terça-feira, maio 31, 2005
Uma medalha para este homem...já!
O "The Washington Post" confirmou hoje, na sua edição online, que Mark Felt, antigo "número dois" do FBI, é o "garganta funda", a famosa fonte anónima do jornal norte-americano no caso Watergate, que esteve na base do pedido de demissão do então Presidente dos Estados Unidos Richard Nixon, em Agosto de 1974.
Mialgia de esforço
segunda-feira, maio 30, 2005
Non!
Tony, Tony, como te entendo
DE vez em quando não resisto. Deve ser da idade. Maria Grazia Cucinnota, a diva d' O Carteiro de Pablo Neruda, aqui nos mesmos preparos em que apareceu a Tony Soprano, numa altura em que o mafioso de New Jersey andava a suspirar por uma mulher que o entendesse. E não andamos todos?
Reuniões...quem as não tem?
Numas profissões mais do que noutras sente-se este flagelo. Não digo que as reuniões não façam falta. Mas têm de ser bem planeadas, com a agenda de trabalhos bem definida. E não daquelas reuniões de onde não sai nada, a não ser uma tremenda sensação de inutilidade. Falta-nos planeamento e eficiência para que, ao fazer reuniões, sejamos, também, mais produtivos e eficazes.
Um e-mail do meu amigo Zé, serviu de catalizador para este tema que já fazia intenção de abordar ...um dia. "Como identificar, numa reunião, cada um dos elementos de uma equipa pluridisciplinar". Achei-o divertido.E partilho-o convosco.
ENGENHEIRO CIVIL
Cabelo curto, ar paternalista, prefere dirigir a reunião para que não se perca tempo; acha que só ele pode dizer como a obra pode de ser feita. É casado, dois filhos, um deles estuda arquitectura. Não toma notas da reunião porque espera pelo projecto do arquitecto para começar a trabalhar.
ARQUITECTO
Veste-se como se tivesse metade da idade e tem um corte de cabelo a condizer. Gostava de ter sido artista plástico mas teve medo de ter de viver com pouco dinheiro. Tem filhos de vários casamentos e actualmente vive só com o cão que a ultima namorada lhe deixou. Toma notas a tinta num caderno Moleskine A5.
ENGENHEIRO ELECTROTECNICO
Usa blusão e traz uma pasta. É o primeiro a falar para pedir desculpa mas tem de sair15 minutos mais cedo, para outra reunião. Pergunta, logo de imediato, se pode ter acesso ao projecto e qual o prazo para entrega da sua parte.
SOCIOLOGO
Veste bem e num estilo desportivo. É sorridente. Acha que uma reunião vem mesmo a calhar para desanuviar da tese que anda a escrever para o mestrado ou doutoramento. Tinha esperanças que o arquitecto fosse uma mulher e, preferencialmente, boazona.
GEOGRAFO
Traz duas pastas cheias de papeis e passa o tempo à procura do papel onde leu uma coisa que vinha mesmo a propósito para a reunião. Acha a reunião um mal necessário e preferia que lhe tivessem dado a oportunidade de ser ele a dirigi-la. Toma notas com uma bic nas costas de uma folha já escrita.
ARQUITECTO PAISAGISTA
É o primeiro a chegar. Tem um ar infantil e impaciente. Traz vários rolos com o projecto já acabado que foi ele que fez e que acha que integra todas as especialidades dos outros.
ENGENHEIRO DO AMBIENTE
Tem um ar de desdém e aguarda uma oportunidade para falar e colocar uma questão que vai por em causa todo o projecto.
ECONOMISTA
E o único de fato e gravata. Põe o computador portátil em cima da mesa e passa a reunião a rever o trabalho que vai entregar a tarde noutra reunião. Espera que no final possa combinar com o engenheiro um encontro que o ponha a par do que se trata.
JURISTA
É mulher, usa saltos altos e parece ter saído do cabeleireiro. Está sempre a interromper para desbobinar um constrangimento da legislação que toda a gente duvida que se aplique ao caso presente. Não percebe nem sabe responder às perguntas que lhe fazem e diz que tem de estudar o assunto.
domingo, maio 29, 2005
Vitória(s)
Parabéns ao Vitória de Setúbal
sexta-feira, maio 27, 2005
De volta...
