terça-feira, janeiro 31, 2006

 

Cidade dos homens


Esta série de televisão, inspirada no filme de Fernando Meirelles "A Cidade de Deus", é a a razão principal para as minhas olheiras, do tamanho de pratos de sopa. Este é o Brasil que escapa ao cartão postal. O Brasil do morro, da favela, filmado como nunca ninguém tinha tido coragem para o fazer. O DVD pode ser importado aqui, mas parece que já está disponível na FNAC. E para banda sonora recomendo Seu Jorge, fazendo minhas as palavras dele:
A favela, nunca foi reduto de marginal
A favela, nunca foi reduto de marginal

Ela só tem gente humilde Marginalizada e essa verdade não sai no jornal

A favela é, um problema social
A favela é, um problema social

Sim mas eu sou favela
Posso falar de cadeira
Minha gente é trabalhadeira
Nunca teve assistência social
Ela só vive lá
Porque para o pobre, não tem outro jeito
Apenas só tem o direito
A salário de fome e uma vida normal.


A favela é, um problema social
A favela é, um problema social

 

Que venha Fevreeiro

Por ser o último, este é dia de Janeiro de que mais gosto.

 

Lovely day!

Até há poucos dias nem sequer sabia que a Jennifer Love-Hewit cantava.E, para ser sincero, não me parece que a garota tenha grande futuro no mundo da música. São umas baladazinhas pop com pouco sal e pimenta. Mas se a trago aqui hoje é porque a Jennifer (e desculpem-me a intimidade) sempre foi uma das minhas...digamos...fixações. Olhem bem para a fotografia e vejam lá se percebem o que quero dizer. Quem não se contentar em ouvir a menina pode vê-la, deliciosa e fresca, num videoclip leve, levezinho. É só clicar com jeito na foto.Ok?

 

TERAPIA...

Confesso que não vi o jogo entre o Benfica e o Sporting. Todavia o olho clínico do RB confere credibilidade à sua análise. Mas ouvi o ex-candidato presidencial Manuel Alegre afirmar no Altis, entre apoiantes, com ar sorridente e bem-disposto (até parecia que não estava doente…) que ia para casa assistir ao desafio. Com efeito, não deixa de ser curiosa esta situação de baixa médica do dirigente socialista. Após a campanha eleitoral, de acordo com a imprensa, o deputado apresentou um atestado médico “para descansar”, após uma desgastante refrega. De acordo com a mesma imprensa, Alegre precisa de “repousar”. Falhou assim o deputado socialista ao debate mensal, no Parlamento, com a presença do Primeiro-Ministro, mas não deixou de comparecer, no dia seguinte, no Altis, para projectar o movimento de cidadania que pretende lançar. Presume-se que esta reunião tenha funcionado como “coadjuvante terapêutico”, para o deputado, aguardando-se agora a sua aparição, para nova sessão de “terapia” na Comissão Política do seu Partido.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

 

"Ouça um bom conselho, eu lhe dou de graça..."

Logo à noite, é o-b-r-i-g-a-t-ó-r-i-o sintonizar a televisão na 2: a partir das 22h30. A essa hora estreia em Portugal, finalmente, "Curb your enthusiasm", a série da HBO protagonizada por Larry David, o parceiro de Jerry Seinfeld na melhor sitcom da história. E meia hora depois arranca "Roma", uma mega-produção de época co-produzida pela norte-americana HBO e pela britânica BBC e nomeada para
dois Globos de Ouro.

Sobre Roma nada posso adiantar porque só sei o que li nos jornais. Mas promete. Mas já "Curb your enthusiasm", que por cá leva o título "Calma, Larry", está já há algum tempo disponível em DVD. A primeira série é até oferecida com legendas em português. Larry é, basicamente, um rabugento. Mas um rabugento genial. Numa clara sátira aos reality shows, permite que uma câmara de televisão o siga no dia-a-dia. E consegue fazer-nos rir com os seus tiques, embirrações, dúvidas, fraquezas. Larry é ridículo como só as pessoas verdadeiramente inteligentes conseguem ser. E devastador na maneira como consegue que, ao rirem-se dele, os espectadores riam de si mesmos. Mesmo sem o perceberem. O Poema em Linha Recta parece ter sido escrito para ele:
Nunca conhecí quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasito,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

 

OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mário Quintana
Esconderijos do Tempo

 

Milagre

Eu sou apaixonada por bebês. E mesmo quem não é, acredito, se comove com uma imagem destas...

















