segunda-feira, maio 08, 2006

 

A DÚVIDA...


Pascal diria com espírito geométrico que nada se pode ignorar. E que deve ser a vida senão um local de encontro de confrontos, mas sobretudo um centro onde as heranças humanas se entrecruzam com o desejo e o imaginário.
As últimas semanas têm sido férteis em congressos partidários, sejam estes regionais ou nacionais. No PS (congressos de Aveiro e Coimbra...) e no PSD (directas...) os jornais deram conta do clima de suspeita, crispação e insulto que toma as hostes nestes momentos de disputa interna do poder.
Já não há acontecimento do género que não mereça a insinuação de fraude, ilícito, compadrio. São os mortos que votam, as assinaturas falsificadas, as denúncias judiciais… tudo num espectáculo que se repete, degradante, deprimente, desonroso.
Mas o que move esta tropa em volta de tamanha execração? O poder. Pelo poder se atropelam, pelo poder se esganam, pelo poder destroem o pouco que resta da credibilidade partidária.
Em tempo de refrega eleitoral exige-se, pois, uma moralidade de consciência. Parece que estamos apenas em face de movimentos circunstanciais, pouco assentes no rigor da análise ou na apreensão do que ocorre na sociedade. Quanto menos agem as pessoas, mais as pessoas se agitam. E o simplismo das receitas gera agitação, mas não contribui em quase nada para nos conhecermos melhor. Temos de tentar libertar-nos dos Alípio Abranhos e das hordas dos seus aduladores – os Zagalos que pululam ao sabor do sortilégio do que é reluzente. Arturzinho Curvelo e Calisto Elói revivem – os seus discursos foram invadidos de «implementações», de «dizeres de que», de «sinergias», de «timings», de «out-puts». Ressurge a dúvida tremenda de Eça de Queirós…

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