Amor e Ócio (I)

Foi o destino de minha última excursão pela Amazônia. Dizem-me seus moradores que a ilha nasceu pequena, como muitas ilhotas na região, um pedacinho de terra surgido em dia de São Miguel, daí o nome. A ilha cresceu com ajuda do fenômeno das terras caídas e hj cerca de 60 famílias vivem por lá vivendo da pesca artesanal, da agricultura e da pecuária. Bem, boi é poupança para os moradores de São Miguel. Quando precisam de dinheiro, eles vão ao pasto, escolhem um bichinho e o vendem. Mas o que me chamou a atenção na comunidade é que, as famílias se reúnem pra tudo. Fazem duas caçadas anuais a capivaras e dividem a carne igualmente. Fazem acordos de pesca rigorosos onde até o uso de malhadeiras é proibido, isso para proteger os lagos que servem de berçários naturais para inúmeras espécies de peixes, inclusive o grandão pirarucu. Aprendi por lá que esse peixe guarda os filhos na boca ou os carrega nas costas. A comunidade que sofreu com a forte estiagem no ano passado, agora luta contra grupos invasores que vem saqueando os lagos, usando recursos agressivos de pesca no período da reprodução das espécies.