sexta-feira, maio 28, 2004

 

Doença estranha ataca principais colunistas do país

Uma doença estranha, cuja origem não é ainda conhecida, está a atacar a larga maioria dos talentosos colunistas do nosso país.Os mesmos que contribuiram no passado para fazer cair ministros sobre ministros (então, nos tempos dos governos socialistas, eles, os ministros, caiam como tordos) parecem estar agora adormecidos, provavelmente vítimas da misteriosa doença. Enquanto não despertam dessa maleita, fica aqui um registo de dois factos recentes que me deixaram perplexo: a inatacável e competentíssima ministra que orienta as finanças do nosso país teve "um lapso de memória" e esqueceu-se de declarar os rendimentos que obteve com a venda de uma casa de família. Pelos vistos, já regularizou a situação. Mas não é estranho que uma ministra das Finanças se possa esquecer de declarar rendimentos. Não é um caso semelhante ao de um cirurgião que se esquece do bisturi nos intestinos de um doente que operou. Será que, em qualquer outro país, esquecimentos destes passariam ao lado das talentosas penas que escrevem e "opinam" nos "media" desses países?
Esquecimentos à parte, a mesma ministra deixou-me ainda mais perplexo com a solução que encontrou para resolver os problemas de sucessão nas direcções gerais de impostos e da informática e apoio aos serviços tributários e aduaneiros. Depois de uma pesquisa minuciosa às competências dos 700 mil funcionários que são pagos pelo erário público, a dita ministra não conseguiu encontrar nenhum que tivesse qualidades para ocupar o topo da hierarquia daquelas duas direcções gerais. Vai daí nada melhor do recorrer à privada: mais concretamente a dois quadros superiores de duas instituições bancárias. Bizarro, no mínimo. Mas mais extraordinário ainda foi a forma como a mesma ministra resolveu o problema de garantir "a esses dois génios" o pagamento dos principescos salários que auferiam nos respectivos bancos (mas isso, quero eu dizer "os principescos salários", era lá com os bancos). As duas instituições, imbuídas do espírito misericordioso que todos os bancos possuem (misericórdia essa que é bem conhecida de todos aqueles que se atrasam no pagamento dos empréstimos que contraem para comprar casa, carro, etc, etc,) continuam a pagar a esse dois senhores o mesmo dinheirinho ao fim do mês como se eles estivessem numa comissão de serviço. Já agora, para ser mauzinho, ao serviço de quem? Do Estado, no imediato, e a médio prazo do banco a que irão regressar?
Mas a ministra sabe que os bancos não são propriamente a Santa Casa da Misericórdia. E por isso está a tentar encontrar uma forma de devolver a massa aos bancos. Genial, no mínimo, e digno de ser divulgado junto de outros países, pois não é todos os dias que se inventam soluções destas...

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