quinta-feira, setembro 29, 2005
Ainda o Artmedia
Na Eslováquia nem toda a Arte é média.
(Um post sugerido em boa hora pelo D. Andrade, fanático torcedor axadrezado)
Artealta
quarta-feira, setembro 28, 2005
quentes e boas
O cheiro difunde-se pelas ruas. Abafa-se num pacote de papel de jornal.
Quentes e boas. Ouve-se de quando em vez. Um prazer renovado.
terça-feira, setembro 27, 2005
Filosofias...
Eu, por um lado, adorava a validação que a Filosofia ia dando à minha forma de procurar caminhos. Por outro, gostava do efeito obliterador que tinha nas minhas dúvidas. Em algumas.
Fosse como fosse, mais tarde, muito mais tarde, achei que aquele meu primeiro livro de filosofia se deveria chamar O Prazer de Perguntar. Com vagar e sem urgências. Mas não era por aqui que eu queria ir.
Lembrei-me disto apenas porque ontem à noite, enquanto lia o livro que ando a ler – A Coragem de Escolher – de Fernando Savater me ocorreu Kierkegaard. Conheci-o exactamente por esta altura. No liceu. E se me desesperei com ele, também me encantei. Lembro-me de “O Desespero Humano”. Da tragédia perante as opções a fazer, do rasto de angustia que fica após a decisão. Pura filosofia existencialista. Fora dos livros, onde a urgência e o pragmatismo deitam por terra o prazer de perguntar, duvidar, pensar, não é assim.
Tinha descoberto que, afinal, as dúvidas com que somos confrontados a vida toda – desta ou daquela natureza – afinal eram sistematizadas, nomeadas, desmontadas. A Filosofia tinha esse poder. E até tinha (e tem) imensa graça dentro desse território balizado pelo prazer de pensar. De formular questões cuja resposta não urge. Ou, de outra forma, quando nós não estamos à espera dela. Da resposta. Ou, mais difícil ainda, não temos que a dar.
Fora das fronteiras da filosofia, a coisa pode perder o encanto. Digo eu. Que ando aqui às voltas só para que um dia, tal como Wittgenstein, possa afirmar:
"Digam-Ihes que tive uma vida maravilhosa".
O prazer de responder. Era disto que eu precisava. Mas ainda não sei o quê.
Sabem que mais: valha-me Soren Kierkegaard, Ludwig Wittgenstein, Michel Foucault e até Emmanuel Kant. Sim. Estou "zangada" com os filósofos e, por isso, chamo-lhes pelos dois nomes. Tal como a minha mãe me chamava a mim, quando se zangava comigo!
Parabéns ao Funes, el memorioso
Ps. Eu também gosto muito de golfos :) !
segunda-feira, setembro 26, 2005
Jota Quest
Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal
Olhar teus olhos de promessas fáceis
Te beijar a boca de um jeito que te faça rir
Hoje eu preciso te abraçar
Sentir teu cheiro de roupa limpa
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria
Em estar vivo
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar
Me dizendo que eu sou causador da tua insônia
Que eu faço tudo errado sempre, sempre
Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje
Cidadão como nós
Convinha que alguém se erguesse e nos explicasse porque razão a esquerda está a demonizar para além de todos os limites a figura de Cavaco Silva. Reparem: o homem não é sequer ainda candidato! Mas, apesar disso, Soares decidiu sair da sua reforma dourada para evitar a eleição do ex-primeiro-ministro. E Alegre fez quase o mesmo. Jerónimo até admite desistir e Louça sabe-se lá. Mas porquê este medo de Cavaco? Que coisas terríveis poderá ele fazer em Belém? Declarar guerra a Espanha? Tornar o país mais ingovernável do que já está? Condenar o Benfica à despromoção? Que poder maléfico terá esse homem que obriga dois senadores da Nação a saírem da reforma e que provoca a “baratontice” do povo de esquerda?
Sinceramente, há tanta gente a dizer mal de Cavaco que já começo a sentir uma simpatia pelo homem. Logo eu. É assim como “torcer” para um clube pequenino que incomoda os poderosos. Continue esquerda a demonizar Cavaco e vão ver que daqui a pouco o feitiço se volta contra o feiticeiro. Até porque, até prova em contrário, Cavaco Silva não passa de um discreto cidadão. Um cidadão como nós. Certo?