A bebezinha de 2 meses de vida foi resgatada no sábado por um casal que passeava perto de uma lagoa em Belo Horizonte. Ela foi encontrada dentro de um saco plástico. O resgate foi filmado por um cinegrafista amador e as imagens me fizeram chorar.















Minutos antes, a menina havia sido jogada pela mãe biológica na lagoa. A mulher está presa e a nossa mais nova " Moisés" versão feminina está muito bem. O que não lhe faltam no momento são candidatos a pais adotivos.

 
Peço aos impolutos cidadãos que hoje de manha apedrejaram o carro de Co Adriaanse que parem com esta insensata Intifada à m oda do Porto. Para o meu clube, nada seria pior do que ver o holandês fazer as malas e zarpar. Cuspir no homem, insultá-lo, mandar-lhe sms ameaçadores e partir-lhe os vidros da viatura são gestos escusados. Com ele ainda teremos alguma chance de ser bi-campeões, apesar de Koeman. Sem ele, sabe-se lá...

domingo, janeiro 29, 2006

 
É capaz de ser do frio, mas hoje estou numa de Azure Ray. Acham bem? Cliquem lá na foto para ver e ouvir.

 

Que aprendam a lição

Vamos erguer as mãos aos céus e dar graças pelo Rio Ave. Porque com as invenções de Koeman não vamos lá. Não sei o que se passa com estes holandeses, francamente. Eu sei que o Benfica perdeu bem (e mereceu perder) mas alguém reparou que quando o Glorioso ganhava por 1-0 o árbitro fechou os olhos a uma grande penalidade sobre o Nuno Gomes?

sábado, janeiro 28, 2006

 

Que bem que se está no campo!


Tenham um bom fim-de-semana!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

 

Turismo de aventuras (e sim, estes lugares existem mesmo!)


(Clicar na imagem para aumentar. Com vénia a JB)

 

Crazy!

Já quase a desmaiar de sono veio-me de repente a vontade de ouvir Alanis Morissette a cantar Crazy,uma canção original de Seal. Definitivamente, é uma daquelas coisas que nos ajudam a suportar os dias cinzentos (que, felizmente, não têm sido tão cinzentos quanto isso). Cliquem lá na Alanis para ver o videoclip. E desfrutem!

 

quinta-feira, janeiro 26, 2006

 

Somos maiores e muuuuito melhores!

No excelente Bola na Área (link)
encontrei esta magnífica citação de Filipe Soares Franco, "presidente" do Sporting:
«Não podemos ter medo de enfrentar a verdade e, num contexto de rácios, o Benfica é efectivamente maior do que o Sporting: tem mais adeptos e mais sócios, tem mais títulos conquistados, venceu mais competições europeias. Os sportinguistas não devem negar as evidências, até porque quando queremos ser os primeiros temos de seguir dois princípios: não mentir e ter a referência a abater. Além do mais, o facto de o Benfica ser maior não quer dizer que seja melhor»

PS- No Brasil, o meu Palmeiras despachou ontem uns venezuelanos quaisquer por 2-0, na Libertadores. "Verdão" a sério só mesmo o Palmeiral...

 

Começar o dia com uma má notícia

Hamas venceu as eleições na Palestina.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

 

Paixão cega

Este vídeo (link) é uma ordinarice. Felizmente. É só clicar na foto e desfrutar. No mesmo filme surge a explicação para um outro famoso video que anda aí a correr pela Net, em que Ronaldinho chuta repetidamente à trave de uma baliza. O link para o filme original é este. Have fun!

 

Precious

Nos últimos dias não consigo parar de ouvir esta canção dos Depeche Mode. Oh, Precious, my Precious. Foi há exactos 18 anos que vi os Depeche num concerto em Copenhaga, durante uma aventura/loucura que me levou à boleia pela Europa até à Escandinávia. 18 anos. E eis que regressam, como se o tempo não tivesse passado por eles.Quem quiser pode ver aqui (link) o videoclipe (no meu tempo dizia-se teledisco...)

