quinta-feira, junho 30, 2005

 

diálogos in certos

«UMA GAIOLA FOI PROCURAR UM PÁSSARO»

Franz Kafka


- De hoje a um mês, faz um ano que ficou gravado na prata, no pulso. Disse-lhe. Acrescentando,
- Entre Felice e Milena, onde me situo melhor?
Sorriu.
- Talvez a tua melhor qualidade seja a forma como recordas. E o sorriso que me devolves.
-Sim...talvez.
- Ou a serenidade que tão raramente te abriga.
-Um pássaro. Qual de nós o foi procurar?

 

Bom dia!

Acordei com vontade de ouvir Elvis Costello e decidi que seria no mínimo justo partilhar este impulso com quem nos lê. Still, do álbum North, uma canção que sempre associei ao Outono mas que me apetece desfrutar neste dia tímido de Verão. Sejam felizes. Eu tenho pela frente um longo dia de trabalho.


These few lines I'll devote
To a marvelous girl covered up in my coat
Pull it up to your chin
I'll hold you until the day will begin

Still
Lying in the shadows this new flame will cast

Upon everything we carry from the past
You were made of every love and each regret
Up until the day we met

There are no words that I'm afraid to hear
Unless they are "Goodbye, my dear"

Still
I was moving very fast
But in one place
Now you speak my name and set my pulse to race
Sometimes words may tumble out but can't eclipse
The feeling when you press your fingers to my lips

I want to kiss you in a rush
And whisper things to make you blush
And you say, "Darling, hush
Hush
Still, still"

 

Homem, casa e gato

Chama-se Nemo. Capitão Nemo. Tão novo e já capitão, estão vocês a pensar. É óbvio que este capitão é um carreirista. E um chato, que mia por tudo e por nada. O Ron já esteve perto de o comer por duas vezes, mas o capitão safou-se in extremis. Um dia destes fazem-no contra-almirante. Quem lê este blog com regularidade sabe que não morro de amores por gatos. Mas lá aturo o "capitão" por amor às filhas. E até ando a pensar em juntá-lo com esta amiguinha aqui (link). Seria, estou certo, uma interessante união de facto.
Posted by Hello
Na sua ronda de concertos por Portugal, Adriana Calcanhotto apresentou uma série de canções sobre gatos. A mais interessante intitula-se "O ron-ron do gatinho" e tem letra de Ferreira Gullar. O poema é lindo. Quase tão lindo quanto o Nemo. Mau. Estou a começar a afeiçoar-me ao "capitão". Logo eu, um "doglover" empedernido. Maldito bichano!
O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pêlo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.
Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.
É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso ele faz ron-ron
para mostrar gratidão.
No passado se dizia
que esse ron-ron tão doce
era causa de alergia
pra quem sofria de tosse.
Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ron-ron em seu peito
não é doença - é carinho.

 

Enviada por TBX. Clique na foto para aumentar. Posted by Hello

quarta-feira, junho 29, 2005

 

Emídio Guerreiro 1899-2005


"Como não pode haver dignidade se não houver liberdade, naturalmente que eu lutei pela liberdade. Lutei contra todos os regimes prepotentes, lutei contra todas as ditaduras"

 

Pois...

"O "retrossexual" possui uma aparência rude, de canalha, com toques primitivos, além de um sorriso angelical. Ele se sente orgulhoso de não ir à academia malhar e de não utilizar cremes cosméticos e loção pós-barba. No seu banheiro, basta água e sabonete. E sua curiosidade pelas últimas tendências da moda é nula."

 

neurose urbana

Vale o click...


http://www.bozzetto.com/neuro.htm


Valeu, Claudia Maria :)

terça-feira, junho 28, 2005

 

Há música nova no Coreto

Aqui ao lado, no CORETO (link) há três músicas novas. Uma dos Lambchop, outra do Chico César e uma recordação velhinha e terna de James Taylor. For your pleasure. Passem por lá e divirtam-se. (link)

 

Sim, sou um retrossexual!

Tenho um amigo que já tentou ser um metrossexual, mas falhou por pouco. Faltou-lhe um "bocadinho assim". Apesar dos cremes, do "cabelinho à foda-se!", dos cosméticos e das horas no solário, da roupa pindérica e do "lipgloss" nunca passou de um "centímetrossexual".
Pessoalmente, nunca tive essas ambições. Já tinha desistido de ser catalogado quando vi finalmente vi a luz. Foi ao ler este artigo (link) que descobri o que sou. Sou um retrossexual! . Sinto finalmente, que não estou sozinho, nem fora de moda. Há mais gajos como eu por esse mundo fora. Já fomos milhões, amanhã seremos menos. Só não gosto muito do último parágrafo do artigo (link), mas, enfim, não se pode ter tudo.

 

Porque sim

Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um

- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum.

Eugénio de Andrade

 

Tuoi ochi

Como antecipação do travo italiano. Como inversão do mote do poema. Como uma reinvenção, correu outra brisa pelas palavras de Pavasse. E nos dedos de quem o folheava.
Virá, isso sim, a vida... E mesmo em dias chuvosos, ostentará os desejados olhos.


Verrà la morte e avrà i tuoi ochi
Verrà la morte e avrà i tuoi ochi.
questa morte che ci accompagna
dal matino alla sera, insonne,
sorda, come un vecchio rimorso
o un vizio assurdo.

I tuoi occhi
saranno una vana parola,
un grido taciuto, un silenzio.
Così li vedi ogni matina
quando su te sola ti pieghi nello specchio.

