sexta-feira, dezembro 31, 2004

 

(clique na foto para aumentar a imagem) Posted by Hello

 

Jai Guru Deva, Om

Across the universe. Uma bela canção para iniciar com o pé direito o último dia de 2004. Clique aqui para ouvir.

 

Apeteceu-me, pronto!

Ground control to Major Tom Ground control to Major Tom:
Take your protein pills and put your helmet on
Ground control to Major Tom: Commencing countdown engine's on
Check ig-nition and may God's love be with you

This is ground control to Major Tom, you've really made the grade!
And the papers want to know whose shirts you wear,
Now it's time to leave the capsule if you dare



This is Major Tom to ground con-trol, I'm stepping through the door
And I'm floating in the most peculiar way
And the stars look very difeerent today

For here am I sitting in a tin can, far above the world
Planet Earth is blue and there's nothing I can do

Though I'm passed one hundred thousand miles, I'm feeling very still
And I think my spaceship knows which way to go,
tell my wife I love her very much she knows

Ground control to Major Tom:
Your circuit's dead, there's something wong.
Can you hear me Major Tom?
Can you hear me Major Tom?
Can you hear me Major Tom? Can you ...

Here am I floating round my tin can, far above the moon
Planet Earth is blue and there's nothing I can do

quinta-feira, dezembro 30, 2004

 

Passos em Redor

Senhora das Tempestades

Senhora das tempestades e dos mistérios originais
quando tu chegas a terra treme do lado esquerdo
trazes o terramoto a assombração as conjunções fatais
e as vozes negras da noite Senhora do meu espanto e do meu medo.

Senhora das marés vivas e das praias batidas pelo vento
há uma lua do avesso quando chegas
crepúsculos carregados de presságios e o lamento
dos que morrem nos naufrágios Senhora das vozes negras.

Senhora do vento norte com teu manto de sal e espuma
nasce uma estrela cadente de chegares
e há um poema escrito em página nenhuma
quando caminhas sobre as águas Senhora dos sete mares.

Conjugação de fogo e luz e no entanto eclipse
trazes a linha magnética da minha vida Senhora da minha morte
teu nome escreve-se na areia e é uma palavra que só Deus disse
quando tu chegas começa a música Senhora do vento norte.

Escreverei para ti o poema mais triste
Senhora dos cabelos de alga onde se escondem as divindades
quando me tocas há um país que não existe
e um anjo poisa-me nos ombros Senhora das Tempestades.

Senhora do sol do sul com que me cegas
a terra toda treme nos meus músculos
consonância dissonância Senhoras das vozes negras
coroada de todos os crepúsculos.

Senhora da vida que passa e do sentido trágico
do rio das vogais Senhora da litúrgia
sibilação das consoantes com seu absurdo mágico
de que não fica senão a breve música.

Senhora do poema e da oculta fórmula da escrita
alquimia de sons Senhora do vento norte
que trazes a palavra nunca dita
Senhora da minha vida Senhora da minha morte.

Senhora dos pés de cabra e dos parágrafos proibidos
que te disfarças de metáfora e de soprar marítimo
Senhora que me dóis em todos os sentidos
como um ritmo só ritmo como um ritmo.

Batem as sílabas da noite na oclusão das coronárias
Senhora da circulação que mata e ressuscita
trazes o mar a chuva as procelárias
batem as sílabas da noite e és tu a voz que dita.

Batem os sons os signos os sinais
trazes a festa e a despedida Senhora dos instantes
fica o sentido trágico do rio das vogais
o mágico passar das consoantes.

Senhora nua deitada sobre o branco
com tua rosa-dos-ventos e teu cruzeiro do sul
nascem faunos com tridentes no teu flanco
Senhora de branco deitada no azul.

Senhora das águas transbordantes no cais de súbito vazio
Senhora dos navegantes com teu astrolábio e tua errância
teu rosto de sereia à proa de um navio
tudo em ti é partida tudo em ti é distância. Senhora da hora solitária do entardecer ninguém sabe se chegas como graça ou como estigma onde tu moras começa o acontecer tudo em ti é surpresa Senhora do grande enigma.

Tudo em ti é perder Senhora quantas vezes
Setembro te levou para as metrópoles excessivas
batem as sílabas do tempo no rolar dos meses
tudo em ti é retorno Senhora das marés vivas.

Senhora do vento com teu cavalo cor de acaso
tua ternura e teu chicote sobre a tristeza e a agonia
galopas no meu sangue com teu cateter chamado Pégaso
e vais de vaso em vaso Senhora da arritmia.

Tudo em ti é magia e tensão extrema
Senhora dos teoremas e dos relâmpagos marinhos
batem as sílabas da noite no coração do poema
Senhora das tempestades e dos líquidos caminhos.

Tudo em ti é milagre Senhora da energia
quando tu chegas a terra treme e dançam as divindades
batem as sílabas da noite e tudo é uma alquimia
ao som do nome que só Deus sabe Senhoras das tempestades.

Manuel Alegre

quarta-feira, dezembro 29, 2004

 

O quê?

Frases respigadas da imprensa de hoje.
"Se o Paulo Portas era o rei das feiras eu vou transformar-me num imperador das feiras"
Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara de Gaia, na conferência de imprensa em que se apresentou como cabeça da lista de deputados do do PSD ao círculo de...Braga.

"Braga deve ser a capital de uma região Norte de cinco distritos, para afastar a ideia de um Porto omnipoderoso"
Idem

"Ser cabeça de lista no Porto não é nenhum problema especial. É muito mais apetecível ser candidato em Braga. Se me dessem a escolher em que distrito me candidataria, de entre todos os da região Norte, escolheria sempre o de Braga"
Ainda Menezes...

"O que eu acho, sinto e vejo é que num momento como este, há uma maior apetência para a divulgação com grande destaque de notícias que não são verdadeiras".
Miguel relvas, secretário-geral do PSD

"Assistimos a uma inacreditável crispação política por parte de alguma Comunicação Social e de interesses corporativos que contribuíram para que a estabilidade governativa fosse, constante e injustamente, posta em causa».
Santana Lopes

"É difícil o PS abdicar das concepções neoliberais".
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP

"Só os burros não mudam".
Idem

"Matilde Sousa Franco [cabeça de lista do PS em Coimbra] é uma candidata muito fraca e não tem um perfil nem técnico, nem jurídico que se exige a um deputado candidato a Coimbra".
Jaime Soares, líder da distrital de Coimbra do PSD

"Campanha do PS não vai à lota de Matosinhos"
Título do Correio da Manhã"

"Alguma coisa não bate certo"
Título da crónica de Mário Bettencourt Resendes no Diário Digital

"Abyssus abyssum invocat. O PS espera que o País sinta a tentação e as sinergias do abismo. Já deu para ver. Todos os ademanes de José Sócrates vão nessa direcção."
Vasco Graça Moura, eurodeputado eleito pelo PSD






 

Abruptamente, numa quarta-feira de manhã....

Luís Delgado faz aqui a sua autocrítica involuntária, num texto intitulado "Pecados Nacionais". Duríssima. Deixo-vos um pedacinho, só para abrir o apetite:
Soberba - dá-se nos abruptos incontinentes, traidores por feitio e natureza, que sempre se venderam por uma sacola de 30 dinheiros. É o pecado dos sem-vergonha, sem pátria e sem coluna. E dos inchados. E são muitos...

Só não percebi aquela dos abruptos incontinentes. Confirma-se: este rapaz vai longe.

 

Paraquedismo eleitoral

São estes os cabeças de lista do PS às eleições de 20 de Fevereiro. Tal como acontece no PSD, muitos são os que não têm qualquer ligação, mesmo que ténue, aos círculos pelos quais se candidatam. Há por ali uma ou outra boa surpresa, mas há escolhas que não lembram ao diabo. Teme-se o pior. Sendo que o pior, no caso dos socialistas, é mais do mesmo.
OS CABEÇAS
D E L I STA DO PS
Açores – Ricardo Rodrigues
Aveiro – Manuel Pinho
Beja – Luís Pita Ameixa
Braga – António José Seguro
Bragança – Mota Andrade
Castelo Branco – José Sócrates
Coimbra – Matilde S. Franco
Évora – Carlos Zorrinho
Faro – João Cravinho
Guarda – Pina Moura
Leiria – Alberto Costa
Lisboa – Jaime Gama
Madeira – Jacinto Serrão
Portalegre – Miranda Calha
Porto – Luís Braga da Cruz
Santarém – Jorge Lacão
Setúbal – António Vitorino
V. do Castelo – Luís Amado
Vila Real – Ascenço Simões
Viseu – José Junqueiro
Europa – Maria Carrilho
Fora da Europa – Aníbal Araújo

 

