domingo, dezembro 31, 2006

 

Receita de Ano Novo

Carlos Dummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.





 

Saddam Hussein video

Para amantes da barbárie. Aqui fica o link para a execução de Sadam Hussein. A América o criou, a América o matou.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

 

LUIZ PACHECO NUM DIA MAIS PACHORRENTO...

...

Mulher não queiras sabida
nem com vício desusado,
que podes perder a vida
na estafa de dar ao rabo.
...

domingo, dezembro 24, 2006

 

QUANDO ESTÁ FRIO

Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência das coisas
O natural é o agradável só por ser natural.
Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno -
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no facto de aceitar -
No facto sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.
Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida?
O Inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto do Verão
E o frio da terra no cimo do Inverno.
Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
Que fosse qualquer coisa que não fosse o Mundo.

Alberto Caeiro

 


sábado, dezembro 23, 2006

 

Diogo Mainardi

PORCENTAGENS LULISTAS
23.12, 11h28
por Diogo Mainardi, na VEJA

Se Lula é o povo e o povo é Lula, é bom saber como pensa o povo. Alguns dias atrás, o Ibope divulgou que 71% dos brasileiros aprovavam Lula. Os lulistas comemoraram o resultado. Em dezembro de 1998, 58% dos brasileiros aprovavam Fernando Henrique Cardoso. O povo aprova o presidente. Quem quer que ele seja.

Outra pesquisa do Ibope indicou que 75% dos brasileiros podem ser considerados analfabetos, demonstrando incapacidade para compreender um enunciado simples. Na pesquisa anterior, o porcentual era ligeiramente maior: 76%. A escrita foi introduzida no Brasil há mais de 500 anos. Logo conseguiremos dominá-la.

Ao mesmo tempo em que 75% dos brasileiros podem ser considerados analfabetos, 84% declararam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a qualidade do ensino público. 75% dos pais e alunos pediram apenas uma mudança no currículo escolar: o ensinamento do criacionismo no lugar do darwinismo.

O Ibope mostrou também que 96% dos brasileiros desconheciam o significado do termo holocausto. 37% declararam repudiar a idéia de ter um vizinho judeu. O número só foi inferior aos que disseram repudiar a idéia de ter um vizinho cigano – 51%.

Indagados sobre o meio de transporte mais seguro, 51% dos brasileiros escolheram o ônibus. Segundo uma pesquisa do SOS Estradas, os acidentes com ônibus matam cerca de 2.400 pessoas por ano no Brasil.

82% dos eleitores manifestaram seu descontentamento com a democracia. A maior parte deles se encontrava no Nordeste, nas camadas de menor escolaridade e renda.

De acordo com os dados do Ibope, 83% dos brasileiros se consideraram satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida. O número é duas vezes maior do que o total de pessoas atendidas pela rede de esgoto – 40%. Há felicidade sem esgoto.

Uma pesquisa realizada entre os leitores de Época elegeu Chico Xavier como o maior brasileiro de todos os tempos.

Pela primeira vez em catorze anos, aumentou o trabalho infantil no Brasil. Segundo a mais recente pesquisa do Pnad, o total de crianças empregadas passou de 7,33% em 2004 para 7,8% em 2005. Ignora-se se elas estavam entre os 89% de brasileiros otimistas ou muito otimistas quanto a 2007.

Lula é o povo. O povo é Lula. Os lulistas recomendam que a imprensa siga o povo. Seguindo o povo, ela seguirá Lula. O lulista Bernardo Kucinski argumentou: "Os colunistas se engajaram ativamente na campanha contra Lula. Isso é um fato. Lula foi eleito por ampla maioria. É outro fato. E os dois fatos apontam para um descolamento dos colunistas em relação ao sentimento da maioria da população".

