sexta-feira, novembro 25, 2005
Faz de conta...
Faz de conta que isto é uma carta em papel com marca de água. Lisa e branca. Cheia de letras manuscritas, com tinta preta. E faz de conta que o carteiro ta vai entregar, dentro de um envelope, com um selo dentado, lambido, colado, meio torto, no canto superior direito. Estou nos CTT do Ameal e saio alegre, por te ter escrito uma carta, cheia de letras manuscritas, a tinta preta, como a que tu me enviaste, de São Martinho do Porto, há mil anos atrás.
Meu querido,
Neste dia deveria ter algo especial para te dizer. Mas não tenho.
Aos teus pais sim, tenho de agradecer. Muito. Por este dia.
A ti ou a alguém magistral, só quero agradecer o jeito, o toque. Não sei se uma fada, um duende ou até deus, te empurrou para aqui. Só sei que estou grata por isso. Porque, sem ti, a minha vida não era feliz. Talvez fosse só contente. Aplica-se a ti e a mais meia dúzia de pessoas, empurradas por fadas, duendes ou até elfos. É tão, mas tão bom, terem caído, aqui, dentro do meu abraço.
São duas da manhã e a carta que te quero escrever já a escrevi infinitas vezes na minha cabeça. Nunca começa da mesma forma. Acontece-me frequentemente. Escrevo cartas, algumas longas, outras curtas, umas agradáveis, outras nem por isso e, depois, não as envio. Ficam suspensas, até acontecerem, ou não.
Já falamos sobre isso. O quanto gosto de receber cartas e a velocidade com que as escrevo aos outros, mentalmente. Até já falamos do carteiro da minha infância.
Contigo já falei sobre tudo, com o coração completamente nu sobre a mesa. E os olhos, nos teus, de onde partem e atracam barcos, às vezes de meia em meia hora. Outras vezes em facções de sonhos, muito teus. Lembras-te?
E tenho sempre de te contar a vida. Antes ou depois de acontecer.
Talvez por isso sejas o mais inteiro receptor dos meus erros, das minhas dúvidas, das minhas angústias, das minhas recordações, dos meus medos, da minha alegria,
Recebes e guardas. Tudo. Sei que sim. Na eventualidade de me esquecer ou de não me querer recordar, és o depósito mais claro e fiel do meu nome.
Contigo é possível pisar chão menos firme ou voar para um sítio qualquer chamado saudade. Até o futuro fica muito mais acolhedor, contigo dentro. Contigo perto. Contigo à volta. Por isto e pelo indizível, pelo que continua na carta manuscrita, a tinta preta, eu, hoje não tenho nada especial para te dizer. Porque todos os dias agradeço, a elfos, fadas, duendes e deuses, o facto de nos terem empurrado para dentro do nosso abraço.
Sabes: ter uma melhor amiga soa-me muito pueril!
Só na primária me aconteceu. Era a Maria do Céu.
Hoje tenho amigas, lindas e inteligentes. Impossível ter uma melhor...
Ter um melhor amigo soa-me a “mulher com muita sorte”!
Porque a caminhada que fizemos é longa, inteira e clara e, mais longo, ainda, é o caminho que quero para nós. Todos.
À nossa vida, à nossa amizade e…aos nossos!
Brindemos com um Porto Quinta do Noval ;)
Meu querido,
Neste dia deveria ter algo especial para te dizer. Mas não tenho.
Aos teus pais sim, tenho de agradecer. Muito. Por este dia.
A ti ou a alguém magistral, só quero agradecer o jeito, o toque. Não sei se uma fada, um duende ou até deus, te empurrou para aqui. Só sei que estou grata por isso. Porque, sem ti, a minha vida não era feliz. Talvez fosse só contente. Aplica-se a ti e a mais meia dúzia de pessoas, empurradas por fadas, duendes ou até elfos. É tão, mas tão bom, terem caído, aqui, dentro do meu abraço.
São duas da manhã e a carta que te quero escrever já a escrevi infinitas vezes na minha cabeça. Nunca começa da mesma forma. Acontece-me frequentemente. Escrevo cartas, algumas longas, outras curtas, umas agradáveis, outras nem por isso e, depois, não as envio. Ficam suspensas, até acontecerem, ou não.
Já falamos sobre isso. O quanto gosto de receber cartas e a velocidade com que as escrevo aos outros, mentalmente. Até já falamos do carteiro da minha infância.
Contigo já falei sobre tudo, com o coração completamente nu sobre a mesa. E os olhos, nos teus, de onde partem e atracam barcos, às vezes de meia em meia hora. Outras vezes em facções de sonhos, muito teus. Lembras-te?
E tenho sempre de te contar a vida. Antes ou depois de acontecer.
Talvez por isso sejas o mais inteiro receptor dos meus erros, das minhas dúvidas, das minhas angústias, das minhas recordações, dos meus medos, da minha alegria,
Recebes e guardas. Tudo. Sei que sim. Na eventualidade de me esquecer ou de não me querer recordar, és o depósito mais claro e fiel do meu nome.
Contigo é possível pisar chão menos firme ou voar para um sítio qualquer chamado saudade. Até o futuro fica muito mais acolhedor, contigo dentro. Contigo perto. Contigo à volta. Por isto e pelo indizível, pelo que continua na carta manuscrita, a tinta preta, eu, hoje não tenho nada especial para te dizer. Porque todos os dias agradeço, a elfos, fadas, duendes e deuses, o facto de nos terem empurrado para dentro do nosso abraço.
Sabes: ter uma melhor amiga soa-me muito pueril!
Só na primária me aconteceu. Era a Maria do Céu.
Hoje tenho amigas, lindas e inteligentes. Impossível ter uma melhor...
Ter um melhor amigo soa-me a “mulher com muita sorte”!
Porque a caminhada que fizemos é longa, inteira e clara e, mais longo, ainda, é o caminho que quero para nós. Todos.
À nossa vida, à nossa amizade e…aos nossos!
Brindemos com um Porto Quinta do Noval ;)