O ESPELHISMO

Salvo erro, foi Eugénio Lisboa quem afirmou ser quase impossível ficar
indiferente perante uma doentia, cobarde e ridícula tendência portuguesa para
estar bem com todos. Em mais nenhuma parte do mundo existem tantos
amigos de tanta gente.
Por muito que se insultem e traiam, seja em particular ou em público,
dois portugueses, quando se encontram, desfazem-se em desculpas: aquilo foi
uma precipitação... eu gosto muito de si, sabe ?
Esperamos é que se a tendência se mantiver, não se caia na tentação
de mandar escrever às vítimas cartas como aquela tão célebre, que recebeu
Lord Kimberley: "Ex.mo Senhor: amanhã tencionamos matá-lo. Mas fazemos
questão em dizer-lhe, que não veja nisso nada de pessoal."
Vem isto a propósito de uma ideia central: embora a política corporize
jogos de conflitos e de interesses, de classes e de ideologias, é no seu íntimo
um jogo do erro e da verdade. Por outras palavras, é vital não nos enganarmos
em política.
Apesar dos riscos, porque neste domínio roça-se constantemente o
cinismo ou o ridículo - e este género não admite qualquer forma de
vulgaridade, de banalidade ou de frivolidade -, este fenómeno permite-nos
compreender que a política é uma arte e não simplesmente uma profissão.
Embora seja um erro desprezar aqueles que exercem bem a sua
profissão, não deixa de ser verdade que em política tendo em conta o seu
objectivo, a mediocridade é mais prejudicial do que noutra carreira qualquer.
Afirmar serenamente e com determinação a coragem moral e intelectual,
é hoje um imperativo de quem preza, acima de tudo, a sua própria dignidade.
Ética, convicção e responsabilidade afirmam-se, assim, como princípios
e valores complementares, profundamente enraízados, para que o
pensamento e a acção política não se reduzam àquilo que Weber designou
por "odres cheios de vento, que não sentem nada do que estão a fazer, mas
que unicamente se incendeiam com sensações românticas."
Contudo, a exigência permanece implacável: a política tem de se ligar,
cada vez mais, à ideia de serviço público e de solidariedade voluntária. Só
assim a vida democrática poderá ganhar, sem cair na mediocridade do
predomínio aparelhístico, tão lucidamente analisado por Ortega y Gasset :
"quantos señoritos satisfechos nos rodeiam ?"
É tempo de afirmação, com coragem intelectual: ou defender uma
democracia limpa e séria, ou deixar conspurcar, em nome de ideias há muito
abastardadas, o que resta das convicções autênticas, no meio de um charco
em que a lama cresce e ameaça submergir os que nela escorregam.
Por isso, a acção política exige mais determinação e menos calculismo.
Dito de outra maneira: a sua nobreza não consiste na uniformização,
mas antes na diferenciação. É a resistência ao status quo, a busca do novo...
E o julgamento far-se-à, agora e no futuro, pela sintonia que terão
revelado com a marcha do tempo ou, pelo contrário, os que apenas serão
epifenómenos do romance do poder.
Como diria o Prof. Adriano Moreira, trata-se, afinal, de modificar o
espelho.


 

2014

Há quem já esteja a fazer o balanço de...2014. Interessante.

 

INTERNET

Blogs Provide Raw Details From Scene of the Disaster
Mais uma vez, a capacidade de reacção dos blogs surpreendeu os meios convencionais de comunicação de massas. Ler aqui.

terça-feira, dezembro 28, 2004

 

Susan Sontag

Faleceu hoje, aos 71 anos, a escritora e ensaísta norte-americana Susan Sontag, uma das mais reconhecidas e irreverentes intelectuais dos EUA.
No seu livro “Regarding the pain of others”, Susan Sontag manifesta-se contra aqueles que convertem notícias em entretenimento. Contra eles Sontag dispara: "Ninguém, depois de uma certa idade, tem direito a esse tipo de inocência, de superficialidade, desse grau de ignorância ou amnésia".
"Regarding the pain of others" assume que todos somos espectadores (consumidores). Principalmente os que vivem nas regiões tranquilas do Planeta, distantes das guerras e do real sofrimento dos que amarguram. A este propósito Susan Sontag acusa: "Não são os fotógrafos que devem reparar a nossa ignorância. Tais imagens não são mais do que um convite a prestarmos atenção, a reflectir, aprender, examinar e racionalizar sobre o sofrimento em massa causado pelo poder estabelecido. Quem causou o que essas fotos mostram? Quem é o responsável ? É desculpável ? Foi inevitável ?".
Para compreender a realidade Susan Sontag desenvolveu um trabalho notável: partiu do fotojornalismo, acompanhou Roger Fenton e o seu trabalho no Vale da Morte, passou por Robert Capa durante a guerra civil espanhola, Buchenwald e Hiroshima, fome na India, Napalm e Vietname, limpeza étnica nos Balcãs, realizando um fantástico trabalho arqueológico.
Nascida em Nova York (1933), estudante da Universidade de Paris no final dos anos 50, Susan Sontag, além da fotografia, é autora de uma obra diversa, que abrange temas como literatura pornográfica, SIDA, estética fascista, música, etc. Talvez por isso tenha construído à sua volta tanta repulsa quanto admiração intelectual.




 

Solidariedade

Sudeste asiático: campanhas de solidariedade

Cáritas ajuda as vítimas do sudeste asiático
Banco: Caixa Geral de Depósitos
NIB: 003506970063091793082

Apelo de emergência da Cruz Vermelha
Banco: Banco Português de Investimento
NIB: 001000001372227000970

(Post "roubado" ao Cibertúlia - estou certo que o M. me vai perdoar)

 

Atchim!

Arrepios, dor de cabeça, pingo no nariz. É oficial: estou a chocar uma gripe.

 

A menor maioria

José Sócrates anda por aí a pedir a maioria absoluta e isso assusta muita gente. Assusta-me a mim, confesso. É que sempre acreditei que as maiorias absolutas são perversas. E isto não é um ditado popular nem uma frase "pronta a usar" de que tanto gostam os "analistas" políticos. É antes uma confissão - um lamento de falta de poder, provavelmente. A maioria, sempre singular (nunca há duas maiorias), é o "Ninguém" do Frei Luís de Sousa.
Em contraste, as minorias são tradicionalmente plurais, dispersas e quase sempre sem voto na matéria. São pouco práticas mas genuínas. Estar em minoria significa habitualmente lutar para não ficar à porta de um mundo em que o direito de admissão é reservado a maiores de 18. Na América, por exemplo, manda agora uma "moral majority" que impõe o silêncio e a mentira como um das belas artes; em Portugal houve em tempos uma "maioria silenciosa" que falava pelos cotovelos. O que une as minorias é quase sempre as suas diferenças e o que separa as maiorias é quase sempre as suas semelhanças. As maiorias absolutas desprezam a oposição e temem a dúvida quando não têm certezas.
Sócrates quer a maioria absoluta? Pois vai ter que a merecer.

(Vamos lá a ver se ele ainda se lembra)


 

O senhor que se segue

Depois de Mick Wadsworth, Manuel Cajuda, Rui Paulino, Chovanec e Mladenov (estes dois não chegaram sequer a aparecer), o Beira-Mar contratou para treinador Luís Campos, cuja maior proeza desportiva foi conseguir despromover para a Honra duas equipas na mesma época. Com Luís Campos, o Beira-Mar vá lá, vai;com Luís Campos, o Beira-Mar vá lá, vai. Direitinho para a Honra, Estamos lixados...e pensar que ainda vamos andar 20 anos a pagar o estádio novo!

 

PASSOS EM REDOR

E se agora, deixando no chão o escudo lavrado e o forte capacete e apoiando a lança contra o muro, saísse ao encontro do inexorável Aquiles, lhe dissesse que permitia aos Atridas que levassem Helena e as riquezas que Alexandre trouxe para Ílion nos côncavos navios, pois foi isso que originou a guerra, e se oferecesse para repartir com os Aqueus metade do que a cidade contém e mais tarde fizesse os troianos jurarem que, sem nada ocultar, formariam dois lotes com quantos bens existem dentro desta formosa cidade ?... Mas porque me faz o coração pensar em coisas tais ? (Homero, Ilíada)

 

Menezes e Braga

A candidatura de Luís Filipe Menezes pelo círculo de Braga, para além de inesperada e ligeiramente ridícula tendo em conta os ziguezagues recentes do autarca de Gaia, não está a provocar grande entusiamo no distrito minhoto. Também não admira: o líder concelho do PSD chama-se...Ricardo Rio. Sim, Rio. E este Rio, que também não morre de amores por Menezes, já fez saber que o autarca não será bem acolhido num círculo ao qual não tem qualquer espécie de ligação. A menos que Menezes esteja a fazer contas a um fim-de-semana que passou na cidade dos arcebispos no Verão de 1983...

 

Bom dia!


SEGREDO
A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua
.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.
Drummond de A.

 

Nel mezzo del cammin di nostra vita mi ritrovai per una selva oscura*

Um indiano da cidade de Cuddalore, 180 quilómetros a sul de Madras, segura a mão do filho de oito anos, cujo cadáver apareceu numa praia depois da passagem do maremoto


. Posted by Hello
*Dante A. - Inferno I, canto 1 Clique aqui para ouvir

segunda-feira, dezembro 27, 2004

 
A morte é uma flor que só abre uma vez
Mas quando abre, nada se abre com ela.
Abre sempre que quer, e fora da estação.

Paul Celan

 

Ásia

À medida que as horas passam continuam a chegar notícias cada vez mais alarmantes da Ásia. A confirmar-se o desaparecimento de 30 mil pessoas nas ilhas de indianas de Andaman e Nicobar, por causa do sismo de domingo seguido de maremoto, estaremos perante uma das mais brutais tragédias da história recente da humanidade. Apetece gritar: o que fez aquela gente para merecer semelhante castigo? E mesmo que gritemos bem alto, será que Alguém nos ouve?

 

Veados

Fiquei espantado com a quantidade de veados n'O Acidental. Beijoqueiros, ainda por cima.

 

Festejar...

...a vitória de Victor Iuschenko nas eleições da Ucrânia.

 

Pura e Simples

Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen


 

Coisas que dão vontade de chorar

O sismo na Ásia.

 

Coisas que dão vontade de rir

Luís Filipe Menezes como candidato a deputado por Braga.

 

Boa tarde

É tempo de regressar ao mundo.

 

Bob Dylan ou George W. Bush?

Excelente, esta foto de Bush, publicada pela Associated Press.

sábado, dezembro 25, 2004

 

Trocam-se...

ou vendem-se, pela melhor oferta, três DVD do Gato Fedorento ainda por desembrulhar, dois exemplares novos do "Eu hei-de amar uma Pedra", do Lobo Antunes, um par de chinelos de quarto em veludo azul nº 46, um casaco XL da Quebramar, diversos pares de meias, lenços com monograma, dois pares de peúgas com estampas do rato Mickey, uma gravata cor-de-laranja da Zara, uma boneca insuflável ainda em bom estado, dois DVD pirata da Paixão de Cristo e muitos chocolates avulsos.
Resposta a este blog.

 

NATAL É O NATAL

Do meu querido amigo José Duarte, deixo aqui um poema dos velhos tempos do Pão com Manteiga, com mais de vinte anos.


