quarta-feira, junho 30, 2004

 
A solução que Durão Barroso engendrou num gesto de soberania monárquica tem alguma malícia pelo meio: ao contrário do que pensa (?) Luís Filipe Meneses, ser um Presidente da República não é a mesma coisa que ser um primeiro-ministro. O lugar de primeiro-ministro é um lugar para queimar Santana Lopes: ao fim de dois anos o país estará transformado num imenso túnel. E Santana Lopes sempre soube que a sua vocação (que é feita de palavras sonantes e gestos impensados) era mais ser Presidente do que primeiro-ministro. Um primeiro-ministro tem que acompanhar inúmeros "dossiers" e coordenar uma complicada equipa com um sentido ponderado do equilíbrio e da negociação. Não me parece que Santana Lopes revele estas qualidades. O que lhe aconteceu lembra um romance de Italo Svevo em que o protagonista andava com duas irmãs com o propósito de casar com a mais bela e os enredos do destino levaram-no a ter de ficar com a mais feia. Mas tem um compensação óbvia: Durão Barroso prepara-se para ser o padrinho.

Eduardo Prado Coelho, PÚBLICO

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