segunda-feira, outubro 23, 2006

 

O voador


César, caminhoneiro de profissão, sonhador por opçao e inventor porque acredita que é. Sonha em voar, construindo sua própria máquina. O que falta em recursos sobra em disposiçao e, numa oficina improvisada, à sombra de uma mangueira, ele transforma pedaços de alumínio e madeira na máquina voadora que batizou de Canitaú, um tipo de pássaro grande da Amazônia que tem um voo lento e delicado. "Quando ele era desse tamanhinho, já era doido por avião. Subiu num muro, apanhou palha de coqueiro, pôs uma embaixo de cada braço e se jogou. Plantou-se no chão e quase morre", conta o pai, e, depois de uma sonora gargalhada, continua, num misto de admiraçao e tristeza: "é uma pena que eu nunca tenha podido ajudar". É ele quem mostra a fábrica de sonhos do filho. O avião que começou a ser construído há seis anos ainda não levantou vôo. Será que já é hora de desistir? "Nunca - diz César- só quando morrer que desisto. No caixão não tem mais jeito, mas por enquanto..."

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