terça-feira, setembro 27, 2005
Filosofias...
O Prazer de Pensar. Chamava-se assim o meu livro de Filosofia do 10º ano. Do nome da professora já não me lembro. Otília? Cecília? Ou nada disto. Mas gostava muito dela. Depois tive um professor, Gaspar, de sua graça. Mas não gostava nada dele. No entanto, a ele devo a minha melhor nota a esta disciplina.
Eu, por um lado, adorava a validação que a Filosofia ia dando à minha forma de procurar caminhos. Por outro, gostava do efeito obliterador que tinha nas minhas dúvidas. Em algumas.
Fosse como fosse, mais tarde, muito mais tarde, achei que aquele meu primeiro livro de filosofia se deveria chamar O Prazer de Perguntar. Com vagar e sem urgências. Mas não era por aqui que eu queria ir.
Lembrei-me disto apenas porque ontem à noite, enquanto lia o livro que ando a ler – A Coragem de Escolher – de Fernando Savater me ocorreu Kierkegaard. Conheci-o exactamente por esta altura. No liceu. E se me desesperei com ele, também me encantei. Lembro-me de “O Desespero Humano”. Da tragédia perante as opções a fazer, do rasto de angustia que fica após a decisão. Pura filosofia existencialista. Fora dos livros, onde a urgência e o pragmatismo deitam por terra o prazer de perguntar, duvidar, pensar, não é assim.
Tinha descoberto que, afinal, as dúvidas com que somos confrontados a vida toda – desta ou daquela natureza – afinal eram sistematizadas, nomeadas, desmontadas. A Filosofia tinha esse poder. E até tinha (e tem) imensa graça dentro desse território balizado pelo prazer de pensar. De formular questões cuja resposta não urge. Ou, de outra forma, quando nós não estamos à espera dela. Da resposta. Ou, mais difícil ainda, não temos que a dar.
Fora das fronteiras da filosofia, a coisa pode perder o encanto. Digo eu. Que ando aqui às voltas só para que um dia, tal como Wittgenstein, possa afirmar:
"Digam-Ihes que tive uma vida maravilhosa".
O prazer de responder. Era disto que eu precisava. Mas ainda não sei o quê.
Sabem que mais: valha-me Soren Kierkegaard, Ludwig Wittgenstein, Michel Foucault e até Emmanuel Kant. Sim. Estou "zangada" com os filósofos e, por isso, chamo-lhes pelos dois nomes. Tal como a minha mãe me chamava a mim, quando se zangava comigo!
Eu, por um lado, adorava a validação que a Filosofia ia dando à minha forma de procurar caminhos. Por outro, gostava do efeito obliterador que tinha nas minhas dúvidas. Em algumas.
Fosse como fosse, mais tarde, muito mais tarde, achei que aquele meu primeiro livro de filosofia se deveria chamar O Prazer de Perguntar. Com vagar e sem urgências. Mas não era por aqui que eu queria ir.
Lembrei-me disto apenas porque ontem à noite, enquanto lia o livro que ando a ler – A Coragem de Escolher – de Fernando Savater me ocorreu Kierkegaard. Conheci-o exactamente por esta altura. No liceu. E se me desesperei com ele, também me encantei. Lembro-me de “O Desespero Humano”. Da tragédia perante as opções a fazer, do rasto de angustia que fica após a decisão. Pura filosofia existencialista. Fora dos livros, onde a urgência e o pragmatismo deitam por terra o prazer de perguntar, duvidar, pensar, não é assim.
Tinha descoberto que, afinal, as dúvidas com que somos confrontados a vida toda – desta ou daquela natureza – afinal eram sistematizadas, nomeadas, desmontadas. A Filosofia tinha esse poder. E até tinha (e tem) imensa graça dentro desse território balizado pelo prazer de pensar. De formular questões cuja resposta não urge. Ou, de outra forma, quando nós não estamos à espera dela. Da resposta. Ou, mais difícil ainda, não temos que a dar.
Fora das fronteiras da filosofia, a coisa pode perder o encanto. Digo eu. Que ando aqui às voltas só para que um dia, tal como Wittgenstein, possa afirmar:
"Digam-Ihes que tive uma vida maravilhosa".
O prazer de responder. Era disto que eu precisava. Mas ainda não sei o quê.
Sabem que mais: valha-me Soren Kierkegaard, Ludwig Wittgenstein, Michel Foucault e até Emmanuel Kant. Sim. Estou "zangada" com os filósofos e, por isso, chamo-lhes pelos dois nomes. Tal como a minha mãe me chamava a mim, quando se zangava comigo!