Foram todos lá para a frente e deixaram-me aqui sozinho?
sábado, setembro 24, 2005
Paulo Leminsky
"o pauloleminski é um cachorro louco
que deve ser morto a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhadaputa
de fazer chover em nosso piquenique"
Glorioso
Uma plateia de anónimos cidadãos aplaude entusiasticamente a exibição de ontem do SLB no terreno do Penafiel.
Furacões
Para quem defende que os nomes dos furacões (Rita, Katrina,etc) são de mulheres porque chegam quentes e húmidos e, quando partem, levam sempre a casa e o carro, esta sexta, à chegada do RITA, O ABC REcupera a explicação oficial....
Nombres de mujer o de políticos detestados para los huracanes
Fue un metereólogo australiano del XIX quien abrió la moda de darles nombres de damas, hasta que en 1978 las feministas lograron incluir a los varones
JUAN M. AMORÓS
Evidentemente no fue el martirizado San Zenón quien la emprendió con Santo Domingo. Fue un huracán que tuvo la «mala intención» de cebarse con la capital dominicana en la fecha dedicada al católico beato. Y es que la costumbre hasta hace bien poco era la de «bautizar» al huracán de turno según el santo del día. Así «Santa Ana» asoló Puerto Rico el 26 de julio de 1825 y «San Felipe» lo hizo el 13 de septiembre de 1928.
En septiembre de 1834 el huracán «Padre Ruiz» sobre la República Dominicana recibió ese nombre por presentar sus credenciales en medio de un funeral que oficiaba el sacerdote. Se nombraron también con referencias a catástrofes humanas, como el «Rising Sun» de 1700, que invocaba el hundimiento del «Rising Sun» en el que murieron 97 personas o según la localidad que golpeaban, Galveston en 1900.
¿Por despecho?
El primero en «bautizar» con nombres de persona a los huracanes parece que fue un meteorólogo australiano del siglo pasado, Clement Wragge, quien, quizá despechado por alguna señora, utilizaba nombres femeninos para referirse a las tormentas tropicales y cuando éstas eran especialmente fuertes recurría a los nombres de los políticos de su época que más aborrecía.
Los nombres de mujer se consolidan entre los meteorólogos norteamericanos de la Segunda Guerra Mundial y en 1953 Estados Unidos convierte en oficial la práctica. Reivindicaciones feministas hacen que en 1978 se incorporen los nombres de varón.
Los nombres de los huracanes se deciden hoy de acuerdo a una lista alfabética de 21 letras -no figuran la Q, U, X, Y, Z- con una periodicidad de seis años, al cabo de los cuales los nombres son reutilizables salvo que hayan pertenecido a una tormenta especialmente violenta, en cuyo caso se retiran. Así, sabemos que el primero de 2006 será Alberto, el quinto de 2008 Edouard, o el decimotercero de 2010 Matthew.
Este 2005, sin embargo, es un año especialmente prolijo y parece que no va a haber nombres suficientes. Ahora, en la mitad de la temporada, llega Rita, le seguirán Stan, Tammy, Vince y Wilma hasta terminar con la lista ¿y después...? Hasta ahora no se ha dado el caso, parece que se recurrirá al alfabeto griego... Todo es cuestión del tiempo.
quinta-feira, setembro 22, 2005
quarta-feira, setembro 21, 2005
Companheiras e Amigas
Por este andar ainda nos vão entrar em casa pela televisão a gritar "soldados unidos vencerão" !!! S.U.V...
terça-feira, setembro 20, 2005
Obrigada por teres perguntado!
Comentário
O Meu Mercedes sim... é um bom sítio e não é de agora.
A Via Rápida ... poupem-me!
Mas não me pouparam. Lá fui eu, após dez anos...empurrada por uma despedida de solteira de alguém que me é muito, muito querido. Por isso fui. E ainda bem que, apesar de nenhuma de nós ter 40 anos – nem pouco mais ou menos - o porteiro nos fez sinal e entramos sem ter de esperar não sei bem pelo quê.