O cara speranza,
quel giorno sapremo anche noiche sei la vita e sei il nulla.
Per tutti la morte ha uno sguadro.
Verrà la morte e avrà i tuoi ochi.
Sarà come smettere un vizio,come vedere nello specchiori
emergere un viso morto,come ascoltare un labbro chiuso.
Scenderemo nel gorgo muti.


CEsare Pavasse , Verrà la morte e avrà i tuoi ochi

 

Este filme! No clube de video mais proximo :) Posted by Hello

 

Não há melhor remédio!

Ao ler um post aqui http://www.questao-dos-universais.blogspot.com ocorreu-me a solução para o teu problema. Assume diversos formatos mas, em todos eles, é um verdadeiro génio!
Espera aí que já te vou dar o remédio para esse estado de alma em que te encontras! Mas tens mesmo de ver. Não só pelo génio de que te falo - John Clease - mas também pelo Kevin Kline e, claro, pela excelente actriz Jamie Lee Curtis!

 

ladrar em diversos idiomas

Já aqui disse que adoro Banda Desenhada. E é verdade. Não tinha, ainda, dito que simpatizo bastante com a palavra onomatopeia. E também é verdade. Desde o momento em que a aprendi, há muitos anos, na escola primária. Foi amor à primeira leitura, ainda eu não sabia o que ela queria dizer. Nesse tempo tínhamos um caderninho de significados. O meu tinha capa cor de laranja e, ao centro, a letra desenhada a negro, dizia: significados. A professora marcava o TPC e, um dos mais frequentes era ler um texto e, apontar os significados das palavras que desconhecíamos. Depois, tínhamos de procurar no dicionário o que queriam dizer e qual a sua categoria gramatical. Esse TPC encantava-me. Adorava descobrir o que as palavras me tinham para dizer. Era assim como encetar um diálogo com alguém. Gostar ou não gostar, só pelas primeiras impressões. às vezes injustamente. Mas era assim. E quando eu gostava da palavra, não me demorava na procura de palavras da mesma família, antecipando, sem essa intenção, outros TPC`s. Enfim… Foi assim que, pelo caminho, me enamorei do adjectivo quântico. Como gosto dele! Mas não era minha intenção, apanhar este atalho para vos falar do cerne deste post: ONOMATOPEIAS digamos que…caninas!
Estamos, então, a falar de palavras cuja pronúncia imita o som próprio da coisa significada; figura de retórica pela qual se procura sugerir uma imagem auditiva. Isto para vos dizer que, ontem, descobri que os cães ladram em diversos idiomas!

Assim:

Alemanha: vow, vow
Argentina: gua, gua
Colômbia: guau, guau
Estados Unidos: ruf, ruf
França: whou, whou
Japão: won, won
Rússia: guf, guf
Tailândia: hong, hong

São alguns exemplos dados por um tradutor com quem conversava e que, com graça, me dizia, apontando para o livro, um original noutra língua: está a ver aqui, não é um cão mariquinhas, é apenas um cão francês!

PS. Este post é dedicado ao Ron, o cão que já veio a este blog, pela mão do dono, o blogger-mor e ao Ice, o cão do Fernando e da Ritinha :)

 

Fulano de tal está "referenciado"

Já se sabe que os jornais desportivos têm uma linguagem própria. Blindada, como agora se diz a propósito de tudo e de nada. Quem não dominar os rudimentos do futebolês arrisca-se a não entender patavina do que lá vem escrito. E se o autor dos textos for o Joaquim Rita, o autor do conceito da "profundidade curta", então nem vale a pena tentar. O homem escreve com os pés, pensa com o intestino grosso e fala como o Manuel Sérgio nos tempos em que liderava o partido dos reformados (PSN, julgo eu).
O conceito mais bizarro deste defeso é o do jogador "referenciado". Encontram-se frases do género: "Riquelme referenciado pelo FC Porto"; "O Sporting não vai contratar Ronaldinho Gaúcho mas tem o jogador referenciado"; "Referenciado pelo Benfica, Zenden assinou pelo Liverpool".
Ou seja, "referenciado" é uma maneira de dizer que os clubes portugueses não têm dinheiro para contratar sequer o ponta-de-lança do Tchernobill, aquele que tem membranas entre os dedos dos pés, uma segunda cabeça no ombro direito e que brilha intensamento no escuro por causa de ter sido exposto a radiações atómicas. Referenciam mas não têm dinheiro para o passe (já dinheiro para casas de passe é coisa que não falta, a julgar pelo que se sabe do processo "apito Dourado"). Os clubes portugueses já não cobiçam - referenciam. Têm desejos mas não têm meios. São como os trolhas em cima dos andaimes. Quando lhes passa à frente uma mulher bonita limitam-se a despi-las com os olhos e alguns mais ousados prometem dar-lhes duas sem tirar fora. E depois comentam para o colega: "Tenho aquela gaja referenciada".
Pois eu também quero aderir à moda. E aviso já que tenho a Eva Longoria "referenciada". A Eva Longoria, a Adriana Lima, a Maria Sharapova, a Jeniffer Love-Hewitt e todas as contorcionistas do Circo Nacional da China. "Deixem-me referenciar", como dizia o outro. Afinal, referenciar não custa.

 

Que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?

