sábado, dezembro 16, 2006

 

GIL LUMINOSO

Gilberto Gil - músico e Ministro de Estado e da Cultura do Brasil -, recebeu ontem, na Universidade de Aveiro o titulo de Doutor Honoris Causa. À noite, no Grande Auditório da Reitoria, brindou-nos com um concerto absolutamente inesquecível: intimista, poético, estético.
Gil sempre revelou o seu grande interesse pelas novas ideias, o que o levou a estar, entre outros, na génese do movimento tropicália. Mas o tropicalismo não é apenas um fenómeno musical. É, sem dúvida, uma procura de formas alternativas de composição que se traduzem, por exemplo, na fusão com elementos da música africana, do jazz, do pop-rock de expressão anglófona… “Aí eu vou misturar / Miami com Copacabana / chicletes eu misturo com banana” escreveu, muito apropriadamente Gilberto Gil numa das suas canções.
Todavia, não sendo um movimento organizado, o tropicalismo constituiu-se num riquíssimo manancial de experiências culturais: integrando tradição revisitada e cosmopolitismo nos processos de criação artística; dando atenção às influências do exterior mas mantendo uma grande sensibilidade pelas coisas do Brasil; incorporando uma grande preocupação pelos problemas sociais e aliando-a a inconformismo politico; agregando uma crescente onda de adesão popular que foi resolvendo o dualismo entre arte participante e arte alienada; consolidando, através das linguagens originais criadas e de uma nova estética, a autonomia da canção brasileira enquanto objecto verdadeiramente artístico.
As opções, as experiências, os desafios assumidos por Gil, em vários contextos de vida, são grandes lições. O homem e a sua circunstância estão nele, todo. Gilberto Gil “(veio) da Baía e um dia (volta) para lá”. Mas entretanto fez um grande caminho. Como diz a canção: “O (seu) trilho é feito um brilho que não tem fim”.

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