Um horror. E, desta vez, não me deram, como há dez anos, um copo de plástico, cor-de-rosa, com direito a bar-aberto onde, caso quisesse beber, demoraria, pelo menos, uma hora, tal era o maralhal de mulherio junto ao bar.
Fui ao bar "masculino" onde quase tive de implorar para pagar um gim tónico. Andava na universidade. Jurei para nunca mais. Nunca mais iria a lado nenhum onde decorresse a dita ladys night. É insultuoso.
Desta vez, foi a última vez. Creio. Um passo à frente, à direita ou à esquerda entalava-nos. Braços no ar davam conta de movimento. Dançariam? Pediriam socorro? Agradeceriam?
Fui subindo as escadas. Até ao local mais amplo que consegui encontrar. Mas não por muito tempo. Um lugarejo de janelas voltadas para a estrada e de vista privilegiada sobre os diferentes patamares de dança. Observava. Gordinhas, magrinhas, altas, baixas, loiras, morenas ou ruivas, todas, sem excepção, estavam vestidas para estar ali. Decotes, alcinhas, tops. Um vento gelado, lá fora. Eles, altos, baixos, com pala, sem pala, com gel, sem gel, com massa cinzenta e sem massa nenhuma, com timidez e destemidos abanavam-se, observavam, comentavam, faziam-se ao piso, como sabem. Um, dois, três. Alguns cotas, por ali. Meio perdidos, meio encontrados. De copo na mão, sacudiam-se. Um, de cabelos cor da barba do pai natal, vincados “pés de galinha”, levava uns encontrões mas rapidamente se recompunha. Enfim…barrigudos, lisinhos e musculados. Todos, eles e elas, se abanavam ao som da música que está a dar, diziam-me.
Ritos e rituais de acasalamento. Pura solidão, para alguns. Diversão, para outros.
Valeu-me que a noite não se quedou por ali. E, num local bem mais arejado, pude dançar até ser dia. Que eu gosto de dançar. Só não gosto das vias rápidas desta vida!
Bom dia
segunda-feira, setembro 19, 2005
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
(...)
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.»
Carlos Drummond de Andrade
Work
Mentirinhas geriátricas
Quando me voltarem a perguntar a idade, vou responder com franqueza, olhando o interlocutor nos olhos: 52 anos! Aposto que me vou fartar de coleccionar elogios. "52 anos?! Pois olhe, não parece! Está muito bem conservado", dirão as pessoas a quem pretendo enganar com consistência. Se começar a acrescentar dez anos à minha idade recupero pelo menos quatro anos em termos de aparência. Nada mau.
O plano é tão simples que o que verdadeiramente me espanta é só ter pensado nele agora. Passei a vida inteira a ser mal avaliado em questões de idade. Aos 20, quando ainda tinha genica para jogar como ponta-de-lança no estádio da Luz, já havia gente a dar-me 30 anos. Aos 30, talvez por causa de alguns precoces cabelos brancos, começaram a oferecer-me nos dias de aniversário e de Natal coisas como meias de lã, pijamas de flanela, escalfetas e cachimbos. A minha mãe, que parece uma rapariga de 30 anos, teve até o desplante de me dar recentemente um cobertor eléctrico. Na única vez que andei no metro do Porto, uma adolescente borbulhenta levantou-se para me oferecer um lugar sentado. Apeteceu-me esganá-la, claro.
A solução é, portanto, mentir para ganhar respeitabilidade e tentar sair desta crise de meia-idade que arrancou a todo o vapor logo que terminou a adolescência. Pegar de caras os cornos de Cronos. Ser uma pessoa mais velha com um aspecto jovem é muito diferente do que ser uma pessoa jovem que parece velha. Tem mais dignidade, acreditem. Ninguém gosta de ouvir dizer que está "muito acabado", mas toda a gente (pelo menos a partir de uma determinada altura da vida) adora ouvir dizer que está "bem conservado". Que está ali para as curvas. Que é romântico mas não trôpego, para citar José Cid, esse poeta da geriatria tão injustamente esquecido.
