domingo, abril 30, 2006
Bénard
Agora até Vasco Pulido Valente (ver PÚBLICO de hoje) sai em defesa da continuidade de João Bénard da Costa na Cinemateca. Conclusão: é bom ter amigos. E é interessante ver o Governo contrariar num caso concreto aquilo que tem defendido como norma geral e abstracta. Parece que BÉNARD É A CINEMATECA. Pois se ele É A CINEMATECA, então deixem-no ficar no cargo. Para sempre ou até à eternidade, o que durar mais tempo.
quarta-feira, abril 26, 2006
De mal a pior
Agora começo a perceber porque é que o meu Palmeiras tem ido de mal a pior...o que é que é isso, ó Edmundo?
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sexta-feira, abril 21, 2006
Uma imagem para o fim-de-semana
terça-feira, abril 18, 2006
A ponte é uma miragem?
Repito: ter um blogue é mais barato do que fazer terapia.
Hoje acordei...
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Diz quanto custa o seu sorriso
Diz quanto custa o seu amor
Faço o que for preciso
Faço tudo que preciso for
Eu pulo do alto da torre
Só por você
E subo no topo do mundo tentando
Encontrar, seu olhar
Riqueza nem ouro eu tenho a oferecer
Só tenho no peito o tesouro guardado
Pra te dar, te amar
O que você quiser tem em mim
Tudo que há em mim eu te dou
Tudo tudo tudo, amor
Tudo tudo tudo
Citando Eduardo Prado Coelho
(EPC escreveu, finalmente, uma coisa com a qual concordo.)
A vida literária portuguesa tem sido agitada pelo lançamento do último livro de Margarida Rebelo Pinto, de nome Diário de Uma Ausência. A causa não está propriamente neste livro mais recente, mas no conjunto da obra de Margarida Rebelo Pinto, considerado a partir da obra do "crítico" João Pedro George, Couves & Alforrecas - Os segredos de Margarida Rebelo Pinto. O livro é da nova editora Objecto Cardíaco, e fico contente com um êxito que permitirá publicar coisas mais interessantes. A tese é simples: Margarida Rebelo Pinto plagia-se a si mesma. A reacção ao tom do livro foi uma providência cautelar da autora. Se a reacção é absurda e desproporcionada, se a tese é verdadeira, o livro é miseravelmente desinteressante, e João Pedro George, esse mirabolante admirador de Luís Pacheco, mostra aquilo que é: um crítico literário que o não chega a ser e que é uma verdadeira alforreca da vida cultural portuguesa. Pode-se pôr em causa a obra de Margarida Rebelo Pinto (e eu tenho-o feito implacavelmente), mas não desta maneira indigente. Caso, não chega a existir
A vida literária portuguesa tem sido agitada pelo lançamento do último livro de Margarida Rebelo Pinto, de nome Diário de Uma Ausência. A causa não está propriamente neste livro mais recente, mas no conjunto da obra de Margarida Rebelo Pinto, considerado a partir da obra do "crítico" João Pedro George, Couves & Alforrecas - Os segredos de Margarida Rebelo Pinto. O livro é da nova editora Objecto Cardíaco, e fico contente com um êxito que permitirá publicar coisas mais interessantes. A tese é simples: Margarida Rebelo Pinto plagia-se a si mesma. A reacção ao tom do livro foi uma providência cautelar da autora. Se a reacção é absurda e desproporcionada, se a tese é verdadeira, o livro é miseravelmente desinteressante, e João Pedro George, esse mirabolante admirador de Luís Pacheco, mostra aquilo que é: um crítico literário que o não chega a ser e que é uma verdadeira alforreca da vida cultural portuguesa. Pode-se pôr em causa a obra de Margarida Rebelo Pinto (e eu tenho-o feito implacavelmente), mas não desta maneira indigente. Caso, não chega a existir
Pulitzer
(Clique na imagem para aumentar)
Os jornais The Sun Herald e The Times-Picayune venceram ontem o Pulitzer de Serviço Público, o principal dos prémios mais importantes de jornalismo dos EUA. The Times-Picayune venceu ainda o prémio de breaking news e o Dallas Morning News arrecadou o prémio para fotografia de breaking news. O furacão Katrina foi o tema de todos estes trabalhos. Todd Heisler do Rocky Mountain News venceu o prémio para fotografia de reportagem, com um porfólio sobre os soldados mortos no Iraque. Esta foto mostra Katherine Cathey que, na noite antes do enterro do seu marido, pediu para dormir junto ao corpo pela última vez e adormeceu ao som de músicas de que ele gostava (Texto do PÚBLICO, que hoje faz uma bela capa com o assunto.) O portfolio completo de Todd Hesleir pode ser visto AQUI.
