quarta-feira, julho 13, 2005

 

Mais baianidades

Tenho um novo amigo baiano. Chama-se Juca, tem pelo ruivo, olhos castanhos, nariz molhado e uma mancha branca no focinho. Neste momento está pousado sobre os meus pés descalços enquanto escrevo num dos três leeeentos computadores do Albergue da Juventude da Praia do Forte. Espero não lhe pegar pulgas.
Juca adoptou-me. Entrei no jardinzinho do albergue e ele saltou-me para o colo. Explicaram-me depois que o Juca é assim, de impulsos. Escolhe um visitante e faz dele o seu mundo durante o tempo que dura a visita. Não faz distinção de credos, raças, sexo, cor de pele. Já orbitou em torno de uma loura finlandesa, seguiu incansavelmente diversos baianos e baianas e acompamhou dezenas de gringos. Mas parece que sou o seu primeiro português. Eu saio para o Tamar, o projecto de protecção de tartarugas que funciona na praia, e ele vai atrás. Segue-me até ao restaurante, está ao meu lado enquanto meto moedas na máquina de lavar roupa, espera-me junto à casa de câmbio enquanto troco euros por reais. Eu ouço Celso Fonseca no leitor de mp3 de olhos postos no mar e o Juca escava a praia atrás de caranguejos, mete-se pelo meio do jogo de bola que decorre na areia rija da maré vazia, persegue um gato que se refugia na mangueirona que dá sombra ao largo da capelinha. O Juca é um amigão. É uma honra. Tem esta mania de lamber as suas partes baixas (as dele) mas ninguém é perfeito.

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