 

Recado para a Joana Amaral Dias

Fique a menina a saber que se o BE não a quiser de volta nós estamos prontos para a receber de braços abertos. A Joana é fixe e o Teixeira Lopes que se lixe...

terça-feira, janeiro 24, 2006

 

Uma digestão que promete


E Manuel Alegre lá engoliu um milhão de eleitores do PS...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

 

Depressão pós-eleitoral?

A notícia é do PÚBLICO. Terá alguma coisa a ver, também, com alguma depressão pós-eleitoral?

Investigador britânico conclui

que hoje é o dia mais deprimente do ano
Em 2005 calhou na segundafeira
24 de Janeiro. Este ano
o dia mais deprimente de
todos acontece hoje, voltou a
prever Cliff Arnall, um eminente
professor universitário
britânico da Universidade de
Cardiff, especialista em saúde
mental.
Não se trata de futurologia,
defende Arnall, mas de um
cálculo matemático a partir
de seis factores que se conjugam
no primeiro mês do ano:
o frio do Inverno, o tempo que
decorreu desde o Natal, o regresso
ao trabalho depois das
festas, a chegada das facturas
para pagar, as resoluções
de ano novo frustradas e a
ausência de expectativas em
relação a uma melhoria do
panorama nas semanas que
se seguem.
Aplicando a fórmula matemática
de Arnall não restam
dúvidas de que o dia 24 de
Janeiro tem tudo para ser o
mais deprimente de todos. Só
que os efeitos fazem sentir-se
com mais impacto no início
da semana, pelo que tudo
indica que hoje será um dia
em que um grande número
de pessoas se sentirá mais
ou menos em baixo.

domingo, janeiro 22, 2006

 

E pronto! Temos Presidente!

O "homem" lá ganhou as eleições à primeira, sem quase precisar de abrir a boca para comer bolo-rei ou dizer alguma coisa relevante. O resultado agrada a Sócrates, de certeza. Mas o secretário-geral do PS tem agora pela frente um Manuel Alegre de alma lavada e por isso ninguém se admire se, a curto prazo, houver um congresso extraordinário do PS.
Cavaco lá ajustou as contas com a História, mas é de alguma forma amargo que isso tenha acontecido à custa de Mário Soares. O velho leão não merecia este triste fim de festa, para o qual foi empurrado por alguns amigos pouco recomendáveis e por um surpreendente erro político de avaliação.
E agora temos pela frente três anos de coabitação que, aposto, serão mais fáceis do que muitos vaticinam. Três anos sem eleições, mas talvez com um ou dois referendos pelo meio (aborto, e, quem sabe, regionalização). E dez anos de Cavaco e Maria em Belém, cenário que deixa muita gente arrepiada. Mas, como dizia o outro, "é a vida"!

 

Eu voto nela!


 

A pergunta do dia

Será hoje que a História começa a absolvê-lo?

 

LIBERDADE

Liberdade que estais no céu…
Rezava o padre nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

- Liberdade que estais na terra…
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.-
Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga

sábado, janeiro 21, 2006

 

Viva a diversidade e a democracia

Na América Latina, as mais recentes escolhas políticas parecem refletir uma sede por mudanças. Nas palavras de um colunista daqui "temos um operário no Brasil, um comunista na Venezuela, um índio na Bolívia e uma mulher no Chile". O tempo vai dizer se essas mudanças são boas ou más ( aqui no Brasil ele já está dizendo muita coisa). Pra mim, são sempre válidas.

 

De volta...

O bom filho à casa torna...É o que dizem aqui no Brasil quando um velho conhecido sumido decide aparecer de repente. E aqui estou eu outra vez... Nem tão velha, nem tão conhecida, mas com saudades dessa casa portuguesa. E feliz por voltar.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

 

A frase do dia (que também serve para Portugal)

Ô, raça! É impressionante como ninguém com mais de três neurônios consegue se entender no Brasil.
Tutty Vasques, colunista da Veja e do site no mínimo (link)

 

Passos em Redor

Insurreição operária armada na Marinha Grande (1934). Legalização do PS (1975). O capitão Cook descobre as Ilhas do Havai (1778). Proclamação do império alemão (1871).