Os jornais The Sun Herald e The Times-Picayune venceram ontem o Pulitzer de Serviço Público, o principal dos prémios mais importantes de jornalismo dos EUA. The Times-Picayune venceu ainda o prémio de breaking news e o Dallas Morning News arrecadou o prémio para fotografia de breaking news. O furacão Katrina foi o tema de todos estes trabalhos. Todd Heisler do Rocky Mountain News venceu o prémio para fotografia de reportagem, com um porfólio sobre os soldados mortos no Iraque. Esta foto mostra Katherine Cathey que, na noite antes do enterro do seu marido, pediu para dormir junto ao corpo pela última vez e adormeceu ao som de músicas de que ele gostava (Texto do PÚBLICO, que hoje faz uma bela capa com o assunto.) O portfolio completo de Todd Hesleir pode ser visto AQUI.
sexta-feira, abril 14, 2006
Apanharam o Coelho da Páscoa
e era grande pra c....já repararam como o homem parece o Elmer Fud? Nada como recorrer a um especialista na caça aos coelhos.
quinta-feira, abril 13, 2006
Provincianismo...
A ausência de 120 dos 230 deputados da Assembleia da República inviabilizou ontem a votação de legislação por falta de quórum, apesar de a maioria ter assinado o livro de presenças no início da sessão.
Este caso insólito é profundamente ofensivo da dignidade dos portugueses, a começar pelos próprios titulares do cargo. Mas estes, pelos vistos, não se enxergam…
De resto, as desculpas e justificações mal-amanhadas proferidas imediatamente pelos representantes partidários só acentua a falta de decoro e o provincianismo da escapadela.
“Para o provincianismo há só uma terapêutica: é o saber que ele existe. O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que o não somos. O princípio da cura está na consciência da doença, o da verdade no conhecimento do erro. Quando um doido sabe que está doido, já não está doido. Estamos perto de acordar, disse Novalis, quando sonhamos que sonhamos”.
Este caso insólito é profundamente ofensivo da dignidade dos portugueses, a começar pelos próprios titulares do cargo. Mas estes, pelos vistos, não se enxergam…
De resto, as desculpas e justificações mal-amanhadas proferidas imediatamente pelos representantes partidários só acentua a falta de decoro e o provincianismo da escapadela.
“Para o provincianismo há só uma terapêutica: é o saber que ele existe. O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que o não somos. O princípio da cura está na consciência da doença, o da verdade no conhecimento do erro. Quando um doido sabe que está doido, já não está doido. Estamos perto de acordar, disse Novalis, quando sonhamos que sonhamos”.
Photograph
Amor Perfeito
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segunda-feira, abril 10, 2006
Jorge Nuno e o papagaiaio...
“Fui eu que lhe dei um papagaio chamado Porto. Logo depois de o Jorge Nuno olhar para ele o papagaio deixou de falar. Até hoje....”
Carolina Salgado, Página 7, Jornal 24 Horas de Seg, 10 Abril 2006
(Com vénia a JB)
Carolina Salgado, Página 7, Jornal 24 Horas de Seg, 10 Abril 2006
(Com vénia a JB)
domingo, abril 09, 2006
Margarida e o outro
Não sou propriamente um fã da Margarida Rebelo Pinto (MRP). Li o Não Há Coincidências numa tarde de praia no Algarve e fiquei esclarecido. É uma literatura sem calorias e eu tenho tendência para gostar mais de coisas que me moam o fígado. Mas não vejo que venha grande mal ao mundo pelo facto de as massas (50 mil pessoas é muita gente?) lerem os livros da senhora. Antes pelo contrário. Há por aí gente bem pior que se leva a sério. Dito isto, confesso não compreender o que leva alguém a escrever e publicar um livro que tenta "desmontar" a escrita da Margarida. A escritora repete conceitos, personagens, frases inteiras de romance para romance? So what?