(E para terminar quero desejar muitas felicidades à minha mãe, que hoje faz anos. Gosto tanto dela que nem preciso de dizer).
Desculpem...
sábado, setembro 17, 2005
Transparência?
As pessoas que trabalham na Transparência Internacional não lêem jornais nem vêem televisão? A RTP Internacional não chega a Berlim? Não ouviram falar de nada? Andamos nós, portugueses, a lidar semana após semana com novos escândalos de corrupção, de peculato, de simples trafulhice, e mesmo assim a Transparência Internacional insiste em manter-nos, dois anos a fio, no décimo terceiro lugar do "ranking", à frente da Itália e da Grécia! Lamento, mas não acredito.
sexta-feira, setembro 16, 2005
Carrilhadas
quinta-feira, setembro 15, 2005
Evolu��o do homem... at� chegar � bloggosfera...roubei a imagem aqui: www.persianaamericana.blogspot.com
Alimentos que curam
Assim, no que concerne ao CORAÇÃO, pode ler-se:
«Se os 25 países da União Europeia aumentarem o consumo de frutas e vegetais podem prevenir mais de 7% das doenças cardiovasculares e 4% de ataques cardíacos. A conclusão do estudo da European Heart Network é corroborada pelo cardiologista Manuel Carrageta, que adianta: "para ter um coração em forma e bons níveis de colesterol precisa de comer peixe pelo menos duas vezes por semana, cortar no sal e nos fritos, fazer exercício e tomar um copo de vinho à refeição". Os alimentos ricos em potássio também favorecem a actividade dos músculo cardiaco.» e deixo-vos com a lista dos tais alimentos ricos em potássio: peixe, alcachofra, tomate, uvas e vinho,alho, banana, frutos secos e canela!
E a cafeína que rejuvenesce? «...o seu consumo moderado permite neutralizar os efeitos dos radicais livres, responsáveis por doenças crónicas e envelhecimento prematuro».
Vai um cafezinho?
Aliás, Nóno...
Não sei ao certo como começar por ti até chegar a nós.
Cerejais, talvez. No fundo de uma memória onde couberam sonhos que não realizamos. Ou que ainda não realizamos ou que não realizamos tão bem como sonhamos.
Associo-te a mil objectos, mil geografias, mil músicas, mil viagens, mil livros. A mil conversas. A mil silêncios. A mil cumplicidades. A algumas tristezas. A mil sorrisos e até a mil gargalhadas estridentes. Associo-te a uma vida inteira. É essa a diferença. Temos amigos que associamos a uma vida inteira. Outros, mais recentes, que associamos apenas a uma parcela. E não é por isso que gostamos mais ou menos deles. É assim. Uma espécie de “por ordem de chegada” que não dá primazias. Talvez a diferença resida no facto de uns terem mais tempo de vida connosco. Os que não têm, ouvem-nos contá-la, por episódios.
Acredito no amor à primeira vista, tal como acredito na amizade à primeira cumplicidade. Tenho, até, amigos com quem nunca estive. Tenho amigos que não vejo há anos. Tenho amigos como tu. Amo-os a todos.
Agora, gostava de entrar naquela camioneta que nos levou a Cerejais. Gostava que, à noite, pegasses na tua viola. E voltasses a cantar. "Eu sei e você sabe..." Gostava de voltar a fazer aquela permanente horrorosa.
