terça-feira, dezembro 21, 2004

 

Cuidado com o Bagão!

Ouvem-se as declarações de Bagão Félix acerca do chumbo de Bruxelas à operação de cedência temporária de património do Estado, e não se acredita. O mesmo homem que desistiu da venda directa por uma alegada questão de "ética política" vem agora dizer que o negócio só foi por água abaixo porque os consórcios bancários - liderados pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BPI - tentaram renegociar o contrato, levando o Governo, já em gestão, a optar pelo modelo de arrendamento de património do Estado. A ética que se lixe.
E o mais espantoso nisto tudo é que o ministro vem agora culpar a CGD e o BPI pelo falhanço do negócio que permitiria uma receita extraordinária considerada essencial para que Portugal cumpra os limites ao défice das contas públicas estabelecidas no Pacto de Estabilidade e Convergência. A CGD, senhores. Um banco do Estado, com uma administração nomeada já por este Governo e que até inclui essa luminária do CDS que dá pelo nome de Celeste Cardona. Portanto, a culpa agora é da Caixa. Não é do Governo, coitadinho. É da Caixa. Como já foi de António Guterres, da "pesada herança", da Oposição, dos jornalistas, da União Europeia, da dona Miquelina, da prima do ministro, do porteiro da Lux. A culpa é minha. Minha e do PR, que dissolveu a AR. É campanha eleitoral e eles esperam que ninguém leve a mal.

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