Para já tem uma zanga/birra entre dois barnabitas que ameaça acabar com o blog (link). Houve tempos em que teve piada. E alma.O facto de discordar com para aí 90 por cento do que era lá escrito nunca me impediu de voltar, dia após dia. Se desaparecer vai fazer falta. Por isso, rapazes barnabitas, vejam lá se se entendem. A tolerância e o respeito pelas ideias dos outros deve começar dentro de casa. Mas eu não ando aqui para dar lições de moral a ninguém, por isso limito-me a citar Ségio Godinho:
Vieram profetas
Vieram Doutores
santos milagreiros, poetas, cantores
cada qual com um discurso diferente
p'ra curar a vida da gente
e a gente parada
fez orelhas moucas
que com falas dessas
as esperanças são poucas
mas quando o Barnabé cá chegou
Toda a gente arribou

 

Voltámos aos tempos de PSL?

Governo reconhece “imprecisões” no relatório do OE (In Diário Económico)
Finanças somaram duas vezes fundos comunitários (Idem)
Governo admite recuo no sistema de saúde militar (In PÚBLICO)
Deficiências" nas contas do Rectificativo (In DN)
Executivo receia falhas do ministro da Economia (Idem)
Professores sem turmas podem ter lugar nos museus (In JN)
Função pública em greve nacional a 15 de Julho (In PÚBLICO)

 

Os patrulheiros ideológicos

Agora é moda dizer que o Eduardo Prado Coelho é o Luís Delgado de Manuel Maria Carrilho. Acho isso uma grande injustiça. O Luís Delgado é muito mais magro do que o autor de O Fio do Horizonte.

 

Mais Longoria

Como as mulheres que escrevem neste blog andam desaparecidas em combate, eu sinto-me à vontade para dar largas ao meu lado misógino. E vai daí, insisto com a Eva, a vizinha que nunca terei. Suspiro.

 

As canções de Amor e Ócio

Do lado direito, mesmo por debaixo do sinal luminoso, coloquei um link para um novo blog, O CORETO (link), onde decidimos reunir algumas das canções que por aqui vão passando. Espero que passem por la e desfrutem das nossas musiquinhas. O único critério do blog é a falta de critério. Nem sequer é um lugar para discutir música ou para dar a conhecer novos autores. Nada disso. O CORETO é umbiguista. O CORETO é egoísta. É nosso coreto. E pronto.
Já agora, a coluna de músicas de Verão foi também actualizada. Saíu o Don de Fluir e entraram os Lambchop. E a escolha foi muuuuuito influenciada por este senhor (link).Ouçam e Verão.

segunda-feira, junho 27, 2005

 

Já cá canta...

...por isso não contem muito comigo nos próximos tempos.

domingo, junho 26, 2005

 

Um anúncio genial...

...mas desaconselhável a homofóbicos. (link) Have fun!

 

It's an injustice - aw poor little Calimero!

Eva Longoria, a estrelinha adúltera de Desperate Housewives (SIC e FOX), a vizinha que eu gostava de ter. Mas não tenho.

 

Every breath you take

Voltava eu do Porto, do concerto do Tom Zé, quando começou a tocar na rádio esta canção velhinha dos Police. E de repente bateu uma saudade daquelas...tenham um bom domingo.

sábado, junho 25, 2005

 

Por quem dobram os carrilhões?

Num comentário ao post sobre as eleições em Lisboa, um leitor lembra que o Expresso tradicionalmente não acerta uma sondagem. Logo, por esta lógica, Manuel Maria Carrilho tem a vitória ao virar da esquina.
Duas objecções, curtas:
1 - O Expresso foi o primeiro a avançar com a previsão de que o PS ia ter maioria absoluta em Fevereiro, como veio a ser confirmado nas urnas. A isto não terá sido alheio o facto de semanário do arquitecto ter rescindido contrato com a empresa de estudos de mercado responsável pelas famosas gafes.
2 - E mesmo que os erros do Expresso se tenham tornado uma tradição, acho que podemos sempre contar com a arrogância de Carrilho para dar cabo dela. Da tradição, claro. É ou não é?

 

Tem miúdos na plateia? Estão acordados?

Curtinho, curtinho, o concerto de Adriana Calcanhotto no Cais da Fonte Nova, em Aveiro.Uma horita e já está. Curtinho e carote (20 euros), embora nem sempre o tamanho faça a diferença. Aliás, para definir o "show" só me ocorrem diminutivos: curtinho, engraçadinho, sossegadinho, bonitinho. O alter-ego Partimpim não deixou espaço para aquelas canções que tornaram Calcanhotto numa unanimidade. Mas pronto, teve a sua piada. Como dizia um bronco que passou todo o concerto a meu lado a falar sobre a política de contratações de Jorge Nuno Pinto da Costa, "eu desta indivídua só conheço a música do Frajola". E ainda dizem que a solidão é o meu pior castigo. O homem deve ter saído satisfeito do Fonte Nova, porque a cantora lá interpretou por duas vezes "Fico assim sem você". Eu bem olhei para o céu à procura da lua cheia, mas uma imensa nuvem negra abafou todo o romantismo. Mas vá lá, não choveu.

 

Antes que me esqueça...

...o SLB é campeão nacional de futsal. 7-4 aos Sporting, após prolongamento. Foi lindo.

 

Carmona na frente em Lisboa


Aposto que a culpa é do Dinis Maria que anda a dirigir de forma infantil a campanha do pai..ou então dos malandros dos jornalistas, esses débeis mentais que não tiveram paciência para ler os tais 38.760 caracteres de ideias geniais. Ou então leram e não entenderam. A vida de um filósofo é muito dura.Vá lá saber-se por quem os sinos dobram. Posted by Hello
(Sondagem EXPRESSO-SIC-Renascença/Eurosondagem)

sexta-feira, junho 24, 2005

 

Um amor para recordar


Nunca uma personagem me causou tanta empatia quanto Jamie Sullivan. Penso que pela identificação. Também eu gosto de observar estrelas... E, motivar alguém a querer ser melhor, está na minha lista de desafios.