Atravessar a ponte de Amarante. Regressar ao Alentejo. De comboio. Dormir na estação. Ouvir-te comer batatas fritas a meio da noite, na tenda, bem junto do meu ouvido. Voltar a contar-te como foi o meu primeiro beijo. Voltar a estudar inglês em tua casa, sentada na alcatifa. Gostava de te voltar a dar o meu caderninho para que me fizesses uma dedicatória. Voltar a ver-te ganhar o prémio da melhor aluna. Gostava de ir contigo ao recital de piano do teu irmão. Gostava de regressar, contigo, a casa da minha Tia Sara. Mostrar-te o cenário das minhas férias grandes. Gostava de voltar a apanhar o último cacilheiro. Voltar a atravessar o Tejo com Os Dados estão Lançados. Voltar a jogar matrecos, à sombra dos plátanos. Voltar a fazer um bolo na cozinha da tua mãe. Apanhar o Rex a dormir…Gostava que voltasses a oferecer-me o meu primeiro livro do Virgílio Ferreira. De comer as almôndegas indianas da avó Yvette. Gostava que voltássemos a trocar cartas, cheias de sonhos e confidências. Gostava que me voltasses a dar a notícia da chegada do teu primeiro filho. E de te ouvir dizer, como o segundo é parecido com o teu irmão. Minha querida: gostava que daqui a 30 e poucos anos te voltasse a dizer o quanto gostava que nos voltassem a acontecer as tantas coisas felizes que ainda temos para viver. E tudo que vamos partilhar. Sempre. Muitas felicidades. Parabéns minha querida Leonor. Feliz aniversário. Aliás, Nóno J
quarta-feira, setembro 14, 2005
Erros meus, má fortuna...
Não será um pleonasmo? Será que o macaco ou o leão erram?
Será que os bichos se enganam?
Será que as pulgas erram o salto? As aves, erram as rotas?
Errar é humano. Pois, o que haveria de ser?
Erra-se quando não atingimos o resultado esperado, o objectivo delineado? Quando construímos verdades, carreiras, relações, projectos de todas as latitudes - pessoais e profissionais – sob pressupostos falsos?
Ou será, simplesmente, a ilusão a culpada do erro? Logo nós, porque nos iludimos.
Não sei. Há quem culpe o coração, outros, a burrice. E o assunto arruma-se.
A primeira vez que tive a noção, clara, que errei e que o erro tinha punição, foi na escola primária. Com uma conta de dividir. Matemática.
Mais tarde percebi que havia, também, erros subjectivos. Daqueles que uma reguada não cataliza a solução correcta. Muito menos, a remedeia. Por volta dos 14 anos descobri os erros emocionais. Tipo, aqueles que cometemos tomados de paixão (assolapada), tão ou mais nociva do que o álcool e os seus efeitos aleatórios. Mas que, ainda hoje – porque nem sempre aprendemos com os erros – não troco por nenhum gim tónico bem servido!
No liceu, sim, acho que foi aí, descobri, claramente, os erros de interpretação.
“Não! O autor não queria dizer isso; o autor, blá, blá, blá.” E nós anotávamos o que o docente dizia sobre o que autor quis dizer. Para, por exemplo, não errarmos a pergunta do teste sobre “Folhas Caídas”, do Almeida Garrett. Tenho uma amiga que ainda hoje sofre por tudo o que os autores que estudou no liceu quiseram dizer e que ela nunca achou que fosse, realmente, aquilo que eles quiseram dizer. Enfim. Interpretações.
Acho que só aos 30 anos percebi que há erros, realmente, irremediáveis. Daqueles que não têm concerto e cuja solução é dizer, levianamente, “errar é humano”. Para que a possível culpa se desvaneça como que por magia. Ou então, como consolo tonto.
Errar é embaraçoso. Às vezes trágico. Outras vezes cómico.
Errar a porta de casa é embaraçoso e cómico. Morar num primeiro esquerdo e tentar abrir furiosa e insistentemente a porta do segundo esquerdo, até que nos perguntem porque estamos a tentar entrar numa casa que não é a nossa, é de fugir e nunca mais colocar os pés numa reunião de condomínio.
Errar numa teoria, por muito tempo que se ande enganado, o edifício científico sai enriquecido, porque está em permanente construção, porque, há quem o defenda afincadamente, é do erro que se volta a partir para a verdade. E aquele erro já foi uma verdade útil durante muitos anos, séculos, até. Devorei “O Erro de Descartes”, por exemplo. E dei graças a Manuel Damásio. È que sou do género: emociono-me, logo existo. Um horror!
Errar na nossa vida, pessoal ou profissional, pode ser trágico. Mesmo que daí, também se possa partir, novamente, para a “verdade”.
