sábado, março 27, 2004

 

Racismo no Calhabé?

A Académica ganhou ao Marítimo por 2-0, mas isso agora não me interessa nada. Quero antes relatar uma coisa que sucedeu a meio da segunda parte. Um jogador insular, Wenio, foi (bem) expulso por uma entrada mais dura sobre um adversário. Quando abandonava o relvado os adeptos da Académica brindaram-no com um coro de urros, imitando macacos. A cena repetiu-se poucos minutos depois, quando Dinda, do Marítimo falhou a marcação de um livre directo.
Wenio e Dinda são pretos (ou negros, como muita gente gosta de dizer para aliviar as consciências). Esta atitude é comum no Calhabé sempre que os adversários são pretos. Já escrevi sobre isto há um par de anos e responderam-me através de um editorial no jornal do clube, argumentando que as atitudes racistas de alguns adeptos são frequentes nos campos de futebol e não acontecem apenas no Calhabé.
Coimbra orgulha-se de ser a cidade dos doutores e engenheiros. Orgulha-se de ter uma das universidades mais antigas e prestigiadas da Europa. Gosta de ser chamada a "Lusa Atenas". Trinta e três por cento dos habitantes do concelho são licenciados, segundo dados do CEC. Os adeptos mais fervorosos da Briosa são estudantes. Estudantes do ensino superior. Coimbra é uma lição. Mas, apesar disto tudo, muitos adeptos sofrivelmente caucasianos da Briosa comportam-se como animais, sublimando as suas frustrações com exibições do mais puro racismo. É uma pena!

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