Passou dos 40?!...Parabéns! Entrou na envelhescência...Ehehehehe...
Em cima...os amigos do Rui....em baixo...o c�o do Rui...faz de conta...Que tenhas estado a passar um dia fant�stico na companhia da tua fam�lia e amigos. Abra�o :)
Eu vim aqui propositadamente para postar um grande bolo de anivers�rio!!! Mas n�o o encontro. Queria um bolo especial que tivesse algo a ver com o Rui! Sei l�, assim todo encarnado com uma �guia no meio :) ...mas n�o encontrei! S� encontrei fatias de bolo...pois c� vai esta em homenagem ao blogger-mor. Com um brinde � amizade! Tudo de bom Rui, hoje e sempre!
Parabéns RUI
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os.
Vinicius de Moraes
"Desapareceu da casa dos seus pais..."
rui-18 anos
Originally uploaded by rui baptista.
Sei que perdi amigos, namoradas, cães, brinquedos.Manhãs de nevoeiro na Costa Nova, mergulhos na ria e partidas intermináveis de bola, cinco para cada lado, balizas pequenas, muda aos cinco e acaba aos dez.Terei muitas vezes perdido o rumo e de certeza fiz muita gente perder a paciência.Perdi beijos de língua, amassos atrás do pavilhão, desaprendi os caminhos para as ruas floridas da minha infância onde a vista era alegre e o ar rescendia a jasmim e mimosas.E nunca aprendi a dançar. Tive, tenho, terei desencontros; tive, tenho, terei momentos em que me apetece desistir, em que me apetece deixar de ser o rapazinho da fotografia.
Mas todas essas perdas são um ganho. As ausências um tesouro. Há um universo entre o que sou e o que podia ter sido, eu sei. Sou um homem imperfeito.Nunca marquei um golo no estádio da Luz.Mas não me queixo. E podia lá eu viver agora sem o calor daqueles por quem anseio, podia eu lá viver sem o sabor do cardamomo, sem a angústia da voz que tarda. Viver sem inquietação? Não, obrigado. Hoje faço anos.Alegrem-se por mim. Obrigado.
quinta-feira, maio 26, 2005
Dias Socráticos
POEMA DO DÉFICE
Um défice a caminho dos 7% mostra um país. Um défice de 7% mostra um país a caminho. Um défice em cada caminho do país. Um défice na caminha com o país.
Os políticos têm pensado que atribuir culpas aos outros e maquilhar os défices é preferível a corrigi-los. Os défices maquilhados atribuem culpas aos políticos. Os políticos maquilhados engatam o défice. O país maquilhado ainda caminha. O país, o défice e os políticos maquilharam-se em Caminha.
Não é normal que os políticos continuem a debater eternamente o valor do défice. Os políticos normais batem uma punheta enquanto debatem o défice. Os défices anormais não batem.
Apesar de Sócrates, a vida pública permanece deficitária. Apesar do défice, Sócrates existe. Apesar de Sócrates, a vida existe.
quarta-feira, maio 25, 2005
Violoncelo
De o ler em voz alta. De o ouvir...
Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...
De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...
Trémulos astros...
Soidões lacustres...
– Lemos e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!
Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
– Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
Camilo Pessanha
A versão rosa do princípio de Peter
Fernando Gomes nomeado para a Galp
arquivo cm s Fernando Gomes integra a administração da GalpEnergia |
Como música de fundo recomenda-se aquela cançãozinha de Sérgio Godinho que diz mais ou menos isto: "Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa com certeza, a mim dava-me jeito" - já agora, Gomes vai auferir 15 mil euros por mês...
terça-feira, maio 24, 2005
Comissário Guterres
Paixão encarnada
(Foto de Luís Forra, da LUSA)
Estamos em contagem decrescente para que as Feiras do Livro de Lisboa e Porto comecem! É já amanhã... MUITOS LIVROS, todos os autores, muitas editoras, descontos apelativos, sessões de autógrafos. Literatura, ensaio, poesia, ficção, banda desenhada, infanto-juvenil, livros técnicos e escolares. Animação, convidados, homenageados e um cheirinho a papel impresso no ar...tão bom!