 

CRISE ?!?!?!

As marcas de luxo tiveram um crescimento excepcional, nota a ANECRA (Associação Nacional de Empresas de Comércio e Reparação Automóvel).
A Aston Martin cresceu 233.3 por cento, tendo vendido 20 unidades, a Ferrari subiu 63.6 por cento (18 unidades vendidas), a Bentley melhorou 62.5 por cento (13 unidades), a Porsche aumentou 28.1 por cento (260), enquanto a Maserati (12), Lamborghini e Cadillac (1 cada), mantiveram o registo de 2004.

 

I want you

Durante muitos anos esta foi a minha canção preferida de Elvis Costello. Hoje já não sei, até porque o álbum North é um verdadeiro colar de pérolas. Seja como for, nos tempos em que eu era magro dancei muitas vezes esta cançãozinha. Mas hoje, como escreveu Álvaro de Campos (ou Pessoa por ele) "já não faço anos - duro". E estou a ficar duro de ouvido e de articulações. Mas ainda consigo comover-me com canções destas, o que já não é mau.


 

Levitt


Sou avesso a gurus, sejam de que tipo for. E desconfio dos economistas. Mas este livro de Steven Levitt e Stephen Dubner (não sei se há tradução portuguesa, mas espero ardentemente que sim) convenceu-me. Levitt não é um economista como os outros. Não vive no mundo da lua, nem faz malabarismos com números. Prefere colocar perguntas pertinentes e depois desunha-se para encontrar respostas que façam sentido e que sejam compreensíveis pelo comum dos mortais. Há uns dois anos escrevi no PÚBLICO um texto sobre ele. Reli-o há pouco e acho que continua actual. Por isso tenham lá paciência, mas vou republicá-lo. Eu sei que é grandote, mas com um bocadinho de boa vontade chega-se num instante à última linha.


Embirrações e bom senso
Eu não tenho um tio Olavo, como o brasileiro Edson Athaíde, mas já tive um tio Jaime, de quem gostava muito. Tal como o tio Olavo, a quem o publicitário que conduziu em 1995 a campanha vitoriosa de António Guterres recorre sempre que está com falta de assunto, também o meu tio Jaime era dado a aforismos. A aforismos e a embirrações. Quando tomava algo ou alguém de ponta, era capaz de andar anos e anos a alimentar uma antipatia surda, expressa em rosnidos ou frases assassinas.
Os economistas eram uma das embirrações mais duradouras do meu tio Jaime. Conta-se na família que ele perdeu uma pequena fortuna com as acções da EDP, compradas por conselho de um economista durante a segunda fase da privatização da empresa. A partir dessa altura, desenvolveu um desprezo profundo pelo trabalho desta classe profissional, indo ao ponto de pôr em causa a sua base científica. "A economia está para a verdadeira ciência assim como a astrologia está para a a astronomia", ouvi-o repetir vezes sem conta ao longo dos últimos anos.
A frase nem sequer é original, como descobri ao ler um romance de David Lodge em que ele dizia que "a ginástica está para o verdadeiro desporto como a masturbação está para o sexo". Com os seus "gurus" da moda e correntes de pensamento que brotam todos os dias como cogumelos, a economia (e disciplinas afins como gestão ou marketing) transmitem por vezes ao cidadão comum a ideia de alguma falta de exactidão. Dizia o tio Jaime que se juntássemos dois economistas na mesma sala e colocássemos a ambos a mesma questão, obtinhamos pelo menos quatro respostas diferentes. No mínimo.
Vem isto tudo a propósito do economista Steven Levitt, cujo perfil foi traçado pela revista brasileira Veja de 21 de Janeiro, na sequência de uma extensa reportagem publicada no Verão do ano passado pelo New York Times Magazine. Aos 35 anos, Levitt é um economista diferente. A sua área de estudo é a chamada "economia empírica", dominada pelo bom senso, na qual temas do quotidiano como a criminalidade, a discriminação racial ou a corrupção têm primazia sobre défices públicos, taxas de juro ou o índice Dow Jones. Mais do que um economista, Levitt é um cientista social, que combina a rigorosa recolha de dados com uma análise posterior despida de preconceitos. As suas investigações inovadoras valeram-lhe a medalha Clark, concedida de dois em dois anos pela Associação Americana de Economia e pela Universidade Vanderbilt, um excelente prenúncio para um eventual Prémio Nobel. Até hoje, 11 dos 28 agraciados com a medalha Clark ganharam o Nobel, entre os quais o economista Milton Friedman, um dos "gurus" dos chamados "Chicago Boys".
Acredito que o tio Jaime ia gostar de Steven Levitt. Alguns dos seus trabalhos mais conhecidos escapelizam temas como a criminalidade juvenil, a discriminação racial, os casamentos e os divórcios e até a corrupção nos torneios de Sumo, o desporto nacional japonês. Mas nenhum trabalho teve tanto impacto como o estudo sobre a legalização do aborto e a criminalidade ("The Impact of Legalized Abortion on Crime."). Levitt cruzou dados estatísticos recolhidos nos Estados Unidos da América, e chegou a duas conclusões terríveis: crianças indesejadas, de lares desfeitos, têm maior tendência para se envolverem em actos criminosos; a criminalidade é mais baixa nos estados em que a liberalização da prática da interrupção voluntária da gravidez ocorreu há mais tempo. Ou seja: mais abortos, menos crimes.

