choro baixinho e pensa que é um gato. Ele se aproxima de alguma coisa coberta por urubus. O menino grita, corre, chama o pai. Quem vai acreditar numa coisa dessas. Tem que ver pra cair a ficha de até onde pode ir a falta de razão humana. Logo, tem um grupo de curiosos, alguns afastam as aves que devoram o bebê. Os bombeiros chegam. Um deles pega a nenem. É tão pequena que não enche as duas mãos dele. Muito machucada, mas uma menina forte o bastante para chorar e mexer as pernas e os braços. As mãozinhas estão dilaceradas. No hospital, ela resiste a duas cirurgias. Mais algumas horas e deixa de sentir dor pra sempre.
Já desejei a morte desta mulher umas duzentas vezes hj, de muitas maneiras...
Schizfaifavore
Gestor é ADMINISTRADOR, o chefe. Como Portugal sempre viveu em funcão dos seus clãs, num sistema patriarcal, o chefe tem uma importância muito grande para eles, até hoje. Todo português tem um chefe a quem respeita como se respeita a Deus. O que o chefe mandar eles fazem. E só fazem o que eles mandarem. A hieraquia numa estatal portuguesa, é das coisas mais rígidas que já vi na minha vida. O que eles têm medo do superior é inacreditável. E isso faz com que ninguém crie. Fazem apenas o que está previsto. Ninguém ousa, ninguém inova. É realmente assustador. Doentio, mesmo.
DESCULPE LÁ
É o começo de uma explicação que eles vão lhe dar. Eles têm desculpa para tudo, explicacào para tudo. Eles são danados. Por mais que você os aperte, eles sempre levam a melhor, numa discussão. Sào imbatíveis. Jamais admitem estar errados, enganados. Pra tudo têm a sua desculpa. Desculpe lá, mas é verdade. Não tente ganhar uma discussão com um português.
O pensamento do dia
O homem político é um animal.
Pacheco Pereira
Dito isto, passo a transcrever um brilhante post do Abrupto (nem preciso de colocar o link - toda a gente sabe encontrá-lo). Gostava de ter escrito isto, mas infelizmente não sou nenhum JPP:
O Prós e Contras de ontem foi um programa de televisão notável, sobre o qual se poderia escrever um livro. Um livro sobre Portugal.
Breves notas sobre o debate que comentarei mais em detalhe noutro sítio: Por estranho que possa parecer, fruto também dos nossos preconceitos, os autarcas saíram-se muito melhor do que o Ministro António Costa, apoiado por Saldanha Sanches. Muito, muito melhor. A começar pelo que não se esperava que acontecesse: mostraram um grande domínio da realidade, um muito bom conhecimento dos mecanismos perversos da nova legislação, uma grande capacidade argumentativa e foram ... muito menos demagógicos do que o Ministro. António Costa foi de uma agressividade malcriada, roçando o insulto, autoritário e demagógico até ao limite. Fernando Ruas comportou-se com uma enorme delicadeza de trato face aos golpes baixos do Ministro, aos quais não era alheio um desprezo intelectual pelos seus interlocutores. E de "classe", diriam os marxistas, face a um Portugal a que ele claramente se acha superior. Por muito sofisticado que queira ser esqueceu-se de uma regra que funciona magnificamente em televisão: aqueles homens alguns rudes, outros tímidos, transmitiram muito melhor um sentimento de "dedicação" ao seu "povo" do que o governante, que se ria deles.
A maior parte das suas intervenções tem o toque do propagandista, a repetição até ao limite dos chavões de propaganda que ele quer fazer "passar". Confrontado com dados concretos, a começar pela acusação directa de ser responsável por casos de manipulação informativa, fugiu sempre incomodado, confirmando diante de todos a veracidade das acusações. Viu os seus números confrontados com acusações indesmentíveis, mas mesmo assim repetia-os sempre, de novo, para os fazer "passar". Esteve sempre a falar para fora, para a audiência, indiferente aos seus interlocutores que falavam para ele. Se isto se podia compreender em termos de eficácia propagandística, perdeu o efeito face ao autismo que revelava e, de novo, ao ostensivo desprezo pelos interlocutores.
Um desastre. O muito eficaz gabinete de imprensa de Costa vai ter que trabalhar muito para remediar os estragos.
terça-feira, outubro 17, 2006
O cantinho do heterossexual passivo
segunda-feira, outubro 16, 2006
Rivoli
OE
Este OE, supostamente restritivo,é mais doloroso sintoma da crise estrutural das finanças públicas portuguesas. É o OE decisivo, a meio do mandato, a última oportunidade, o OE que distingue the men from the boys. O Governo pede mais um esforço aos portugueses, promete cortes na despesa pública, diz que o desemprego vai baixar, que a inflacção vai diminuir. Mas também promete cortes nos investimentos, o que é preocupante. E sabemos na carne que não há margem para aumentar ainda mais a carga fiscal. Esperemos que a iniciativa privada continue a puxar pelo Estado, como tem acontecido no últimos meses. E que o Estado ajude - sobretudo não atrapalhando. Já não seria mau.
