segunda-feira, outubro 23, 2006

 

Poesia do pé

Quem dá no pé quer fugir.
Ao pé da letra é resposta pronta, sem vacilação. Quem aperta o pé só quer andar mais rápido. Meter os pés é pagar favor com ingratidão... Quem fala ao pé do ouvido quer conversa "em segredo".
Quem bate o pé é teimoso.
Quem bota o pé no mundo quer degredo.
Quem cai de pé é tinhoso...
Quem fica com o pé atrás é desconfiado.
Em pé de igualdade, de igual pra igual.
Se entra com o pé direito, quer ter sorte.
Se entra com o pé esquerdo, é azarado...
Quem lambe os pés, adula e bajula.
Se trata na sola dos pés, é grosseiro.
Quem não chega aos meus pés não tem importância,
É pé-de-chinelo, zé-ninguém sem dinheiro.
Se o negócio está de pé, é porque o acerto é mantido.
Se procuras um pé, buscas pretexto ou motivo.
Quem é pé-de-chumbo não progride na vida;
Mas se é pé-de-bode é trabalhador e prestativo.
Quem chega pé ante pé, vem com vagar, de mansinho;
Mas se é pé-de-guerra, cuidado que de lá vem chumbo!
Se vem pé-d'água, espere toró e aguaceiro.
Se é pé-de-vento é redemoinho...
Pé-de-gancho ou Pé cascudo é o diabo!
Quem mete o pé no estribo encaminha a viagem;
Já pé-quente é o motorista ligeiro
Que mete o pé na tábua quando some na paisagem.
Se digo pé-de-página falo de rodapé de livro.
Já pé-de-moleque é doce de rapadura.
Para o pedreiro coluna de casa é pé-direito.
E pé-duro é caipira da roça, sem cultura...
Pé na cova é o doente nas últimas.
Azarado e sem sorte chamam de pé-frio.
Quem se arruína mete o pé no atoleiro.
Acaba pé-rapado, sem dinheiro nem brio.
Quem pisa no pé quer provocação;
Mas quem tem tirocínio tem sempre os pés-no-chão...

A poesia é do Alexandre Pelegi, mas o pé é meu.

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