João Pedro Jorge (JPG) lá tirou a sua casquinha da fama de MRP. Já se percebeu (e ele era incapaz de nos deixar na escuridão, como se nota nos jornais e na blogoesfera) que é muito criterioso nas leituras e que acha que em Portugal se escreve mal. Mas, com tanta gente a publicar, JPG tinha logo que se meter com MRP? Não havia mais ninguém à sua altura no recreio? Deu-lhe gozo o tempo que perdeu a elencar as idiossincrasias de uma escritora que considera medíocre?
Gabriel Alves classificaria o que JPG fez como "uma entrada ao homem". Uma entrada a varrer, a matar, perfeitamente desnecessária. Isso, JPG, não se faz a uma senhora.
João Pedro Jorge (JPG) lá tirou a sua casquinha da fama de MRP. Já se percebeu (e ele era incapaz de nos deixar na escuridão, como se nota nos jornais e na blogoesfera) que é muito criterioso nas leituras e que acha que em Portugal se escreve mal. Mas, com tanta gente a publicar, JPG tinha logo que se meter com MRP? Não havia mais ninguém à sua altura no recreio? Deu-lhe gozo o tempo que perdeu a elencar as idiossincrasias de uma escritora que considera medíocre?
Gabriel Alves classificaria o que JPG fez como "uma entrada ao homem". Uma entrada a varrer, a matar, perfeitamente desnecessária. Isso, JPG, não se faz a uma senhora.
Coisas que eu pagava para ver
1. O Benfica de novo campeão (ainda não vai ser este ano, pelo que aproveito para enviar os parabéns ao CAA do Blasfémias, lembrando, no entanto, que esta época levaram duas vezes para a tosse...)
2. O regresso dos Police (ouço o Message in a Bottle e sinto-me de repente mais magro)
3. Um porco a andar de bicicleta.
2. O regresso dos Police (ouço o Message in a Bottle e sinto-me de repente mais magro)
3. Um porco a andar de bicicleta.
sábado, abril 08, 2006
Será verdade...
...que ao intervalo do jogo Sporting-FC Porto o presidente dos dragões vai espancar algumas das suas ex-mulheres para animar a malta? Sinceramente, não acredito...
Pertinho da lua
O brasileiro Marcos Pontes foi e já está descendo do espaço. Enquanto isso, foram pra lá e não têm previsão de retorno: O Mengão, o Palloci (ex-ministro da Fazenda), o caseiro do Palloci que virou astro depois que teve o sigilo bancário quebrado, o Ronaldinho (no espaço ele perde peso), o governo do Lulinha, a minha memória...
A quem interessar possa...
A Amazônia tem duas estaçoes definidas: A Seca, que, de tão intensa, deixou muitos ribeirinhos sem água no ano passado e a cheia, que promete afogar tudo na várzea nesta época do ano. Ainda se esperam mais dois meses de chuva e alguns rios já subiram 11 metros, inundando pastos, casas e floresta. Se eu não der notícias nos próximos dias, é porque morri afogada, ou devo estar ilhada em alguma arca...rs.
Boa Páscoa?
quinta-feira, abril 06, 2006
parabéns atrasadíssimos. mas sentidíssimos.
Para o blogger-mor (já agora, as melhoras) e para toda a equipa do amor e ócio!
Para todos os que encontrei e reencontrei aqui.
Para os que conheci e para os que não conheço.
Um abraço e um muito obrigada por me deixarem cá vir..., agora, só de vez em quando. bem hajam e continuem.