Esta frase é no mínimo inquietante e as suas implicações morais e éticas são muitas e extremamente delicadas. O próprio Levitt confessa que não tem a menor simpatia pelo aborto, no documento que pode ser acessado na Internet através da página oficial do economista (http://www.src.uchicago.edu/users/levit/).
Portugal não é a América, felizmente. Mas o estudo de Levitt merece ser discutido, agora que a eventual despenalização da interrupção voluntária da gravidez volta a estar na ordem do dia. No final do dia, tudo se resume a uma questão íntima, pessoal, de consciência. Mas é sempre melhor decidir quando se está o mais bem informado possível. Apesar de toda a sua rabugice, suspeito que o meu tio Jaime estaria de acordo com esta afirmação.

terça-feira, janeiro 17, 2006

 

Coisas que nos ajudam a suportar os dias cinzentos

Tenho andado a rever a Ally McBeal no Fox Life. E para além de adorar a doce e neurótica advogada (será defeito meu?) gosto também muito da banda sonora. Que tem pérolas como esta:

Divirtam-se. Namorem muito ao som de Al Green. E tenham um bom dia.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

 

Num cinema perto de si


 

Beija eu!


Bom dia.

 

Já só vão a três...

Já vos tinha dito que sou do Estrela da Amadora desde pequenino?

domingo, janeiro 15, 2006

 

Expulsos do Paraíso (1)

Na história de Adão e Eva e da sua expulsão do paraíso há uma questão que eu nunca vi esclarecida: de que espécie era a maçã que eles morderam e que lhes valeu a expulsão do paraíso? Seria uma maçã reineta? Seria bravo-de-esmolfo? Teria um formato arredondado ou oblongo? Vermelha ou verde? Estaria certificada pela União Europeia? (esta pergunta é idiota – toda a gente sabe que no paraíso não havia burocratas, muito menos eurocratas). Será que Adão e Eva lavaram a maçã antes de a morder? Descascaram-na? Comeram-na toda ou deixaram o caroço? Tantas perguntas, tão poucas respostas. Tendo em conta o trágico desfecho da história, o mais provável é que a maçã estivesse bichada. E, nesse caso, pode muito bem ter acabado no estômago dos pais fundadores da Humanidade, cabendo-lhe assim a honra duvidosa de ter sido a primeira vítima fatal do pecado original. O que levanta outra questão: quem, afinal, comeu a lagarta? Ele ou ela?