O Natal no centro comercial em decúbito dorsal.
O Natal colegial é ilegal, é sobrenatural.
O Natal no Bombarral e a porta da farmácia Barral
O Natal dum casal na presença do Cunhal.
O Natal no Faial, capital do Funchal.
O Natal de missa e a ceia no Ginjal.
O Natal, o vil metal e o triplo salto mortal.
O Natal fiscal mais o Quental a ler um texto papal.
O Natal liceal no Marquês de Pombal.
O Natal com um pardal e um pedal. Fundamental.
O Natal etc. e tal.
O Natal por Arrabal e um general já marechal.
O Natal da Vitória Principal não é em Vila Real.
O Natal do Freitas, do Amaral e da pia. A baptismal.
O Natal sensual e 22 de tensão arterial.
O Natal em diagonal, táctica do Sporting Clube de Portugal.
O Natal por edital e um banal enxoval… feudal.
O Natal da Compal extracção dum queixal.
O Natal constitucional passa pela revisão mensual.
O Natal de Álvares Cabral, bem bonito, por sinal.
O Natal oficial foi num curral. Muito formal.
O Natal tal e qual.
O Natal do queijo Rabaçal e da menina do Sardoal.
O Natal normal, embora oval, e 1000 de código postal.
O Natal, o adolescente Pascoal e o jejum pascal.
O Natal sensacional usa avental. Dois tremoços e uma imperial.
O Natal experimental é consoante a vogal.
O Natal paroquial. Está lá ? É da Sé Patriarcal ?
O Natal no Senegal e o Bocage em Setúbal.
O Natal oriental distingue-se do ocidental por 2 vírgula tal.
O Natal é o Natal. Se não for a bem vai a mal.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

 

A linha do horizonte

As imagens do dia gravadas pelo RB são muito elucidativas. Sobretudo numa época de reconhecido minimalismo ético-ideal, de fragilidade das razões comunicativas, de crise de valores tão necessários à polarização da sociabilidade integrativa mas diferenciada, quando o equilíbrio entre o exercício da liberdade interior, assumida, crítica, e as suas condições externas é perturbado pela irrupção de corporativismos, de interesses de parte, de egoísmo, de violência, de puras concepções instrumentais da identidade colectiva, do bem comum ou do interesse geral.
Por isso, a linha do horizonte ideal deve ser aquela onde se podem e devem desenhar os contornos de uma sociedade robusta e, portanto, de uma democracia plena, não meramente formal ou insidiosamente autoritária, de uma cidadania como crivo, que separa o útil do fútil, a verdade do relativismo, o belo do feio, o expressivo do fosco, o límpido do turvo, a transparência da obscuridade.
Em síntese, contribuir para o projecto de uma sociedade de homens como sujeitos autónomos, criadores e solidários, em todos os planos da vida. Por outras palavras: uma sociedade que nos leve a empreender certas acções sem nos importarmos de saber se, quando ou como elas serão coroadas de êxito, sem nenhuma garantia de poder um dia tirar delas algum proveito.
E depois ? Perguntam os medrosos do que está para vir. ..Depois, o mundo continua a dar voltas, os homens continuam a viver e a morrer, os deuses continuam a ser impassíveis e a árvore continua a florir e a frutificar.
Para que temer, pois, o futuro ? Porque não nos lançamos a ele com o mesmo afã devorador com que sondamos o passado ? Se nós temos, ou parecemos ter no celticismo anelante da nossa alma o amor do desconhecido e até do inalcançável, porque receamos das novidades ? Quem nos desvirtuou o espírito, que já nem parecemos ser o que fomos um dia ? Não temos novas terras a descobrir; porque não nos aventuramos a descobrir novas regiões da inteligência e da sensibilidade.
Apenas a visão larga e tolerante, a generosidade e a capacidade de sermos fiéis a causas, projectos e pessoas nos permite ir além da periferia.





 

E agora...

...agora vou às compras!

 

Inimigo Público

No sítio do costume. Esta semana em versão tablóide. Para abrir o apetite, o humor do cartoonista João Fazenda, tendo como mote as negociações entre a Turquia e a União Europeia. Clique na foto para aumentar a imagem.

Inimigo Publico Posted by Hello

 

Ainda o IP...

...o jornal satírico do PÚBLICO, temido por 11 em cada 10 políticos portugueses. Versão integral já nas bancas. Have fun!

Ho!, ho!, ho!,
o c...!


A MAIORIA DAS PESSOAS CONSIDERA ESTA ÉPOCA
COMO SENDO DE PAZ E HARMONIA, UMA ALTURA EM
QUE SOMOS MAIS DADOS AO PRÓXIMO E APENAS
COISAS BOAS ACONTECEM. NADA PODIA ESTAR MAIS
LONGE DA VERDADE!!! O IP PUBLICA AQUI ALGUMAS
ESTATÍSTICAS DE NATAL VERDADEIRAMENTE
ASSUSTADORAS, AS ESTATÍSTICAS QUE ELES NÃO
QUEREM QUE VOCÊ SAIBA.


✮ 26% das pessoas bebem de mais na noite santa e acordam numa sarjeta,
sem pelo menos um órgão interno no seu corpo e com uma costura mal feita no
abdómen em forma de suástica;
✮ 68% dos homens que ajudam a mulher a rechear o peru adquirem um gosto
particular por “encher por trás” e saem de casa antes da Páscoa para viver
maritalmente com um travesti;
✮ 36% das pessoas que trincam a fava partem um dente e desenvolvem uma
hemorragia fatal, morrendo em agonia antes do fi m do ano;
✮ 42% das pessoas que enviam um SMS a desejar Boas Festas enganam-se no
número e enviam a mensagem para o telemóvel pessoal do Carlos Cruz, fi cando
doravante implicados no processo Casa Pia;
✮ 18% das pessoas que passam a noite de Natal em casa, a ver televisão,
apercebem-se fi nalmente da vacuidade e falta de sentido das suas vidas e
engolem duas embalagens de comprimidos;
✮ 59% dos homens que se vestem de Pai Natal embaraçam e traumatizam
para sempre os fi lhos, impelindo-os a uma vida de toxicodependência e
homossexualidade;
✮ 89% das pessoas que esbanjam dinheiro nesta quadra, motivados pelo
espírito generoso da época, recebem dia três de Janeiro uma visita do
inspector fiscal, acusando-os de ostentarem sinais exteriores de riqueza e
condenando-os a 10 a 12 anos no EPL, onde vão distribuir outra espécie de
gorjetas pelos reclusos da Ala C. VE/AM

 

Bom dia! E bom Natal!

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?


David Mourão-Ferreira

 

Imagem do dia

PSL de olhos rasos de lágrimas, indisfarçavelmente comovido com o apoio dos militantes, no jantar de Natal do PSD, em que foi anunciada a coligação com o PPM e o Partido da Terra. A SIC mostrou. Senti pena. Pareceu-me um homem (e esqueçamos por momentos o político) muito abalado. Às vezes não nos lembramos (e eu por mim falo) de que PSL deve estar a passar um período terrível. Terrível.

 

As melhores fotos de 2004...

segundo a Netscape.

Afghan child, Mohammed Yaseen, 11, stares behind his mother's burqa while she waits for her voter identification card, at a voter registration center in Kabul, Afghanistan, Sunday, July 18, 2004. Afghanistan's delayed presidential election will take place Oct. 9 but a parliamentary vote originally scheduled to be held simultaneously was put off until the spring. According to the Joint Electoral Management Body of Afghanistan, up until now an estimated 6.5 million eligible voters, both men and women have registered to vote, 38 percent of which are women.
(Com vénia ao Antena Paranóica)



quinta-feira, dezembro 23, 2004

 

Another one bites the dust!


Em protesto contra a decisão do Governo de recorrer a uma parte do fundo de pensões da Caixa Geral de Depósitos, equivalente a mil milhões de euros, para evitar o incumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento, o presidente da CGD, Vítor Martins, pediu a demissão do cargo. Celeste Cardona nem tugiu, claro.
As coisas já não estavam fáceis para Martins desde que Bagão Félix revelou que a venda de património do Estado foi por água abaixo porque os consórcios bancários, liderados pela CGD e BPI, tentaram renegociar o contrato. Mas não foi apenas Martins a ficar insatisfeito com o coelho que Bagão tirou hoje da cartola - também os sindicatos prometem lutar contra a decisão do ministro, ameaçando até recorrer ao Tribunal Constitucional, por temerem que o seu fundo de pensões seja devastado por sucessivas investidas destinadas a maquilhar as contas públicas. A bola está, agora, do lado do Presidente da República. Acredito que Sampaio vai promulgar o documento do Governo, mas os tempos que vivemos são tão extraordinários que é melhor esperar para ver.

PS- Convém não esquecer que Vitor Martins substituiu António de Sousa e Mira Amaral à frente dos destinos da CGD. Ocupava o cargo desde o dia 1 de Outubro.

Adenda: O socialista Maldonado Gonelha, vice-presidente da CGD, acompanhou Vítor Martins na demissão. Ambos, no entanto, aceitaram permanecer nos cargos até que Governo nomeie uma nova administração, o que já não deve acontecer antes das eleições. Para Gonelha, calculo, a angústia não será muita.

 

A las cinco de la tarde.


¡Ay, qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!


 

Xixi nos pneus

Telefona-me um amigo a perguntar porque é que eu não postei nada sobre a birra de Nobre Guedes, que ameaçou demitir-se de um Governo já demitido. E eu respondo-lhe aqui: não postei nada porque não vale a pena. A situação é obviamente ridícula, como ridícula foi a passagem de Guedes pelo Ambiente e a passagem de Santana por São Bento. Guedes está a marcar terreno, para si e para o seu partido, tendo em vista as eleições de 20 de Fevereiro. O meu cão também faz xixi nos pneus do carro sempre que o estaciono na garagem. É a natureza dele.

 

Um baton para a mesa do fundo, p.f.