Nestes tempos de lulismo, estou cada dia mais incapaz de entender um enunciado simples.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

 

O NATAL É O NATAL

Boas Festas. Nesta época também se comemora os 40 anos dos "5 MINUTOS DE JAZZ". Por isso saúdo o Natal com um poema (colheita dos anos 80...) do nosso amigo José Duarte. Aproveito para desejar um grande 2007 com muito Swing.

O Natal no centro comercial em decúbito dorsal.
O Natal colegial é ilegal, é sobrenatural.
O Natal no Bombarral e a porta da farmácia Barral.
O Natal dum casal na presença do Cunhal.
O Natal no Faial, capital do Funchal.
O Natal de missa e a ceia no Ginjal.
O Natal, o vil metal e o triplo salto mortal.
O Natal fiscal mais o Quental a ler um texto papal.
O Natal liceal no Marquês de Pombal.
O Natal com um pardal e um pedal.
Fundamental.
O Natal etc. e tal.
O Natal por Arrabal e um general já marechal.
O Natal da Vitória Principal não é em Vila Real.
O Natal do Freitas, do Amaral e da pia.
A baptismal.
O Natal sensual e 22 de tensão arterial.
O Natal em diagonal, táctica do Sporting Clube de Portugal.
O Natal por edital e um banal enxoval… feudal.
O Natal da Compal extracção dum queixal.
O Natal constitucional passa pela revisão mensual.
O Natal de Álvares Cabral, bem bonito, por sinal.
O Natal oficial foi num curral.
Muito formal.
O Natal tal e qual.
O Natal do queijo Rabaçal e da menina do Sardoal.
O Natal normal, embora oval, e 1000 de código postal.
O Natal, o adolescente Pascoal e o jejum pascal.
O Natal sensacional usa avental. Dois tremoços e uma imperial.
O Natal experimental é consoante a vogal.
O Natal paroquial. Está lá ? É da Sé Patriarcal ?
O Natal no Senegal e o Bocage em Setúbal.
O Natal oriental distingue-se do ocidental por 2 vírgula tal.
O Natal é o Natal. Se não for a bem vai a mal.

 

Notas soltas

1- Por causa da minha infame hérnia discal tenho andado afastado deste blogue. Por causa disso e também por causa do meu novo laptop, uma mariquice tão pequenina que os meus grossos dedos de rapagão nutrido (186 centímetros de erecto esplendor) estão sempre a resvalar nas teclas...
2- Algumas almas sabem que, por contigências da vida, comecei a trabalhar em Lisboa no início deste mês. É sem sinal de pedantismo que o digo: deixem-me em Bombaim, Salvador, Rio ou Sampa, até em Nova Iorque ou Londres e eu encontro on caminho de casa num piscar de olhos. Deixem-me no Chiado e eu transformo-me numa versão despigmentada e menos talentosa do Stevie Wonder. Lisboa teve sempre esta capacidade de me desorientar. Para corrigir a situação comprei um GPS. O fim desta história adivinha-se: fui assaltado. Partiram-me o vidro do carro para roubarem o brinquedo. Assaltado como um bom matarruano que desceu à capital. Depois do roubo, depois de horas perdidas na Segunda Circular (mas onde raio fica a primeira circular?), depois de uma passagem pelas urgências de um gigantesco hospital público, já posso dizer com orgulho: sou um verdadeiro lisboeta. Ou estou a caminho diso.
3- A blogoesfera derrama-se em balanços do ano. SE calhar também vou alinhar duas ou três frases. Mas agora vou apanhar uma injecção, que isto de ter uma hérnia é coisa que nos rouba muito tempo. I'll be back.

domingo, dezembro 17, 2006

 

Uma "private joke"....

...pública. Uma contradição de termos? Talvez. Mas, para já proponho que cliquem sobre a bela Juliana Paes. É que a menina tem uma tatuagem nova. É só esperar um bocadinho enquanto o filme é carregado. Have fun!