Será que quando se segue o coração se erra? Ou simplesmente se desacerta? Não acertar é menos pesado do que errar. De qualquer forma enganarmo-nos na porta de casa, por embaraçoso que seja, não será nunca comparável a desacertar com uma pessoa e/ou instituição.
Na matemática, diz-se do erro que é o valor absoluto da diferença (desvio) entre o valor exacto e o valor calculado ou registado por observação.
E na vida? Um desvio? Seguramente.
Entre muitos valores e uns tantos sonhos. Talvez.
terça-feira, setembro 13, 2005
Ai Portugal !!!
De acordo com o relatório "Panorama Educativo" de 2005 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), Portugal surge na cauda da lista sobre o tempo que os jovens entre os 25 e os 34 anos despenderam a estudar.
No topo da escala surgem os Estados Unidos da América e a Noruega, onde os jovens permanecem quase 14 anos no sistema de ensino, seguidos de países como a Dinamarca, o Luxemburgo e a Alemanha.
segunda-feira, setembro 12, 2005
MEN IMPROVE WITH THE YEARS
I AM worn out with dreams;
A weather-worn, marble triton
Among the streams;
And all day long I look
Upon this lady's beauty
As though I had found in a book
A pictured beauty,
Pleased to have filled the eyes
Or the discerning ears,
Delighted to be but wise,
For men improve with the years;
And yet, and yet,
Is this my dream, or the truth?
O would that we had met
When I had my burning youth!
But I grow old among dreams,
A weather-worn, marble triton
Among the streams.
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PS- Precisei de dois dias para recuperar a fala...
sexta-feira, setembro 09, 2005
Caos
Jason Defess, sargento da Guarda Nacional, requisitado para o Superdome, Nova Orleães, depois de 14 meses no Iraque, NEWSWEEK
Bush / Katrina
Editorial, El País
quinta-feira, setembro 08, 2005
Marocas
Nas próximas eleições para Presidente da República, não votes em Mário
Soares. Porque se ele for eleito, o Sócrates vai alegar que é possível
trabalhar até aos 85 anos!
Implosão
quarta-feira, setembro 07, 2005
MORREM 1200 CRIANÇAS POR DIA...
Em todo o Mundo morrem 1200 crianças por hora, ou cerca de 900 mil por mês, devido à pobreza, revela o relatório do desenvolvimento humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Os autores do documento consideram que "está a ser quebrada" a promessa feita em 2000 a todos pobres do Mundo de reduzir a pobreza para metade em 15 anos.
A poucos dias da Cimeira da ONU, o relatório de 2005 do PNUD avisa logo na introdução que não existem muitos motivos para comemorações e que a leitura do documento "é deprimente".Aos países que precisamente dentro de uma semana (14 a 16 de Setembro) vão reunir-se em Nova Iorque o documento deixa um aviso: 2005 marca uma encruzilhada - ou os países fazem deste ano o início de uma década para o desenvolvimento ou deixam tudo como está e fazem de 2005 "o ano em que a promessa da Declaração do Milénio é quebrada".
O relatório de desenvolvimento humano deste ano foca essencialmente três questões: a ajuda ao desenvolvimento, o comércio internacional e a segurança.
Em qualquer dos casos as boas políticas podem ajudar os países mais pobres a salvar milhões de vidas. Mas a ONU não é optimista. No primeiro relatório, há 15 anos, fizeram-se previsões optimistas quanto ao desenvolvimento humano, mas hoje já se admite que existe o perigo de nos próximos dez anos, como nos últimos 15, o progresso ficar muito aquém do esperado.
Apesar de tudo, nos últimos 15 anos registaram-se alguns progressos.
Nos países em desenvolvimento as pessoas estão mais saudáveis, mais instruídas e menos empobrecidas. Desde 1990 a esperança de vida nesses países aumentou dois anos, há menos três milhões de óbitos de crianças por ano e há mais 30 milhões de crianças a ir à escola.
No entanto, "no meio de uma economia global cada vez mais próspera, 10,7 milhões de crianças por ano não vivem para celebrar o seu quinto aniversário e mais de mil milhões de pessoas sobrevivem numa pobreza abjecta, com menos de um dólar por dia", lê-se na introdução do relatório.
