sexta-feira, agosto 07, 2009
sábado, março 22, 2008
Mudámos de casa
AGORA ESTAMOS AQUI, no AMOR e ÓCIO II. Clique no link para ser reencaminhado.
Bem, bem, dizer que mudámos de casa talvez seja um exagero. Afinal, continuamos no blogger. Mudámos foi de divisão. A partir de agora estamos AQUI (link) no Amor e Ócio II. Eu e o Hélder, porque as miúdas foram ficando pelo caminho. O blogue fica mais leve, perde os hífens que irritavam tantos, e talvez tenha uma segunda vida. Talvez. Vão lá visitar-nos, pf.
Bem, bem, dizer que mudámos de casa talvez seja um exagero. Afinal, continuamos no blogger. Mudámos foi de divisão. A partir de agora estamos AQUI (link) no Amor e Ócio II. Eu e o Hélder, porque as miúdas foram ficando pelo caminho. O blogue fica mais leve, perde os hífens que irritavam tantos, e talvez tenha uma segunda vida. Talvez. Vão lá visitar-nos, pf.
Marcadores: Ciao. Olá.
terça-feira, fevereiro 12, 2008
Às vezes bate uma saudade
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
Vieira: Do Império do Verbo ao Verbo com Império
As comemorações oficiais do quarto centenário do nascimento do padre António Vieira arrancam esta quarta-feira com uma conferência do ensaísta Eduardo Lourenço, intitulada «Do Império do Verbo ao Verbo como Império».
O «Imperador da Língua Portuguesa», como lhe chamou Fernando Pessoa, nasceu em Lisboa no dia 06 de Fevereiro de 1606. Ao longo de 89 anos, o padre António Vieira atravessou sete vezes o oceano Atlântico e percorreu milhares de quilómetros no Brasil, onde faleceu. Missionário e diplomata, é também considerado um percursor da defesa dos direitos humanos.
Deixou uma obra literária composta por 200 sermões, 700 cartas, tratados proféticos e dezenas de escritos filosóficos, teológicos, espirituais, políticos e sociais.
Homem viajado, espírito europeu, não quis ser, como os seus compatriotas, um cafre da Europa, - era assim que lá fora chamavam aos Portugueses. Jogou a sua liberdade e até a sua vida ao serviço dessas ideias. É certo que a defesa que fazia dos oprimidos não seria inteiramente desinteressada; mas pôs por vezes nela tal convicção, tão generoso entusiasmo, que nos persuade saber conciliar os seus interesses de jesuíta com os da verdade. Vieira cria na virtude da educação - até nisso é moderno e se eleva acima do seu tempo. O índio boçal do sertão brasileiro poderia, através da cultura, ascender a alto nível espiritual. Demonstrou-o numa comparação famosa: a pedra informe que o estatuário arrancou da montanha, uma vez afeiçoada, pode dar uma imagem bela e até um santo do altar. A educação e a cultura poderiam pois corrigir a própria natureza.
Onde Vieira igualmente se assume como homem moderno é nos acesos debates para justificar a sua tese do Quinto Império. Considerou a propósito que o tempo era a chave das profecias, querendo com isso significar que em nenhum ramo do conhecimento humano o saber nos é dado de uma vez por todas. Pelo contrário, requeria-se a experiência que era filha do tempo bem como a crescente solidariedade entre os vários ramos do conhecimento, razão por que os modernos eram mais sabedores que os antigos, aceitando inclusive a célebre frase de S. Bernardo de Chartres para dizer que se considerava um anão aos ombros de um gigante, anão que nem por isso deixava de ver mais longe.
