domingo, maio 14, 2006
La grande bouffe
Hoje em dia é fácil ser alienado. Já não é preciso procurar refúgio no absinto ou no ópio, como faziam os românticos. Ninguém precisa de se evadir através das páginas de um romance de cordel. De um reality show. Não há imaginação que ultrapasse a realidade. O melhor caminho para a alienação é através da informação. Já não é preciso virar as costas ao mundo para escapar aos problemas. Basta olhá-lo de frente, através das primeiras páginas dos jornais, das revistas cor-de-rosa, dos jornais desportivos, dos programas-choque das televisões, dos livros de ajuste de contas, dos blogues e da Internet.
Há tanta informação a pairar sobre nós, a rodear-nos, a sufocar-nos que custa quase nada ser alienado. Saber muito e não entender nada. Andar de olhos abertos e não ver os vultos que nos tramam por trás da luz. Ouvir mas não escutar. Nos dias que correm, censura já não é escamotear a informação. É servi-la às pazadas, em porções pantagruélicas que entopem as artérias e afogam em gordura as meninges. É a grande farra. “La grande Bouffe” (quem desconhecer a referência cinéfila faça o favor de procurar no Google).
Há tanta informação a pairar sobre nós, a rodear-nos, a sufocar-nos que custa quase nada ser alienado. Saber muito e não entender nada. Andar de olhos abertos e não ver os vultos que nos tramam por trás da luz. Ouvir mas não escutar. Nos dias que correm, censura já não é escamotear a informação. É servi-la às pazadas, em porções pantagruélicas que entopem as artérias e afogam em gordura as meninges. É a grande farra. “La grande Bouffe” (quem desconhecer a referência cinéfila faça o favor de procurar no Google).