quarta-feira, outubro 18, 2006

 

Catarse

Às vezes eu tenho vontade de escrever aqui, mas me falta assunto. Às vezes me sobra assunto e eu não tenho vontade (ou coragem). E hj, que eu não tenho nem uma coisa nem outra, decidi que vou escrever assim mesmo (pressão). Catarse, talvez.

Vi um bebê morrendo, de um jeito horrível. Foi a manchete do dia na minha cidade.
Existem histórias, eu sei, que não deveriam ser partilhadas, elas nem deveriam existir. Daí a vida (as pessoas) tece uns roteiros tão loucos que supera o mais louco dos cineastas ( e por falar em cinema, o único da minha cidade fechou).
Uma mulher dá a luz a um bebê de 7 meses durante a noite. Menina. Daí ela abandona o bebê num lixeiro, dentro de um saco plástico, ainda com restos de placenta e cordão umbilical. Talvez pense que o nenem vá morrer sufocado em poucos instantes. Mas não é o que acontece. 9 horas da manhã e um garoto, brincando, ouve um choro baixinho e pensa que é um gato. Ele se aproxima de alguma coisa coberta por urubus. O menino grita, corre, chama o pai. Quem vai acreditar numa coisa dessas. Tem que ver pra cair a ficha de até onde pode ir a falta de razão humana. Logo, tem um grupo de curiosos, alguns afastam as aves que devoram o bebê. Os bombeiros chegam. Um deles pega a nenem. É tão pequena que não enche as duas mãos dele. Muito machucada, mas uma menina forte o bastante para chorar e mexer as pernas e os braços. As mãozinhas estão dilaceradas. No hospital, ela resiste a duas cirurgias. Mais algumas horas e deixa de sentir dor pra sempre.
Já desejei a morte desta mulher umas duzentas vezes hj, de muitas maneiras...

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