Também a este processo do conhecimento aplicou as grandes metáforas da cultura barroca. De facto, a verdade em si própria era uma e una, não estando sujeita às oscilações do tempo, mas o mesmo não acontecia com os sucessivos graus de conhecimento que dela vamos possuindo em aprofundamento progressivo. A verdade descobre-se lentamente, num processo repleto de obscuridades, onde o final se não vislumbra logo desde o início, em que a cada passo o entendimento fica em estado de suspensão, e expectante do desenrolar do enredo, «encubrindo-se de indústria o fim da história, sem que se possa entender onde irá parar, senão quando já vai chegando e se descobre subitamente entre a expectação e o aplauso».
O «Imperador da Língua Portuguesa», como lhe chamou Fernando Pessoa, nasceu em Lisboa no dia 06 de Fevereiro de 1606. Ao longo de 89 anos, o padre António Vieira atravessou sete vezes o oceano Atlântico e percorreu milhares de quilómetros no Brasil, onde faleceu. Missionário e diplomata, é também considerado um percursor da defesa dos direitos humanos.
Deixou uma obra literária composta por 200 sermões, 700 cartas, tratados proféticos e dezenas de escritos filosóficos, teológicos, espirituais, políticos e sociais.
Homem viajado, espírito europeu, não quis ser, como os seus compatriotas, um cafre da Europa, - era assim que lá fora chamavam aos Portugueses. Jogou a sua liberdade e até a sua vida ao serviço dessas ideias. É certo que a defesa que fazia dos oprimidos não seria inteiramente desinteressada; mas pôs por vezes nela tal convicção, tão generoso entusiasmo, que nos persuade saber conciliar os seus interesses de jesuíta com os da verdade. Vieira cria na virtude da educação - até nisso é moderno e se eleva acima do seu tempo. O índio boçal do sertão brasileiro poderia, através da cultura, ascender a alto nível espiritual. Demonstrou-o numa comparação famosa: a pedra informe que o estatuário arrancou da montanha, uma vez afeiçoada, pode dar uma imagem bela e até um santo do altar. A educação e a cultura poderiam pois corrigir a própria natureza.
Onde Vieira igualmente se assume como homem moderno é nos acesos debates para justificar a sua tese do Quinto Império. Considerou a propósito que o tempo era a chave das profecias, querendo com isso significar que em nenhum ramo do conhecimento humano o saber nos é dado de uma vez por todas. Pelo contrário, requeria-se a experiência que era filha do tempo bem como a crescente solidariedade entre os vários ramos do conhecimento, razão por que os modernos eram mais sabedores que os antigos, aceitando inclusive a célebre frase de S. Bernardo de Chartres para dizer que se considerava um anão aos ombros de um gigante, anão que nem por isso deixava de ver mais longe.
Também a este processo do conhecimento aplicou as grandes metáforas da cultura barroca. De facto, a verdade em si própria era uma e una, não estando sujeita às oscilações do tempo, mas o mesmo não acontecia com os sucessivos graus de conhecimento que dela vamos possuindo em aprofundamento progressivo. A verdade descobre-se lentamente, num processo repleto de obscuridades, onde o final se não vislumbra logo desde o início, em que a cada passo o entendimento fica em estado de suspensão, e expectante do desenrolar do enredo, «encubrindo-se de indústria o fim da história, sem que se possa entender onde irá parar, senão quando já vai chegando e se descobre subitamente entre a expectação e o aplauso».
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
REPÚBLICA
«A I República teve defeitos, mas teve, pelo menos, um grande exemplo: grandes republicanos, que assumiram as suas posições políticas, todos morreram pobres.»
Mário Soares,in PUBLICO, 30 de Janeiro
Mário Soares,in PUBLICO, 30 de Janeiro
quarta-feira, janeiro 30, 2008
Tinóni
quinta-feira, janeiro 24, 2008
"A ORDEM DO MAL"
Gonçalo M. Tavares, autor de livros como «Jerusalém» e «Aprender a rezar na Era da Técnica» estará Sábado, dia 26 de Janeiro, na Universidade de Aveiro. Às 15h00, no auditório da livraria da Universidade, o escritor vai apresentar o seu mais recente romance, intitulado «Aprender a rezar na Era da Técnica».
