sexta-feira, janeiro 07, 2005
AR PURO
Sonda Cassini enviou foto
de Cunhal a Pacheco Pereira
(Exclusivo Inimigo Público, no sítio do costume)
MÁRIO BOTEQUILHA
Do nosso enviado-especial à Marmeleira e
a Saturno
A separação das sondas Cassini e
Huygens no dia de Natal correu
melhor do que se esperava. Enquanto
Huygens entrava numa rota de colisão
controlada com Titã, o maior satélite
natural de Saturno, que os cientistas julgam
possuir uma atmosfera idêntica à da Terra
de há 3800 milhões de anos, ou seja, seis
meses depois da centésima geração de mirones
de acidentes de viação e pouco antes
de a vida ter aparecido, Cassini dedicou-se
a fotografar os anéis, satélites, poeiras e
outros pontos de interesse turístico do sexto
planeta do nosso sistema solar, em exclusivo
para a única pessoa que ainda se lembra
que ela anda por lá: José Pacheco Pereira.
E há pelo menos uma imagem espantosa.
Ao princípio, não quis acreditar. Tinha estado
a espreitar uns sites sobre gerontofi lia mórbida
soviética e pareceu-me ver o Brejnev na
superfície do planeta. Talvez o Chernienko.
Ou o Putin. Seria o Bernardino Soares? Ilda
Figueiredo? Odete Santos? O próprio Vladimir
Ilich?, intrigou-se Pacheco Pereira para
depois confi rmar que era mesmo o Cunhal. E
repare-se como os anéis lhe dão uma certa aura
de santidade. Desta fotografi a até começarem a
acender-lhe velinhas, fazerem promessas e pedirem
milagres, é um passo. O culto de Cunhal
pode ter décadas, mas era praticamente uma
seita. A partir de agora, é uma igreja.
As fotos, para os crentes interessados,
estão alojadas no blogue Abrupto, a seguir
ao poema, antes do quadro, logo a seguir ao
texto crítico para com Santana Lopes.

de Cunhal a Pacheco Pereira
(Exclusivo Inimigo Público, no sítio do costume)
MÁRIO BOTEQUILHA
Do nosso enviado-especial à Marmeleira e
a Saturno
A separação das sondas Cassini e
Huygens no dia de Natal correu
melhor do que se esperava. Enquanto
Huygens entrava numa rota de colisão
controlada com Titã, o maior satélite
natural de Saturno, que os cientistas julgam
possuir uma atmosfera idêntica à da Terra
de há 3800 milhões de anos, ou seja, seis
meses depois da centésima geração de mirones
de acidentes de viação e pouco antes
de a vida ter aparecido, Cassini dedicou-se
a fotografar os anéis, satélites, poeiras e
outros pontos de interesse turístico do sexto
planeta do nosso sistema solar, em exclusivo
para a única pessoa que ainda se lembra
que ela anda por lá: José Pacheco Pereira.
E há pelo menos uma imagem espantosa.
Ao princípio, não quis acreditar. Tinha estado
a espreitar uns sites sobre gerontofi lia mórbida
soviética e pareceu-me ver o Brejnev na
superfície do planeta. Talvez o Chernienko.
Ou o Putin. Seria o Bernardino Soares? Ilda
Figueiredo? Odete Santos? O próprio Vladimir
Ilich?, intrigou-se Pacheco Pereira para
depois confi rmar que era mesmo o Cunhal. E
repare-se como os anéis lhe dão uma certa aura
de santidade. Desta fotografi a até começarem a
acender-lhe velinhas, fazerem promessas e pedirem
milagres, é um passo. O culto de Cunhal
pode ter décadas, mas era praticamente uma
seita. A partir de agora, é uma igreja.
As fotos, para os crentes interessados,
estão alojadas no blogue Abrupto, a seguir
ao poema, antes do quadro, logo a seguir ao
texto crítico para com Santana Lopes.
