sexta-feira, março 19, 2004

 

O horror e a "baratontice" da TVI

Amigos e conhecidos dizem-me que eu gosto de embirrar com a TVI. É verdade. Há qualquer coisa no canal Moniz-Moura Guedes que me deixa à beira de um ataque de nervos. Não sei se é a pose arrogante da mulher do director (que ora faz um anúncio de detergente, ora salta para o Parlamento, para logo regressar à pantalha para comentar as notícias que apresenta), ou se é o tom de regateira da praça de Manuel Luís Goucha. Não sei mesmo se é a voz esganiçada de Júlia Pinheiro (outra veterana de anúncios de detergentes), ou os trejeitos fadistas de Rui Vasco Neto, o Jerry Springer de Chelas. Também pode ser que eu embirre com a TVI porque a estação de Queluz passa as melhores séries a horas indecentes, ou porque foi pioneira na transmissão de alarvidades como o Big Brother, ou porque tem os episódios todos de Seinfeld em carteira e não os transmite. O que é certo, é que a TVI faz-me nervoso miudinho.
Nos últimos meses, a informação da TVI tem feito um esforço notável para se tabloidizar. O Jornal Nacional é um repositório de misérias. Não há desgraçadinho que não tenha direito ao seu quarto de hora de fama e a nenhum maluquinho é negado tempo de antena. "Matou a avó à machadada para roubar dinheiro para fazer uma operação para mudar de sexo - veja mais à frente no Jornal Nacional" ameaça todas as noite a diva Guedes, a justiceira da Casa Pia, a mulher que não dorme nem fecha a boca enquanto houver alguém com a cara tapada e a voz distorcida disposto a enxovalhar um terceiro.
Como muito bem denuncia o Jpd no seu Política Pura é verdadeiramente lamentável a maneira como a TVI tem vindo a tratar a eventual ameaça terrorista. A pulsão securitária conduziu-os ao desvario e por isso vá de abandonar mochilas no aeroporto para testar a segurança, vá de clamar aos microfones que Portugal está à beira de um ataque e que os cidadãos estão absolutamente indefesos perante os malvados terroristas.
A isto chama-se "baratatontice". Se a TVI julga que está a prestar um serviço público, está redondamente enganada. Está terrivelmente enganada. Por esse país fora floresce a histeria, e só ontem a secção de minas e armadilhas da PSP teve que fazer explodir nada menos do que sete objectos suspeitos do Norte a Sul do país. Em todos os casos se confirmou que era um falso alarme, mas aposto que a TVI não vai desisitir de nos tentar assustar. Se fosse por uma boa causa, ainda se entendia. Mas toda esta histeria não passa de mais uma manobra na guerra das audiências. A estação de Queluz só descansará quando cada cidadão se transformar num polícia à paisana e num denunciante nas horas vagas. Se isto continua, ainda vamos ter a nossa Noite de Cristal. "Nacht und nebel", meus amigos.

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