Somo campeões...
Bela piada
segunda-feira, maio 23, 2005
Não me resta postar mais nada, com o blog nesta cor! Tal como o blogger-mor, todos os benfiquistas estão de parabéns! Eu prefiro o azul, como este céu :)
domingo, maio 22, 2005
Esplendido, carago!
Incidentes na Avenida dos Aliados
PS- Felizmente há um país inteiro para celebrar o triunfo do Benfica.
sexta-feira, maio 20, 2005
«Com estes Pensatempos se publica, pela primeira vez, em Portugal, um livro de Mia Couto que não se localiza no território da ficção literária. Esta colecção de textos reúne, sim, artigos de opinião e intervenções que o escritor Mia Couto realizou nos últimos anos, dentro e fora de Moçambique. São textos dispersos e diversos, abrangendo uma área vasta de preocupações. Em todos eles, porém, está presente não apenas o escritor mas o cidadão envolvido com os problemas do seu tempo. Nestes Pensatempos transparece a preocupação de provocar debate, sugerindo alternativas inovadoras, questionando modelos de pensamento e interrogando os lugares-comuns que aprisionam o nosso olhar perante os desafios da actualidade. O prazer já encontrado na escrita de quem se diz estar reinventando a língua portuguesa ressurge agora no gosto de pensar o nosso mundo e o nosso tempo.»
Verão Quente
Eis o centro do corpo
o nosso centro
onde os dedos escorregam devagar
e logo tornam onde nesse
centro
os dedos esfregam - correm
e voltam sem cessar
e então são os meus
já os teus dedos
e são meus dedos
já a tua boca
que vai sorvendo os lábios
dessa boca
que manipulo - conduzo
pensando em tua boca
Ardencia funda
planta em movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde
E todo o corpo
é esse movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde
E todo o corpo
é esse movimento
em torno
em volta
no centro desses lábios
que a febre toma
engrossa
e vai cedendo a pouco e pouco
nos dedos e na palma
Masturbação, Maria Teresa Horta
O dilema Manuel Monteiro
Pensamento do dia
A alegria é o alimento da alma
Produzido e arranjado pelo próprio Celso, o disco tem 10 músicas originais e mais três regravações. Uma é "Delicate" de Damien Rice, o autor de The Blowers Daughter (banda sonora do filme Closer), a outra "Don de fluir", um duo com o autor, Jorge Drexler, vencedor do Oscar de melhor canção original em 2005 e a terceira é uma versão em Português de Ronaldo Bastos para a canção "J'a vu" de Henri Salvador, o cantor nascido na Guiana Francesa há 83 anos e que tantas vezes tem sido destaque neste blog.
A cantora de Celso Fonseca é longa, mas o carioca continua praticamente desconhecido em Portugal e de certeza que não faz parte do "mainstream" brasilero. Começou por tocar e gravar com outros grandes nomes da MPB, como Milton Nascimento, Djavan, Gal Costa, Benjor, Chico Buarque, Caetano Veloso, Elza Soares, Marisa Monte, Adriana Calcanhotto ou João Bosco. Ao mesmo tempo compôs uma série de canções que fizeram um grande sucesso na voz de outros cantores, como "Sorte", gravado por Gal Costa. Em 1983 começou a colaborar com Reinaldo Bastos, e dois anos depois produziu dois discos de Vinicius Cantuária. A partir daí nunca mais parou: produziu, entre outros, Vírginia Rodrigues, a partir de 1994 lançou um conjunto de discos incontornáveis: Sorte, Paradiso, Juventude/Slow Motion, Natural, e agora Rive Gauche Rio. Felizmente, a FNAC decidiu importar todos estes disquinhos, que pela primeira vez passam a estar ao alcance do público português. A música de Celso, acreditem, vai direitinha ao coração. Para quem não acredita, fica aí em cima o tema a Origem da Felicidade, quatro minutos de suave comoção. Aproveitem. E depois digam alguma coisa.
