sexta-feira, janeiro 21, 2005

 

Morrer Bem

Machado de Assis já dizia“ na minha época já existiam velhos, mas poucos”. Hoje a qualidade de vida, mesmo em países como o Brasil, é inegavelmente maior. A terceira idade é a idade da hora, como se diz por aqui. E o “Carpe Diem” é seguido ‘a risca por velhinhos cada vez mais jovens que não se cansam de aprender como viver bem. Na minha cidade, por exemplo, tem um programa social chamado “ Agita Santarém” .Acadêmicos voluntários de uma universidade pública fazem atendimento de enfermagem, dão aulas de canto coral, pintura, educação física, natação, dança, ginástica aeróbica! È preciso ver para crer como alguns velhinhos se movimentam. Eu canso só de olhar. Foi-se o tempo em que vovô e vovó ficavam em casa fazendo tricô na cadeira de balanço e coçando a barriga e outras partes. A modernidade exige mais dinamismo. E surgem os que Mário Prata chama de “ eternos envelhescentes”. Estes que, assim como os adolescentes, gostam mesmo é das meninas de 20. Assim, eu não deveria ficar tão surpresa com uma notícia de página policial. "Um senhor de 75 anos de idade é encontrado morto no banheiro de um motel em Belém". Mesmo trágico, não deixa de ser cômico e interessante. Confesso que fiquei ainda mais impressionada, ao saber que o tal velhinho passou os últimos instantes de sua vida ao lado da filha da amante. O militar reformado da aeronáutica brasileira revezava-se na cama da esposa, da amante e da filha da amante. Talvez tenha pressentido que a última hora se aproximava. E escolheu cair, pela última vez, nos braços da mais nova. É. Os velhinhos estão aprendendo mesmo a viver e a morrer bem.

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