sexta-feira, outubro 13, 2006

 

Droga e jornalismo (ou droga de jornalismo?)

Há sempre uma primeira vez para tudo, mas confesso de que não estava à espera daquilo que se passou hoje no estádio Mário Duarte, em Aveiro. Os jornalistas que se deslocaram ao estádio para cobrir o jogo foram obrigados por dois polícias com ar de poucos amigos a colocar no chão os sacos em que carregavam os computadores e outras coisas pessoais (e profissionais). Depois os polícias trouxeram um cão (um belo retriever de Labrador, by the way) que farejou os sacos à procura de drogas. De drogas e se calhar de explosivos, mas isso os polícias não quiseram esclarecer.
Num primeiro momento fiquei indignado, até porque no corredor ao lado, separados apenas por um vidro, os "vips" da bola iam entrando à vontade no estádio sem que ninguém os interpelasse. Eles de cabelo domado com brilhantina, alguns com as inevitáveis pochettes, e elas com as malas Louis Vuitton compradas na feira de Espinho. Mas depois pensei melhor e compreendi a atitude dos polícias (absolutamente inédita para mim, e olhem que já cobri campeonatos do mundo e da europa): nos dias que vão correndo, é preciso andar metido na droga para ter vontade de continuar a ser jornalista. E deve haver muitos jornalistas com vontade de mandar tudo pelos ares.
Por isso, toca a farejar os jornalistas à procura de produtos ilícitos. Sugiro até ao ministro da Administração Interna que coloque detectores de metais à entrada das redacções, que faça testes surpresa de despistagem de drogas na bancada de imprensa, autorize a busca nas cavidades corporais e por aí fora. E, se calhar, talvez fosse aconselhável obrigar os jornalistas, esses malandros pedrados, bombistas potenciais com comportamentos socialmente desviantes, a usar uma estrela amarela no braço. A bem da Nação.

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