quarta-feira, maio 19, 2004
Agualusa
Aproveitei estes três dias de exílio algarvio para, entre outras coisas, ler "O Vendedor de Passados", o último romance de José Eduardo Águalusa. Romance simples, escorreito, despretensioso, que sê num fôlego. Não tem a intensidade de "O Ano em Que Zumbi Tomou o Rio", nem a poesia de "A Estação das Chuvas", mas Águalusa volta a mostrar que é um bom narrador, com jeito para os diálogos e com capacidade de surpreender. Desta vez talvez tenha ido um nadinha longe de mais ao atribuir a uma osga o papel de narrador, mas o ambiente onírico que atravessa o livro ajuda a compor o final. O escritor insiste na digressão geográfica e emocional pelos seus lugares de eleição, como Luanda, o Rio , Goa e Berlim. Mas a ideia central do livro (um homem que vende passados falsos) redime tudo.