"Ando há anos a educar este povo"
Clara Ferreira Alves, em entrevista ao INDEPENDENTE

Depois de ler a entrevista da Clara, chego a uma conclusão: este país não a merece.Mas não a merece mesmo. Devíamos fazer uma recolha de fundos e mandá-la para um qualquer sítio qualquer, bem longe daqui, onde ela possa continuar a sua missão de grande educadora. Afinal, é ela, com uma modéstia impressionante, quem confessa que se sente deslocada em Portugal, este país de sevandijas, onde não há ninguém capaz de a entender. "Em certas coisas tenho um desapego absoluto pelo país. Não há muita gente em Portugal com quem me apeteça conversar.Vivo numa grande solidão intelectual". Pobre Clara! Pobrezinha! O meu coração sangra por ela.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

 

Um gato que fede

Um leitor mais atento exige-me por e-mail que cumpra a promessa feita aqui. Que não seja por isso:
Terry Gilliam, o homem que assinava as fantásticas animações do Circo Voador dos Monty Python, explicou uma vez que o segredo do sucesso do grupo britânico era a ausência da “punchline”, a frase de efeito que normalmente remata as anedotas. Explicou ele, durante a cerimónia de homenagem aos Monty Python no Festival de Comédia de Aspen, em 1998, (que John Cleese e companhia transformaram num delicioso pandemónio), que o grupo só começou a ter sucesso quando deixou de encenar piadas e passou a apostar no inesperado, no absurdo, no surreal. Em Aspen, perante uma plateia de boquiabertos norte-americanos, os Monty deram um bom exemplo do seu humor absurdo: insultaram a plateia, espalharam por todo o lado as cinzas de Graham Chapman (que morreu de cancro em 1989) e cantaram Always Look at The Bright Side of Life com um acompanhamento do outro mundo.
Num panorama televisivo português dominado pelo humor alarve da graçola encenada e da piada escatológica, a equipa do Gato Fedorento distingue-se pelo humor inteligente, que surpreende pela facilidade com que usa os temas do quotidiano para nos fazer rir. Não há ali piadas encenadas, nem “punchline”, nem recurso ao palavrão para provocar o riso. Os Gato Fedorento não são ainda os Monty Python, mas estão no caminho certo. Só precisam de não se deslumbrar, como dizem os comentadores desportivos.
Apesar de separados por 30 anos, entre o grupo britânico e o grupo português há mais semelhanças do que diferenças: são ambos jovens, com poucos meios mas muita imaginação e têm por trás uma televisão que lhe dá total liberdade criativa (a BBC, no caso dos Python). É caso para dizer: eu vi o futuro do humor português e o seu focinho era o de um gato. Um gato que fede.


 

Balanço do ano...

...será feito aqui logo que possível. Este post é só para anunciar que vem por aí outro post com a substância. Não é assim que faz o Governo?

 

O prestidigitador

Já faltam menos de 24 horas para que Bagão Félix tire da cartola o anunciado coelho que vai permitir manter o défice abaixo dos três por cento. Um coelho que vale pelo menos 500 milhões de euros. Suspeito que vamos ficar todos com um enorme peru, tão característico da época que atravessamos.

 

BOM DIA

Receita de mulher

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República [Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da [aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que tudo seja belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Eluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como ao âmbar de uma tarde. Ah, deixai-e dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente.
Uma boca Fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem [saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de 5 velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de [coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima [penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!)
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério.
Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca [inferior A 37° centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras
Do 1° grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro da paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos
Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer [beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ele não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

Vinícius de Moraes


 

Ouro, incenso e mirra


Que ninguém se espante se eu deixar de blogar nos próximos dias...

 

Publicidade ou propaganda?


Publicidade paga para explicar decisões tomadas
(TSF)
Os jornais desta quarta-feira saem à rua acompanhados de uma mini-revista editada pelo Governo. Em menos de 30 páginas a cores, o Executivo pretende explicar as opções orçamentais. Com publicidade paga, o Governo pretende esclarecer as razões que o levaram a tomar as últimas decisões.

terça-feira, dezembro 21, 2004

 

Bem-vindo

Como os mais atentos certamente já repararam, o Amor e Ócio acaba de abrir o seu capital a mais um sócio. Trata-se de Hélder Castanheira, um dos suspeitos do costume, que vem preencher uma lacuna gritante no lado esquerdo deste blog. Dele esperam-se posts escritos com paixão. E outras coisas que tais.
Bem-vindo, Hélder. "Mi casa es su casa".

 

A METAMORFOSE

Leio e releio as notícias. É irresistível, por isso, a inclusão da história de Herberto Hélder, nos Passos em Volta e que poderia constituir um comentário e um desafio.

«Era uma vez um pintor que tinha um aquário e, dentro do aquário, um peixe encarnado. Vivia o peixe tranquilamente, acompanhado pela sua cor encarnada, quando, a certa altura, começou a tornar-se negro a partir – digamos -, de dentro. Era um nó negro por detrás da cor vermelha e que, insidioso, se desenvolvia para fora, alastrando-se e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário, o pintor assistia, surpreendido, à chegada do novo peixe.

O problema do artista era este: obrigado a interromper o quadro que pintava e onde estava a aparecer o vermelho do seu peixe, não sabia, agora, o que fazer da cor preta que o peixe lhe ensinava.

Assim, os elementos do problema constituíam-se na própria observação dos factos e punham-se por uma ordem, a saber: 1º - peixe, cor vermelha, pintor, em que a cor vermelha era o nexo estabelecido entre o peixe e o quadro através do pintor; 2º - peixe, cor preta, pintor, em que a cor preta formava a insídia do real e abria uma abismo na primitiva fidelidade do pintor.

Ao meditar acerca das razões por que o peixe mudara de cor, precisamente na hora em que o pintor assentava na sua fidelidade, ele pensou que, lá dentro do aquário, o peixe, realizando o seu número de presdigitação, pretendia fazer notar que existia, apenas, uma lei que abrange tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Essa lei seria a metamorfose. Compreendida a nova espécie de fidelidade, o artista pintou, na sua tela, um peixe amarelo.»

A lei é a metamorfose. Está em causa, pois, essa pequeníssima diferença, mas de facto incomensurável, que confere à inteligência o lugar de uma nova espécie de fidelidade.



 

E agora Chovanec

Ainda há esperança...
O antigo internacional checoslovaco e seleccionador da República Checa Jozef Chovanec é o novo técnico do Beira-Mar, sucedendo a Manuel Cajuda, que na semana passada foi vítima da sétima chicotada psicológica da Superliga de futebol, segunda pessoal.
Jozef Chovanec, que assinou contrato com os aveirenses até ao final da época, teve um papel importante ao serviço da República Checa, que sob o seu comando se apurou para o Euro2000 sem perder um único ponto na fase de qualificação.
Internacional checoslovaco por 52 vezes (com quatro golos) e "capitão" da selecção no Mundial de Itália90, Chovanec vai ter como adjunto o antigo internacional búlgaro Stoycho Mladenov, ex-jogador do Belenenses, Vitória de Setúbal, Estoril e Olhanense.

(Lusa)


 

Agonia

A conferência de imprensa de PSL e Bagão Félix foi mais um triste episódio da agonia deste Governo. Não estava à espera, sinceramente, é que a culpa fosse atirada com tanta falta de cerimónia para o Governo de Durão Barroso. Para a "pesada herança". E não estava à espera também que o anúncio da solução fosse adiada para quinta-feira. Afinal, para que serviu a conferência de imprensa à hora dos telejornais? Para tramar Durão e Feereira Leite? É pouco.

Adenda: E o que dizer da utilização de jornais estrangeiros para apontar o dedo aos pecadilhos dos outros? Parecia um "sketch" dos Gato Fedorento.

 

Cuidado com o Bagão!

Ouvem-se as declarações de Bagão Félix acerca do chumbo de Bruxelas à operação de cedência temporária de património do Estado, e não se acredita. O mesmo homem que desistiu da venda directa por uma alegada questão de "ética política" vem agora dizer que o negócio só foi por água abaixo porque os consórcios bancários - liderados pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BPI - tentaram renegociar o contrato, levando o Governo, já em gestão, a optar pelo modelo de arrendamento de património do Estado. A ética que se lixe.
E o mais espantoso nisto tudo é que o ministro vem agora culpar a CGD e o BPI pelo falhanço do negócio que permitiria uma receita extraordinária considerada essencial para que Portugal cumpra os limites ao défice das contas públicas estabelecidas no Pacto de Estabilidade e Convergência. A CGD, senhores. Um banco do Estado, com uma administração nomeada já por este Governo e que até inclui essa luminária do CDS que dá pelo nome de Celeste Cardona. Portanto, a culpa agora é da Caixa. Não é do Governo, coitadinho. É da Caixa. Como já foi de António Guterres, da "pesada herança", da Oposição, dos jornalistas, da União Europeia, da dona Miquelina, da prima do ministro, do porteiro da Lux. A culpa é minha. Minha e do PR, que dissolveu a AR. É campanha eleitoral e eles esperam que ninguém leve a mal.

 

Sergeant Pepper's Lonely Hearts Club Band

A capa do disco dos Beatles explicada ao povo. Com imaginação e paciência. É só entrar na página e depois clicar sobre a cara das personagens de uma das capas mais célebres da história da música para ficar a saber quem é quem. Aqui.

 

Bagão Félix

Bagão Félix dá hoje uma entrevista ao Diário Económico que merece ser lida com atenção. As afirmações sobre a banca são graves e ainda vão, certamente, fazer correr muita tinta.

 

Bom dia!

Canto Esponjoso

Bela
esta manhã sem carência de mito,
E mel sorvido sem blasfémia.

Bela
esta manhã ou outra possível,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Umidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituídas.

Bela
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.

Carlos Drummond de Andrade

 

Insensibilidade e falta de senso

Donald Rumsfeld usou um carimbo para assinar as cartas de condolências às famílias dos soldados mortos no Iraque, em vez de o fazer à mão. A gafe surgiu numa altura em que 52 por cento dos americanos reclamam a sua demissão por causa das mentiras que tem dito acerca da invasão do Iraque, de acordo com uma sondagem da CNN. Mas George W. Bush já veio dizer que Rumsfeld é intocável. É a vida.


 

Faz sentido...

...mas dá pena ver Rangel metido nestes trabalhos.