 

Expulsos do Paraíso (2)

A questão da maçã não é despicienda. O Todo-Poderoso tinha avisado Adão e Eva que não podiam trincar o fruto daquela macieira que ficava bem no meio do jardim do Éden. Tinha-os prevenido de que cairiam em desgraça. Segundo as Escrituras Sagradas tinha-os ameaçado até de morte (pena que viria a ser comutada em expulsão). Adão e Eva andavam nus e felizes como dois naturistas na praia do Meco numa tarde abafada de Julho. Alimentavam-se de frutas de outras árvores e tinham um relacionamento cordial com os animais selvagens do Éden (nessa altura, leões, tigres, águias e até dragões eram mansos como cordeiros). E apesar deste ambiente idílico e dos avisos do Todo-Poderoso, o casal primordial acabou mesmo por morder o fruto proibido.
Reza a história de que uma serpente rastejou até Eva (outra questão – Eva seria loura ou morena? A resposta a esta pergunta ajudaria a perceber o enredo) e convenceu-a a provar o fruto. Com falinhas mansas, próprias de quem tem a língua bifurcada, a serpente persuadiu Eva de que trincar a maçã não implicaria a sua morte. Convenceu-a de que a ingestão da maçã iria permitir ao primeiro casal abrir os olhos e passar a distinguir o bem do mal. Eva foi na conversa e deu uma trinca. E a seguir obrigou Adão a fazer o mesmo. Foi então que o casal percebeu que estava nu. Calculo que tenham corado violentamente. Não sabemos se Eva gostou do que viu quando olhou finalmente para Adão com olhos de ver. O que sabemos é que ambos se apressaram a cobrir-se com folhas de figueira. No instante seguinte começou o vale de lágrimas da humanidade. E nem Darwin e a sua teoria evolucionista conseguiram fazer com que a humanidade esquecesse a parábola do casal primordial, da serpente e da maçã. Maça essa que ficou mal falada, ao ponto de ganhar a designação latina de “Pyrus Malus”.

 

Expulsos do Paraíso (3)

Hoje, é por demais evidente que a humanidade nunca regressará ao jardim do Éden, apesar de muitos ansiarem por isso. A expulsão foi definitiva. Perdeu-se para sempre a inocência original. Há gente que ainda acredita que será possível reconstruir o paraíso na terra, mas a maior parte de nós vive mergulhado nos nossos inferninhos pessoais. Mas nem tudo é mau. O desenho das maçãs continua a atrair os mais inocentes, mas agora há outras frutas mais polpudas. Há mangas sumarentas, ameixas carnudas, melões de encher o olho, contas na Suiça e escutas aos centos. E as folhas de figueira são cada vez menos populares, felizmente. Ao trincarem a maçã, Adão e Eva podem ter lançado a humanidade num vale de lágrimas, mas, afinal, abriram também as portas a um admirável mundo novo, onde as serpentes se levantaram do chão e circulam de fato e gravata, mantendo apenas a língua bifurcada. Agora, homens e mulheres já sabem distinguir o bem do mal. O certo do errado. E a maior parte escolhe voluntariamente o lado errado esperando que tudo acabe por dar certo. Uns são apanhados e castigados e outros não. É a vida. Pensando bem, Adão e Eva eram uns chatos.

sábado, janeiro 14, 2006

 

PT e o hino

Serei o único a achar ligeiramente pornográfico o anúncio em que o hino nacional é usado descaradamente pela PT? Logo a PT...

sexta-feira, janeiro 13, 2006

 

NOTAS

Supliciados em Lisboa o Duque de Aveiro e os Távoras, acusados de traição (1759). Um terramoto em Itália mata 29 mil pessoas (1915). Um diamante de 388 carates é encontrado na África do Sul (1919).

 

ENVELOPE 9

A notícia de hoje veiculada pelo Jornal 24 HORAS é arrepiante. 80 mil telefonemas – alguns referentes a números privados e confidenciais -, das mais altas figuras do Estado estão registados no processo “Casa Pia”. Nem o Estado Novo foi tão longe. No designado ENVELOPE 9 estão guardadas disquetes e CD’s que contêm mais de 10 milhões de registos de chamadas telefónicas que o Ministério Público mandou analisar. Além de a informação poder constituir uma séria ameaça em termos de segurança, caso caísse em mãos erradas, o facto é que a vida privada de todas estas pessoas pode ser facilmente devassada. A verdade é que o juiz Rui Teixeira investigou todo o tipo de telefones e o caso levanta pelo menos duas questões fulcrais: onde está a justificação legal do pedido das listagens à PT para que servem ? A justificação legal é dada por Rui Teixeira, quando escreveu que “as escutas ou as intercepções não podem dirigir-se a pessoas que não sejam arguidas, suspeitas, não favoreçam a prática do crime ou cujo telefone não seja usado por arguidos ou suspeitos”.
Sendo assim, como é que as pessoas do ENVELOPE 9 foram investigadas ?
Em Santa Comba, no cemitério do Vimieiro, ouviram-se já várias mexidas no túmulo.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