 

Fazem-se tantos estudos académicos....

...sobre tudo e mais alguma coisa, e no entanto não há ninguém que se abalance a fazer um estudo aprofundado sobre a evolução do tecido social português com base nos anúncios íntimos classificados do Jornal do Notícias e do Correio da Manhã. Para começar, é extraordinário verificar que o país que há 20 anos se escandalizou com umas maminhas à mostra no célebre filme "Pato com Laranja", hoje não franze sequer o sobrolho quando surge na televisão pública um qualquer telefilme acerca de uma suruba (quem não souber o que é uma suruba pode pedir explicações por e-mail - desde que junte uma fotografia de corpo inteiro e boletim de vacinas)com um padre, dois travestis, um cão pastor alemão e uma picadora Moulinex. Um, dois, três...
E depois, quem nos ajuda a decifrar os classificados, onde reina o mais castiço "brasileirês"? Afinal, o que é um franguinho assado? Um beijo negro, um botão de rosa, uma chuva dourada, um "dote de 22"? Hein? Eu não percebo metade do que lá vem escrito, mas também tenho dias em que sou um grande mentiroso. Sociólogos do meu país: saiam dos vossos gabinetes e venham educar o povo. O povo precisa. O povo anseia. O povo tem fome. Vai um franguinho assado? (respostas de novo para o e-mail, com fotografia de corpo inteiro em biquini. Homens, brincalhões e "mulheres" com "dote de 22" escusam de ter a maçada de escrever).

 

Estou te explicando para te confundir

Sabemos que o nosso mundo está a ficar melhorzinho quando os planos para a noite de sexta-feira incluem um concerto de Adriana Calcanhotto à beira-ria. E sábado, no Palácio de Cristal, o grande Tom Zé. Solidão, que poeira leve, ai, ai.

 
Ligo a RTP e José Sócrates aparece-me verde. Eu sei que a situação do país não é boa, mas também não é caso para tanto. Ou será que o primeiro-ministro tem digestões difíceis?

 

Egício

Ontem à noite chamaram-me egício (assim mesmo, sem pê). Andei a matutar e julgo que é um elogio. Pois egício serei. Shukran.

 

Músicas para o Verão

Do lado direito, debaixo do sinal luminoso, coloquei um linque para as músicas de Verão. Arrancamos com o já conhecido Don de Fluir, de Jorge Drexler e Celso Fonseca, mas de tempos a tempos a musiquinha vai mudar, de acordo com as nossas arrebatadoras paixões do momento. Espero que desfrutem.

 
É impressão minha ou este blog ainda cheira a sardinha assada e a pimentos verdes?

quinta-feira, junho 23, 2005

 

Bom S. Joao a quem, como eu, o comemora! Posted by Hello

 

Faz de conta...

A well tied tie is the first serious step in life.
Oscar Wilde

Será?

Há quem a adore, quem a odeie e quem lhe fique indiferente.
Há quem goste de a usar, mas há também quem não goste.
Acho que a ele, ela era indiferente.
Atravessou casamentos, funerais, baptizados, licenciaturas, defesas de mestrado, teses de doutoramento, certos aniversários, festas diversas, recepções lúdicas e laborais, enfim, as mais distintas reuniões sociais, sem nunca a usar.
Porém, um destes dias, para espanto de familiares, amigos, colegas de trabalho e principalmente da sua namorada - ele surge de gravata.
Tinha-se vergado às ficções sociais.
Depois contou-nos que, um dia antes, fora chamado por um superior.
- Veja lá. Este projecto é muito importante para nós. Tem de ser aprovado. Como coordenador científico e dada a importância da reunião, o senhor Dr. vai fazer-nos o favor de colocar uma gravata. E não se escude no facto de os arqueólogos serem alérgicos a tal adereço.
Por favor… Senhor arqueólogo. Está muita coisa em jogo. Sabe disso.
É muito importante e, por muito que lhe custe a aceitar, uma simples gravata ou, no seu caso, a ausência dela, pode deitar tudo a perder. Ou quase, vá…
Mas fala-se, aponta-se, comenta-se. E depois, há a inauguração, não se esqueça.
Vai estar lá toda a gente, há uma imagem a defender…
Custa-me ter de lhe dizer assim mas terá de levar uma gravata…
Ficava-lhe bem o fato e, claro, a gravata.
A namorada abeirou-se de mim e disse-me:
- Eu só o tinha visto vestido ou despido. E quando digo vestido quero, objectivamente, dizer de calças de ganga e t-shirt ou calças de ganga e camisa ou calças de ganga… Será que algum dia o voltarei a ver de gravata? Não, não me custa nada que não a use. Mas agora até gostei de o ver...
Estavam lá todos. Toda a comunidade local. Cidadãos e políticos. Amigos e familiares.
Cortaram a fita. Inauguraram a coisa. Aplaudiram.
No fim, ele cortou a gravata.
Para "inaugurar" a primeira vez que a usou. Disse-nos.

 

A propósito dos coletes ao volante

Os coletes retroreflectores passam a ser obrigatórios!E têm de estar à mão, pelo que muitos já os põem nas costas do assento, e que bem que ficam! Uff!Ainda cá estaremos quando nos obrigarem a conduzir com palas para não nos distrairmos, não poderemos ouvir música no carro - muito menos as notícias escandalosas e seremos proibidos de fumar ao volante. Viva a liberdade!

