domingo, julho 31, 2005

 

O Benfica de Azul?

Ver o Benfica de azul, como aconteceu ontem à noite em Guimarães, é ver uma aberração. É como ver o George Bush a ler o Corão ou o Herman José a deixar que um dos seus convidados termine uma frase. Alguém imagina o FC Porto vestido de vermelho? Ou o Sporting? O Benfica é vermelho. Ou encarnado, para usar uma expressão das antigas. Se o clube necessita de usar um equipamento alternativo que opte pelo branco, pelo cinza ou dourado, como já aconteceu, mas nunca pelo azul. A mística dos grandes clubes também se constrói com pormenores destes. O marketing não pode mandar em tudo. O SLB é vermelho. V-E-R-M-E-L-H-O!

sábado, julho 30, 2005

 

Jorge Drexler

Acho piada a este uruguaio.(Link) Tenham um bom fim-de-semana.



 

Aforismo urbano

Se Lisboa é uma gaja boa, então o Porto deve ser um velhote com asma. E Coimbra um lente com caspa.

 

Esperem sentados...

...ou fujam a sete pés.

 

 

Tristeza e mercantilismo

A classe jornalística portuguesa acordou hoje menos livre. O encerramento de A Capital e o Comércio do Porto, jornais centenários, não é só uma notícia terrível para os 150 jornalistas que perderam os respectivos empregos. É também um sintoma da moléstia que afecta a nossa Comunicação Social e um aviso para quem permanece no activo. O mercado de trabalho fica ainda mais pequeno, a pressão aumenta, as regras éticas e deontológicas começam de repente a perder a sua rigidez e a independência passa a ser uma miragem. Que seja um grupo espanhol a encerrar os dois jornais não deixa de ser uma enorme ironia. Aos meus camaradas do Comércio e da Capital deixo aqui um abraço solidário.

 

Mensalão

Vá lá, pessoal, vamos dar uma ajudinha este amigo em apuros. Se alguém souber de um trabalho compatível com o currículo do senhor pode escrever para este blogue.

(Clicar na imagem para aumentar)

 

As riquezas naturais do Brasil


Ana Beatriz Barros. Porque sim.

sexta-feira, julho 29, 2005

 

Euroilusões

Há uma primeira vez para tudo. E hoje vou jogar no Euromilhões. Tal e qual o José Socrates. Só que os meus planos para estourar o dinheiro parecem-me mais sensatos. Deixem-me sonhar, como dizia o outro.
PS- Eu sei, Euro-ilusões devia ter hífen. Mas há tracinhos que só atrapalham...

 

As riquezas naturais do Brasil


Alinne Moraes, fotografada para a revista VIP. Uma beleza por dia dá saúde e alegria. Estou a aproveitar para fazer estes posts enquanto a Maria Heli e a Wal estão de férias. No entanto, e porque as leitoras femininas se têm queixado de tratamento desigual, deixo aqui este link para vocês. Divirtam-se.

quinta-feira, julho 28, 2005

 

Recordar C. Pavese

"Nada é mais inabitável do que um lugar onde se foi feliz"

"Soares é fixe!". O antigo "slogan" na campanha eleitoral de Mário Soares para as presidenciais de 1986 voltou ontem a ecoar na Figueira da Foz, onde até ao final do mês decorre o acampamento de Verão dos jovens socialistas europeus (link).

 

A brisa onde adormeço


Mas nunca
Me esqueci de ti

Tudo muda, tudo parte
Tudo tem o seu avesso.
Frágil a memória da paixão...
É a lua. Fim da tarde
É a brisa onde adormeço
Quente como a tua mão

quarta-feira, julho 27, 2005

 

Verão escaldante

Daniela Sarahyba, para subir o Ibope e derreter corações. E sorvetes.

 

Um comentário transformado em post

Acho que este comentário deixado por 1 Matola (fica aqui o link e um pedido de esclarecimento sobre a origem do nome - embora eu tenha uma ideia ou duas sobre a sua origem) merece ser transformado em post. Limito-me a acrescentar um comentário da minha lavra: A economia está a para a verdadeira ciência assim como a astrologia está para a astronomia. Ou como a masturbação está para o sexo.

Em tempo de vacas magras que eles próprios ajudaram a criar e a manter, mesmo que apenas com o seu silêncio cúmplice, os economistas estão na moda e o povão, sedento de bons augúrios, escuta-os atentamente, procurando vislumbrar a lamparina do fundo do túnel.
Como todos sabemos os economistas pertencem à classe privilegiada daqueles que enriquecem explicando aos outros porque é que são pobres e Galbraith dividiu-os, de acordo com as suas previsões, em dois tipos: Os que não sabem e os que não sabem que não sabem.
Nos últimos tempos tem sido um corrupio de economistas a “prever” o nosso futuro a preconizar medidas, a julgar as acções do governo etc. etc.. Todos eles economistas de elevada craveira, doutorados nas mais brilhantes universidades com teses de reconhecido mérito, professores de renome internacional, enfim a nata intelectual lusitana (alguns até citam Cervantes) e salvo honrosas excepções (ex-)ministros, (ex-)secretários de Estado ou (ex)qualquer coisa sonante – Banco de Portugal, CMVM, etc. cargos que esporadicamente desempenharam e que os fizeram descer das torres de marfim onde habitualmente moram, para debitar à centésima (o que prova que têm sentido de humor) os previsíveis valores da inflação, défice ou desemprego.
Para mim que sou matola fica a pergunta:
Então se são assim tão bons e sabem tanto e se o futuro não lhes reserva segredos, porque é que não fizeram nada que se visse quando estiveram nos lugares de decisão?
É que ao fim e ao cabo as receitas que apresentam são requentadas e, sempre, a malhar no mexilhão: A que agora está em voga (do défice) é:
Pelo lado da receita: impostos, taxas, coimas –(para os outros)- etc.
Pelo lado da despesa: congelamento de salários, despedimentos -(dos outros)- etc.
Investimentos: análise do custo benefício (mais estudos – a pagar- para os economistas).
Estou em crer que ainda vão criar uma associação e vão passar a andar juntos. E nessa altura passarão a ser uma força mais temido do que a força militar dos EUA. De facto é incalculável a destruição que um grupo de economistas, de mãos nuas, pode causar num país, especialmente aqueles que tem mãos invisíveis.
Felizmente que a maior parte das reuniões desses reputados economistas é nos lares de terceira idade, uma vez que a maior parte deles conseguiu já a sua reformazita, a o fim de uma longa e abnegada vida de trabalho de meia dúzia de anos “ao serviço público”.
E Rui se entre os velhinhos tiveres dificuldades em diferenciar aqueles que sofrem de Alzheimer dos economistas lembra-te sempre que os economistas são os que têm a calculadora debaixo do braço.