Gonçalo M. Tavares é o autor de várias obras em diversos géneros (romance, poesia, teatro, ficção infanto-juvenil). Foi em 2001 que teve lugar a primeira publicação de um livro da sua autoria, um de muitos escritos há vários anos. Desde essa altura, a sua genialidade escrita foi amplamente reconhecida e tem por isso sido vencedor de vários prémios literários importantes: Prémio Branquinho da Fonseca, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Jornal Expresso, Prémio Revelação de Poesia, da Associação Portuguesa de Escritores, e ainda o Prémio Literário José Saramago. Em 2007, recebeu o Prémio Portugal Telecom de Literatura, o maior prémio literário em língua portuguesa do Brasil.
«Aprender a rezar na Era da Técnica» é o quarto livro de uma tetratologia precedida de «Klaus Klump», «A Máquina de Joseph Walser» e «Jerusalém».
Habituados que estamos a pensar a técnica como meio fundamental da redução niilista e a raciocinar apartir da oposição entre Natureza e Cultura, temos uma certa dificuldade em desembaraçarmo-nos de humanismos, teologismos, biologismos primitivos e continuarmos a protestar contra tudo o que não é a favor do homem, do espírito e da Natureza.
É a história de um médico, Lenz Buchamann, que a certa altura decide trocar a medicina pela política e aborda o contraste entre as ambições políticas e as fraquezas do corpo.
"O que há são criaturas que se encontram em situação de total ilegalidade ontológica."
Para além da apresentação desta obra, Gonçalo M. Tavares será também o orador da conferência intitulada «Linguagem e imaginação», que terá inicio às 10h00, no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa.
A entrada para ambas as sessões é livre
Gonçalo M. Tavares é o autor de várias obras em diversos géneros (romance, poesia, teatro, ficção infanto-juvenil). Foi em 2001 que teve lugar a primeira publicação de um livro da sua autoria, um de muitos escritos há vários anos. Desde essa altura, a sua genialidade escrita foi amplamente reconhecida e tem por isso sido vencedor de vários prémios literários importantes: Prémio Branquinho da Fonseca, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Jornal Expresso, Prémio Revelação de Poesia, da Associação Portuguesa de Escritores, e ainda o Prémio Literário José Saramago. Em 2007, recebeu o Prémio Portugal Telecom de Literatura, o maior prémio literário em língua portuguesa do Brasil.
«Aprender a rezar na Era da Técnica» é o quarto livro de uma tetratologia precedida de «Klaus Klump», «A Máquina de Joseph Walser» e «Jerusalém».
Habituados que estamos a pensar a técnica como meio fundamental da redução niilista e a raciocinar apartir da oposição entre Natureza e Cultura, temos uma certa dificuldade em desembaraçarmo-nos de humanismos, teologismos, biologismos primitivos e continuarmos a protestar contra tudo o que não é a favor do homem, do espírito e da Natureza.
É a história de um médico, Lenz Buchamann, que a certa altura decide trocar a medicina pela política e aborda o contraste entre as ambições políticas e as fraquezas do corpo.
"O que há são criaturas que se encontram em situação de total ilegalidade ontológica."
Para além da apresentação desta obra, Gonçalo M. Tavares será também o orador da conferência intitulada «Linguagem e imaginação», que terá inicio às 10h00, no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa.
A entrada para ambas as sessões é livre
sexta-feira, dezembro 28, 2007
Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? Passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? Passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de Janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
domingo, novembro 25, 2007
Ai, rapazinho, que só dizes disparates...
Deixem-me rir. Mas o líder da JC, que precisa claramente de regressar aos bancos da escola, até tem razão numa coisa: o pobre Bernardino Soares já nasceu velho.
Lisboa, 25 Nov - O líder da Juventude Centrista apontou hoje o presidente do Grupo Parlamentar do PCP, Bernardino Soares, como um dos principais protagonistas dos "distúrbios revolucionários" do "Verão Quente" de 1975, altura em que tinha apenas quatro anos.