 

GAFFE !!!

Secretário de Estado da Educação emenda "gaffe" da ministra.

O secretário de Estado da Educação emendou hoje a "gaffe" da ministra da Educação, que ontem afirmou que a decisão do Tribunal de Ponta Delgada sobre a convocação de professores para cumprir os serviços mínimos "não respeita à república portuguesa".
"A sra. ministra disse 'da República' em vez de 'do Governo da República'". Só "por maldade" ou "má intenção se pode ver outra coisa senão isto", esclareceu o governante.Instada ontem pela SIC Notícias a comentar as decisões do Tribunal Administrativo de Ponta Delgada e de Lisboa - que, respectivamente, deram razão aos professores e à tutela quanto à convocação de docentes para os serviços mínimos -, a ministra da Educação afirmou: "É um pronunciamento sobre um despacho que é do governo regional, num tribunal que é dos Açores, que não é de Lisboa e não respeita à república portuguesa, portanto não respeita ao nosso sistema".Em declarações hoje à rádio TSF, o secretário de Estado disse que o que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues quis dizer foi que "o despacho que está impugnado pelo tribunal dos Açores é um despacho do governo regional dos Açores e o despacho a que foi dada razão pelo tribunal de Lisboa é um despacho do Governo da república". "Foi a isto que a sra. ministra se referiu", explicou. Apesar destes esclarecimentos, o presidente da Associação Sindical de Juízes, Alexandre Batista Coelho, disse à TSF que "não é admissível uma 'gaffe' que demonstra uma cultura pouco democrática" como a que foi protagonizada pela ministra da Educação."É inadmissível que um responsável do Governo como é uma ministra da Educação se permita proferir declarações destas levianamente", disse Alexandre Batista Coelho, que pediu a intervenção do Presidente da República neste caso.Para o responsável, "é fundamental que neste caso [Jorge Sampaio] não fique calado" e "venha a público exercer a sua autoridade e pronunciar-se" sobre o episódio "inadmissível", "pondo em causa que os Açores e a república portuguesa são coisas diferentes".

23.06.05 - PUBLICO.PT

quarta-feira, junho 22, 2005

 

Entardecer

somos tão novos e estamos tão perdidos. o teu silêncio
dentro dos gritos das árvores, meu silêncio sobre o
entardecer. seria tão feliz se pudesse dizer-te: vem,vamos fugir de mãos dadas, amor.

"Vertigem", José Luís Peixoto

 

Verão

These are the days of the endless summer
These are the days, the time is now
There is no past, there’s only future
There’s only here, there’s only now

Oh your smiling face, your gracious presence
The fires of spring are kindling bright
Oh the radiant heart and the song of glory
Crying freedom in the night

These are the days by the sparkling river
His timely grace and our treasured find
This is the love of the one magician
Turned the water into wine

These are days of the endless dancing and the
Long walks on the summer night
These are the days of the true romancing
When I’m holding you oh, so tight

These are the days by the sparkling river
His timely grace and our treasured find
This is the love of the one great magician
Turned water into wine

These are the days now that we must savour
And we must enjoy as we can
These are the days that will last forever
You’ve got to hold them in your heart.

 

Estou apaixonado...

...por esta canção.
"Don de Fluir", de Jorge Drexler, aqui em dueto com Celso Fonseca. Suspeito que vai ser a minha canção do Verão. Uma pequena maravilha.


Los dos parlantes afuera,
la música en el balcón
cayendo por la vereda
en sonoro borbotón.
Alguien me acerca un trago,
alguien me quiere hablar,
yo sólo quiero que mires
mientras te miro girar.

Llevás el cabello suelto
y sandalias en los pies,
tu vestidito violeta
cabe todo en una nuez.
Alguien me hace preguntas,
alguien me ofrece fumar,
a todo digo que sí
con tal de verte bailar.

Sólo quiero verte bailar
sólo quiero verte bailar
quisiera verte girando, girando,
mirándome mirar.

Soy aquel tipo callado
con aires de intelectual
que te mira de costado
sólo por disimular.
"gracias, pero no, no bailo,
quizás la próxima vez,
tengo torpes las rodillas
y tú veloces los pies"

Sólo quiero verte bailar
sólo quiero verte bailar
quisiera verte girando, girando,
mirándome mirar.

Porque bailas,
como quien respira,
con un antiguo don de fluir...
Bailas,
y parece tan fácil
como dejar el corazón latir..

Los dos parlantes afuera,
la música en el balcón
cayendo por la vereda
en sonoro borbotón..
"Los músicos no bailamos,
ya habrás oído decir,
gracias de todos modos
y gracias por insistir".

Sólo quiero verte bailar
sólo quiero verte bailar
quisiera verte girando, girando,
mirándome mirar.

Porque bailas,
como quien respira,
con un antiguo don de fluir...

 

Bom dia!


Um homem nunca sabe aquilo de que é capaz até que o tenta fazer.
(Charles Dickens)

terça-feira, junho 21, 2005

 

Trigo e Joio

Só para burilar o atropelamento de prioridades. E reflectir nos dentes estes raios de luz que se desprendem do solstício.
NB - Obrigado, anónimo. Lá calham, as gralhas!

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo:
fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz?
E amanhã há bola antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo de chamar o gerente
e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo à saída da pastelaria,
e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

"Pastelaria", Mário Cesáriny

 

para assinalar o solstício de Verão...

(...)
Sou um filho do sol e do mar
mas também escuto a maresia do silêncio
(...)