 

"Lisboetês"

Vital Moreira, no Causa Nossa, assina um post certeiro (link). Já não é a primeira vez que o professor aborda o assunto e quase sempre com razão. A ler. Deixo só aqui um pedacinho, para abrir o apetite:
"Lamentavelmente a colonização lisboeta nos "media" vai vulgarizando o modo de falar lisboeta por esse país fora."

terça-feira, julho 26, 2005

 

Uma beleza

Miguel Beleza, na 2:, acabou de arrasar os argumentos a favor do TGV e da OTA. Foi lindo. Até citou Cervantes.

 

O Miranda Calha está lixado

Piscar os olhos significa desligar o cérebro 9 dias por ano, dizem cientistas da University College London!
The discovery answers why most people blink without realising. Scientists who scanned volunteers at University College London found the parts of brain dealing in sight and awareness briefly shut down.THE brain shuts down for NINE DAYS a year due to blinking, researchers claimed yesterday.


 

Música para o Verão

Que tal começar o dia com Joss Stone? É só clicar na foto e desfrutar. A menina vai estar em Portugal no sábado, no festival de Vilar de Mouros. Aqui, aqui, aqui e aqui ficam mais quatro links para a música de Stone. Tudo para ser tocado em em Windows Media Player.

 

UNIVERSIDADE DE AVEIRO LIDERA INVESTIGAÇÃO

A Universidade de Aveiro lidera a investigação universitária em Portugal.
Um ranking de universidades, preparado por um ex-reitor, que se baseou na produção científica internacional das instituições, coloca a Universidade de Aveiro claramente à frente no número de artigos científicos por cada docente de carreira (cerca de 1,5 por ano). Aveiro lidera assim a investigação universitária com quase o dobro de artigos das universidades do Algarve, do Porto e Técnica de Lisboa (com cerca de 0,8 artigos por docente por ano em revistas internacionais), classificadas em segundo lugar.
De acordo com o «ranking» de universidades realizado pelo Prof. Luís Sousa Lobo, ex-reitor da Universidade Nova de Lisboa, quanto à produção científica internacional das instituições, a Universidade de Aveiro lidera a investigação universitária em Portugal, com o maior número de artigos científicos publicados por cada docente de carreira.
Segundo o autor do estudo e após correcção da dimensão, verifica-se que a universidade mais research oriented é a Universidade de Aveiro, Mais abaixo as universidades Nova de Lisboa, Coimbra e Minho (0,6 artigos por docente por ano) e Lisboa (0,5 artigos por docente por ano). Todas as outras universidades portuguesas publicam menos de 0,3 artigos científicos por docente e por ano e nenhuma atinge um número absoluto de artigos superior a 100. No fim da tabela está o Instituto Superior das Ciências do Trabalho e Empresa, uma instituição que se dedica às ciências sociais.
O estudo envolveu 15 universidades portuguesas e foi feito no passado mês de Maio, estando já na posse do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, sendo muito importante a sua relevância porque chama a atenção do público em geral para uma das principais missões da Universidade, porventura uma das menos faladas – a investigação como via de criação de conhecimento, um dos factores-chave de desenvolvimento.
O resultado do estudo ao destacar a posição alcançada pela Universidade de Aveiro é importante, ainda, porque ratifica aquilo que tem vindo a ser uma das grandes opções desta Universidade – a aposta na investigação científica.

segunda-feira, julho 25, 2005

 

A propósito de um comentário colocado no post anterior


Caro C. Indico: a minha Costa Nova é a da infância. Está na minha cabeça. Tem manhãs de nevoeiro, a ronca da Barra, chafarizes junto à água, água junto às casas, moliceiros e mercantéis na Ria, barracas de pano às tiras alinhadas até ao mar; tem a minha avó a escolher fruta no mercado e a sorrir,tem intermináveis futeboladas no areal da maré baixa. Tem amonas e pirolitos, bailes no cinema velho,tendas de circo no largo do mercado, caranguejos pescados com um cordel, um pedaço de bacalhau e uma concha; tem sabor a Tulicreme e cheiro a urze e maresia. Tem manhãs passadas no mar e tardes na Biarritz e amigos tão desinteressados que ainda hoje são meus amigos. A minha Costa Nova representa o doce delírio do primeiro amor.
A actual Costa Nova é só um lugar que tem o mesmo nome.

 

Resgatar José Cid

Aqui (link) está um artigo com o qual estou inteiramente de acordo. Já não há paciência para patrulheiros do gosto.