O independente Paulo Rangel candidata-se pelo PSD

 

Ele há gente muito burra...

Detido ladrão que anotava
os assaltos num diário

Parece que o homem tinha a intenção de narrar as suas aventuras num blog mas não teve tempo de roubar um computador...

segunda-feira, dezembro 20, 2004

 

Ainda a tempo

Estava nos astros... Com reconhecimento ao RB vou postar um texto do escritor colombiano - e vencedor do Prémio Nobel de Literatura de 1982 - Gabriel Garcia Márquez.

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor as coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, me vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria a Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida. Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes - te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade esta na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só têm o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo."

 

Santa Claus

Como podem comprovar aqui, não sou o único a abominar o Pai Natal...

 

Nicolau Maquiavel

Meus amigos: daqui a pouco, Nicolau Maquiavel (ou a sombra dele) vai juntar-se ao Amor e Ócio. Já não era sem tempo, pá! (e reparem na intimidade que nós temos com as grandes figuras...só nos falta tratar por tu meia-dúzia de primeiros-ministros...)

 

É preciso ter lata

Rui Rio terá sido o último a saber que PSL se preparava para condecorar os jogadores do FC Porto. O que o deixa numa situação pouco confortável, tendo em conta a sua guerra com Pinto da Costa, mas sobretudo devido à pública oposição à promiscuidade entre a política e o futebol. O primeiro-ministro já está em campanha - confundindo muito convenientemente o papel de governante com o de líder partidário. Mas nada disto nos deve espantar. Daqui até 20 e Fevereiro vamos assistir a muitas cenas como esta e Rio e outros dirigentes do PSD, habituados a outro rigor, vão ter que engolir muitos sapos se quiserem que o partido apresente ao eleitorado uma imagem de união. União ilusória, claro, porque tudo vai estilhaçar-se a seguir a uma eventual derrota nas legislativas.
Não vou aqui contestar o direito de PSL em atribuir as medalhas e o direito dos jogadores do FCP em as receberem. Independentemente de todo o mercantilismo associado ao jogo, é certo que o FCP dignificou lá fora o nome do país. Agora o que eu não compreendo é que o PS, pela voz do inefável Orlando Gaspar, venha acusar PSL de eleitoralismo. A acusação até pode estar certa, mas o PS é que não tem nenhuma autoridade moral para a fazer. Não foram os socialistas que andaram anos de beijo na boca com Pinto da Costa, aproveitando todas as boleias permitidas pelos triunfos do Dragão? Quantas vezes recebeu Fernando Gomes o FCP nos Paços do Concelho? Quantas vezes surgiu ele (e Nuno Cardoso a seguir) nas tribunas das Antas? E não é o PS que está de braços abertos para acolher Pinto da Costa?
Eleitoralismo? Provavelmente. Mas neste caso nenhum partido (mas nenhum, mesmo) deve atirar a primeira pedra.

 

E agora?

Bruxelas acaba de chumbar a operação de lease-back de imóveis do Estado português defendida pelo Governo. A decisão de Bruxelas coloca Portugal em risco de quebrar o limite de 3% do PIB para o défice em 2004. Ou seja, este Governo voltou a meter a pata na poça e dificilmente Bagão Félix será capaz de tirar um coelho da cartola no valor de 500 milhões de euros. Santana e Bagão já estão a promover reuniões de emergência e o primeiro-ministro até cancelou a ida ao Dragão para condecorar os jogadores do FCP que conquistaram a Taça Intercontinental. E depois ainda querem convencer o país de que a retoma está ao virar da esquina e que só não é mais clara porque, coitadinhos, o PR lhes tirou o tapete. Não há pachorra. Será que este país algum dia vai retornar à normalidade?

 

Birrinhas

E o controle remoto da televisão? Onde @*+... se meteu a *@# do comando? Hein? Como é que eu vou encontrar um objecto tão pequenino no meio da papelada que atafulha a minha secretária de trabalho? Mais valia ter ficado a dormir, francamente!...

 

Boa tarde!

Todo o Amor Que Houver Nesta Vida

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a sua fonte escondida
Te alcance em cheio o mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão, e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

Cazuza

(Daqui a pouco já posto outras coisinhas...mas agora...deixem-me trabalhar!)

domingo, dezembro 19, 2004

 

Presidenciais americanas de 2008

Hillary Clinton parte na frente. Uma animação bem divertida para animar o que resta do fim-de-semana.

 

Vade Retro, Pai Natal (2)

Não há pachorra. Ele há Pais Natal por todo o lado. Quinze mil na Luz, 500 num comboio da CP, não sei quantos milhares nas ruas do Porto. O sacana do velhinho está por todo lado, obeso e chato. A Coca Cola, que explora comercialmente a imagem de Santa Claus, deve adorar esta maluquice. Na SIC está um dos organizadores do desfile do Porto a queixar-se de que o Benfica tentou "roubar a ideia original" de reunir milhares de Pais Natal para entrar no Livro dos Recordes. No Guiness. Neste país toda a gente sonha em entrar no Guiness, seja de que maneira for. Deve ser por causa da tão falada ausência de autoestima. Safa!

 

George W. Bush...

...é a personalidade do ano para a Time. Por boas e más razões. Uma escolha óbvia depois da maneira como conseguiu a reeleição.


For sticking to his guns (literally and figuratively), for reshaping the rules of politics to fit his ten-gallon-hat leadership style and for persuading a majority of voters that he deserved to be in the White House for another four years, George W. Bush is TIME's 2004 Person of the Year.

Adenda:
A revista norte-americana foi a primeira a lembrar-se de escolher o seu "Man of The Year". Charles Augustus Lindbergh, o aviador que cruzou sem escalas o Atlântico Norte a bordo do monoplano Spirit of Saint Louis, foi o primeiro "Homem do Ano" da Time. Estava-se em 1927 e a revista acabava de lançar um conceito que viria a ser copiado, nas décadas seguintes, por publicações e instituições de todo o mundo.
A lista de escolhidos pela Time ao longo de mais de 70 anos é impressionante e a sua leitura é útil para compreender como evoluiu o século XX. O largo critério usado pela revista (escolher sempre a figura que, no ano respectivo, influenciou os acontecimentos mundiais para o melhor ou para o pior) permitiu a inclusão na lista de figuras surpreendentes. Está lá (quase) toda a gente, embora a maioria dos escolhidos seja norte-americana. Hitler (1938) e Estaline (1939 e 1943), mas também Churchill (1940), Gandhi (1931) ou Martin Luther King (1963).
Em 1936, o Homem do Ano foi uma mulher: Wallis Simpson, que levou o Rei de Inglaterra a abdicar do trono por amor. E em 1982, o Homem do Ano foi uma máquina: o computador pessoal, que começava a invadir os lares americanos. Nos últimos anos, a Time rendeu-se ao politicamente correcto e passou a escolher antes a Person of the Year. Aqui pode ser consultada uma galerias dos homens, mulheres e até máquinas do ano da Time.

 

Pensamento do dia

"Os homens mentiriam muito menos se as mulheres fizessem menos perguntas"

sábado, dezembro 18, 2004

 
Bocejo porque é sábado e o Rui Baptista não fez a tradicional, personalizada e excelente revista de imprensa semanal, incluindo os desmentidos ao Expresso!Já poupei muitos euros graças a isso...lol
PV

 

Santana

É impressão minha ou o presidente do PSD está a dar uma entrevista marcadamente partidária usando como cenário a residência oficial do primeiro-ministro?

 

Câmara do Porto

Rui Moreira critica gestão autárquica. E disponibiliza-se para avançar pelo PS
«Porto não aguenta mais cinco anos de Rui Rio»


Há meses que ando a dizer e a escrever (como se pode confirmar consultando os arquivos deste blog) que Rui Moreira estava a preparar-se para lançar uma candidatura à Câmara do Porto. É evidente que a eventual candidatura está a ser alavancada (adoro esta expressão brasileira) por gente ligada aos jornais, gente que não suporta o o presidente da autarquia portuense e que por isso decidiu alinhar na campanha de promoção de Moreira, claramente gizada por Luís Filipe Menezes e abençoada por Fernando Gomes. Um par que, recorde-se, sempre se deu bem, quanto mais não seja porque estão unidos no ódio a Rio. Só não vê quem não quer.E percebem agora porque é que Menezes até já dá abraços a Rio, enquanto lhe vai tentando espetar mais uma faca nas costas? O que é incrível é que o PS, na sua ânsia de conquistar mais uma câmara e sem um candidato ganhador no horizonte (já que o aparelho rejeita a independente Elisa Ferreira) admita vir a apoiar uma figura que sempre andou de mão dada com o CDS-PP, enquanto flirtava com o PSD menezista. O mundo dá muitas voltas, não há dúvida. E Pinto da Costa já tem em quem apostar para o sonhado ajuste de contas com Rio.

 
"I wake each morning torn between the desire to improve the world and the desire to enjoy it. It makes it hard to plan the day."

- E.B. White

 

Sábado

Bocejo.

 

Merecido!

Críticos elegem Gato Fedorento
como o melhor programa de 2004


E quando estiver com menos sono explico porquê...

 

Cabeça à roda



“Um exemplo da ineficiência
do investimento público são
as rotundas que nascem
como cogumelos em todas
as autarquias. Não existe no
mundo inteiro um país com
mais rotundas por cada mil
habitantes”

Ex-primeiro-ministro
CAVACO SILVA


E não é que tenho que concordar com o professor? Nos últimos anos os autarcas desataram a fazer rotundas como se disso dependesse a sua vida. O mais pequeno concelho do país, São João da Madeira, tem 104 (sim, cento e quatro) rotundas espalhadas por pouco mais de oito quilómetros quadrados. E quando não estão a fazer rotundas, os autarcas estão a autorizar a instalação selvagem de lombas (quebra-molas, chama-lhes o pessoal, e com razão) e de semáforos limitadores de velocidade em qualquer sítio. Vai-se por essa Europa fora e vê-se que foram encontradas soluções mais agradáveis e seguras, como a colocação de canteiros de flores que forçam os condutores a abrandar. Mas esses exemplos caem em saco roto. O que interessa é mandar fazer mais um rotunda e colocar no meio um qualquer horrível mamarracho encomendado aos "artistas" que vivem na dependência das autarquias...

