quarta-feira, maio 18, 2005

 

futebol através das lentes do social

Porque hoje é dia de futebol, lembrei-me de um antropólogo, Daniel Seabra, cuja investigação que tem feito tem sido de dedicada ao futebol, do ponto de vista das Ciências Sociais, claro. O que move um mero adepto de futebol? E um ultra? Encontrei este artigo que vos deixo.

A sociologia da curva
Cientistas do social analisam a cultura dos adeptos ultra

O que dizer de um ultra? O que tem ele de tão especial que os outros adeptos não tenham? Paixão? Empenho? Fé? Ou terá ele alguma missão especial que o faça estar num estádio onde, muitas vezes, sobram as cadeiras aos milhares?
Para Salomé Marivoet, “o sentimento de pertença aos seus clubes é algo de muito sério nas suas vidas”. Há uma necessidade de militância à causa. “Daí afirmarem que o seu apoio pode ir até à morte”, explica a socióloga. Se jogasses no céu, morreríamos para te ver, diz o lema da Mancha Negra (claque da Académica de Coimbra).
Até à morte, como uma tragédia clássica. À boa maneira grega, o estádio converte-se em purgatório, onde se limpa a alma das emoções fortes do desporto e do dia-a-dia... até à jornada seguinte. “Norbert Elias, na sua teoria do processo civilizacional, perspectiva o futebol como ilha de descivilização onde se faz a catarse de impulsos recalcados no quotidiano”, esclarece Daniel Seabra, docente e investigador.
Ainda assim, entende João Nuno Coelho, “por muito que o futebol sirva de escape das tensões, isso não implica obrigatoriamente comportamentos violentos”. “Mas há uma ‘ecologia’ favorável a tal”, lembra Daniel Seabra. De facto, faz parte do jogo “uma ideia de um inimigo e de uma defesa do território”, sugere Eric Dunning, professor da Universidade de Leicester.
Por isso, agir contra os outros é agir por nós. E é esta a imagem que prevalece, muito por força das interpretações veiculadas na comunicação social. “Há uma crítica fácil de uma realidade mal conhecida, a qual nos é dada sobretudo pelos media”, diz Daniel Seabra. “Estes apresentam uma imagem parcial e incompleta, uma vez que noticiam quase sempre e apenas o que é menos frequente, precisamente a violência e o vandalismo”.

Luís Miranda in Fora de Linha, no site da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas www.fcsh.unl.pt

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