 

Maria Heli

A nossa Maria Heli, que está de férias, ganhou o concurso "Um escritor famoso", promovido pelo Divas&Contrabaixos (link). Parabéns, Maria!

 

Boas férias?


(Clicar na imagem para aumentar)

domingo, julho 24, 2005

 

Foi você que pediu um Sandro Pertini?

Mário Soares admite candidatar-se à Presidência da República. Again.

 

Lembrem-se do George Constanza

Como deve haver três ou quatro pessoas em Ranhosas da Pedreira que nunca ouviram falar em George Constanza, eu passo a apresentá-lo. O Constanza é aquele careca baixinho, gordinho e caixa de óculos que entra na série Seinfeld, provavelmente a melhor sitcom de sempre. Para os dois milhões de telespectadores da TVI que não sabem o que é uma sitcom eu passo a explicar: sitcom é uma contracção das palavras inglesas situation comedy. Uma comédia de costumes, portanto.
Voltando ao Costanza. O Constanza é um neurótico certificado. É um mentiroso patológico. É um desbocado. Um poltrão. O Constanza é um objecto sexual – ele fala em sexo às mulheres e elas objectam. O Constanza é preguiçoso, é fútil, é cúpido. Mas não é estúpido e lá vai sobrevivendo à custa de pequenos truques. Por exemplo, quase nunca aborda mulheres bonitas por ter medo de ser rejeitado. E quando arranja coragem para meter conversa com as feias, mente. Diz que é arquitecto, ou biólogo marinho, ou que namorou a Marisa Tomei (e desta vez não vou explicar quem é a Marisa Tomei – descubram sozinhos) e nunca reconhece que é um fracassado, um mitómano. Um loser. Constanza é um personagem de ficção mas ao longo da vida todos acabamos por conhecer dezenas de pessoas como ele.
Mas há um episódio de Seinfeld em que Constanza descobre uma fórmula que o vai tornar extremamente popular. Um dia, cansado de insucessos, Constanza decide que vai passar a fazer e a dizer exactamente o contrário do que pensa. Em vez de fugir das mulheres bonitas passa a procurar a sua companhia. Em vez de mentir às feias passa a dizer-lhes a verdade. Em vez de lisongear os poderosos passa a confrontá-los. Ao contrariar os seus impulsos, Constanza torna-se um homem de sucesso. O seu momento de glória é quando, contrariando todos os seus instintos, se apresenta a uma inatingível loura com as seguintes palavras: “Olá, o meu nome é George Constanza, tenho 36 anos, estou desempregado e moro com os meus pais”. E a loura cai-lhe nos braços, esmagada com tanta franqueza.
Imaginemos agora que a loura é o povo português. Sabem quantas vezes ela já ouviu “canção do bandido”? Quantas vezes foi abordada em bares e outros lugares mais esconsos por políticos mais ou menos bem vestidos, mais ou menos bem falantes, que lhe mentiram com todos os dentes que têm na boca? Quantas histórias da carochinha teve a pobre loura de suportar. Quantas vezes teve ela de ouvir um qualquer engravatado a dizer que já namorou com a Marisa Tomei, ou que noutra encarnação foi o Indiana Jones, ou que não vai aumentar os impostos apesar de saber que o défice público das contas do Estado anda lá por cima, a bater nos sete por cento? Vagas sucessivas de pessoas com dificuldade em lidar com o real têm mentido para a nossa loura. Têm dito que vão salvar o mundo ou simplesmente asfaltar a rua onde ela mora. Que vão tirar Portugal da cauda da Europa ou simplesmente dotar a freguesia da loura com uma rede de saneamento básico que funcione, água encanada e outra minudências.
Por isso, eu deixo um conselho aos homens públicos deste país (e digo homens porque as mulheres, mais sábias, têm fugido da política como o Diabo da cruz): lembrem-se do George Constanza. Contrariem os vossos impulsos primordiais. Experimentem de vez em quando dizer a verdade, por muito feia que ela seja. Não exagerem, não inventem casos com a Marisa Tomei, não romanceiem as vossas vidinhas tristes, não se ponham a brincar com a chave falsa de um Porsche porque nós já percebemos que têm um carrinho utilitário tapado com um oleado à porta de um bairro social. Até a loura já percebeu, desmentindo a nunca demonstrada incapacidade das louras para o raciocínio abstracto.

 

All about Eve (Longoria)

Compreendo perfeitamente que AAA (link) sucumba aos encantos da ortodoxia. Até eu vacilo, especialmente quando o apelido Hayek não é antecedido pelo nome Freidrich.



Mas, como disse o mestre Freidrich "different people have different purposes". E eu não sou definitivamente um liberal dogmático. Sou antes um pragmático. E se a Terceira Via promete um futuro mais risonho, então enveredemos por ela. Sem temor.

 
Um dia destes ainda abro um blogue intitulado O Carmelita de Chuteiras. O que acham?

 

O show tem que continuar

Choram Marias e Clarices
No solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente a esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar.

sábado, julho 23, 2005

 

Amor é Bossa Nova, sexo é Carnaval


Tenham um bom fim-de-semana. Com muita Bossa Nova e algum Carnaval.

sexta-feira, julho 22, 2005

 

Terceira Via

Meus caros:
Entre a Paz do CAA (link)...

e a Hayek de AAA (link)

eu ouso sugerir uma terceira via: Eva Longoria!

Democrático como é, este blog permanece aberto a sugestões. E até pode mudar de ideias se os argumentos apresentados valerem a pena.

