quinta-feira, outubro 14, 2004
O dilema de Rui Rio
A situação na Câmara Municipal do Porto é para seguir com atenção. Rui Rio não está a brincar quando ameaça demitir-se, provocando eleições antecipadas. O plano de reabilitação da Baixa foi um dos projectos em que mais se empenhou nestes três anos de mandato, para além de ter sido uma das principais bandeiras da sua campanha. Rio usou de toda a sua influência para conseguir luz verde do Conselho de Ministros. Usou o seu voto de qualidade para conseguir que o projecto no executivo municipal. E não estava claramente à espera que a Assembleia Municipal travasse o projecto por questões menores.
Se o chumbo tivesse ocorrido há um ano, por exemplo, acredito que Rio teria apresentado sem hesitar a demissão. Seria uma forma de clarificar a situação no seio do executivo, onde a coligação está dependente dos humores e do voto de Rui Sá, o vereador comunista, e seria ainda uma forma de condicionar os adversários externos e de liquidar de vez a oposição interna, cujos cordelinhos são puxados na sombra pelo seu arqui-rival Luís Filipe Menezes. O autarca de Gaia nunca terá coragem para ir à guerra no POrto de peito aberto, mas já mostrou vontade de patrocinar uma solução que pode passar pelo avanço de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial e figura próxima do CDS-PP.
Tendo em conta a actual conjuntura, é mais arriscado usar o chumbo da reabilitação da Baixa como pretexto para provocar eleições antecipadas. Rui Rio sabe-o, mas a tentação é grande. É que o tempo parece correr contra o autarca. As eleições autárquicas estão a pouco mais de um ano de distância. Um eventual acto eleitoral intercalar (a que Rio quase seria obrigado a concorrer) colocaria a Câmara em gestão corrente durante quase meio ano; e depois, a única certeza é a de que os portuenses voltariam a ser chamados às urnas a curto prazo. Dus eleições em pouco mais de um ano é uma situação que provavelmente seria encarada como uma perda de tempo e de dinheiro. Rio teria que explicar muito bem as razões da sua atitude aos eleitores e depois enfrentar duas campanhas que se adivinham muito violentas e desgastantes. E depois há ainda "o ruído" (para usar a expressão de PSL) que esta atitude provocaria no país. É por isso que o encontro desta noite entre Rio e PSL pode ter sido decisivo.
Mas a tentação de provocar eleições é grande. Até porque o PS continua numa fase de grande indefinição relativamente ao candidato que vai apresentar contra Rio (Nuno Cardoso quer, mas há quem dentro do próprio PS receie os "telhados de vidro" do ex-presidente), e Menezes e o seu grupo parecem ter sido apanhados de surpresa pela evolução rápida dos acontecimentos.
Julgo que nas próximas horas vamos ver Rui Rio a esticar a corda até ao limite, esperando que o PS caia na tentação de promover uma ruptura que o coloque como "culpado" aos olhos da opinião pública. Rio vai certamente tentar falar directamente com o povo, sem intermediários, porque tem sido essa a sua maior força durante este três anos de mandato, como já tinha sido na campanha em que bateu Fernando Gomes.
Seja qual for o desfecho deste caso (eleições antecipadas ou continuidade vigiada) chegou a hora da verdade para Rui Rio e para os portuenses. O resto do país vai passar os próximos dias com os olhos postos na Invicta.
A situação na Câmara Municipal do Porto é para seguir com atenção. Rui Rio não está a brincar quando ameaça demitir-se, provocando eleições antecipadas. O plano de reabilitação da Baixa foi um dos projectos em que mais se empenhou nestes três anos de mandato, para além de ter sido uma das principais bandeiras da sua campanha. Rio usou de toda a sua influência para conseguir luz verde do Conselho de Ministros. Usou o seu voto de qualidade para conseguir que o projecto no executivo municipal. E não estava claramente à espera que a Assembleia Municipal travasse o projecto por questões menores.
Se o chumbo tivesse ocorrido há um ano, por exemplo, acredito que Rio teria apresentado sem hesitar a demissão. Seria uma forma de clarificar a situação no seio do executivo, onde a coligação está dependente dos humores e do voto de Rui Sá, o vereador comunista, e seria ainda uma forma de condicionar os adversários externos e de liquidar de vez a oposição interna, cujos cordelinhos são puxados na sombra pelo seu arqui-rival Luís Filipe Menezes. O autarca de Gaia nunca terá coragem para ir à guerra no POrto de peito aberto, mas já mostrou vontade de patrocinar uma solução que pode passar pelo avanço de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial e figura próxima do CDS-PP.
Tendo em conta a actual conjuntura, é mais arriscado usar o chumbo da reabilitação da Baixa como pretexto para provocar eleições antecipadas. Rui Rio sabe-o, mas a tentação é grande. É que o tempo parece correr contra o autarca. As eleições autárquicas estão a pouco mais de um ano de distância. Um eventual acto eleitoral intercalar (a que Rio quase seria obrigado a concorrer) colocaria a Câmara em gestão corrente durante quase meio ano; e depois, a única certeza é a de que os portuenses voltariam a ser chamados às urnas a curto prazo. Dus eleições em pouco mais de um ano é uma situação que provavelmente seria encarada como uma perda de tempo e de dinheiro. Rio teria que explicar muito bem as razões da sua atitude aos eleitores e depois enfrentar duas campanhas que se adivinham muito violentas e desgastantes. E depois há ainda "o ruído" (para usar a expressão de PSL) que esta atitude provocaria no país. É por isso que o encontro desta noite entre Rio e PSL pode ter sido decisivo.
Mas a tentação de provocar eleições é grande. Até porque o PS continua numa fase de grande indefinição relativamente ao candidato que vai apresentar contra Rio (Nuno Cardoso quer, mas há quem dentro do próprio PS receie os "telhados de vidro" do ex-presidente), e Menezes e o seu grupo parecem ter sido apanhados de surpresa pela evolução rápida dos acontecimentos.
Julgo que nas próximas horas vamos ver Rui Rio a esticar a corda até ao limite, esperando que o PS caia na tentação de promover uma ruptura que o coloque como "culpado" aos olhos da opinião pública. Rio vai certamente tentar falar directamente com o povo, sem intermediários, porque tem sido essa a sua maior força durante este três anos de mandato, como já tinha sido na campanha em que bateu Fernando Gomes.
Seja qual for o desfecho deste caso (eleições antecipadas ou continuidade vigiada) chegou a hora da verdade para Rui Rio e para os portuenses. O resto do país vai passar os próximos dias com os olhos postos na Invicta.