Neste momento estou silenciosamente nu
E dir-se-ia que vejo as pupilas do mundo
as coisas limpas e novas no seu alvor de espuma
De súbito ouço-te cantar ou rir
(...)

e através da luz das sombras e da argila
celebro o solar aroma da vida

António Ramos Rosa, in O teu Rosto, pag.17

 

Ontem, no Jornal da Noite Posted by Hello

 

Um dos meus actores preferidos: este SENHOR! Posted by Hello

segunda-feira, junho 20, 2005

 

Dedicado ao Rui, do Ondemudar. Com humor:) Senhor da matem�tica. E tamb�m a Marta, senhora da matematica! Posted by Hello

 

Uma minuta, por favor.

Uma experiência. Novas tecnologias versus velhas burocracias. Vivida por um amigo:)

«Fui ontem no meu carro (equipado com ABS, ASC, CDPlayer, ar condicionado, controlo de tracção e todos aqueles botões e luzes que não sei para que servem) a uma cidade, no interior.
Fui levado por toda esta tecnologia, por curvas e contra curvas, estradas em paralelo, macadame, ruas e caminhos, que o GPS não vê. E muito menos eu, pois tempo é dinheiro!
Cheguei.
Fui à Câmara Municipal.
O propósito da viagem... simples. Ia consultar um processo de uma obra lançada a concurso por esta Câmara, e decidir se adquiria ou não o processo.
Foi breve a consulta. Bem como a decisão de adquirir uma cópia do processo.
- Está tudo certo. Levo uma cópia. Disse com voz determinada e séria à funcionária que me atendeu.
- Muito bem. Respondeu ela. Só tem que fazer o requerimento.
E, dito isto, colocou-me na mesa uma folha de papel branca e uma caneta.
- Requerimento... mas não tem uma minuta?!
- Não. Pode escrever à mão que não tem importância.
- Bem, é que normalmente... insisti... preenche-se uma minuta!
- É engenheiro, não é? Perguntou sem me deixar responder. Sabe com certeza fazer um requerimento.
Sorriu. Sorriu ironicamente.
Não quis dar parte de fraco.
Sentei-me e começei.
Mas a desconfiança dela, mais que justificada, fez com que se mantivesse incomodamente próxima.
Precisei de três folhas!
À primeira. Esqueci que qualquer requerimento para uma Câmara Municipal deve começar por
“Ex.mo Sr. Presidente...”
À segunda. Esqueci todos os elementos que obrigatoriamente se colocam nestas coisas.
Morada, contribuinte, representado por, etc., etc.
À terceira foi de vez.
Já com a total benevolência e compaixão da dita senhora.
Foi frustrante!
Onde estava a minuta que o meu computador vomita e eu, simplesmente, assino?
Na viagem de regresso, tive saudades da minha 4L e do tempo em que um requerimento não tinha obrigatoriamente minuta!»

 

Um dia destes eu dou notícias


sexta-feira, junho 17, 2005

 

Suspiro....


 

Dos sonhos e da poesia

mais palavras de parede que gostei muito de ler...


http://visaoonline.clix.pt/paginas/conteudo.asp?CdConteudo=38589

 

Enviado pelo meu amigo Z�! Pura poesia campestre! Vale tudo para Portugal ficar mais limpo :) Posted by Hello

 

"Habituem-se", dizem eles

ASCENSO SIMÕES MANDOU RETIRAR DAS BANCAS EDIÇÃO DE JORNAL REGIONAL DE VILA REAL (In JN - link)

Ascenso Simões, secretário de Estado da Administração Interna, exigiu, esta semana, que fosse retirada uma edição completa do "Jornal de Notícias de Vila Real", ao qual terá concedido uma entrevista de três páginas, pouco tempo depois de a edição estar à venda nas bancas.

Segundo o JN apurou, o governante não gostou que o trabalho do semanário regional fosse publicado sem o ter lido previamente, pelo que terá mandado recolher os 2750 exemplares. Depois de ter lido a entrevista e feito as emendas que pretenderia, obrigou à dispendiosa reimpressão de 12 páginas (metade do jornal).

Sem querer alongar-se em comentários, Ascenso Simões explicou, ao JN, ter feito "um pré-acordo com o director" do jornal, que lhe conferiria o direito de ler o trabalho antes de ser publicado. "Mas ele não respeitou", assegura.


Cada Governo tem o Rui Gomes da Silva que merece. Ou alguém tinha dúvidas?

quinta-feira, junho 16, 2005

 

Acrescento....

.. não sei se se adequa ou não, este copy-paste, Hélder. Foi o que me ocorreu. E o que me ritmou, de novo, o entardecer. Ainda que de forma preguiçosa, quis que se soltasse esta ou qualquer outra estrela do mar.

Numa noite em que o céu tinha um brilho mais forte
e em que o sono parecia disposto a não vir
fui estender-me na praia sozinho ao relento
e ali longe do tempo acabei por dormir

Acordei com o toque suave de um beijo
e uma cara sardenta encheu-me o olhar
ainda meio a sonhar perguntei-lhe quem era
ela riu-se e disse baixinho: estrela do mar

Sou a estrela do mar
só a ele obedeço, só ele me conhece
só ele sabe quem sou no princípio e no fim
só a ele sou fiel e é ele quem me protege
quando alguém quer à força
ser dono de mim

Não sei se era maior o desejo ou o espanto
mas sei que por instantes deixei de pensar
uma chama invisível incendiou-me o peito
qualquer coisa impossível fez-me acreditar

Em silêncio trocámos segredos e abraços
inscrevemos no espeço um novo alfabeto
já passaram mil anos sobre o nosso encontro
mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar

"Estrela do mar", Jorge Plama

 

Estrela do Mar


 

AULAS !!!