 

Jane Monheit

Esta noite, no Cais da Fonte Nova, em Aveiro, a norte-americana Jane Monheit, a bela, ruiva e perigosa Jane vai encher os nossos ouvidos e corações com as canções imortais dos musicais da MGM. Se o tempo ajudar, e tudo indica que sim, estão reunidos os ingredientes para uma noite agradável: um lugar bonito, uma cantora linda com uma voz e uma presença voluptuosas e algumas das melhores canções do cancioneiro americano. E tudo isto por apenas 7,5 euros. Eu não vou faltar. A gente vê-se por lá.


quinta-feira, julho 21, 2005

 

Serviço de informações

Não estou a falar do SIS nem do SIEDM. Estou a falar do vulgar 118, serviço de informações da PT. Toda a gente já foi atendido por aquela gravação irritante que nos obriga a fazer figura de tolinhos. "Quer o número de telefone de uma instituição ou empresa? Diga sim ou não". E a malta responde: "Não". E o estúpido sistema informático da PT contrapõe: "Não percebi.Quer o número de telefone de uma instituição ou empresa? Diga sim ou não". Arghhh!
Recentemente descobri que ligando 12118 somos atendidos por uma pessoa de carne e osso. Claro que o serviço é mais caro, porque a PT não brinca. Mas isso nem é o pior. O pior é que a empresa contratou tarefeiros estrangeiros, certamente para lhes pagar o menos possível. E embora eu nada tenha contra emigrante e imigrantes e por aí fora (quem sou eu para pôr em causa o direito das pessoas ao trabalho?) é um nadinha irritante ser atendido por pessoas que mal falam português. As Irinas, os Vasilys e os Piotrs que me têm atendido são os menos culpados. Quando eu peço um número de Aveiro e o meu interlocutor não consegue entender o que eu digo, não faz a mínima ideia do que estou a falar, não sabe se Aveiro é uma cidade ou uma marca de gelados e me dá um número do Areeiro eu fico chateado. Claro que fico chateado. O pessoal da PT bem que podia dar alguma formação às pessoas que contrata. Mas não, é mais fácil e mais barato explorar quem vive em Portugal em situação precária e torrar a paciência aos portugueses do que fazer "the right thing". Serviços de informações? Digam antes "serviços de desinformações".

 

Ramo de oliveira

Estendo daqui um ramo de oliveira ao CAA do Blasfémias (link). A paixão clubística tira-nos muitas vezes o discernimento e na noite em que o SLB se sagrou campeão nacional eu exagerei. O jejum prolongado provoca destas coisas. Sorry.

quarta-feira, julho 20, 2005

 

O primeiro a cair

Adivinhava-se. Adivinhava-se que Campos e Cunha estava em ruptura com este Governo de socialistas a tentarem passar por ponderados. O que ninguém arriscaria é que Campos e Cunha fosse tão depressa exonerado.
Fica a sensação de que saíu do Governo um homem lúcido. Um político que tentou não mentir aos portugueses, que optou por não "dar palha ao animal", como o Governo de Sócrates tem vindo a fazer nestes cinco meses. A sua saída, sem dúvida motivada pela sua vontade de impor regras mais rígidas de comportamento aos seus ex-colegas de Governo, somada a uma certa tensão com o titular da Economia e com o próprio primeiro-ministro, terá sido precipitada pelo artigo editado no domingo pelo PÚBLICO. Um artigo lúcido, em que a coragem e o despreendimento rivalizavam com a ingenuidade. Campos e Cunha demitiu-se, saíu ou foi chutado do Governo. A história ainda está a ser apurada. Mas tenho a impressão de que ainda vamos ter saudades dele.
Para já, a sua saída é um péssimo sinal. Abre uma brecha que deixa entrever que algo está a apodrecer num Governo que tem um primeiro-ministro que confunde arrogância com autoridade. E que enganou os portugueses porque os portugueses quiseram ser enganados, tal era a sua vontade de se livrarem de PSL.

 

Policias !!!

A estrutura representativa da Polícia anunciou hoje que vai adoptar várias formas de luta contra as medidas de restrição orçamental impostas pelo Governo. Uma das iniciativas referidas consiste na adopção de procedimentos de índole mais pedagógica, com vista a alertar e a dissuadir eventuais infractores (faltas leves como falta de documentos, selo, estacionamento...), em detrimento dos habituais autos de contra-ordenação que tão bem caracterizam a actuação de alguns agentes nas nossas estradas.
Mas esta posição sindical é em tudo estranha, preocupante e com laivos de surrealismo. Então não deveria ser este o comportamento-regra da Polícia, em qualquer circunstância ???
Para a corporação policial, constrangimento orçamental parace,
agora, significar sensatez assumida. Ao menos valha-nos isso !!!

 

Eu ainda boto fé de um dia te ter ao meu lado


terça-feira, julho 19, 2005

 

Viva Santiago!

Os que visitam regularmente este blog já repararam que a Marta Zogbi, a nossa argentina exilada na Holanda, escreve muito pouco. Acontece que a Marta passou muitas dificuldades nos últimos meses devido a uma gravidez muito complicada, que a obrigou a um repouso total. Tanto esforço valeu a pena: ontem a Marta deu à luz um menino saudável e lindo, como a mãe. Vai chamar-se Santiago e um dia destes havemos de colocar aqui a sua fotografia.
E para a Marta e para o Pascal vão muitos beijos de parabéns de toda a equipa do Amor e Ócio e votos de felicidades para o Santiago. Que viva santiago!

segunda-feira, julho 18, 2005

 

Xô, capeta!


domingo, julho 17, 2005

 

Igreja dos Pretos, Pelourinho Posted by Picasa

 

Salvador da Bahia Posted by Picasa

 

Alô benzinho!! Posted by Picasa

 

O sorriso de Dona Telma Posted by Picasa

 

Quero um amor maior


Jota Quest. Tenham um bom domingo.