 

S. Gonçalinho

S. Gonçalinho é tido como santo milagreiro a tratar, enttre outros, de problemas afectivos de vária índole, ou mesmo a melhorar as "performances" da sedução. Na atmosfera intimista do pequeno templo hexagonal, os crentes consultam o santo sobre as suas preocupações mais privadas e a tradição dá-lhe fama de ser um eficaz conselheiro.
A consulta, paga na promessa de lançar do alto da Igreja uns quantos quilos de cavacas, nem sai cara, quando comparada com os gordos dízimos deixados nos modernos consultórios de especialistas menos reputados.
Não há caso que meta medo a S. Gonçalinho, chegando mesmo a prescrever remédio para o envelhecimento. Mesmo sem cirurgias plásticas, os ditames populares garantem que até para velhas que se sintam sozinhas arranja parceiro.
Rezam as crónicas que S. Gonçalinho não fia, nem admite avarezas. Aquele que não cumprir tem de se haver com a ira do santo.
Além do inusitado lançamento de cavacas, singular, também, é a "dança dos mancos" feita no templo e tolerada pela Igreja, num ritual quase pagão em que homens se fazem de deficientes e cantam brejeirices enquanto bailam à roda de um banco.
Com um santo tão cosmolita, ora digam lá quais são os vossos pedidos a S. Gonçalinho ???

segunda-feira, janeiro 09, 2006

 

LUCIDEZ

«Nenhum Presidente da República pode assegurar a mudança, mas um Presidente mal escolhido pode impedi-la. Um Presidente não tem poderes para fazer tudo, mas tem poderes para estragar quase tudo.»

Medina Carreira, Lusa, 8 de Janeiro (mandatário distrital do Prof. Cavaco Silva)

sábado, janeiro 07, 2006

 

Quando eu me chamar saudade

Falecido em Julho de 2003, o cantor Noite Ilustrada (alcunha que ganhou por ser um leitor fanático de uma revista com o mesmo nome) deixou saudades. Dono de uma das mais belas vozes do universo musical brasileiro e de uma elegância que o tornava atracção em qualquer lugar que aparecesse, interpretou, como poucos, músicas de sambistas amigos e admirados, como Nelson Cavaquinho. O seu verdadeiro nome era Mário de Souza Marques Filho. Para muitos, foi o único verdadeiro sambista produzido pela cidade de São Paulo. Sambista com garra, balanço e muita elegância. Aproveitem.




Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora
(...)

“Quando Eu Me Chamar Saudade”
(Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)

sexta-feira, janeiro 06, 2006

 

Alguém está em apuros

Estudo da Universidade Católica
Sondagem: Cavaco Silva recolhe 60 por cento das intenções de voto

Cavaco Silva obtém 60 por cento das intenções de voto nas eleições presidenciais, contra 16 por cento de Manuel Alegre e 13 por cento de Mário Soares. Estes são os resultados de uma sondagem da Universidade Católica Portuguesa para o PÚBLICO, Antena 1 e RTP, que dá ainda sete por cento a Jerónimo de Sousa, quatro por cento a Francisco Louçã e zero por cento a Garcia Pereira.

 

Umbigada

As memórias de Maria Filomena Mónica são uma umbigada. A mulher viveu os seus melhores anos num tempo extraodinário mas nada viu, enclausurada que estava no seu enorme ego. Podia ter sido uma testemunha privilegiada dos dias de brasa - mas preferiu ser um espectro. Um espectro louro, lindo e ligeiramente tonto.

 

Mercado livre


Orelhão em São Paulo. Foto de P.C. Moreira.
(Clique na foto para aumentar)

quinta-feira, janeiro 05, 2006

 

Socorro!

Uma das coisas boas de ter um blogue é poder dar-vos música.

