segunda-feira, abril 04, 2005
Empapados
Quando folheiam os jornais, não sentem uma cruz a abrir-se-vos no peito? Quase uma chaga dos céus?
Suplementos, cadernos, destaques, especias, todos louvam o "santo homem do diálogo ecuménico". É a histeria. A elegia do improvável. "Uma papa como nós", envieza, por caminhos sempre imaculados, essa outra sacrossanta criatura chamada, ainda, Luís Delgado.linhas muito pouco direitas.
"Um exemplo para o mundo", comenta-se, estridentemente pelas ruas deste mundo vestido de branco. E o resto?
O ortodoxo da igreja? O anacrónico que, hipocritamente, pegava em crianças vítimas de SIDA, em qualquer dessas áfricas carcomidas pela miséria - e por todos aqueles que para lá foram "espalhar a fé e o império"-, e proibia o uso do preservativo? O futuro beatificado que insistia em olhar para a despenalização do aborto como coisa demoníaca. O humano, ainda que iluminado pela mão de quem não o é, que furtava o prazer da Mulher, esse ser sempre tentador.O anti-divórcio. O guerrilheiro que desenbainhava a arma da moral- e da "coisa natural" - para chacinar a homossexualidade. Quantas guerras, quantas misérias não alimentou também este homem de preconceito férreo?
Farto de santos, sonhei. Sonhei que essa pátria putrida que é o Vaticano escolhia um homem. Uma criatura que conheça e respeite as outras. Que se passeie pelos afectos. Que anule essa distância tão oportunista entre o bem e o mal. Ou uma mulher.
Amén.
Suplementos, cadernos, destaques, especias, todos louvam o "santo homem do diálogo ecuménico". É a histeria. A elegia do improvável. "Uma papa como nós", envieza, por caminhos sempre imaculados, essa outra sacrossanta criatura chamada, ainda, Luís Delgado.linhas muito pouco direitas.
"Um exemplo para o mundo", comenta-se, estridentemente pelas ruas deste mundo vestido de branco. E o resto?
O ortodoxo da igreja? O anacrónico que, hipocritamente, pegava em crianças vítimas de SIDA, em qualquer dessas áfricas carcomidas pela miséria - e por todos aqueles que para lá foram "espalhar a fé e o império"-, e proibia o uso do preservativo? O futuro beatificado que insistia em olhar para a despenalização do aborto como coisa demoníaca. O humano, ainda que iluminado pela mão de quem não o é, que furtava o prazer da Mulher, esse ser sempre tentador.O anti-divórcio. O guerrilheiro que desenbainhava a arma da moral- e da "coisa natural" - para chacinar a homossexualidade. Quantas guerras, quantas misérias não alimentou também este homem de preconceito férreo?
Farto de santos, sonhei. Sonhei que essa pátria putrida que é o Vaticano escolhia um homem. Uma criatura que conheça e respeite as outras. Que se passeie pelos afectos. Que anule essa distância tão oportunista entre o bem e o mal. Ou uma mulher.
Amén.