(Para ouvir a versão integral em Windows Media Player clicar neste link)

sábado, julho 16, 2005

 

Cai o sol no mar

Brilha o Farol da Barra
Vou no por-do-sol
Hoje eu não sei de nada
Vento azul
Fatal solidão
Céu da cor lilás
Brilha a primeira estrela
Qutras vêm atrás
Hoje eu penso nela
Vento azul
Fatal solidão

Vou pedir por nós dois ao Senhor do Bonfim
Quero paz pra você e pra mim
Nunca mais vou querer me afastar de você
Nunca mais enfrentar tempo ruim

Vejo alguém passar
Gente que acorda cedo
Onde está você
Hoje eu tenho medo
Vento azul
Fatal solidão
Vai amanhecer
Brilha aquela estrela

Onde está você
Hoje eu só quero vê-la
Meu amor, meu cais
Meu farol

Posted by Picasa

sexta-feira, julho 15, 2005

 

e-mail da Isabel ao António

Por: MRF - www.divasecontrabaixos.blogspot.com


«António,

São 16:21, pelo que hoje, mais uma vez, não vai aceitar o meu convite para um café. Continuo sem saber o que disse ou fiz que o possa ter deixado assim. Talvez a minha reacção quando recebi o seu mail não lhe tenha agradado! Mas António, juro-lhe que a minha intenção era boa. Está há 3 anos e meio nesta empresa, merecia uma promoção! Cheguei há quatro meses apenas mas era tão óbvio que a nossa Directora Isabel precisava apenas de um gesto seu que revelasse alguma admiração por ela, para tomar a boa decisão! Achei que o ajudava se alterasse aqui e ali o texto, o imprimisse e o fizesse chegar, a ela. E depois o gabinete dela, envidraçado, aqui à sua (nossa) frente, ajudou a tornar coerente aquele discurso!

Enfim, é claro que decidi não levar muito a sério aquela confissão. Afinal, eu sou mais o género "action". Mas se quer saber, não esqueci uma única frase e, se não fosse tão casmurro, teria sentido algumas mudanças. Hoje, por exemplo, de que cor é o meu soutien? Gastei uma fortuna em lingerie e agora amua! Mais do que isso, parece que me odeia!

Ah, e não julgue que não percebi - eu e todos neste escritório! - começou a sair com a chefe. Desculpe falar-lhe assim mas porra António, aquilo era para ser apenas um rebuçado! Decidiu entregar o pacote todo, foi?
Se me quis fazer sentir um pouco especial, foi sol de pouca dura. Isabeis há muitas, mas Antónios então!

Enfim, quase me esquecia de lhe dizer o principal. Não guardo rancores e por isso continuo a pensar no seu futuro. Acho sinceramente que devemos ajudar-nos uns aos outros, como colegas, sempre que nos deparamos com uma oportunidade. Tenho uma amiga que tem um blog chamado Amor & Ócio e entreguei-lhe uma cópia do texto que me dedicou. A verdade é que o António escreve mesmo bem! Ela fez um post (é o nome que dão a cada "artigo") e as pessoas gostaram. Agora venho pedir-lhe permissão para lhe dar o seu email porque há leitores e leitoras que gostariam de entrar em contacto consigo. O blog é muito bem frequentado, por isso aviso-o já de que se deve manter afastado das leitoras, não repita a graça ou a proeza dos últimos dias com a nossa chefe. Sinceramente, António!

Outra coisa, como bem reparou, adoro brincos mas não uso anéis. Mas acho que não sabe, não são só os homens que não gostam de usar aliança. Eu, por exemplo, não gosto, até porque me provoca alergias. E isso não tem nada a ver com o facto de ser bem ou mal casada.

Amanhã às 15 horas, espero-o junto da máquina de café.

ass: Isabel»



*A MRF, aceitou o desafio de responder ao António!

 

Chegou a minha vez...

...de ir de férias :) 15 dias, mais ou menos! Abraço.

 

e acordar, sem despertador, aqui, por exemplo! Posted by Picasa

 

ou no fundo do mar... Posted by Picasa

 

ou aqui... Posted by Picasa

 

Descansar! Aqui... Posted by Picasa

quinta-feira, julho 14, 2005

 

o escritor famoso

Ela abordou o escritor famoso, segura nos gestos, na postura, na voz.
- Vim aqui com o propósito de lhe pedir o favor de ler este original de que sou autora. A sua opinião é importante. Talvez decisiva.
O escritor famoso estendeu a mão para segurar o original, enquanto lhe perguntou pelo nome.
- Maria Helena.
- Pois até o leio, Maria Helena, se me disser porque escreve. Sorriu.
- Bem…porque gosto de escrever!- Não é suficiente. Hoje, toda a gente gosta de escrever! Quase aposto que tem um blog…Tem?
- Não. Não tenho, mas escrevo num.
- É a mesma coisa. Pertence ao grupo banal e eclético daqueles para quem não é suficiente dizer. Pois claro que se acabaram as tertúlias de café. Hoje já ninguém conversa, a oralidade está a perder-se. Toda a gente quer fixar as palavras no papel ou no ecrã. No silêncio de um suporte qualquer. A honra da palavra extingue-se. A palavra dita está rouca. A vulgaridade escreve-se. Deve achar que o que tem para dizer é tão importante que tem de o fixar, gravar em caracteres, se possível impressos. Já ninguém conta. Já ninguém diz. Ambiciona escrever um livro…
- Lê ou não lê o original?
- Dá-lhe prazer escrever?
- Sim, claro!
- Nada é claro para quem escreve, minha senhora! Provavelmente tem aqui um depósito de coisas claras que vão ofuscar o leitor....
-E o senhor começou ou não a escrever livros?
-Tenho, como sabe, dezenas e dezenas de livros publicados, tiragens fenomenais. Faço sessões de autógrafos. Pedem-me para ler originais. No entanto, não tenho um blog, nem escrevo para nenhum…- Dê cá o original! Nunca imaginei que…
- Não! Desculpe… Agora vou ler o seu original. Pediu-me que o lesse. Ou acha que numa conversa me dizia tudo o que tem aqui escrito?