Pen drive?
Paulo Portas
Volta ao jornais, Paulo. Por mim, estás perdoado...
Portugal vale a pena
domingo, outubro 15, 2006
Have you ever seen the rain?
RB
As árvores têm de se resignar, precisam das suas raízes; os homens não.
[Amin Maalouf, Origens]
O Mestre das Escaramuças, por António Barreto
O primeiro-ministro tem jeito. Talvez mesmo talento e intuição. Decidiu, desde o primeiro dia, surpreender e tomar a iniciativa. Nunca ir atrás do acontecimento, mas provocá-lo. Para tal, escolheu um método: designar o adversário, denunciar um privilégio, tomar uma medida e atacar com a lei. Tudo isto tendo ao seu serviço uma inédita concentração de poderes e uma imbatível organização de informação, mas reservando sempre para ele o início da operação e o anúncio da surpresa. Juízes, farmacêuticos, professores, deputados, médicos, advogados, reformados, idosos, autarcas e funcionários públicos sucederam-se na honrosa lista das corporações que importava apear dos seus poleiros. Apenas foram poupados os grandes grupos económicos, com os quais o governo entendeu estabelecer bases para uma aliança sólida. Escolas de reduzida dimensão, "maternidades" e equiparadas, centros de urgência médica, tribunais e câmaras municipais foram apenas algumas das instituições visadas pela inesgotável energia reformadora do governo. Em muitos casos, o êxito foi imediato. A aspirina no supermercado foi louvada por quase toda a gente. Obrigar os professores a ficar mais tempo na escola foi visto como um gesto de sabedoria e autoridade. Fazer ajoelhar os autarcas de todo o país foi bem visto e mais bem comentado nos salões e cafés. E muitos foram os que acharam "bem feito" ter-se tirado um mês de férias aos magistrados que, supostamente, gozariam dois ou três. O problema é que chegou a vez dos grandes números: mães e pais, idosos, professores, doentes, pensionistas e funcionários públicos, somados, fazem muita gente. José Sócrates vê-se agora obrigado, não mais a seleccionar alvos de estimação, mas pura e simplesmente a olhar de frente para toda a população.
Até agora, temos estado perante uma estratégia consolidada e deliberada. A autoridade do primeiro-ministro sobre os seus ministros é indiscutível, como talvez não se tenha visto em Portugal há várias décadas. A organização da propaganda e das relações públicas, servida por centenas de profissionais, tem-se revelado impecável. A nomeação de inimigos, privilegiados e culpados, tem seguido um método eficaz. É o género de pessoa que, de manhã, quando se levanta, deve perguntar-se: "Com quem é que me vou meter hoje?". O seu método da acção tem destroçado os adversários políticos: inunda o país de medidas, semeia escaramuças em todas as esquinas e reserva sempre a iniciativa para si. Concede a despenalização do aborto ao Partido Socialista, mas não lhe dará absolutamente mais nada. Vai oferecer o que pode à Igreja Católica, na educação, na segurança social e no património, para compensar a interrupção voluntária da gravidez. A alguns socialistas mais fiéis vai dar uma regionalização, que prepara sub-repticiamente, com o que espera compensar os mortos e feridos das finanças locais. Procura a empatia e a colaboração do Presidente Cavaco Silva, mas sabe o perigo que corre: este, quando lhe disser "não", terá tanto mais autoridade quanto lhe terá repetidamente dito "sim".
Reconheça-se que, entre tantas medidas e no meio desta pletora de intenções, há muito que se aproveite. O controlo da despesa pública, a poupança no gasto, a austeridade nos serviços públicos, o remendo da Segurança Social e a ordem nas escolas, por exemplo, implicam dispositivos e determinações cuja bondade, geralmente imposta pela necessidade, é indiscutível. Mas, com o tempo, tem-se também percebido que a técnica do primeiro-ministro se tem limitado ao superficial. Nunca ir até ao fim parece ser a sua regra. Ferir um pouco tudo e todos, mas nunca ir ao fundo das coisas, pois é aí que se fazem os inimigos irrecuperáveis. A actual reforma da Segurança Social, feita com vinte anos de atraso, é um exemplo interessante: foi obra das mesmas pessoas que, há meia dúzia de anos, fizeram uma outra, para Guterres e Sócrates, considerada suficiente para "cem anos"! É um bom exemplo do que é a superficialidade.
