domingo, janeiro 21, 2007

 

TORGA: ano 100

O escritor transmontano Miguel Torga foi vítima do "jet set literário lisboeta" que o considerou "um poeta menor".
A tese é avançada por Ernesto Rodrigues (UL), académico e escritor, também transmontano, que abriu esta semana as comemorações promovidas por uma escola secundária de Bragança, que tem como patrono Miguel Torga.
"Nos últimos anos, ele foi de facto vilipendiado, sobretudo pela crítica literária. Era considerado um poeta conservador, retrógrado", afirmou. Para Ernesto Rodrigues, que falou da obra completa de Torga, desde a estreia literária, em 1928, até que deixou de escrever, em 1993, esses críticos "esquecem-se de olhar para um trabalho rítmico de quem teve momentos de pioneiro" e assumiu diferentes facetas literárias, desde contista a romancista - e primeiro diarista português.
Numa das suas conferências, em 1941, Torga criou a figura ainda hoje utilizada para apresentar a região transmontana, ao dirigir-se à plateia do II Congresso de Trás-os-Montes e Alto Douro, dizendo: "Vou falar-lhes de um Reino Maravilhoso". O "reino" onde nasceu, em São Martinho de Anta, a 12 de Agosto de 1907 (...) e "as comparações que encontra para o ofício de poeta, no camponês, no pastor que anda a "bordar" a serra, até à tirania da paisagem transmontana que entra na alma e não mais sai", exemplificou o Professor Ernesto Rodrigues.
Matava saudades das origens nas deslocações para caçar, mas apesar de Trás-os-Montes ser a tónica da sua escrita, Ernesto Rodrigues entende que ele "é um poeta universal".
"Ele tinha uma frase célebre: UNIVERSAL É O LOCAL SEM MUROS. Desde que retiremos ao conhecimento os muros do preconceito do medo, etc. então tornamo-nos universais".

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