MESMO QUE A TRISTEZA DESBOTE O SEU DIA
POR TRÁS DAS NÚVENS DO MAU TEMPO BRILHA O SOL
REMOVI O SOFRIMENTO COM A ALEGRIA
MINHA BÚSSOLA, MEU RUMO, MEU FAROL
A ALEGRIA É O ALIMENTO DA ALMA
A ALEGRIA É NOSSA GRANDE INSPIRAÇÃO
A ALEGRIA RECOMPENSA OS SACRIFÍCIOS
A ALEGRIA É SOBERANA DECISÃO
TEMPERA O TEU MEDO COM A ESPERANÇA
INCLINA ESSA BALANÇA A TEU FAVOR
A ALEGRIA É A ORIGEM DA FELICIDADE
ACREDITO QUE O SAMBA É O CRIADOR
O que este país precisa é de uma vitória do Benfica
De que precisa afinal este país? De paz, pão, habitação, saúde, educação? De um Governo melhor e de uma oposição mais criativa? De um ministro da Defesa com um maior sentido de conveniências? De um Presidente da República que fale claro? De mais fundos comunitários? De melhores programas de televisão? Se calhar precisa disto tudo ao mesmo tempo e de muito mais.
Aposto que se formos perguntar às pessoas o que elas pensam que o país precisa, as respostas serão surpreendentes. Surpreendentes e um nadinha egoístas, claro. É que a soma do interesse comum é feita de pequenas parcelas individuais. Para uns, o que este país precisa é de mais um casino em Lisboa ou que não faltem charutos cubanos nas tabacarias do Chiado. Outros, mais modestos, contentavam-se com melhores estradas, hospitais mais bem apetrechados, escolas mais seguras, livros mais baratos. É tudo uma questão de escala e de necessidades. Provavelmente, como dizia Miguel Esteves Cardoso no tempo em que os animais falavam, o que este país precisa é que toda a gente "ganhe mais cem contos por mês". É preciso muita má vontade para criticar esta evidência.
Volto a perguntar: de que precisa afinal este país? Por esta altura, os leitores mais impacientes devem estar a pensar que este país precisa mesmo é de gente que fale claro. Mas acontece que eu tenho um resposta para esta magna questão: o que este país precisa é de uma vitória do Benfica no campeonato!
Os portistas, os sportinguistas, os boavisteiros e demais adeptos de clubes (em especial do Beira-Mar, clube da minha terra) não me levem a mal, mas está em causa o interesse nacional. Apelo à vossa compreensão. Deixem lá o Benfica ganhar o campeonato (agora chama-se SuperLiga) e dar uma alegria a seis milhões de portugueses. Eles bem merecem e o Governo agradece. Quando o país vivia contagiado pelo optimismo suicida do engenheiro Guterres, era mais fácil suportar os desaires encarnados (reparem que eu escrevi encarnados e não vermelhos). A equipa arrastava-se pelos relvados, batia uma e outra vez no fundo, não tinha dinheiro para mandar cantar um cego e os seus ex-dirigentes eram presos por suspeitas de corrupção, mas havia sempre a uma luz a brilhar ao fundo do túnel. Ano após ano contratavam-se e despediam-se treinadores, montavam-se equipas-maravilha que se revelavam maravilhosas decepções, mas a malta acreditava, tinha fé em dias melhores.
Foram anos e anos de humilhações dentro e fora da Luz (lembram-se dos 7-1 em Vigo?), de eliminações na primeira ronda nas competições europeias, de dinheiro desbaratado em compra de craques que vieram a revelar-se verdadeiros "pernas-de-pau". A "Nação benfiquista" só não mergulhou numa irremediável depressão colectiva porque, tirando o futebol, a vida corria-lhe bem. Havia crédito para comprar casas e carros, dinheiro para desbaratar em férias no estrangeiro, centros comerciais para explorar ao pé da porta.
Mas agora as coisas mudaram. Para pior. O país inteiro olha com receio para o futuro. Para já, a crise é psicológica, mas ninguém duvide que vêm por aí tempos difíceis. Vêm por aí greves gerais, despedimentos, agitação social. Lendo o Orçamento de Estado para o próximo ano, alguém duvida que 2003 vai ser um ano de vacas muito muito magras?