 

Santana teme o quê?

Santana tem ‘hospital‘ em S. Bento
1º-ministro faz-se acompanhar 24 horas por dia por unidade de cuidados intensivos

O 1º-MINISTRO, Pedro Santana Lopes, requisitou ao INEM o equipamento de emergência reservado ao acompanhamento de altas individualidades, fazendo-se acompanhar permanentemente por esses meios de socorro, no país ou no estrangeiro. O equipamento, uma espécie de unidade de cuidados intensivos móvel, foi solicitado ao Ministério da Saúde sob confidencialidade antes de Santana Lopes ir ao Brasil, em meados de Setembro, não tendo sido devolvido

Este homem não pára de nos surpreender. Dezasseis seguranças, sestas, guinadas, jantares oficiais trocados por idas à discoteca, e agora um "hospital" em S. Bento! Mas, afinal, o que teme PSL? Que alguém tente agredi-lo, alvejá-lo? Que alguém tente envenená-lo? Julga-se um Yushchenko, um JFK, vá lá...um Sá Carneiro? A única coisa que ele definitivamente não teme é o ridículo. E alguém devia avisá-lo de que o ridículo mata.


sexta-feira, dezembro 17, 2004

 

Desabafo de final de semana

"Um dia o chefe chamou o seu empregado e disse-lhe:
- Aposto que gostarias de me ver morto, só para ter o prazer de cuspir na minha sepultura!
- Não... de jeito nenhum. Detesto perder tempo em filas..."

 

Inimigo Público

No sítio do costume.

Luís Delgado assina
com a SIC contrato
por objectivos

O comentador e vidente Luís Delgado,
que há 15 dias previu um mês
de Dezembro politicamente calmo
e esta semana garantiu “com um grau de
probabilidade de 99 por cento” que PP e
PSD iriam concorrer juntos às legislativas,
assinou um contrato por objectivos com a
SIC Notícias: a partir de agora, só recebe
quando acerta. Delgado também se obriga
a um momento semanal de burlesco, como
o da sexta-feira passada, quando disse que
o poder de Sampaio dissolver o Parlamento
anda ela por ela com o de Bush disparar
mísseis nucleares contra a Rússia. . MB

Águia Vitória
está lesionada

O departamento médico do Benfi ca
emitiu o habitual comunicado
semanal sobre a situação
clínica do plantel: mantém-se a
indisponibilidade de metade do
plantel para a prática profi ssional do
futebol e de Luís Filipe Vieira para
a língua portuguesa. Mantorras lá
está, Luisão às vezes está e Everson
é capaz de não estar por muito
mais tempo. A principal novidade
acabou por ser a baixa clínica da
águia Vitória, que foi entregue aos
cuidados do massagista Rodolfo
Moura. Vitória tem uma lesão na
tíbio-társica contraída por ter levado
uma paulada de um Diabo Vermelho
que tentava acertar em Paulo
Almeida. MB

Monteiro quer
coligação
com PCTP/MRPP
ou PP…

Manuel Monteiro já decidiu: o
Partido Nova Democracia está
consciente do seu enorme peso
social e implantação na Internet
e apenas admite coligar-se com
forças e movimentos da sua
família política como o PS, o
PSD, o PP, o Bloco, as deputadas
verdes, o PCP, a Liga Árabe, o
PCTP/MRPP, a banda da Praça
da Alegria, aquele partido
nacionalista açoriano, o Beira-Mar,
a Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários da Trofa,
os monárquicos, a Microsoft, a
Juventude Leonina, os Ena Pá
2000, os tísicos, a AIP, a CGTP, os
STCP, o Patriarcado de Lisboa, a
OPEP, a maçonaria, os batanetes,
o antigo PRD, o MPLA, o Likud, o
agrupamento musical Delfins e o
POUS, é claro. MB

 

Fel

Pinto da Costa mostrou-se ontem disponível para "enfrentar" Rui Rio nas próximas eleições autarquicas. O presidente do FC Porto não chegou a revelar se pretendia ou não assumir-se como candidato à presidência da Câmara do Porto ("Não afasto qualquer hipótese. Não sou candidato nem deixo de ser"), mas deixou bem claro que será uma "voz activa" nesse processo. No que diz respeito às legislativas de 2005, Pinto da Costa delegou no "povo português" o veredicto final: "O senhor Rui Rio, número dois do PSD, será julgado no dia 20 de Fevereiro".

Bom, pelo menos Rui Rio já tem o julgamento marcado, coisa que não se pode dizer de toda a gente. Esta tentação de Pinto da Costa de se meter na politiquinha é recorrente e só lhe fica mal. A relação do FCP com a autarquia portuense ao longo dos últimos 20 anos daria um interessante "case study", pelas melhores e sobretudo pelas piores razões. E as relações do FCP com a câmara de Gaia já deram pelo menos direito a um inquérito do Tribunal de Contas. O que não sendo caso virgem no país (recorde-se o que se passou em LX com o Benfica e o executivo de PSL) não deixa de ser inquietante.

 

O quê?

Desemprego
Jardim vai repatriar imigrantes


E enquanto esperam por bilhete talvez Jardim os meta num campo de re-educação. Ou simplesmente os atire ao mar. Um homem destes é capaz de tudo. De emigrantes a arrogantes numa geração.

 

Bom dia!

As amoras


O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, dezembro 16, 2004

 

Paulo Portas à Judite

Enquanto tratava dos filhos e do resto da família não pude estar completamente atento à oportuna(?) entrevista de Paulo Portas à RTP-1, à Judite de Sousa.
1º, claro, a imagem, a preparação cuidade, o botão de punho, a camisa de cor forte e, claro, a gravata com tons a condizer com o cenário. Mais, a condizer com o cenário que estava por trás da entrevistadora! Muito bem, assim se justificam os salários dos assessores de Sua Exª. o Ministro de Estado, da Defesa E dos Assuntos do Mar.
2º, algum do conteúdo, ou melhor, da ausência de interpelação à demagogia contínua de Paulo Portas:
a)- diz que, no preciso momento em que começa a retoma económica, o Presidente da República dissolve a AR, "esquecendo-se" a jornalista de questioná-lo dizendo que há meses que Durão Barroso e seus ministros - entre os quais o próprio PP- já falavam na retoma à porta...
b)- Paulo Portas diz que a legislatura é de quatro anos, que não, nunca, abandonaria o mandato e a jornalista, GRAVEMENTE, "esquece-se" de recordar-lhe que se alguém abandonou o barco foi o Primeiro-Ministro "eleito", Durão Barroso, parceiro de coligação, líder do partido mais votado, etc....;
c)- Paulo Portas queixa-se que não pode haver "críticos" (do PSD), falta de disciplina,, etc... e a ex-colega jornalista "esquece-se de lhe recordar que ele próprio, jornalista, director de jornal não se esquecia de criticar, de exigir demissões (mesmo que a meio dos mandatos...), etc.. etc...

PV

P.S.: Não queria extrapolar, mas tendo em conta que a referida jornalista, apesar de um passado comunista, vive há anos e casou há pouco (segundo as colunas sociais) com um destacado dirigente do PSD, Fernando Seara (salvo erro membro da recém-eleita Comissão Política do PSD), a entrevista não correu muito bem para ela (como correu a semana anterior a de Jerónimo de Sousa, do PCP), mas correu bem para PP.


 

Mar Salgado

É extraordinário quando alguém consegue abalar-nos com a força simples das palavras. Sem dramas nem choradeiras.

 

Natal dos hospitais

Mas durante quantas tardes as televisões tencionam impingir-nos o Natal dos hospitais? Já não há pachorra para tanta gente pimba a atazanar o juízo aos doentes e telespectadores? Safa!

 

Rumar ao Sul

Deve ser do frio. Ou do estado do país. Mas últimos dias só me apetece rumar ao Sul.

“Welcome to India, sir!”





É praticamente uma verdade científica: a eficiência de um taxista de Bombaim mede-se pelo número de amolgadelas do seu carro. Um Fiat amarelo e preto com um farolim pendurado, portas riscadas e guarda-lamas amassado é a prova irrefutável de que o condutor é capaz de enfrentar com desembaraço o trânsito insano de Colaba à hora de ponta. Não interessa se o condutor vai desrepeitar todas as regras de trânsito (em Bombaim toda a gente desrepeita as regras de trânsito...), se vai buzinar como um louco durante todo o percurso, ou se o piso do carro tem tantos buracos que se consegue ver o alcatrão. O que é importante é que são quatro da tarde, o aeroporto de Bombaim derrete sob um sol impiedoso e nós com ele, e que o ar se transformou num manto diáfano de poeira e fumo, que se pode cortar à faca e que cheira como um animal atropelado há 15 dias à beira de uma via rápida.
O táxi de Sandeeep prometia. A porta do condutor soldada para não cair, o “capot” com mais mossas do que a cara de um pugilista depois de 15 “rounds” com Mike Tyson e um altar de Lord Ganesh aparafusado ao “tablier” eram a garantia de uma viagem cheia de emoções até Apolo Bunder, até à zona dos ricos e dos turistas, dos hotéis com ar condicionado e vista para o Gate of India. E depois havia Sandeep. Marca de casta na testa, bigode enrolado nas pontas e um sorriso aberto. Atravessar Bombaim em hora de ponta, carregado com quatro turistas branquelas e meio zonzos pelo jet-lag e um número incontável de malas? “No problem, sir! Welcome to India”.
Quase todos os livros de V.S. Naipaul sobre a Índia começam no aeroporto internacional de Bombaim e é fácil perceber porquê. É ali (mais até do que em Dehli) que começa a Índia. Não a “Índia do milhão de aldeias” de que falava Gandhi, mas a Índia das grandes metrópoles. Bombaim tem camadas, como a cebolas, e o táxi de Sandeep atravessou-as a todas, aos ziguezagues e aos tombos, num coro ensurdecedor de buzinadelas e imprecações em hurdu, hindi, konkani e até inglês. E um e outro grito de pânico em português, claro.
Sandeep rompeu pelo meio do bairro da lata que asfixia o aeroporto, assustou mulheres que lavavam a roupa à porta das barracas, perturbou o sossego dos homens que faziam as suas abluções no passeio, desembocou no meio da avenida congestionada como um bandarilheiro numa praça de touros, driblou daqui, tenteou dali, empurrou com um ligeiro toque de guarda-lamas um riquexó mais preguiçoso, ignorou o sinal vermelho junto ao “Soppers Stop” deixando para trás uma multidão desconsolada de mendigos, passou uma tangente ao polícia sinaleiro de Colaba e travou por fim junto ao West End Hotel. “You are home, sir”! Nada mais certo. Estamos em casa, ali junto ao hospital, perto do mar viscoso que brilha no escuro, abrigados pela copa das árvores que escurece a rua e protege as gentes, embalados pelos gritos dos corvos e os cânticos dos fiéis a Rama, sentindo nascer desejos de “gulab jam”, “mangolas” e arroz “biriani”. A Índia entra-nos no coração mais depressa do que o táxi de Sandeep leva para romper pelas colinas de Malabar acima. E deixa cicatrizes que duram para sempre. Felizmente.

