quinta-feira, julho 22, 2004

 

O esplendor de Portugal

Este Governo começou mal, mas isso já era esperado. PSL fez tudo ao contrário do que tinha prometido nas entrevistas televisivas que deu antes de ser indigitado primeiro-ministro. Prometeu um Governo mais pequeno e acabou por nos dar um Governo ainda maior, com mais ministros e secretários de Estado; garantiu que o seu Governo ia ter mais mulheres do que o de Durão e afinal tem menos; disse que ia deslocalizar ministérios e é o que se vê (até Telmo Correia o desmentiu...); afirmou que ia apostar em gente de fora de Lisboa e acabou por só ter dois ministros oriundos da "província"; avançou com a possibilidade de integrar nomes fortes no executivo e o melhor que conseguiu arranjar foi o patrício Álvaro Barreto e o amigo Mexia. Decepou ministérios, mudou-lhes o nome, criou pastas que não lembram ao Diabo e até se esqueceu de avisar o parceiro Portas de que lhe ia entregar os "assuntos do mar" (e como Portas percebe de mar - eu vi claramente visto o homem a vomitar tudo o que tinha nas tripas durante uma curta viagem de traineira para recolher redes ao largo de Aveiro. Em Agosto e com mar chão...).
Com os secretários de Estado foi a trapalhada que se viu. O incidente Teresa Caeiro é digno de um sketch dos Malucos do Riso. Tal como aconteceu com os ministros, o critério para distribuir os secretários de Estado foi o de quanto pior melhor. Cada um foi promovido até ao grau máximo da sua incompetência - e depois foi mais além. Há gente que vai andar meses só para perceber como as coisas funcionam. Há gente que não tem sequer um lugar para se sentar porque ninguém pensou nisso. Agora que se amanhem, que requisitem palacetes para instalar ministérios e secretarias de Estado. E façam-se novas leis orgânicas, e mude-se a papelada toda, os cartões de visita, o papel timbrado, as placas dos ministérios e por aí fora. E adquira-se já mais uma dezena de frotas de automóveis de luxo.
Há nisto tudo uma imaturidade que doi. Que faz pena. Que aterroriza quem se preocupa com o futuro do país. Com o nosso futuro.

PS- Ontem liguei para um amigo que mais tarde seria empossado secretário de Estado. Eu sabia que ele sabia que eu sabia que ele sabia que eu sabia. Despachou-me simpaticamente, dizendo que estava no barbeiro a cortar o cabelo e que não podia confirmar que era secretário de Estado. Duas horas depois vi-o na televisão, a abanar-se por causa do calor na tomada de posse. Estava com o cabelo aparado. O país está lixado!

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