Portanto, o que este país precisa é de uma vitória do Benfica na SuperLiga. Nem que seja por decreto-lei. Será um momento catártico, tenho a certeza. Vai estimular a economia, promover o consumo (nem que seja de sandes de couratos e cerveja) e devolver a auto-estima a muitos milhões de portugueses. O Benfica é fixe, o resto que se lixe.
(Este texto foi publicado em Maio de 2002 no PÚBLICO. Tratava-se, julgava eu, de um exercício de ironia e de auto-flagelação. Mas agora ganhou para mim um novo sentido. Espero que não traga azar para os encarnados. E agora vou acender uma velinha a Santo Expedito, o padroeiro das causas justas, urgentes e quase sempre impossíveis). RB
Exclusivos Inimigo Público
Luisão derrota défice a seis minutos do fim da legislatura
O defesa-central do Benfi ca Luisão vai reforçar a dream
team económica Governo/Banco de Portugal/Jornal
“Ocasião” recrutada expressamente para atacar o
grave problema orçamental do País. Com Pina Moura, Oliveira
Martins, Ferreira Leite e Bagão Félix fechados numa
despensa, só faltava a entrada de cabeça de Luisão para equilibrar
as contas públicas e devolver a esperança de um défi ce
real de 3% do PIB a seis minutos do fi m da legislatura. O
brasileiro afi rmou ao IP ser “um orgulho vestir a camisola da
zona euro. Enquanto for matematicamente possível, acredito
no pacto de estabilidade”. MB
Défice português vê-se da Lua
Os portugueses têm motivos para se sentirem
orgulhosos pelo défice de sete por cento. Uma
recente expedição ao espaço veio provar que o
nosso défice é a segunda obra resultante do engenho
humano a ser vista da Lua, depois da Grande Muralha
da China. “Contemplada do espaço, a Terra é magnífica,
mas via-se um buraco assustadoramente profundo numa
das províncias de Espanha”, disse ao IP o astronauta
senegalês Tuty Kyru. Porém, o que mais intrigou este
jovem explorador do espaço foi o facto do buraco estar
tapado com algumas placas de madeiras presas com pregos.
Susana Romana
AGENDA DE LUÍS NOBRE GUEDES, por José de Pina
08h30 Visitar com o Abel Pinheiro as obras da sede e agradecer-lhe o
dinheiro que ele angariou para arranjar a nossa querida sede.
09h45 Almoço de trabalho com ambientalistas no clube de golfe da Quinta
da Marinha.
10h30 Mandar despacho ao Telmo para ele assinar de forma a que o Abel
Pinheiro possa cortar sobreiros em Benavente.
11h10 Ir à missa das sete em Cascais.
12h15 Telefonar ao Telmo a dizer-lhe que amanhã lhe mandei o despacho
do abate dos sobreiros do Pinheiro para ele assinar antes de ontem.
13h30 Enviar os parabéns a Pinto da Costa e Mourinho pela conquista da
Liga dos Campeões.
14h00 Acordar e lavar os dentes com Autodril.
15h30 Jantar com o Abel Pinheiro no Enfarta Brutos para lhe garantir que o Bagão
não vai cobrar a dívida de 13 milhões de euros da Grão-Pará à Segurança
Social. Combinar fazer obras em todas as sedes distritais do CDS.
19h00 Deitar e rezar para que o Espírito Santo
proteja este seu fi el colaborador.
22h15 Tomar o pequeno-almoço e ler
as últimas sobre a vitória de
Sócrates.
22h35 Mandar o despacho de
Belmonte para o Telmo
assinar o mais tardar antes
das eleições.
23h00 Escrever o despacho a
autorizar a construção
de hotéis e habitações em
plena reserva natural em
Belmonte.
00h15 Ir ao consultório do Dr. Rui
para pedir outra receita
de Noospan. .
quinta-feira, maio 19, 2005
SOARES !!!
Mário Soares, Jornal de Notícias, 18 de Maio
NABEIRO !!!
