quarta-feira, agosto 24, 2005

 

Oxóssi e São Jorge



Jorge sentou praça
na cavalaria
eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem
Para que meus inimigos
tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos
tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo o pensamento
els possam ter para me fazeram mal
Armas de fogo
meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
sem o meu corpo tocar
Cordas e corentes se arrebentem sem o meu corpo amarrar
pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é de capadócia

Hoje é dia de Oxóssi e por isso estou vestido de vermelho. Oxóssi é meu orixá. Corresponde, na religião católica, a São Jorge. São Jorge Guerreiro, o tal que matou o dragão. Talvez por isso, talvez porque São Jorge castiga com a sua lança o dragão, sempre foi o meu santo preferido. São Jorge Guerreiro, São Jorge de Ílhéus.
lua de são jorge
lua deslumbrante
azul verdejante
cauda de pavão
lua de são jorge
cheia branca inteira
oh minha bandeira
solta na amplidão
lua de são jorge
lua brasileira
lua do meu coração
lua de são jorge
lua maravilha

Saber que meu orixá é São Jorge e que a sua cor é vermelha foi uma coisa que me comoveu. Uma coisa que faz sentido. Para mim, esta terra da Bahia faz todo o sentido. Ando por Salvador com o mesmo à vontade com que circulo por casa. Nada me é estranho, nada me espanta, tudo ou quase tudo me faz feliz. Acho que esta terra estava à minha espera. Estava à espera dos meus passos. Suas ladeiras estavam inscritas no meu código genético. Esse mar que me enche os olhos é o mar que sempre bateu no meu coração. Mar azul, mar verde, espuma branca, um barquinho no meio das vagas, um garoto moreno que mergulha junto ao farol da Barra, um táxi que paas e deixa no ar o cheiro inconfundível de alcool e gasolina, uma mulata com um short minúsculo que me acena, uma quentinha devorada por operários sentados numa estação de ónibus. Eles riem, a língua de areia se enche de gente morena que joga a bola, do morro cresce o som do batuque e a noite cai, rapidamente, acendendo as luzes no litoral, tornando mais negras as pedras da calçada. E agora a maresia se mistura com o cheiro a comida que se solta das casas e que faz ter vontede de comer. Quando penso na Bahia nem sei que dor que me dá...

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