quinta-feira, fevereiro 16, 2006

 

Carandiru


E por falar em coincidências ruins...

Não sei se é coincidência ou piada de muito mau gosto a afinidade que o coronel Ubiratan Guimarães tem com o número 111. Número de mortos no Massacre do Carandiru em 1992, a tragédia que virou filme premiado. Em 2001, Ubiratan foi a júri popular e foi condenado a 632 anos de prisão por ter comandado as tropas de choque da Pm que invadiram o presídio orientadas para matar. O que, por si, já é piada porque, pelas leis brasileiras, ninguém pode passar mais de 30 anos trancafiado numa cadeia. Mas nem se compara ao humor negro que levou desembargadores a anularem a condenação do ex-coronel sob o argumento indecente de que ele “só estava cumprindo ordens” . “Engraçado” que o senhor coronel se candidatou a deputado estadual 5 anos depois do massacre. Na época, fez questão de comemorar o 111.º aniversário do Regimento da Cavalaria, segmento da policia militar do qual participava. Ele também usou orgulhosamente o número 111 em campanhas eleitorais. Nunca fez questão de esconder sua participação incisiva na tragédia lembrada por ele como “um ato em defesa da Sociedade”, slogan da campanha. Foi eleito. Nunca passou um dia sequer na cadeia, nenhum dos tais 632 anos a que foi condenado no primeiro julgamento. Absolvido, ele comentou: “Não exageramos, não cometemos excessos. Cumprimos com o nosso dever. Eu, que sempre acreditei na justiça. Vi, hoje, ela ser realizada.”
Há coisas que eu não consigo entender em meu país.

Não gosto muito do filme, prefiro a série "Carandiru, Outras Histórias" que reconta casos bem surpreendentes. Já em Dvd.

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