Hoje, quem vive na Zâmbia tem menos possibilidades de chegar aos 30 anos de idade do que uma pessoa que tenha nascido em Inglaterra em 1840. Hoje, juntando as 500 pessoas mais ricas do mundo obtém-se um rendimento superior ao obtido por 416 milhões de pessoas pobres.
O relatório deixa um aviso: "Falando sem rodeios, o mundo está a encaminhar para um desastre anunciado do desenvolvimento humano, cujos custos resultarão em mortes evitáveis, crianças que não frequentam a escola e perda de oportunidade para a redução da pobreza".Mas as diferenças não se reflectem apenas entre países. A ONU acentua que há muitas outras diferenças internas a impedir o desenvolvimento humano.
No México, por exemplo, há zonas com taxas de alfabetização idênticas às dos países desenvolvidos, mas nas zonas pobres há taxas comparadas às do Mali, um dos países mais pobres do mundo. Na Índia a taxa de mortalidade das crianças com menos de cinco anos é 50 por cento mais elevada nas raparigas.Para resolver estes problemas é fundamental mais e melhor ajuda internacional, diz o relatório. No total, os países ricos gastam anualmente em ajuda 0,25 por cento do seu rendimento nacional bruto, menos do que em 1990.Por cada dólar gasto em ajuda, os países ricos gastam dez em orçamentos militares, diz a ONU, acrescentando outra comparação: a despesa actual com a sida, uma doença que custa três milhões de vidas por ano, representa o valor de três dias de despesas militares."Os sete mil milhões de dólares necessários anualmente, durante a próxima década, para disponibilizar o acesso a água limpa a 2,6 mil milhões de pessoas, é menos do que os europeus gastam em perfume e menos do que os americanos gastam em cirurgias plásticas". Aquele investimento pouparia cerca de quatro mil vidas por dia.
Além da ajuda dos países ricos, também o comércio com regras justas poderia promover o desenvolvimento. Mas como, pergunta a ONU, se os países ricos gastam mais de mil milhões de dólares por ano em ajudas à agricultura dos países pobres e quase o mesmo por dia para subsidiar o seu excesso de produção agrícola?
E àquelas barreiras ao desenvolvimento do Mundo somam-se os conflitos armados, que por regra eclodem nos países pobres. A título de exemplo, o recente conflito na República Democrática do Congo provocou directa ou indirectamente mais mortes do que as sofridas pela Inglaterra nas I e II guerras mundiais.
Com tantos estrangulamentos nas três áreas (ajuda, comércio e conflitos), o administrador do PNUD, Mark Malloch Brown, que saiu no mês passado, considera 2005 o ano de opções, com os países que se reunirão em Nova Iorque na próxima semana a poderem optar por passar das promessas à acção e erradicar a pobreza extrema. "É uma oportunidade que não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar", avisa.
Ai, que saudades do Verão, ai, ai!
Vou-me embora para Pasárgada
Há dias em que só a poesia nos salva. Só a poesia é capaz de nos resgatar do meio do nevoeiro, de nos abrigar da chuva que tudo encharca. Hoje (ontem) foi um daqueles dias. Estou farto. E por isso eu vou-me embora para Pasárgada. Lá sou amigo do rei.Lá tenho a mulher que quero na cama que escolherei. Não sintam a minha falta. Eu sou um evadido por vocação. E ando tão à flor da pele que só me apetece uivar à lua que não vejo.
segunda-feira, setembro 05, 2005
It's raining again
deu na tv que o povo já se cansou de tanto o céu desabar,
E pede a um santo daqui que reza a ajuda de Deus,
mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim,
(Clicar na foto para ouvir)
Vem cá que tá me dando uma vontade de chorar,
Não faz assim, não vá pra lá, meu coração vai se entregar à tempestade
domingo, setembro 04, 2005
A vida a andar para trás
Que magnifíco exemplo, o de Souza. Em vez de estender o olhar para o futuro, o brasileiro coloca a vista no passado. Os seus olhos não vêem o que está pela frente, mas alongam-se sobre o que já ficou pelo caminho. Souza não vê claramente visto, como fazia Camões, que até só tinha um olho. Quando o posterior do brasileiro adentra um lugar qualquer, o seu olhar ainda se perde no que já foi. Mesmo fazendo batota com retrovisores, Souza não recebe notícias frescas, não tem vistas largas, nem sequer pode ter saudades do futuro. Vive irremediavelmente num limbo, entre o que poderia ter sido e o que já foi. Como os portugueses, afinal.