Ministério suspende aulas para que professores assegurem exames nacionais. Governo convoca "obrigatoriamente" os docentes para os dias em que foram agendadas greves. Sindicatos dizem que é ilegal.

In PÚBLICO, 16 de Junho de 2005

 

RIOS !!!

Acordos para rios luso-espanhóis foram desrespeitados este ano. espanha retirou água do Douro e do Guadiana que já deveria ter sido devolvida. No Sul, o rio chegou a estar dois dias abaixo do caudal mínimo.

In PÚBLICO, 16 de Junho de 2005

 

TOTONEGÓCIO !!!

Nova derrota para Liga e Federação no totonegócio. Tribunal Administrativo recusa suspender despacho que obriga os organismos de futebol a pagar 20 milhões de euros de dívidas fiscais dos clubes não cobertas pelas receitas do totobola.

In PÚBLICO, 16 Junho 2005

 

Distinção

Manuel Jorge Marmelo foi distinguido com o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco, pela sua obra O Silêncio de um Homem Só.
Conheço apenas alguns dos seus livros. E gosto. Gosto da sua forma de se abeirar do quotidiano. Da descrição despojada que faz dos objectos. Das metáforas que parecem nascer de parto natural contra as suas folhas em branco. Gosto da sua forma de contar. De contar os episódios que lhe atravessam o olhar. Da forma como grafa o que sente ou finge sentir. Não importa. Gosto. Ah! E gosto dos títulos dos seus livros porque não mentem.
Porque nos remetem para o que escreve, de facto.
Há quem defenda que títulos e capas não têm muita importância.
Eu não concordo. É a minha opinião. Vale o que vale.
O autor de O Amor é para os Parvos, entre outros, está, mais uma vez, de parabéns.

 

Em Outubro chega um novo livro do Saramago. Chama-se As Intermitencias da Morte, tem cerca de 200 paginas. A Caminho, editora do Nobel, preve uma tiragem de 100 mil exemplares. Posted by Hello

 

Balanço

«As Feiras do Livro de Lisboa e Porto chegaram ao fim, sem acusarem sinais da crise económica em que o País continua mergulhado. As primeiras contas efectuadas pelos editores revelam que, no Norte, houve um claro aumento de vendas em relação a 2004, enquanto na capital, ainda que o balanço não seja tão positivo, se registou, mesmo assim, um "ligeiríssimo acréscimo" de negócios, segunda revela Batista Lopes, presidente da Associação de Editores e Livreiros(APEL).
(...) Este ano, a estrela das feiras parece ter sido O Zorro, da chilena Isabel Allende. A morte de Álvaro Cunhal e de Eugénio de Andrade, no dia 13, o último da Feira de Lisboa - a do Porto fechara na véspera - causaram uma inesperada corrida aos pavilhões das editoras que os publicam».

Fonte: revista VISÃO

quarta-feira, junho 15, 2005

 

Até já

.




Esses mortos difíceis
que não acabam de morrer
dentro de nós; o sorriso
de fotografia, a carícia suspensa, as folhas,
dos estios persistindo
na poeira; difíceis;
o suor dos cavalos, o sorriso,
como já disse, nos lábios,
nas folhas dos livros; não acabam de morrer;
tão difíceis, os amigos.


Os Difíceis Amigos, Eugénio de Andrade

.

Aquele que partiu
Precedendo os próprios passos como um jovem morto
Deixou-nos a esperança.

Ele não ficou para connosco
Destruir com amargas mãos seu próprio rosto
Intacta é a sua ausência
Como a estátua dum deus
Poupada pelos invasores duma cidade em ruínas
Ele não ficou para assistir
À morte da verdade e à vitória do tempo

Que ao longe
Na mais longínqua praia
Onde só haja espuma sal e vento
Ele se perca tendo-se cumprido
Segundo a lei do seu próprio pensamento

E que ninguém repita o seu nome proibido.


Sophia de Mello Breyner Andresen




 

ILIBADO! Ilibar, do latim ilibare, significa tornar puro;lavar. E por falar em lavar...:) Posted by Hello

terça-feira, junho 14, 2005

 

�cones de beleza...no masculino! ou ser� de rebeldia? Posted by Hello

 

Encontrei por acaso esta imagem. Lembrei-me do Carlos Tavares e da sua hist�ria sobre atravessar na passadeira ou fora dela! Assim, era mais f�cil, Carlos :) Posted by Hello

 

Acredita que existem? Conhece outros? Quais? Posted by Hello

 

A Lua mudou...

A Lua mudou e ele chegou mais cedo do que o previsto! Nasceu na noite de 12 para 13. Pesa três quilos e quinhentas gramas, mede 51 centímetros (exactamente o peso e a medida da felicidade...) tem saúde e é lindo, lindo, lindo! É o meu sobrinho mais novo! Novíssimo.

Lucina, divindade que, entre os antigos Romanos, presidia aos partos quis assim e nós, não nos importamos nada! Deixou-nos a girar em torno dele. Numa felicidade com peso e medida mas completamente indizível.

Sim... creio que quando a Lua muda, muda muita coisa! A Lua rege...
A Lua tem influência na vida, na terra, no mar. Nos nascimentos, no cultivo da terra e nas colheitas, nas marés e até nos marinheiros...

 

Clinton !!!

