sexta-feira, outubro 15, 2004
Nortadas e preconceito
"Chinocas", Carlos Furtado? "Chinocas"? É assim que o meu amigo se refere aos emigrantes oriundos da China? E aos indianos chama o quê? "Monhés"? E aos africanos? Nem quero imaginar...
Ora releia lá o que escreveu no post "Os chineses, eu e o Rui" : "Quando perguntei quantos chineses havia em Portugal e quantos morreram, era apenas e só porque que nós vamos ouvindo relatos diários de mortes de russos, ucranianos e outros que tais, que são imediatamente associadas a máfias e no que toca a chinocas; nada de nada. E o certo é que eles são mais do que as mães e estão a invadir-nos silenciosamente." Não encontra nada de errado nestas duas frases? Nada ligeiramente censurável? Não detecta o preconceito, a insinuação? O deslocado paternalismo?
Declarações como as de Carlos Furtado ajudam a reforçar o preconceito contra determinados grupos étnicos ou indivíduos isolados. Claro que estamos todos fartos dos exageros da linguagem politicamente correcta, mas não podemos simplesmente passar para o outro lado da barricada esquecendo o caminho entretanto percorrido. A linguagem é um vírus. E, se reflectir um bocadinho nisto, Carlos, vai concluir que tenho frazão.
De resto, fiquei esclarecido sobre os seus hábitos de consumo de Carlos Furtado. É louvável, e quase comovente, a sua preferência pelos produtos nacionais. Só lhe fica bem. E já agora: eu já fui à China e bebi lá excelente vinho português. O que me leva a pensar que apostar na qualidade e na excelência dos produtos nacionais talvez seja a melhor maneira de os internacionalizar com sucesso, numa sociedade cada vez mais globalizada. O que acha?
Um abraço deste seu leitor habitual
Rui Baptista
"Chinocas", Carlos Furtado? "Chinocas"? É assim que o meu amigo se refere aos emigrantes oriundos da China? E aos indianos chama o quê? "Monhés"? E aos africanos? Nem quero imaginar...
Ora releia lá o que escreveu no post "Os chineses, eu e o Rui" : "Quando perguntei quantos chineses havia em Portugal e quantos morreram, era apenas e só porque que nós vamos ouvindo relatos diários de mortes de russos, ucranianos e outros que tais, que são imediatamente associadas a máfias e no que toca a chinocas; nada de nada. E o certo é que eles são mais do que as mães e estão a invadir-nos silenciosamente." Não encontra nada de errado nestas duas frases? Nada ligeiramente censurável? Não detecta o preconceito, a insinuação? O deslocado paternalismo?
Declarações como as de Carlos Furtado ajudam a reforçar o preconceito contra determinados grupos étnicos ou indivíduos isolados. Claro que estamos todos fartos dos exageros da linguagem politicamente correcta, mas não podemos simplesmente passar para o outro lado da barricada esquecendo o caminho entretanto percorrido. A linguagem é um vírus. E, se reflectir um bocadinho nisto, Carlos, vai concluir que tenho frazão.
De resto, fiquei esclarecido sobre os seus hábitos de consumo de Carlos Furtado. É louvável, e quase comovente, a sua preferência pelos produtos nacionais. Só lhe fica bem. E já agora: eu já fui à China e bebi lá excelente vinho português. O que me leva a pensar que apostar na qualidade e na excelência dos produtos nacionais talvez seja a melhor maneira de os internacionalizar com sucesso, numa sociedade cada vez mais globalizada. O que acha?
Um abraço deste seu leitor habitual
Rui Baptista