PS. Parece que o escritor famoso anda de blog em blog. Eu encontrei-o aqui http://www.divasecontrabaixos.blogspot.com

 

LULA !!!

Lula acabou. Lula morreu. Se ninguém tem uma ideia melhor, proponho a realização de eleições antecipadas.

Diogo Mainardi, VEJA.

 

BORGES !!!

Um dos principais problemas que temos - é certo, por força da nossa economia -, é ao nível da reputação. Somos um País bastante malvisto e que os investidores, por isso, esquecem.

António Borges, O Independente

 

SALGUEIRO !!!

Alguns dos Países de maoir sucesso são países pequenos. Nós devíamos ser uma ameaça para a Espanha. E é ao contrário.

João Salgueiro, Presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Diario Económico.

quarta-feira, julho 13, 2005

 

Mais baianidades

Tenho um novo amigo baiano. Chama-se Juca, tem pelo ruivo, olhos castanhos, nariz molhado e uma mancha branca no focinho. Neste momento está pousado sobre os meus pés descalços enquanto escrevo num dos três leeeentos computadores do Albergue da Juventude da Praia do Forte. Espero não lhe pegar pulgas.
Juca adoptou-me. Entrei no jardinzinho do albergue e ele saltou-me para o colo. Explicaram-me depois que o Juca é assim, de impulsos. Escolhe um visitante e faz dele o seu mundo durante o tempo que dura a visita. Não faz distinção de credos, raças, sexo, cor de pele. Já orbitou em torno de uma loura finlandesa, seguiu incansavelmente diversos baianos e baianas e acompamhou dezenas de gringos. Mas parece que sou o seu primeiro português. Eu saio para o Tamar, o projecto de protecção de tartarugas que funciona na praia, e ele vai atrás. Segue-me até ao restaurante, está ao meu lado enquanto meto moedas na máquina de lavar roupa, espera-me junto à casa de câmbio enquanto troco euros por reais. Eu ouço Celso Fonseca no leitor de mp3 de olhos postos no mar e o Juca escava a praia atrás de caranguejos, mete-se pelo meio do jogo de bola que decorre na areia rija da maré vazia, persegue um gato que se refugia na mangueirona que dá sombra ao largo da capelinha. O Juca é um amigão. É uma honra. Tem esta mania de lamber as suas partes baixas (as dele) mas ninguém é perfeito.

 

mais Palavras de Parede

Desta vez Pide de Luxo. Uma visão do Miguel Carvalho, aqui:

http://visaoonline.clix.pt/default.asp?CpContentId=327029

terça-feira, julho 12, 2005

 

Baianidades

Esta tarde, quando circulava na Linha Verde, a estrada que liga Salvador à Costa do Sauípe, fui mandado parar por uma mulher-polícia chamada Portela. A estalar numa farda verde-oliva, três oitão à cintura, Portela não parou de cantar enquanto mirava e remirava os documentos do carro e a minha carta de condução. E não cantarolava baixinho, não. Cantarolava alto, com gosto, com ganas. Eu ri-me, num claro gesto de desobediência à autoridade. Ela riu-se comigo. E disse: "Desde que estou apaixonada só me apetece cantar."
PS- Claro que não me multou. Eu ia depressa mas ela está apaixonada.

 

O mundo atrav�s de uma burka...ver ...como? Posted by Picasa

 

O que terá mudado, desde então?

Ver o mundo por uma burka não é fácil. Já vesti uma e recordo-me da sensação imediata: não é possível ver, assim. O mundo miudinho. Muito ténue. Colado às pestanas.
Em Abril de 2000, o Centro Unesco, no Porto, recebeu a exposição "Levantar o véu das mulheres afegãs", organizada pelos Médicos do Mundo. Vinte e oito imagens denunciaram a brutal marginalização sofrida pelas mulheres afegãs. Diversos decretos talibas, acompanhavam as fotos. Esta iniciativa decorreu no âmbito de uma campanha levada a cabo pela União Europeia, denominada "Uma flor para as mulheres de Cabul".
Nessa altura, o Parlamento Europeu efectuava um apelo á comunidade internacional para denunciar a situação em que se encontram as mulheres deste país, desde a chegada ao poder dos Talibâns, em Outubro de 1996.
Antes da instauração do regime talibâ, as mulheres participavam na vida pública como estudantes e profissionais, inclusivé, no Parlamento.
Agora, a partir dos 12 anos, são obrigadas a usar burka.
O que terá mudado desde então?