Houve uma altura, aqui há uns meses, em que se chegou a pensar que o primeiro-ministro estava disposto a ultrapassar o efémero e o remendo. Mas agora as ilusões acabaram. A diminuição significativa da função pública e o congelamento dos vencimentos, por vários anos, não serão as suas políticas. A redução drástica das prestações sociais não será obra sua. A alteração radical da política de pescas e de fomento agrícola e hidráulico não terá a sua autoria. A nova política de fomento florestal não será elaborada nem posta em prática por este governo. A entrega definitiva das escolas às comunidades educativas e às autarquias locais não será feita por ele. A modificação da lei eleitoral e a consagração do princípio da eleição directa e nominal não serão realizações suas. Como sua não será a criação de órgãos externos de controlo das universidades. Um código severo de incompatibilidades na acumulação de funções públicas e privadas na educação e na saúde não será aprovado por si. E a proibição de passagem promíscua de cargos políticos para empresas privadas e públicas ou vice-versa não será decretada por ele. Como não será ele que acabará com as nomeações "por confiança política". Nem imporá prazos imperativos aos magistrados judiciais e aos procuradores do ministério público. Não será capaz de acabar com a perpetuidade do emprego público. Nem saberá tornar muito mais flexível o mercado de trabalho, como não desejará dar um pouco mais de garantias aos trabalhadores precários.
Quando monologa, José Sócrates é um homem doce e de aparência convincente. Se contrariado, revela uma rispidez ácida e uma pulsão vingativa surpreendentes. No Parlamento, atinge facilmente um grau de cólera pouco adequada a quem tem ainda de correr um longo caminho, a quem sabe que o mais difícil está para vir. O Mestre das Escaramuças especializou-se em raides súbitos. Não parece preparado para as grandes batalhas. Mas esperemos. Dentro de pouco mais de um ano, com novas eleições à vista, veremos se até o efémero e a superficialidade são ou não sacrificados à demagogia. Como já aconteceu antes. Tantas vezes!
sexta-feira, outubro 13, 2006
Droga e jornalismo (ou droga de jornalismo?)
Num primeiro momento fiquei indignado, até porque no corredor ao lado, separados apenas por um vidro, os "vips" da bola iam entrando à vontade no estádio sem que ninguém os interpelasse. Eles de cabelo domado com brilhantina, alguns com as inevitáveis pochettes, e elas com as malas Louis Vuitton compradas na feira de Espinho. Mas depois pensei melhor e compreendi a atitude dos polícias (absolutamente inédita para mim, e olhem que já cobri campeonatos do mundo e da europa): nos dias que vão correndo, é preciso andar metido na droga para ter vontade de continuar a ser jornalista. E deve haver muitos jornalistas com vontade de mandar tudo pelos ares.
Por isso, toca a farejar os jornalistas à procura de produtos ilícitos. Sugiro até ao ministro da Administração Interna que coloque detectores de metais à entrada das redacções, que faça testes surpresa de despistagem de drogas na bancada de imprensa, autorize a busca nas cavidades corporais e por aí fora. E, se calhar, talvez fosse aconselhável obrigar os jornalistas, esses malandros pedrados, bombistas potenciais com comportamentos socialmente desviantes, a usar uma estrela amarela no braço. A bem da Nação.
terça-feira, outubro 10, 2006
Barcelona
Ontem â tarde parei o carro junto a uma daquelas tascas cheias de fumo de tabaco (nada como os catalaes para driblarem as lei anti-tabagistas de Zapatero) e comi a melhor sanduiche de jamon da minha vida. E depois queimei duas horas a discutir futebol e politica com um grupo de velhos e novos catalaes. Faladores, rapidos a argumentar, apaixonados e, obviamente, anti-Figo. Percebo bem que, mesmo passados estes anos, nao tenham perdoado ao portugues a desfeita de rumar ao Real Madrid. Atraiçoar esta cidade é um pecado. Depois eu escrevo mais. Agora vou terminar a manzanilla e tentar nao pensar no que me espera em Portugal. Ser alienado desta maneira ate que nao custa muito.
LOPES !!!
Ernâni Lopes, economista e ex-Ministro das Finanças.
PINTO !!!
Maria José Nogueira Pinto, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa.
SANTOS !!!
Fernando Santos, treinador do Benfica, a propósito dos lenços brancos dos adeptos.
quinta-feira, outubro 05, 2006
Refúgios
Eu sei que já não é novidade, mas só agora comecei a achar graça ao Google Earth. E ando fascinado. Big brother is watching us. Mas não deixa de ter piada...
Puro prazer
segunda-feira, outubro 02, 2006
Se Lula vingar, resta-nos esperar que as instituições funcionem. Nixon e Collor também foram eleitos pelo povo e acabaram depostos pelas instituições. Pela Lei, com maiúscula.