No almoço do CDS-PP que assinalou o aniversário da operação militar do 25 de Novembro de 1975, na Amadora, Pedro Moutinho disse ser preciso "apontar com frontalidade" alguns dos principais responsáveis por actos como os "sequestros e incêndios às sedes do CDS-PP logo após a revolução de Abril de 1974 e que continuam hoje no activo".
"Falo do actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que mais tarde se renderia às virtudes do capitalismo. Falo também das bombas das FP 25 de Abril e políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares", disse.
Segundo os registos da Assembleia da República, o actual líder parlamentar do PCP, Bernardino José Torrão Soares, nasceu no dia 15 de Setembro de 1971, tendo por isso quatro anos quando se deu o 25 de Novembro de 1975.
Já em relação às Forças Populares 25 de Abril - organização citada pelo líder da JC como estando na mesma linha política do Movimento das Forças Armadas -, não consta nenhum registo de que tenham actuado em 1975.
Esta organização conotada com a extrema-esquerda terá sido formalmente fundada em 1980 (no período do primeiro Governo da Aliança Democrática, liderado por Francisco Sá Carneiro), ano em que começou a desenvolver a sua actividad
Lisboa, 25 Nov - O líder da Juventude Centrista apontou hoje o presidente do Grupo Parlamentar do PCP, Bernardino Soares, como um dos principais protagonistas dos "distúrbios revolucionários" do "Verão Quente" de 1975, altura em que tinha apenas quatro anos.
No almoço do CDS-PP que assinalou o aniversário da operação militar do 25 de Novembro de 1975, na Amadora, Pedro Moutinho disse ser preciso "apontar com frontalidade" alguns dos principais responsáveis por actos como os "sequestros e incêndios às sedes do CDS-PP logo após a revolução de Abril de 1974 e que continuam hoje no activo".
"Falo do actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que mais tarde se renderia às virtudes do capitalismo. Falo também das bombas das FP 25 de Abril e políticos actuais como Francisco Louçã, Luís Fazenda, Jerónimo de Sousa, Odete Santos e Bernardino Soares", disse.
Segundo os registos da Assembleia da República, o actual líder parlamentar do PCP, Bernardino José Torrão Soares, nasceu no dia 15 de Setembro de 1971, tendo por isso quatro anos quando se deu o 25 de Novembro de 1975.
Já em relação às Forças Populares 25 de Abril - organização citada pelo líder da JC como estando na mesma linha política do Movimento das Forças Armadas -, não consta nenhum registo de que tenham actuado em 1975.
Esta organização conotada com a extrema-esquerda terá sido formalmente fundada em 1980 (no período do primeiro Governo da Aliança Democrática, liderado por Francisco Sá Carneiro), ano em que começou a desenvolver a sua actividad
quinta-feira, novembro 15, 2007
15 a zero!
terça-feira, novembro 13, 2007
Seu Jorge no Coliseu de Lisboa
Filho da puta de concerto bom!
sábado, novembro 10, 2007
Música que aquece o coração
sexta-feira, novembro 09, 2007
Benfica...
De acordo com o Jornal PUBLICO de hoje, Luis Filipe Vieira ficou bastante agastado com os insultos que ouviu das claques na ultima Assembleia-Geral do Benfica e ameaçou demitir-se se continuasse a não haver respeito pelos órgãos eleitos do clube. O presidente dos encarnados chegou mesmo a retirar alguns objectos do seu gabinete, nomeadamente um bonequinho da Michelin, um vídeo do Cardozo a marcar golos no Newell's Old Boys e uma cópia da «Tradução do Novo Mundo das Escrituras Divinas», os seus únocos consolos depois da saída de José Veiga do clube.
Se Vieira avançar para a demissão, há já nomes que se perfilam para o substituir, entre os quais a águia Vitória e Carolina Salgado, sendo que esta última reúne mais mais consenso, além de já ter experiência em lidar com claques.