Decretos dos Talibâns - medidas principais


 

PERGUNTAS

Onde estavas tu quando fiz vinte anos
E tinha uma boca de anjo pálido?
Em que sítio estavas quando o Che foi estampado
Nas camisolas das teen-agers de todos os estados da América?
Em que covil ou gruta esconderam as suas armas
Para com elas fazer posters cinzeiros e emblemas?
Onde te encontravas quando lançaram mão a isto?
E atrás de quê te ocultavas quandoMataram Luther King para justificar sei lá que agressões
Ao mesmo tempo que viamos Música no Coração
Mastigando chiclets numa matinée do cinema Condes?
Por onde andavas que não viste os corações brancos
Retalhados na Coreia e no Vietname
Nem ouviste nenhuma das canções de Bob Dylan
Virando também as costas quando arrasaram Wiriammu
E enterraram vivasMulheres e crianças em nome
De uma pátria una e indivisível?
Que caminho escolheram os teus passos no momento em que
Foram enforcados os guerrilheiros negros da África do Sul
Ou Allende terminou o seu último discurso?
Ainda estavas presente quando Victor JaraPronunciou as últimas palavras?
E nem uma vez por acaso assististe
Às chacinas do Esquadrão da Morte?
Fugiste de Dachau e Estalinegrado?
Não puseste os pés em Auschwitz?
Que diabo andaste a fazer o tempo todo
Que ninguém te encontrou em lugar algum.

Joaquim Pessoa

 

Dei conta...

Dei conta que este foi o primeiro concerto do Zeca Baleiro que não tinha o céu por tecto
Dei conta que é estranho estar sentada num concerto do Zeca
Dei conta que, desta vez, não tinha uma cerveja na mão
Dei conta que o Rivoli é a minha sala de eleição, mas prefiro ouvir o Zeca no Palácio de Cristal
Dei conta que a acústica estava boa
Dei conta que o público que estava no Rivoli é uma imensa minoria
Dei conta que muitos não tiveram à vontade para se levantarem e dançaram na cadeira
Dei conta que o Rivoli ficou dividido entre os que dançaram sentados e os que dançaram de pé
Dei conta que muitos sabem de cor as letras das músicas que o Zeca canta
Dei conta que o Zeca não muda o estilo e ainda bem
Dei conta que ele repetiu uma piada no palco, que eu já tina ouvido o ano passado
Dei conta que ele canta lindamente o Frágil do Jorge Palma
Dei conta que ele não cantou Cigarro
Dei conta que saiu uma reportagem sobre o Zeca, na revista Visão da semana passada
Dei conta que para o ano, Baleiro promete um CD inteiramente dedicado à música portuguesa
Dei conta que Arari fica no maranhão brasileiro e eu não consigo deixar de cantar "estou aqui..."
Dei conta, mais uma vez, que o Zeca é um sentidor, um poeta, um músico de convicções
(...)

 

O novo CD do Zeca. Cigarro, a musica que mais me comove de tanto que me diz! Para ouvir, ouvir, ouvir, ouvir... Posted by Picasa

segunda-feira, julho 11, 2005

 

À tardinha...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

domingo, julho 10, 2005

 

Pelourinho

Uma pausa na chuva trouxe centenas de pessoas para o Pelourinho. Lá, onde os escravos eram açoitados, como diz a canção de Caetano, baianas de saia rodada confundem-se com rastafaris e falsos mendigos, tentando "descolar" uns dolares dos turistas. Um raiozinho de sol e de repente o bairro desabrocha em música, rodas de capoeira, senhoras com fitinhas do senhor do Bonfim. Do topo do elevador Lacerda, Salvador surge pardacente, sob um céu de chumbo, os telhados atapetados de ervas, as casas manchadas de humidade, as ruas inundadas de água. Dona Telma está ali desde manhã cedo, encarreirando turistas para duas casas, uma de charutos outra de pedras semi-preciosas. Dona Telma tem sete filhos homens, duas "minas" adolescentes e um ror de netos. Tantos que já não sabe quantos. Recebe um por cento de comissão por cada venda feita aum dos gringos que encaminhou para as lojas. Na altura em que a água caía com força lá andava ela vendendo capas da chuva a cinco reais. "Tenho que trabalhar pelos bichinhos (netinhos), para dar a eles de comer", explica, cara à chuva enquanto me abrigo sob um portal de uma loja. Fui com ela, comprei dois charutos. Dez reais. Um por cento para ela. Tirei-lhe uma foto. Dei-lhe cinco reais. Recebi em troca a sua benção e um sorriso largo. É tão fácil comprar sorrisos nesta terra. Tão fácil que fiquei deprimido. Só um delicioso caldo de sururu foi capaz de me devolver a vontade de prosseguir.
Escrevo num cibercafé com vista para a Igreja Dos Negros, construída com as dádivas dos escravos libertos. É das igrejas menos ricas de salvador e se calhar a mais bonita a seguir ao Senhor do Bonfim. Alia ao lado fica a sede do Afoxé Filhos de Ghandi, o preferido de Jorge Amado, de Caeatano, de tantos outros. Na praça dois travestis escandalosos fazem tranças nos cabelos das menininhas. O sol brilha e com ele brilha o Pelourinho inteiro. Um gringo, um americano, empurra um insistente vendedor de fitinhas e estala uma briga. Um dos travestis avança, tesoura na mão, pronta a abrir a barriga ao gringo gordo, branquelas, suado, suado de medo. Duas mulheres polícia, unhas pintadas de vermelho, lábios pintados de vermelho, escuras como as mulheres rendeiras, salvam o gringo, leva~-no para o abrigo de um café. Volta o batuque da capoeora, homens de tronco nu rodopiam, o largo volta a encher-se de sorrisos. Dona Telma voltou. Está lá fora, a fazer-me sinais com úma das mãos, enquanto outra segura um fitinha do Senhor do Bonfim. Sei que é para mim. Vou aceitar. Começou a chover. Vou lá para fora. O batuque calou-se mas ainda o sinto no meu peito.

