segunda-feira, outubro 17, 2005

 

ouço-te

ouço-te...


Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os cortinados para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço com ele
sa fim de te ouvir gritar
(Maria Teresa Horta)

..e respondo te

Percorres-me o corpo com as tuas mãos
Esguias, leves como pétalas, frescas
O arrepio sobe-me fino de desejo
Dobro-me e vejo-te, acaricio-te a face
Suave e bela, na qual te deposito breve, um beijo
Pousas-me no ombro, a cabeça perfeita
Espalhas pelo meu peito os teus cabelos
Sinto na minha a tua pele de seda
Vejo como me olhas
E consegues-me fazer
Sentir que sou um deus,
Que sou eu o eleito
(anónimo)

E Drummond ecoa:

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a húmida trama.
E para repousar do amor, vamos à cama.
(Carlos Drummond de Andrade)

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