Rui Nabeiro, Presidente da Delta, Diário de Notícias, 16 de Maio
FERNANDES !!!!
José Manuel Fernandes, PÚBLICO, 13 de Maio.
quarta-feira, maio 18, 2005
Hoje fomos todos do Sporting
Qual foi o último que visitou?
"Museus, Pontes entre Culturas” é o tema de reflexão proposto pelo ICOM este ano para a 27ª edição do Dia Internacional de Museus, celebrado no dia 18 de Maio em todo o Mundo. Estas comemorações têm vindo a evidenciar linhas de trabalho dos museus menos visíveis, mas fundamentais para assegurar a preservação e a divulgação das suas colecções e dos seus patrimónios, bem como para reforçar a aproximação dos museus à diversidade dos seus públicos. O tema proposto para 2005 – “Museus, Pontes entre Culturas” – sublinha o museu como mediador entre culturas e como lugar de encontro de culturas, porque neles conflui a pluralidade de heranças culturais dos povos. Mais informação aqui: www.ipmuseus.pt
futebol através das lentes do social
A sociologia da curva
Cientistas do social analisam a cultura dos adeptos ultra
O que dizer de um ultra? O que tem ele de tão especial que os outros adeptos não tenham? Paixão? Empenho? Fé? Ou terá ele alguma missão especial que o faça estar num estádio onde, muitas vezes, sobram as cadeiras aos milhares?
Para Salomé Marivoet, “o sentimento de pertença aos seus clubes é algo de muito sério nas suas vidas”. Há uma necessidade de militância à causa. “Daí afirmarem que o seu apoio pode ir até à morte”, explica a socióloga. Se jogasses no céu, morreríamos para te ver, diz o lema da Mancha Negra (claque da Académica de Coimbra).
Até à morte, como uma tragédia clássica. À boa maneira grega, o estádio converte-se em purgatório, onde se limpa a alma das emoções fortes do desporto e do dia-a-dia... até à jornada seguinte. “Norbert Elias, na sua teoria do processo civilizacional, perspectiva o futebol como ilha de descivilização onde se faz a catarse de impulsos recalcados no quotidiano”, esclarece Daniel Seabra, docente e investigador.
Ainda assim, entende João Nuno Coelho, “por muito que o futebol sirva de escape das tensões, isso não implica obrigatoriamente comportamentos violentos”. “Mas há uma ‘ecologia’ favorável a tal”, lembra Daniel Seabra. De facto, faz parte do jogo “uma ideia de um inimigo e de uma defesa do território”, sugere Eric Dunning, professor da Universidade de Leicester.
Por isso, agir contra os outros é agir por nós. E é esta a imagem que prevalece, muito por força das interpretações veiculadas na comunicação social. “Há uma crítica fácil de uma realidade mal conhecida, a qual nos é dada sobretudo pelos media”, diz Daniel Seabra. “Estes apresentam uma imagem parcial e incompleta, uma vez que noticiam quase sempre e apenas o que é menos frequente, precisamente a violência e o vandalismo”.
Luís Miranda in Fora de Linha, no site da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas www.fcsh.unl.pt
Um Klee para alguém que ama o mar e tem, com certeza, barcos e ilhas no olhar, nas mãos e nos sonhos. E uma metade de mail por receber. Que, mentalmente, já redigi imensas vezes, de muitas formas... logo que possa. Porque tem de ser com tempo...é urgente que seja com tempo.
"Uma Casa em Korntal". É da autoria do mestre Júlio Resende. A Única, revista do Expresso, traz na última edição, uma entrevista com o pintor de 87 anos. A entrevista de Valdemar Cruz abre assim: A obra de Goya fascina-o, mas ouvir o canto de um pássaro encanta-o. Vibrou com os fiordes da Noroega, mas foi o turbilhão da natureza brasileira a fazê-lo considerar o modo de pintar. Deu a última aula nas Belas Artes do Porto em 1986, ano em que pintou o mural Ribeira Negra». Gostei muito de ler a entrevista. Gosto muito da obra de Resende. E por falar em natureza brasileira este post é para a Wal...para que regresse depressa à nossa companhia.