sábado, julho 09, 2005

 
As salas do hotel onde estou em salvador da Bahia têm nomes de escritores lusófonos. Neste momento estou a escrever-vos na sala Pepetela, mas podia ter escolhido Fernando Pessoa, Zélia Gattai, Jorge Amado, MIa Couto, Machado de Assis e por aí fora. É um toque simpático num hotel que nos últimos dias tem enfrentado com heroísmo uma tempestade tropical das valentes. Daquelas que arrancam coqueiros, atiram água do mar e pedras para o meio da estrada e encharcam tudo. Tudo. As pessoas que correm apressadas, os cortiços favelados na base dos morros, as ruas e avenidas, o estádio do Vitória, a estátua do poetinha, de Vinicius, em Itapoã, onde ele permanece sozinho, a olhar o mar, sem que uma alma caridosa lhe sirva um uisquinho.
A tempestade pregou-me um dos maiores sustos da minha vida quando obrigou o avião a abortar por três vezes a aterragem no aeroporto. Primeiro era a chuva que não deixava ver nada, depois foi o vento que fez balançar o avião como uma folha de papel e por fim os nervos do piloto quase cederam. Quando, finalmente, as rodas tocaram o asfalto, rebentou uma salva de palmas no interior do Boeing. Havia gente a chorar, havia gente a benzer-se. E eu próprio, veterano de aterragens emocionantes (em Pristina e Sarajevo, por exemplo, ou no velho aeroporto de Hong Kong) dei por mim a respirar de alívio. Nos longos minutos de tensão dei por mim a escrever na minha cabeça a notícia do eventual acidente, com um lead acutilante e um fecho de fazer chorar as pedras da calçada. Mas tudo correu bem.
Tenho pena das pessoas que escolheram Salvador para passar as férias de Verão. Principalmente as que o fizeram por causa da praia. O vento e chuva destroem qualquer chance de sossego e tornam qualquer saída uma aventura para contar aos netos. O Pelourinho parecia abandonado ontem à noite e julgo que até vi abrigada numa esquina a alma encharcada de Quincas Berro e Água.
Logo que puder regresso para dar mais novidades. Há gente sobre a qual quero falar-vos. Gente como o seu Marivaldo, a Gilvanilda, a Dadá e outros baianos. Mas isso fica para mais tarde. Agora é hora de ir para a rua enfrentar a tempestade.

sexta-feira, julho 08, 2005

 

A língua islandesa é muito traiçoeira...

Os islandeses sabem-na toda...(link)

 

Fazer a trouxa e zarpar

Estou de novo em trânsito. Nos próximos dias talvez tenha alguma dificuldade em postar, mas vou fazer um esforçozinho. Pequeno. Para onde vou? Depois eu conto. Mas deixo aqui uma pista (link). Cuidem-se.

 

London, London

O mundo ocidental, o meu mundo, o nosso mundo, precisa de gente com fibra. Precisa de rumo, precisa de líderes. Afinal, estamos em guerra. Atacamos e somos atacados. Somos provocados e reagimos. Sofremos e fazemos sofrer. É tempo de escolher o lado da barricada, por muito que isso nos custe, por muito que nos acusem de ver o mundo a preto e branco. O mundo mudou. Nós mudámos. Não interessa a cor da pele, as convicções religiosas, o ideário político. Interessa, isso sim, tentar distinguir entre o bem e o mal. É tão simples quanto isso. E ao mesmo tempo tão complicado. Até porque o bem e o mal trocam de posição, ensarilham-se. É preciso escutar com muita atenção o que nos diz o coração, portanto. E hoje, o meu coração está com os que sofrem. Com os que sofrem deste lado da barricada. Este é o meu lado. Pode ser injusto, mas é a minha escolha.


 

ULTIMA TENTAÇÃO

E então ela quis tentá-lo definitivamente. Olhou bem em volta, com extrema atenção. Mas só conseguiu encontrar uma pêra pequenina e pálida.
Ficaram os dois numa desesperante frustação.
Não há dúvida que o Paraíso está a tornar-se cada vez mais chato!

Mário-Henrique Leiria, Alguns Contos do Gin-Tónico.

quinta-feira, julho 07, 2005

 















Um 11 de setembro no mês de julho...

 

Bagagem curiosa


O menino de 3 anos de idade viajava ontem pela região metropolitana de Belo Horizonte assim...Do lado de dentro da mala. O pai, um copeiro de 23 anos de idade, foi detido depois de ter sido denunciado pelo 190. Ele informou à polícia que carrega va o filho na mala para protegê-lo do frio... A criança não apresentou sinais de maus tratos. Estranha demonstraçào de amor paternal.

 

A song every day

The meaning of existence is experienced in moments of exaltation. Man must strive for the summit in order to survive on the ground... his ends must surpass his needs. The security of existence lies in the exaltation of existence. This is one of the rewards of being human: quiet exaltation, capability for celebration. It is expressed in a phrase which Rabbi Akiba offered to his disciples:
A song every day,
A song every day.

Rabbi Abraham Joshua Heschel

 

DACHAU


Onde estão todos os túmulos de todos os homens
que morreram na terra desde os dias de outrora?
Uma sepultura é cavada sobre outra,
e corpos são enterrados sobre corpos;
em buracos na terra eles jazem juntos
os pedaços de cal e as pedras preciosas.

Moisés ben Jacob Ha-Sallah ibn Ezra
Posted by Picasa

 


Why are you troubled and frightened, my soul?
Be still and dwell where you are.
Since the world to you is small as a hand,
you won’t, my storm, get far.

Better than pitching from court to court
is sitting before the throne of your Lord;
if you distance yourself from others you’ll flourish
and surely see your reward.

If your desire is like a fortified city,
a siege will bring it down in time:
You have no portion here in this world –
so wake for the world to come.
Solomon Ibn Gabirol

Posted by Picasa

This page is powered by Blogger. Isn't yours?