quinta-feira, abril 28, 2005

 

Intendência

1. Ontem fui ver o filme sobre os últimos dia de Hitler. E confesso o desconforto. Ao fim de dez minutos de exibição dei por mim a ver o ditador apenas como um velhinho com um bigode esquisito e tive necessidade de me forçar a recordar que estava perante o "homem" que foi o responsável pelo extermínio de seis milhões de pessoas nos campos de concentração e que esteve na origem da guerra mais devastadora de sempre. Claro que o filme se encarrega mais para a frente de desmentir essa impressão, revelando a brutalidade de Hitler, a sua desumanidade, a sua loucura aterradora. Qualquer réstia de humanidade em Hitler foi esmagada pela sua maldade. Hitler foi um monstro. E o cúmplice povo alemão foi o quê?
2. Devo andar distraído, mas só esta semana descobri Mma Ramotswe, a detective do Botswana criada por Alexander McCall Smith. Li A Agência nº 1 de Mulheres Detectives numa tarde, e fui a correr comprar as Lágrimas da Girafa. Agora comecei Moralidades e Raparigas Bonitas. Pensava que McCall Smith fosse negro e africano, mas afinal descobri que se trata de um velhote branco com ar bonacheirão que vive na Escócia. Devia ter suspeitado, em especial quando Mma Ramotswe se põe a filosofar sobre a dimensão de África, sobre o cheiro de África. África, Mãe África, como dizia o outro. Tirando isso, as aventuras de Mma Ramotswe são de uma simplicidade desarmante, de uma ingenuidade que comove. E fazem-me ter saudades de uma terra onde não vivi.

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