domingo, janeiro 15, 2006

 

Expulsos do Paraíso (2)

A questão da maçã não é despicienda. O Todo-Poderoso tinha avisado Adão e Eva que não podiam trincar o fruto daquela macieira que ficava bem no meio do jardim do Éden. Tinha-os prevenido de que cairiam em desgraça. Segundo as Escrituras Sagradas tinha-os ameaçado até de morte (pena que viria a ser comutada em expulsão). Adão e Eva andavam nus e felizes como dois naturistas na praia do Meco numa tarde abafada de Julho. Alimentavam-se de frutas de outras árvores e tinham um relacionamento cordial com os animais selvagens do Éden (nessa altura, leões, tigres, águias e até dragões eram mansos como cordeiros). E apesar deste ambiente idílico e dos avisos do Todo-Poderoso, o casal primordial acabou mesmo por morder o fruto proibido.
Reza a história de que uma serpente rastejou até Eva (outra questão – Eva seria loura ou morena? A resposta a esta pergunta ajudaria a perceber o enredo) e convenceu-a a provar o fruto. Com falinhas mansas, próprias de quem tem a língua bifurcada, a serpente persuadiu Eva de que trincar a maçã não implicaria a sua morte. Convenceu-a de que a ingestão da maçã iria permitir ao primeiro casal abrir os olhos e passar a distinguir o bem do mal. Eva foi na conversa e deu uma trinca. E a seguir obrigou Adão a fazer o mesmo. Foi então que o casal percebeu que estava nu. Calculo que tenham corado violentamente. Não sabemos se Eva gostou do que viu quando olhou finalmente para Adão com olhos de ver. O que sabemos é que ambos se apressaram a cobrir-se com folhas de figueira. No instante seguinte começou o vale de lágrimas da humanidade. E nem Darwin e a sua teoria evolucionista conseguiram fazer com que a humanidade esquecesse a parábola do casal primordial, da serpente e da maçã. Maça essa que ficou mal falada, ao ponto de ganhar a designação latina de “Pyrus Malus”.

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