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
poema: Manuel António Pina
foto: recebida por mail
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
poema: Manuel António Pina
foto: recebida por mail
terça-feira, abril 04, 2006
Intoxicação alimentar, um vírus manhoso, o diabo a quatro. Ou simplesmente olho gordo, como dizem os brasileiros. O que é certo é que os últimos dia não têm sido fáceis. O meu organismo está mais revoltado do que um estudante francês confontado com o CPE. Nos últimos dias passei grande parte do tempo sentado no trono ou a vomitar. Duas imagens agradáveis, eu sei. Agora imaginem como eu me sinto. Isso mesmo: na merda.
Já sei que a tentação das leitoras que por aqui passam é a de dizer que todos os homens são uns mariquinhas quando estão doentes. E de alguns leitores amigos da onça também. Mas isto de estar doentinho (e uso o diminutivo porque é mesmo disso que se trata, felizmente) é chato. Apetece chamar pela mãe, pedir uma canja de galinha e reler a colecção inteira do Tintim. Há uma regressão. Física e intelectual. Já dei por mim nestes dias a rever o Verão Azul e a folhear os livros antigos do Noddy, que embora politicamente incorrectos têm muito mais piada do que as versões sem sal nem pimenta que por aí andam agora.
Agora desculpem lá, mas estou a sentir o apelo irresistível da Mãe Natureza. Outra vez. Quando isto passar eu volto.
Já sei que a tentação das leitoras que por aqui passam é a de dizer que todos os homens são uns mariquinhas quando estão doentes. E de alguns leitores amigos da onça também. Mas isto de estar doentinho (e uso o diminutivo porque é mesmo disso que se trata, felizmente) é chato. Apetece chamar pela mãe, pedir uma canja de galinha e reler a colecção inteira do Tintim. Há uma regressão. Física e intelectual. Já dei por mim nestes dias a rever o Verão Azul e a folhear os livros antigos do Noddy, que embora politicamente incorrectos têm muito mais piada do que as versões sem sal nem pimenta que por aí andam agora.
Agora desculpem lá, mas estou a sentir o apelo irresistível da Mãe Natureza. Outra vez. Quando isto passar eu volto.
segunda-feira, abril 03, 2006
Mário VIegas
Completaram-se no dia 1 de Abril dez anos sobre a morte de Mário Viegas. Tive a oportunidade de lhe fazer a última grande entrevista. Poucos dias antes da sua morte esteve em Aveiro a apresentar o seu manifesto de candidatura à Presidência da República. Foi no programa Sociedade Anónima (Hélder Castanheira, Rui Baptista e Victor Mangerão). Nesse dia só estive eu e o Victor. O Rui estava de serviço no Porto. Foi uma experiência única. Guardo com emoção o manifesto “comentado” pelo Mário Viegas (O Sonho ao Poder), os apontamentos e as notas que ia tirando ao longo do programa e a poesia deslumbrante que leu, numa folha arrancada de um livro que lhe levei.
«Mário Viegas era um poeta, um homem que dizia poesia de uma forma admirável. Era um grande actor e encenador e teve sempre uma liberdade de espírito e um poder criativo extraordinário. Quem não se lembra da espantosa criação, continuamente renovada, que foi o espectáculo "Europa Não! Portugal Nunca"? Mário Viegas sempre deu o seu testemunho sobre a vida social e política e, além de criador, foi um homem muito inserido no seu tempo, que deixa uma grande obra.» (Dr. Jorge Sampaio, Presidente da República, citado in "A Capital", 1 de Abril de 1996).
Discípulo da escola brechtiana de teatro vivo e actuante, Mário Viegas fez tudo o que de melhor se pode fazer nas artes de palco. Sem claudicar. Mais do que «apenas um actor de teatro», como gostava de se definir, foi um interveniente, um recriador de palavras. Vinícius de Morais comoveu-se até ao arrepio quando ouviu a sua interpretação de "Trópico de Cancer", Almada Negreiros morreu sem imaginar que o seu "Manifesto Anti-Dantas" havia de renascer um dia com tanto vigor, Mário-Henrique Leiria deve boa parte da popularidade que alcançou postumamente ao talento deste Mário Viegas que um dia trocou Santarém pela grande cidade e tornou-se no maior actor da sua geração.
