quarta-feira, setembro 07, 2005

 

MORREM 1200 CRIANÇAS POR DIA...

Morrem 1200 crianças por hora devido à pobreza, iforma o PUBLICO.
Em todo o Mundo morrem 1200 crianças por hora, ou cerca de 900 mil por mês, devido à pobreza, revela o relatório do desenvolvimento humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Os autores do documento consideram que "está a ser quebrada" a promessa feita em 2000 a todos pobres do Mundo de reduzir a pobreza para metade em 15 anos.
A poucos dias da Cimeira da ONU, o relatório de 2005 do PNUD avisa logo na introdução que não existem muitos motivos para comemorações e que a leitura do documento "é deprimente".Aos países que precisamente dentro de uma semana (14 a 16 de Setembro) vão reunir-se em Nova Iorque o documento deixa um aviso: 2005 marca uma encruzilhada - ou os países fazem deste ano o início de uma década para o desenvolvimento ou deixam tudo como está e fazem de 2005 "o ano em que a promessa da Declaração do Milénio é quebrada".
O relatório de desenvolvimento humano deste ano foca essencialmente três questões: a ajuda ao desenvolvimento, o comércio internacional e a segurança.
Em qualquer dos casos as boas políticas podem ajudar os países mais pobres a salvar milhões de vidas. Mas a ONU não é optimista. No primeiro relatório, há 15 anos, fizeram-se previsões optimistas quanto ao desenvolvimento humano, mas hoje já se admite que existe o perigo de nos próximos dez anos, como nos últimos 15, o progresso ficar muito aquém do esperado.
Apesar de tudo, nos últimos 15 anos registaram-se alguns progressos.
Nos países em desenvolvimento as pessoas estão mais saudáveis, mais instruídas e menos empobrecidas. Desde 1990 a esperança de vida nesses países aumentou dois anos, há menos três milhões de óbitos de crianças por ano e há mais 30 milhões de crianças a ir à escola.
No entanto, "no meio de uma economia global cada vez mais próspera, 10,7 milhões de crianças por ano não vivem para celebrar o seu quinto aniversário e mais de mil milhões de pessoas sobrevivem numa pobreza abjecta, com menos de um dólar por dia", lê-se na introdução do relatório.
Hoje, quem vive na Zâmbia tem menos possibilidades de chegar aos 30 anos de idade do que uma pessoa que tenha nascido em Inglaterra em 1840. Hoje, juntando as 500 pessoas mais ricas do mundo obtém-se um rendimento superior ao obtido por 416 milhões de pessoas pobres.
O relatório deixa um aviso: "Falando sem rodeios, o mundo está a encaminhar para um desastre anunciado do desenvolvimento humano, cujos custos resultarão em mortes evitáveis, crianças que não frequentam a escola e perda de oportunidade para a redução da pobreza".Mas as diferenças não se reflectem apenas entre países. A ONU acentua que há muitas outras diferenças internas a impedir o desenvolvimento humano.
No México, por exemplo, há zonas com taxas de alfabetização idênticas às dos países desenvolvidos, mas nas zonas pobres há taxas comparadas às do Mali, um dos países mais pobres do mundo. Na Índia a taxa de mortalidade das crianças com menos de cinco anos é 50 por cento mais elevada nas raparigas.Para resolver estes problemas é fundamental mais e melhor ajuda internacional, diz o relatório. No total, os países ricos gastam anualmente em ajuda 0,25 por cento do seu rendimento nacional bruto, menos do que em 1990.Por cada dólar gasto em ajuda, os países ricos gastam dez em orçamentos militares, diz a ONU, acrescentando outra comparação: a despesa actual com a sida, uma doença que custa três milhões de vidas por ano, representa o valor de três dias de despesas militares."Os sete mil milhões de dólares necessários anualmente, durante a próxima década, para disponibilizar o acesso a água limpa a 2,6 mil milhões de pessoas, é menos do que os europeus gastam em perfume e menos do que os americanos gastam em cirurgias plásticas". Aquele investimento pouparia cerca de quatro mil vidas por dia.
Além da ajuda dos países ricos, também o comércio com regras justas poderia promover o desenvolvimento. Mas como, pergunta a ONU, se os países ricos gastam mais de mil milhões de dólares por ano em ajudas à agricultura dos países pobres e quase o mesmo por dia para subsidiar o seu excesso de produção agrícola?
E àquelas barreiras ao desenvolvimento do Mundo somam-se os conflitos armados, que por regra eclodem nos países pobres. A título de exemplo, o recente conflito na República Democrática do Congo provocou directa ou indirectamente mais mortes do que as sofridas pela Inglaterra nas I e II guerras mundiais.
Com tantos estrangulamentos nas três áreas (ajuda, comércio e conflitos), o administrador do PNUD, Mark Malloch Brown, que saiu no mês passado, considera 2005 o ano de opções, com os países que se reunirão em Nova Iorque na próxima semana a poderem optar por passar das promessas à acção e erradicar a pobreza extrema. "É uma oportunidade que não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar", avisa.

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