 

Zoologia

Troca de Insultos no Parlamento Madeirense

Aqui fica um pedacinho da política à moda da Madeira:
Interrompido por vários àpartes do presidente do governo, Alberto João Jardim, quando interpelava o vice-presidente do governo, Jacinto Serrão lembrou a Jardim que, na véspera, ouvira em silêncio o seu discurso de duas horas e meia, tão longo que, disse, faria "adormecer rinocerontes". A este comentário reagiu energicamente Jaime Ramos que endereçou ao presidente socialista os epítetos de "rinoceronte", "gatuno" e "burro".
O deputado socialista ripostou advertindo Ramos a não entrar pelo "caminho da zoologia". Depois acusou o líder da bancada social-democrata de chegar a "milionário ao fim de dez anos", quando antes era "vendedor de sifões de retretes". "Onde arranjaste o dinheiro?", questionou.

Lindo!


 

Mainardi

Através do Francisco, o nosso homem em terras de Vera Cruz, cheguei a esta entrevista com o lúcido e contundente Diogo Mainardi. Sim, também eu gosto do Mainardi. E até acho que Portugal seria um país melhor se tivesse meia-dúzia de mainardis.

 

Ouçam o coronel

KADHAFI
Turquia será «cavalo de Tróia» do mundo islâmico
A Turquia será «o cavalo de Tróia» do mundo islâmico na União Europeia (UE), considerou o presidente da Líbia, Muammar Kadhafi, numa entrevista a meios de comunicação italianos.


 

Bom dia!



VOU ME EMBORA PRÁ PASÁRGADA

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro bravo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito a beira do rio
Mando chamar a mãe-díágua.
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóides à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira
Ouça o poema "Vou me embora prá Pasárgada" em Real Áudio, declamado pelo autor. Clique aqui!

quarta-feira, dezembro 15, 2004

 

Filha com mail...

A minha filha tem 8 anos e, hoje, criou o seu endereço electrónico na escola. "Isto" é giro, bom, educativo, importante, etc...
É importante continuarmos a divulgar a sociedade de informação, como o fez o Governo de António Guterres e o meu amigo Diogo Vasconcelos na Unidade de Missão inovaçãoe Conhecimento. Parabéns

 

E agora?António Sousa...

Poderá ser alívio o Manuel Cajuda deixar de treinar o Beira-Mar, mas deveria ter servido de CONSOLO a todos os adeptos do beira-mar a vitória no Dragão, contra o campeão nacional, europeu e, dias depois, mundial...
Agora, como quase sempre no Beira-Mar...regressa Sousa!

 

O tal "caso"

R. Costa Pinto escreve o essencial sobre o "caso" (com aspas, claro) da entrevista de M. Sarmento ao DE.

 

Alívio

Manuel Cajuda abandona o Beira-Mar! Sem ter ganho um único jogo em Aveiro. Já vai tarde.

 

As meninas de Fortaleza

Finalmente, as autoridades brasileiras, em articulação com a polícia italiana, decidiram agir contra o surto de prostituição que atingiu a cidade de Fortaleza, que, nos últimos tempos, mais parecia um enorme bordel à beira-mar. Não se trata aqui de um falso moralismo, mas antes da necessidade de terminar com o abuso repetido de menores, como bem sabe qualquer turista português (e são muitos) que escolhe aquelas bandas para as suas férias. Na Itália foram presas quatro pessoas e foram ainda desmanteladas duas agências que organizavam surtidas sexuais a Fortaleza em voos "charter". A notícia está aqui e também aqui, com a devida vénia ao Antena Paranóica.

 

Frase do dia

"Em suma, para as duas direcções esta coligação era, à partida, um nado-morto".
Então e a incubadora?

 

Catavento

Santana Ainda Tentou Coligação na Segunda-feira
Anteontem, o líder do PSD, Pedro Santana Lopes, voltou a mudar de posição sobre uma coligação pré-eleitoral com o CDS, o que obrigou a mais um compasso de espera no anúncio de uma decisão que era esperado desde que, há duas semanas, se soube que o Presidente ia dissolver o Parlamento.

 

Reflexão...

...acertada, a de João Pedro Henriques, no PÚBLICO. Estou especialmente de acordo com o Post Scriptum

 

A ler

O Sigilo Foi Preso
Joaquim Fidalgo, no PÚBLICO

 

Peni-Penny em Inhambane

O Ma-Schamba celebrou um ano de existência. Aproveitando o pretexto andei pelos arquivos do blog de JPT a reler posts
antigos, e dei por mim de repente a rebentar de saudades de Moçambique. Não vou massacrar-vos com mais lugares comuns sobre o sol, o calor, os cheiros e as pessoas. África dispensa mais literatura barata. Não conheço nenhum soneto que possa rivalizar com a cadência do mar do Tofo. Hoje quero apenas falar-vos de Peni-Penny.


Peni-Penny... conhecem-no? Provavelmente não. Eu também não sonhava sequer que ele existia até ao dia em que o destino nos colocou frente-a-frente. Ele em cima de um palco, manejando a guitarra como se se tratasse de uma metralhadora; eu encerrado entre quatro paredes, com algodões enfiados nos ouvidos e uma raiva homicida a brotar-me do peito. Infelizmente o embate foi longo, demasiado longo, penosamente longo, e terminou com o triunfo absoluto de Peni-Penny. Maldito Peni-Penny!
O dia em que Peni-Penny quase me levou à loucura até tinha começado bem. O sol acabara de nascer quando o mecânico da Avenida Karl Marx surgiu na casa da Matola ao volante do velhinho Toyota, que na véspera tinha avariado junto ao Polana, em Maputo. Tinhamos dado o carrinho por perdido, julgando precipitadamente que a avaria era irremediável, mas afinal o estrago resumia-se a uma rachadura na tampa do distribuidor. Com ajuda de um secador de cabelo e de um rolo de fita adesiva o mecânico "marxista" pôs o carro novamente a rolar.
Arrancámos logo a seguir para Inhambane, comigo a dormir no banco do passageiro, tentando recuperar de uma noite passada a andar a pé entre Maputo e a Matola. Acordei com o primeiro furo ainda antes do desvio para Bilene. Na mala havia um pneu sobressalente mas não havia macaco. Por isso tivemos que levantar o carro em peso com ajuda de umas pessoas que iam para a missa. Mandámos reparar o pneu mais à frente e comprámos um macaco enferrujado, que se revelou muito útil quando surgiu o segundo furo. Mas já serviu de pouco quando ocorreu o terceiro. Valeu-nos uma carrinha de distribuição dos preservativos “Jeito”, que me deu uma boleia até à povoação mais próxima. "Meu irmão, é melhor que fure o pneu do que a camisinha", filosou o condutor.
Regressei a pé ao Toyota, fazendo rolar os dois pneus acabados de reparar, sob um sol impiedoso que derretia o alcatrão. Os meus colegas de viagem descansavam à sombra de um cajuzeiro, já sem forças para afastarem sequer as moscas.
O nosso aspecto à chegada a Inhambane era assustador: dois branquelas de cabelos desgrenhados, lábios gretados pela sede, e um africano com cara de poucos amigos e uma voz de trovão. Com uma palavrinha ali, e uma cervejinha acolá, desencantámos uma casa junto ao Liceu. Na Gahia, deserta àquela hora, arranjou-se umas postas de peixe-serra. E lá cabeceámos de sono no Xiphefo, enquanto Chiquinho Guita teorizava sobre as virtudes de misturar cerveja com tequilha. Era quase meia-noite quando, finalmente, me preparei para dormir. E foi então que Peni-Penny entrou em cena.
Primeiro ouvi passos e risos abafados. Espreitei pela janela e vi um mar de gente que se dirigia ao campo de futebol, meia centena de metros mais abaixo, no meio de uma escuridão total. A música jorrou de repente, como se alguém tivesse aberto uma torneira. Tambores, coros e uma guitarra eléctrica estridente que cortava a noite em duas. E então Peni-Penny desatou a cantar. Às duas da manhã ele ainda cantava e eu trepava pela paredes; às quatro eu tinha olheiras do tamanho de pratos de sopa e ele cantava; às seis eu hesitava entre o suícidio e o impulso de o esganar e ele cantava. Desesperado, fugi para a praia do Tofo, onde passei o dia a dormir dentro do Toyota. À despedida de Inhambane, um engraçadinho ofereceu-me uma cassete do Peni-Penny. Ainda a conservo, mas nunca a ouvi. Maldito Peni-Penny!

 

Bom dia!

