terça-feira, outubro 12, 2004
"Chinesices" no Nortadas
Carlos Furtado, no Nortadas, está preocupado com o número de cidadãos chineses em Portugal. "Quando é que eles serão donos de Portugal"?, pergunta, com fervor supostamente patriótico. Diz ele que a sua pergunta nada tem a ver com xenofobia, mesmo numa forma mitigada. Trata-se, isso sim, garante, de uma "questão de identidade nacional, cultural e de património". E dá exemplos: as mais nobre artérias" de Lisboa e Porto estarão cheias de chineses, a velha estrada para o Algarve está infestada de armazéns dirigidos por orientais. Furtado pressente que há nisto uma grande marosca. "É comércio desonesto [ o dos chineses], pois não acredito que tudo esteja na maior das legalidades", sentencia.
Pois é. Carlos Furtado não é xenofobo. Tem é aversão a pessoas ou coisas estrangeiras, o que vem a dar no mesmo. Logo ele, um liberal de quatro costados, assume um proteccionismo descarado dos interesses nacionais. Vamos lá a correr com os chineses das zonas históricas do Porto e de Lisboa, para dar lugar aos comerciantes nacionais. Vamos contar os chineses, fumigá-los e, quem sabe, obrigá-los a usar uma estrela amarela no casaco enquanto aguardam a deportação. Que tal?
Claro que o que ficou atrás é um exagero de escriba. Carlos Furtado é uma pessoa sensata, como comprovar-se através da leitura dos seus posts no Nortadas, embora uma ou outra vez seja assaltado de uns estranhos brios nacionalistas. Será influência do nacionalismo serôdio de Paulo Portas, o "role model" para uma geração de quadros bem intencionados de Direita?
Seja como for, mantenho a minha opinião: a maneira como Carlos Furtado se refere aos chineses é ligeiramente xenófoba (e já ouço gente a objectar: não há atitudes ligeiramente xenófobas - ou são xenófobas ou não são). A intenção pode ser boa, mas levanta suspeitas não comprovadas sobre um grupo de cidadãos e ajuda a reforçar os preconceitos. Há maneiras e maneiras de dizer as coisas. E quem não perceber isto não percebe nada.
Pois é. Carlos Furtado não é xenofobo. Tem é aversão a pessoas ou coisas estrangeiras, o que vem a dar no mesmo. Logo ele, um liberal de quatro costados, assume um proteccionismo descarado dos interesses nacionais. Vamos lá a correr com os chineses das zonas históricas do Porto e de Lisboa, para dar lugar aos comerciantes nacionais. Vamos contar os chineses, fumigá-los e, quem sabe, obrigá-los a usar uma estrela amarela no casaco enquanto aguardam a deportação. Que tal?
Claro que o que ficou atrás é um exagero de escriba. Carlos Furtado é uma pessoa sensata, como comprovar-se através da leitura dos seus posts no Nortadas, embora uma ou outra vez seja assaltado de uns estranhos brios nacionalistas. Será influência do nacionalismo serôdio de Paulo Portas, o "role model" para uma geração de quadros bem intencionados de Direita?
Seja como for, mantenho a minha opinião: a maneira como Carlos Furtado se refere aos chineses é ligeiramente xenófoba (e já ouço gente a objectar: não há atitudes ligeiramente xenófobas - ou são xenófobas ou não são). A intenção pode ser boa, mas levanta suspeitas não comprovadas sobre um grupo de cidadãos e ajuda a reforçar os preconceitos. Há maneiras e maneiras de dizer as coisas. E quem não perceber isto não percebe nada.