quarta-feira, junho 07, 2006

 

Copa

Espero que Portugal vá longe na Copa. Que seja campeão. Ou que, pelo menos, não repita a vergonha de quatro anos atrás, quando os jogadores escorregaram nos dentes de alho que o treinador espalhou no balneário coreano. Mas enquanto a bola não rola prefiro atenuar a ansiedade com coisas do Brasil. Do Brásiu! A minha primeira memória futebolística é a final de 1970, ganha por Pelé, Tostão, Rivelino, etc (sou velho para caraças, né?). Foi paixão à primeira vista por aquele futebol que desafiava as leis da geometria. Não descansei enquanto não arranjei os cromos do escrete, primeiro, e a gloriosa camisa amarela, depois. Daí para cá tenho torcido pela selecção brasileira com a mesma paixão que dedico ao Glorioso. Vibrei com as vitórias (mesmo a de 1994, conquistada à patada por um Parreira burro e retranqueiro) e amarguei com as derrotas, sobretudo a de 1982, em Espanha, em que a melhor selecção brasileira que já vi jogar, com Falcão, Cerezo, Junior, Zico, Luísinho, etc, caiu aos pés de Paolo Rossi, o eterno vilão.
É portanto ao Brasil que regresso para atenuar a angústia da espera. Ao Brasil de Nelson Rodrigues, Paulo Mendes Campos, Mário Filho, Paulo Guilherme, Mário Prata, Manuel Bandeira, Chico Buarque e tantos outros que escreveram, cantaram e sofreram com o melhor futebol do mundo. Ao Brasil dos jogos intermináveis e suados nas várzeas e nas praias. A Pátria em Chuteiras. O esplendor na grama. Pelé, Garrincha, Tostão, Gilmar, Jairzinho, Zico, Ronaldo, Romário, Ronaldinho, Ronaldo. Vou torcer por Portugal, claro. Mas vou sofrer e muito pelo Brásiuuuuu!


E enquanto a bola não rola, delicio-me com o funk de DJ Marlboro e outras figurinhas dos morros. Deixem cair o preconceito e escutem com atenção. O futuro da música brasileira passa por ali. Gente insuspeita como Fernanda Abreu já o percebeu.

Paulo Guilherme não é um Nelson Rodrigues. Mas nestes dias pré-copa é uma delícia ler as pequenas histórias sobre goleiros. Bem escritas, com ginga e muito humor. O livro já está disponível na FNAC.

Arrepio-me sempre que ouço o hino do Pohliteama. Neste DVD, Chico presta testemunho da sua paixão pelo futebol. Pelas tardes intermináveis a chutar a bola em campos manhosos e areais cheios de gente morena. Delicioso.

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