Beira-Mar - Capítulo Final


Paquetes sem luzes, navios sem velas
Visões invisíveis, terríveis assombros
Montões de vasculhos, enormes escombros
Há ventos raivosos, tufões e procelas
Lanchas destruídas, velhas caravelas
E barcos perdidos sem mais viajar
Navios que o tempo tentou afundar
Somas valiosas, tesouros mantidos
Segredos do mundo que estão escondidos
No leito salgado do fundo do mar
Tem monstros que vivem no reino abissal
Num mundo profundo aonde não vai
O homem que entra dali nunca sai
Nem a batisfera veículo pra tal
Nenhum oriente nem ocidental
Contempla o mistério que vou consagrar
Ouvir a sereia Anfertiti cantar
A onda que geme e que hipnotiza
O fim da história na minha camisa
Que lavo na espuma da beira do mar

Zé Ramalho


terça-feira, dezembro 14, 2004

 

Ainda a entrevista a Morais Sarmento

Uma "onda de indignação", Manuel? Mas que queda para o drama, francamente.

 

Cada um por si

I told you so! Mas...mas com esta gente nunca se sabe. E foi curioso assistir a esta encenação política à hora dos telejornais. Os dois cônjuges, muito empertigados, a falarem de coerência e atirarem as culpas para o pântano guterrista (ainda?). E depois a assinarem uma promessa de aliança para depois de 20 de Fevereiro. Foi lindo. Eu quase soltei uma lágrima.

"Nunca tinha visto um casal divorciar-se e prometer voltar a casar-se daqui a pouco"
Miguel Sousa Tavares

 

Esperar para ver

Santana Lopes e Paulo Portas fazem declaração às 20h30

 

É quase Natal

Não dá para levar a mal...

 

2004 Weblog Award Winners

Os resultados estão aqui.

 


 

A crise chega a todos

BBC alcança mínimos históricos de audiência


A cadeia britânica BBC alcançou na semana passada os níveis de audiência mais baixos de sempre. O canal BBC1 situou-se, pela primeira vez na história, abaixo dos 25% de share, ao perder 3,5% desde Janeiro de 2004.

 

A entrevista do DE a Morais Sarmento

Na sexta-feira fiz aqui referência ao facto de a entrevista feita a Morais Sarmento pelo Diário Económico ter sido conduzida por um jornalista que, até há quatro meses, era assessor de Durão Barroso para a Comunicação Social. Descobri há pouco, através do Bloguítica, que a classe jornalística quebrou hoje finalmente o silêncio sobre o assunto, num texto de José Mário Costa publicado no site do Clube dos Jornalistas. Mais vale tarde do que nunca.

 

Parabéns...

... ao PSL. Sim, ao PSL. De vez em quando lá acerta uma. Não há nenhuma razão no mundo para receber separadamente o PCP e os Verdes. A coligação é uma mentira. E estes verdes são mesmo como as melancias.

 

Parabéns

Ao Ma-Schamba. Merecidos.

 

Bom dia!

Metade

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim
Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será que você está agora?
(Adriana Calcanhoto)

 

Demagógico, eu?


Banca acusa Portas de demagogia

Demagógico, o líder do CDS-PP? Não sei onde foram buscar essa ideia...

 

Até a The Economist...


A revista The Economist considera que faltou «orientação» ao Governo de Pedro Santana Lopes e mesmo «autoridade política». Segundo o DN, numa análise à economia e situação política portuguesa - efectuada pelo núcleo de investigação da revista britânica, antes da eclosão da actual crise política - a revista destaca a «imagem global de um Governo sem liderança efectiva» e com «falta de coordenação política».

 

Pensamento do dia

"O que engorda mesmo não é o que se come entre o Natal e o Ano Novo, mas o que se come entre o Ano Novo e o Natal."

 

Foi você que pediu uma sandocha de leitão?

O elogio do leitão assado à moda Bairrada (para começar o dia com água na boca)

Quando andava a fazer alguma pesquisa para escrever um texto sobre o leitão da Bairrada para a revista do CEC, encontrei na Internet uma história curiosa acerca do poeta e publicitário brasileiro Celso Japiassu. Numa deslocação à Europa, Japiassu aterrou em Paris, deu uma espreitadela rápida ao Louvre e à Torre Eiffel, e depois alugou um carro e rumou a Portugal. Ao contrário do que é habitual com os seus compatriotas, Japiassu não foi em peregrinação a Fátima, nem andou por Lisboa a admirar o Mar da Palha e o Parque das Nações. Não foi sequer comprar pastéis de Belém, um "must" para qualquer turista.
Japiassu não perdeu tempo com "coisas menores"e foi direitinho à Mealhada para comer um suculento leitão assado. Regado com espumante da Bairrada e acompanhado de batatas fritas cortadas à rodelas, salada de alface, laranjas e pão de trigo.
Não conheço pessoalmente Celso Japiassu. Nunca falei com ele. Celso Japiassu não é meu amigo. Na Internet não havia nenhuma fotografia dele, por isso não sei dizer-vos se é alto ou baixo, gordo ou magro (embora suspeite que seja "largo de ossos"), branco ou negro. Mas devo confessar que sinto um enorme respeito por um homem como ele, que sabe quais são as suas prioridades na vida.
Ora reparem: um homem mete-se num avião, atravessa um oceano, vira as costas a uma das mais belas cidades do mundo, conduz sem parar durante um dia inteiro e acaba sentado à mesa do Pedro dos Leitões, na Mealhada, a devorar um bácoro. Homens desta têmpera, que sabem o que querem, são cada vez mais raros. Têm a dimensão trágica de um Ulisses e a gula de um Obélix.
O leitão assado à moda da Bairrada é assim: não deixa ninguém indiferente. Japiassu não resistiu à pele estaladiça, à carne macia e perfumada do bicho, ao molho que mistura de forma deliciosamente letal alho, pimenta, salsa, banha, louro. Quem o pode censurar? Sim, porque Japiassu não foi o primeiro nem será o último a sucumbir aos encantos do bácoro criado a leite de mama. Gente mais importante, mais conhecida, mais mediática, tombou de joelhos perante os encantos do leitão da Bairrada. A rainha de Inglaterra, por exemplo. Sim, sua majestade encomendou em tempos meia-duzia de leitões da Bairrada ao restaurante Vidal, de Aguada de Baixo (Águeda). Os bichos foram assados com esmero e depois transportados até Londres, com o maior cuidado, nos porões da British Airways. Aliás, os britânicos são grandes apreciadores de leitão da Bairrada, e o actor Roger Moore (que interpretou os papéis de 007 e de "O Santo") e o cantor Cliff Richard ("sir" Cliff Richard, que é para manter o assunto em domínios aristocráticos) eram vistos com frequência à mesa dos restaurantes da Mealhada.
O que é bom para a Rainha ou para o 007 é bom para qualquer Japiassu deste mundo. É bom para mim também, claro. Mas acontece que eu, em matéria de leitão assado, levo uma vantagem considerável sobre a Rainha Isabel, sobre "sir" Cliff e sobre o "Santo", apesar das minhas raízes mais modestas, . Eu nasci junto à Bairrada, cresci com o cheiro do bácoro assado e fui alimentado a sandes de leitão desde tenra idade. Sou um privilegiado, eu sei. E os protectores dos animais que me perdoem, mas subscrevo inteiramente a posição de um grande amigo meu: não há melhor animal de estimação que o leitão da Bairrada.

 

A envelhescência

por Mário Prata*

Se você tem entre 45 e 65 anos, preste bastante atenção no que se segue.
Se você for mais novo, preste também, porque um dia vai chegar lá. E, se já passou, confira.
Sempre me disseram que a vida do homem se dividia em quatro partes: infância, adolescência, maturidade e velhice. Quase correto.
Esqueceram de nos dizer que, entre a maturidade e a velhice (entre os 45 e os 65) existe a envelhescência.
A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim como a adolescência é uma preparação para a maturidade.
Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia.
Não!!! Antes a envelhescência!!!
E, se você está em plena envelhescência, já notou como ela é parecida com adolescência?
Coloque os óculos e veja como este novo estágio é maravilhoso:
- Assim como os adolescentes, os envelhescentes também gostam de meninas de 20 anos.
- Os adolescentes mudam a voz. Os envelhescentes também.
- Os adolescentes não têm idéia do que vai acontecer com eles daqui a 20 anos. Os envelhescentes evitam pensar nisso.
Ninguém entende os adolescentes... Ninguém entende os envelhescentes. Ambos são irritadiços, enervam-se com pouco. Acham que já sabem de tudo e não querem palpites nas suas vidas.
Os adolescentes não entendem os adultos e acham que ninguém os entende. Os envelhescentes também não entendem eles.
'Ninguém me entende' é uma frase típica de envelhescente.
Quase todos os adolescentes acabam sentados na poltrona do dentista e no divã do analista. Os envelhescentes, também. A contragosto, idem.
O adolescente adora usar uns tênis e uns cabelos "da hora". O envelhescente também.
Sem falar nos brincos.
Ambos adoram deitar e acordar tarde.
O adolescente ama assistir a um show de artista envelhescente...
O envelhescente ama assistir a um show de um artista adolescente...
O adolescente faz de tudo para aprender a fumar.
O envelhescente pagaria qualquer preço para deixar o vício.
Os adolescentes fumam escondido dos pais.
Os envelhescentes fumam escondido dos filhos.
A adolescência vai dos 10 aos 20 anos...
A envelhescência vai dos 45 aos 65.
Depois, sim, virá a velhice, que nada mais é que a maturidade do envelhescente.
Daqui a alguns anos, quando insistirmos em não sair da envelhescência para entrar na velhice, vão dizer:
- É um eterno envelhescente. Que bom!!!

*Mário Prata é um dos mais conhecidos escritores brasileiros da actalidade. Escreveu, entre outras coisas, um divertido dicionário Português-Brasileiro intitulado "SCHIFAIZFAVOIRE".Pessoalmente, recomendo "MAS SERÁ O BENEDITO?" e "DIÁRIO DE UM MAGRO".

segunda-feira, dezembro 13, 2004

 

Beatles

Sete ficheiros de mp.3 com musiquinhas e outros sons de Natal dos Beatles. Para coleccionadores. Não precisam de agradecer.




Adenda: quem quiser pode fazer o download dos ficheiros, clicando com o lado direito do rato e fazendo save the link. Aqui fica uma amostra do Natal de 1963.

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