Amor e Ócio (I)

Dei por ele num pequeno anúncio no Jornal de Notícias. Algures entre os avisos dos tribunais e conservatórias e dos astrólogos-videntes-espiritualistas africanos. O Coelho Pacifista! Primeiro pensei que era um truque de Jorge Coelho para escapar à novela da sucessão de Ferro Rodrigues, que muitos socialistas anseiam ver pelas costas. Já estava a imaginar o bom do Coelho de capacete azul a patrulhar a terra de ninguém na cidade de Nicosia (a última capital dividida do mundo, garantem os cipriotas-gregos), ou à frente de uma manifestação no Chiado para acabar com a guerra do Iraque. Mas depois atentei melhor: a figura que ilustrava o anúncio era mesmo de um coelho, de orelhas arrebitadas e dentuça proeminente. E a frase publicitária, por baixo, desfazia todas as dúvidas: o Coelho Pacifista é um cobrador de dívidas. Assim uma espécie de Cobrador de Fraque com ar de Roger Rabitt e sotaque à moda do Porto. Simplesmente impagável. O site do Coelho Pacifista é também imperdível e tem uma animação interessante, em que o secretário do Coelho é entrevistado por um "clone" da Manuela Moura Guedes. Esclarece pouco mas diverte muito. Merece a visita.