Mário Viegas, um «homem da palavra e de palavra» (Frei Bento Domingues, citado in "Público", 3 de Abril de 1996), ficará recordado pelo «seu exemplo de homem livre e insubmisso, o seu amor à cultura, à poesia, ao teatro e ao cinema, a qualidade e a inteligência do seu humor» (Presidente da República, citado in "Semanário, 4 de Abril de 1996). «Impetuoso, rebelde, com o gosto da provocação, se alguém fosse redutível a palavra, excesso seria talvez a mais adequada a uma tentativa de definir Mário Viegas» (Elisabete França, "Diário de Notícias, 2 de Abril de 1996).
Desconcertante até na morte, partiu a 1 de Abril de 1996, dia das mentiras, com 47 anos, deixando aparvalhados os amigos e a legião de admiradores do seu talento e da sua verticalidade. Como herança, deixou a sua memória de uma arte que reinventou com invulgar mestria de cada vez que subiu ao palco. Fosse na pele de "D. João V", de "Baal", ou "A Espera de Godot", no cinema onde criou o memorável "Kilas", fosse ainda como divulgador de poesia, onde teve um papel só comparável ao de João Villaret, deixando disso testemunho em mais de uma dúzia de registos discográficos e em duas séries de programas de televisão que deram a conhecer também o grande humorista que sempre foi: total, radical, verdadeiro, absoluto. A doer, como a vida…
«Mário Viegas era um poeta, um homem que dizia poesia de uma forma admirável. Era um grande actor e encenador e teve sempre uma liberdade de espírito e um poder criativo extraordinário. Quem não se lembra da espantosa criação, continuamente renovada, que foi o espectáculo "Europa Não! Portugal Nunca"? Mário Viegas sempre deu o seu testemunho sobre a vida social e política e, além de criador, foi um homem muito inserido no seu tempo, que deixa uma grande obra.» (Dr. Jorge Sampaio, Presidente da República, citado in "A Capital", 1 de Abril de 1996).
Discípulo da escola brechtiana de teatro vivo e actuante, Mário Viegas fez tudo o que de melhor se pode fazer nas artes de palco. Sem claudicar. Mais do que «apenas um actor de teatro», como gostava de se definir, foi um interveniente, um recriador de palavras. Vinícius de Morais comoveu-se até ao arrepio quando ouviu a sua interpretação de "Trópico de Cancer", Almada Negreiros morreu sem imaginar que o seu "Manifesto Anti-Dantas" havia de renascer um dia com tanto vigor, Mário-Henrique Leiria deve boa parte da popularidade que alcançou postumamente ao talento deste Mário Viegas que um dia trocou Santarém pela grande cidade e tornou-se no maior actor da sua geração.
Mário Viegas, um «homem da palavra e de palavra» (Frei Bento Domingues, citado in "Público", 3 de Abril de 1996), ficará recordado pelo «seu exemplo de homem livre e insubmisso, o seu amor à cultura, à poesia, ao teatro e ao cinema, a qualidade e a inteligência do seu humor» (Presidente da República, citado in "Semanário, 4 de Abril de 1996). «Impetuoso, rebelde, com o gosto da provocação, se alguém fosse redutível a palavra, excesso seria talvez a mais adequada a uma tentativa de definir Mário Viegas» (Elisabete França, "Diário de Notícias, 2 de Abril de 1996).
Desconcertante até na morte, partiu a 1 de Abril de 1996, dia das mentiras, com 47 anos, deixando aparvalhados os amigos e a legião de admiradores do seu talento e da sua verticalidade. Como herança, deixou a sua memória de uma arte que reinventou com invulgar mestria de cada vez que subiu ao palco. Fosse na pele de "D. João V", de "Baal", ou "A Espera de Godot", no cinema onde criou o memorável "Kilas", fosse ainda como divulgador de poesia, onde teve um papel só comparável ao de João Villaret, deixando disso testemunho em mais de uma dúzia de registos discográficos e em duas séries de programas de televisão que deram a conhecer também o grande humorista que sempre foi: total, radical, verdadeiro, absoluto. A doer, como a vida…