Acredito que ela [Hillary Clinton] não decidiu concorrer [à presidência dos Estados Unidos] ou, se decidiu, ainda não me disse.

Bill Clinton, Newsweek

 

Delgado !!!

Já há um blogue do "não" à ratificação do tratado constitucional europeu. Vai haver, ou já existe, um blogue do "sim". Por mim vou tratar de pensar em fazer o blogue "assim-assim".

Luis Delgado, Diário de Notícias

 

Van Zeller !!!

O Estado deverá ser o primeiro da lista de devedores que será tornada pública.

Presidente da CIP, Semanário Económico

 

Vi agora Wal! Muitos parab�ns.Um abra�o. Tudo de bom! Posted by Hello

segunda-feira, junho 13, 2005

 

La Lámpara Marina

A´lvaro Cunhal esteve preso 11 anos, por razões políticas. Numa dessas vezes, em 1953, desenvolve-se um movimento internacional de solidariedade pela sua libertação, que conta com a participação de inúmeros intelectuais e artistas estrangeiros. Destes, destacam-se Jorge Amado e Pablo Neruda, que lhe dedica o poema "Lámpara Marina".

Cuando tú desembarcas
en Lisboa,
cielo celeste y rosa rosa,
estuco blanco y oro,
pétalos de ladrillo,
las casas,
las puertas,
los techos,
las ventanas,
salpicadas del oro limonero,
del azul ultramar de los navíos.
Cuando tú desembarcas
no conoces,
no sabes que detrás de las ventanas
escuchan,
rondan
carceleros de luto,
retóricos, correctos,
arreando presos a las islas,
condenando al silencio,
pululando
como escuadras de sombras
bajo ventanas verdes,
entre montes azules,
la policía
bajo las otoñales cornucopias
buscando portugueses,
rascando el suelo,
destinando los hombres a la sombra.

(...)


Portugal,
vuelve al mar, a tus navíos,
Portugal, vuelve al hombre, al marinero,
vuelve a la tierra tuya, a tu fragancia,
a tu razón libre en el viento,
de nuevo
a la luz matutina
del clavel y la espuma.
Muéstranos tu tesoro,
tus hombres, tus mujeres.
No escondas más tu rostro
de embarcación valiente
puesta en las avanzadas de Océano.
Portugal, navegante,
descubridor de islas,
inventor de pimientas,
descubre el nuevo hombre,
las islas asombradas,
descubre el archipélago en el tiempo.
La súbita
aparición
del pan
sobre la mesa,
la aurora,
tú, descúbrela,
descubridor de auroras.
Cómo es esto?
Cómo puedes negarte
al ciclo de la luz tú que mostraste
caminos a los ciegos?
Tú, dulce y férreo y viejo,
angosto y ancho padre
del horizonte, cómo
puedes cerrar la puerta
a los nuevos racimos
y al viento con estrellas del Oriente?
Proa de Europa, busca
en la corriente
las olas ancestrales,
la marítima barba
de Camoens.
Rompe
las telaranãs
que cubren tu fragrante arboladura,
y entonces
a nosotros los hijos de tus hijos,
aquellos para quienes
descubriste la arena
hasta entonces oscura
de la geografía deslumbrante,
muéstranos que tú puedes
atravesar de nuevo
el nuevo mar oscuro
y descubrir al hombre que ha nacido
en las islas más grandes de la tierra.
Navega, Portugal, la hora
llégó, levanta
tu estatura de proa
y entre las islas y los hombres vuelve
a ser camino.
En esta edad agrega
tu luz, vuelve a ser lámpara:
aprenderás de nuevo a ser estrella.

Poema extraído de Obras Completas, 3ª ed. aumentada, Buenos Aires, Editorial Losada, Col. Cumbre, 1967

 

Frente a Frente

Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!

Eugénio de Andrade

 

Adeus

Morreu Eugénio de Andrade (link)

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

 

Fechou-se a porta


Álvaro Cunhal 1913 - 2005



Como seria Portugal sem a tenacidade de Cunhal? Até sempre (e não, não lhe vou chamar "camarada")

 

Músicas para ajudar a enfrentar a semana



















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domingo, junho 12, 2005

 

O sorriso da liberdade

Finalmente! Livres! Após seis meses de cativeiro, Florence Aubenas e a Hussein Hanoun foram libertados. Hussein permanece no Iraque, com a família, e Florence já está em França. Este é um dia bom, no meio da tragédia que se desenrola há mais de um ano e meio no Iraque. E os dias bons são tão raros que devem ser muito, mas muito bem desfrutados.


sábado, junho 11, 2005

 

Vasco Gonçaves

Morreu Vasco Gonçalves. Militar. Surgiu no Movimento dos Capitães em Dezembro de 1973, numa reunião alargada da sua comissão coordenadora efectuada na Costa da Caparica. Coronel de engenharia viria a integrar a Comissão de Redacção do Programa do Movimento das Forças Armadas. Passou a ser o elemento de ligação com Costa Gomes. Elemento da Comissão Coordenadora do MFA, foi, mais tarde, primeiro ministro de sucessivos governos provisórios (II a V). Tido geralmente como pertencente ao grupo dos militares próximos do PCP, perdeu toda a sua influência na sequência dos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975. Figura controversa, não deixa, contudo, de marcar a história recente de Portugal, num dos seus períodos mais difíceis e conturbados.

 

Momento

Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, junho 10, 2005

 

A Walzinha fez anos. Parab�ns linda boneca de pano. Beijos dos seus fans lusos. Posted by Hello

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