 

Mudanças



Bowie, David Bowie. Paixão antiga. Canção antiga que resume o que se passa na minha vida por estes dias. Changes.

sábado, dezembro 16, 2006

 

GIL LUMINOSO

Gilberto Gil - músico e Ministro de Estado e da Cultura do Brasil -, recebeu ontem, na Universidade de Aveiro o titulo de Doutor Honoris Causa. À noite, no Grande Auditório da Reitoria, brindou-nos com um concerto absolutamente inesquecível: intimista, poético, estético.
Gil sempre revelou o seu grande interesse pelas novas ideias, o que o levou a estar, entre outros, na génese do movimento tropicália. Mas o tropicalismo não é apenas um fenómeno musical. É, sem dúvida, uma procura de formas alternativas de composição que se traduzem, por exemplo, na fusão com elementos da música africana, do jazz, do pop-rock de expressão anglófona… “Aí eu vou misturar / Miami com Copacabana / chicletes eu misturo com banana” escreveu, muito apropriadamente Gilberto Gil numa das suas canções.
Todavia, não sendo um movimento organizado, o tropicalismo constituiu-se num riquíssimo manancial de experiências culturais: integrando tradição revisitada e cosmopolitismo nos processos de criação artística; dando atenção às influências do exterior mas mantendo uma grande sensibilidade pelas coisas do Brasil; incorporando uma grande preocupação pelos problemas sociais e aliando-a a inconformismo politico; agregando uma crescente onda de adesão popular que foi resolvendo o dualismo entre arte participante e arte alienada; consolidando, através das linguagens originais criadas e de uma nova estética, a autonomia da canção brasileira enquanto objecto verdadeiramente artístico.
As opções, as experiências, os desafios assumidos por Gil, em vários contextos de vida, são grandes lições. O homem e a sua circunstância estão nele, todo. Gilberto Gil “(veio) da Baía e um dia (volta) para lá”. Mas entretanto fez um grande caminho. Como diz a canção: “O (seu) trilho é feito um brilho que não tem fim”.

 

Voltei...


terça-feira, dezembro 12, 2006

 

É obra...

“Ainda não há qualquer investigação em curso relacionada com as denúncias que constam da obra literária, mas sem dúvida que o livro será atentamente lido por responsáveis do DCIAP”

in 24 horas, 10 de Novembro

 

Eu, Madalena...

A ex-companheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado, pediu o estatuto de arrependida para colaborar com a justiça no processo Apito Dourado, avança a edição de hoje do "Correio da Manhã".
O bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, esclareceu hoje que a legislação portuguesa não contempla a figura do arrependimento mas apenas a concessão de benefícios (na maioria dos casos por redução de pena) aos arguidos cuja colaboração for considerada essencial para a resolução do processo.

 

Consultor Sentimental

"Os casais quando se desentendem normalmente dizem coisas que talvez não devessem ser ditas", afirmou Valentim Loureiro, à saída das instalações do tribunal de Gondomar. "É sempre desagradável ver pessoas desavindas na praça pública a atingirem-se, como é o caso", disse.

 

Ela Carolina...

Eu Pinto... "É tão absurdo que nem desminto... não é necessário. No tribunal falarei e direi tudo".

sábado, dezembro 02, 2006

 

«não sei responder bem» !!!

"Minhas senhoras e meus senhores, eis Luís Filipe Menezes." E, em apoteose, ao som da Marcha do Triunfo, suporte musical do filme Guerra das Estrelas, o presidente da Câmara de Gaia entra no pavilhão vitoriado por três mil comensais agitando bandeirinhas com os dizeres: "Portugal merece melhor."
Para quê o almoço? Perguntou-lhe o filho João. "Não sei responder bem". Todavia, com tanta gente à mesa "é porque há uma ideia"
Filipe Menezes está persuadido que, daqui a um ano, o clima gerado no almoço de ontem poderá pontificar em todo o País. Com esta ressalva: "Não para derrubar o Governo, nem fazer oposição trauliteira."
Alguém consegue explicar ao João ???

sexta-feira, dezembro 01, 2006

 

Desculpem...ando um bocado mareado.

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