Se Vieira avançar para a demissão, há já nomes que se perfilam para o substituir, entre os quais a águia Vitória e Carolina Salgado, sendo que esta última reúne mais mais consenso, além de já ter experiência em lidar com claques.
terça-feira, novembro 06, 2007
Hoje há debate: a saca de orelhas
1
Não te ataques com os atacadores dos outros.
Deixa a cada sapato a sua marcha e a sua direcção.
0 mesmo deves fazer com os açaimos.
E com os botões.
2
Não te candidates, nem te demitas. Assiste.
Mas não penses que vais rir impunemente a sessão inteira.
Em todo o caso fica o mais perto possível da coxia.
3
Tira as rodas ao peixe congelado,
mas sempre na tua mão.
Depois, faz um berreiro.
Quando tiveres bastante gente à tua volta,
descongela a posta e oferece um bocado a cada um.
4
Não te arrimes tanto à ideia de que haverá sempre
um caixote com serradura à tua espera.
Pode haver. Se houver, melhor...
Esta deve ser a tua filosofia.
5
Tudo tem os seus trâmites, meu filho!
Não faças brincos de cerejas
sem te darem, primeiro, as orelhas.
Era bom que esta fosse, de facto, a tua filosofia.
6
Perguntas-me o que deves fazer com a pedra que
te puseram em cima da cabeça?
Não penses no que fazer com. Cuida no que fazer da.
É provável que te sintas logo muito melhor.
Sai, então, de baixo da pedra.
7
Onde houver obras públicas não deponhas a tua obra.
Poderias atrapalhar os trabalhos.
Os de pedra sobre pedra, entenda-se.
Mas dá sempre um "Bom dia!" ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa.
8
Deves praticar os jogos de palavras, mas sempre
com a modéstia do cientista que enxertou em si mesmo
a perna da rã, e que enquanto não coaxa, coxeia.
Oxalá o consigas!
(...)
11
Resume todas estas sentenças delirantes numa única
sentença:
Um escritor deve poder mostrar sempre a língua portuguesa
Alexandre O'Neill
Não te ataques com os atacadores dos outros.
Deixa a cada sapato a sua marcha e a sua direcção.
0 mesmo deves fazer com os açaimos.
E com os botões.
2
Não te candidates, nem te demitas. Assiste.
Mas não penses que vais rir impunemente a sessão inteira.
Em todo o caso fica o mais perto possível da coxia.
3
Tira as rodas ao peixe congelado,
mas sempre na tua mão.
Depois, faz um berreiro.
Quando tiveres bastante gente à tua volta,
descongela a posta e oferece um bocado a cada um.
4
Não te arrimes tanto à ideia de que haverá sempre
um caixote com serradura à tua espera.
Pode haver. Se houver, melhor...
Esta deve ser a tua filosofia.
5
Tudo tem os seus trâmites, meu filho!
Não faças brincos de cerejas
sem te darem, primeiro, as orelhas.
Era bom que esta fosse, de facto, a tua filosofia.
6
Perguntas-me o que deves fazer com a pedra que
te puseram em cima da cabeça?
Não penses no que fazer com. Cuida no que fazer da.
É provável que te sintas logo muito melhor.
Sai, então, de baixo da pedra.
7
Onde houver obras públicas não deponhas a tua obra.
Poderias atrapalhar os trabalhos.
Os de pedra sobre pedra, entenda-se.
Mas dá sempre um "Bom dia!" ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa.
8
Deves praticar os jogos de palavras, mas sempre
com a modéstia do cientista que enxertou em si mesmo
a perna da rã, e que enquanto não coaxa, coxeia.
Oxalá o consigas!
(...)
11
Resume todas estas sentenças delirantes numa única
sentença:
Um escritor deve poder mostrar sempre a língua portuguesa
Alexandre O'Neill