segunda-feira, dezembro 20, 2004

 

É preciso ter lata

Rui Rio terá sido o último a saber que PSL se preparava para condecorar os jogadores do FC Porto. O que o deixa numa situação pouco confortável, tendo em conta a sua guerra com Pinto da Costa, mas sobretudo devido à pública oposição à promiscuidade entre a política e o futebol. O primeiro-ministro já está em campanha - confundindo muito convenientemente o papel de governante com o de líder partidário. Mas nada disto nos deve espantar. Daqui até 20 e Fevereiro vamos assistir a muitas cenas como esta e Rio e outros dirigentes do PSD, habituados a outro rigor, vão ter que engolir muitos sapos se quiserem que o partido apresente ao eleitorado uma imagem de união. União ilusória, claro, porque tudo vai estilhaçar-se a seguir a uma eventual derrota nas legislativas.
Não vou aqui contestar o direito de PSL em atribuir as medalhas e o direito dos jogadores do FCP em as receberem. Independentemente de todo o mercantilismo associado ao jogo, é certo que o FCP dignificou lá fora o nome do país. Agora o que eu não compreendo é que o PS, pela voz do inefável Orlando Gaspar, venha acusar PSL de eleitoralismo. A acusação até pode estar certa, mas o PS é que não tem nenhuma autoridade moral para a fazer. Não foram os socialistas que andaram anos de beijo na boca com Pinto da Costa, aproveitando todas as boleias permitidas pelos triunfos do Dragão? Quantas vezes recebeu Fernando Gomes o FCP nos Paços do Concelho? Quantas vezes surgiu ele (e Nuno Cardoso a seguir) nas tribunas das Antas? E não é o PS que está de braços abertos para acolher Pinto da Costa?
Eleitoralismo? Provavelmente. Mas neste caso nenhum partido (mas nenhum, mesmo) deve atirar a primeira pedra.

|



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?