Os portugueses, já se viu, andam na contramão da história. Até porque não têm olhos na nuca. Enquanto os seus parceiros europeus avançam de olhos postos no futuro, os portugueses avançam de costas viradas para o devir. Os outros olham os problemas de frente; os portugueses viram-lhes as costas e pousam o olhar em sítios e lugares que já foram transpostos, em sonhos que já se esfumaram. Se ao menos andássemos de lado, como os caranguejos, talvez pudessemos olhar de soslaio para o que aí vem. Mas prefirimos a nostálgica alienação pelo tempo que se escoou. Um dia destes tropeçamos num degrau qualquer e abrimos a cabeça. É caso para dizer que à nossa frente avança o passado.
sábado, setembro 03, 2005
sexta-feira, setembro 02, 2005
Aveiro
Encontrei esta foto no blog do piorio (link). Digam lá se não é bonita a minha cidade. Mesmo debaixo de água.
Tudo vivido ?
Não me leias se buscas
flamante novidade
ou sopro de Camões.
Aquilo que revelo
e o mais que segue oculto
em vítreos alçapões
são notícias humanas,
simples estar-no-mundo
e brincos de palavra,
um não estar estando
mas de tal jeito urdidos
o jogo e a confissão
que nem distingo eu mesmo
o vivido e o inventado.
Tudo vivido? Nada.
Nada vivido? Tudo.
A orelha pouco explica
de cuidados terrenos
e a poesia mais rica é um sinal de menos.
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, setembro 01, 2005
Fim de festa
Lugares inabitáveis
A progressiva perda de qualidade da classe política portuguesa tem-se acentuado muito nos últimos anos, mas agora ultrapassou todas as marcas. Eu sei que muita gente prefere esquecer, mas os últimos quatro chefes de Governo foram António Guterres, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes e José Sócrates (este ainda em funções, para desespero de muita gente). Com falinhas mansas, o primeiro conduziu o país até ao pântano e depois foi-se embora, enfadado com o povo; Durão prometeu muito mas na primeira oportunidade trocou os problemas concretos do país pela distância e mordomias de Bruxelas, onde brilha como poliglota e pouco mais; a passagem de PSL por São Bento é uma espécie de aleijão político, um erro brutal que quase transformou um país inteiro numa pista de circo, com palhaços, acrobatas e sobretudo coristas seminuas; por fim, Sócrates confirma que só sabe que nada sabe, e assim, nada sabendo das dores e das angústias dos portugueses, sente-se à vontade para rasgar todos os compromissos que assinou com o povo que o elegeu.
Tendo em conta este cenário, é natural que os portugueses rebentem com saudades do futuro. E ao rebentarem de saudades do futuro no país do quase, olham paradoxalmente para o passado à procura de quem os guie. Cavaco Silva, que já foi o “homem do leme”, regressa para tentar terminar um percurso que ele acha que foi injustamente interrompido. É verdade que a História o absolverá, mas Cavaco não parece perceber isso na sua ânsia de se instalar em Belém. E Mário Soares, aos 81 anos, depois de já ter sido tudo, quer agora o quê? Quer desfazer o sonho do seu rival? Criar de direito uma dinastia que já existe de facto? Estará ele a pensar no que é melhor para o país ou no que é melhor para a sua família política?
A escolha de Cavaco Silva e de Mário Soares como candidatos a sucessores de Jorge Sampaio é um triste sintoma de um país amorfo. Um país que deixou de acreditar em dias felizes. Um país à deriva, a quem falta um timoneiro, um rumo, um sonho. Um país sem esperança. O voto em qualquer deles é um voto ditado pelo desespero. E o desespero, como se sabe, nunca deixa espaço para a felicidade.