Socorro, Arnaldo Antunes, uma cançãozinha que parece ter sido escrita para mim.

 

Mexia e a EDP

Em Portugal, o princípio de Peter não faz sentido. Quando alguém chega ao patamar máximo da sua incompetência leva um pontapé...para cima! Foi assim com Durão Barroso, Santana Lopes, etc. É o caso, agora, de António Mexia, um dos maiores bluffs da vida política nacional, como ficou amplamente demonstrado durante a sua passagem pelo Governo."Pelo menos é giro", disse uma das minhas melhores amigas quando soube da nomeação. Seja. Um dia destes o Paulo Pires sobe a ministro...
PS - PS, sim. Também aqui se encontram bons exemplos de gente que desmente o princípio de Peter. Fernando Gomes, Armando Vara, o inefável Pina Moura. E por aí fora. E Manuel Pinho, claro. Ou será Manolo Piño?

 

Hoje acordei assim


Arrepios, dores de cabeça, espirros...é por estas e por outras que eu ODEIO Janeiro!

 

de mãos dadas...

na Visão:

"a mandatária para a juventude é presença assídua nas iniciativas mais importantes de campanha. (…) Além de ser elogiada por Cavaco Silva, demonstra ter uma grande empatia com a mulher do candidato, Maria Cavaco Silva. Durante um jantar com jovens apoiantes, no Pavilhão de Portugal, Kátia apresentou a candidata a primeira-dama a uma jovem estilista. Maria agradeceu e elogiou um vestido que a jovem usou numa cerimónia anterior. As duas mulheres fizeram boa parte do trajecto de mãos dadas”.
Kátia Guerreiro, 29 anos, está nesta campanha porque não quer ser confudida com a famigerada 'geração rasca'".

quarta-feira, janeiro 04, 2006

 

Maria Filomena Mónica

Rendi-me. Comprei hoje o livro de memórias da Maria Filomena Mónica. EStava farto de ficar à margem das conversas sobre a socióloga da moda. A primeira impressão é de que ela se leva demasiado a sério. E que diz quase tudo o que lhe vem à cabeça. Sinceramente, não sei se isso é bom ou se é mau.

 

muitas saudades...

um excelente 2006 a todos!

obrigada pelos mails. obrigada pelas fotos. obrigada por se lembrarem.
mais um dia no calendário de 2005 e eu não sei se resistia a tanta mudança de uma lufada só!
muitas saudades de todos. MUITAS dos que conheço e dos que não conheço mas conheço.
já espreitei algumas das vossas palavras. a correr. ainda faltam muitos.
ok. passei o ano de pijama novo :) não foi mau de todo...
em breve estarei a 100% novamente
beijos, muitos, maria

terça-feira, janeiro 03, 2006

 

Primitivos...

O Programa Prós e Contras desta noite revela bem o estado de algum “pensamento” português. Por exemplo Filomema Mónica, que não vai às compras nem aos centros comerciais por considerar isso uma “maçada” pensa que os portugueses estão na fase da “acomodação primitiva de frigoríficos e electrodomésticos”. Não sabemos quem lhe faz as compras nem em que estado de acomodação se encontrará… mas ficamos com a convicção de que a teoria desta Professora é autocontraditória, que se destrói e conduz a um insuportável desprezo social.

 

Amigos...

Como diz o meu querido Amigo F. Marabuto, o tempo tem de facto destes contratempos... Às vezes temos tempo, outras nem tempo temos... Tive amigos que não tiveram tempo e tenho pena de não ter tempo para os ir lembrando... Ontem foi a enterrar em Aveiro um conterrâneo nosso. Era um médico distinto, director no Santa Marta... o Dr Jorge Quininha. O tempo é sempre escasso, meus amigos…

 

AveiroLX

Parabéns, João (link). Pelo aniversário e pela nomeação (olha...rimou!)

segunda-feira, janeiro 02, 2006

 

Everything Is Temporary

Bom dia, bom ano novo e essas tretas todas. Janeiro ainda agora começou e eu já desejo com todas as minhas forças que termine depressa. Everything Is Temporary, canta a a Edie Brickell, com toda a razão. Vamos ver se nos próximos dias este blogue retoma aos poucos o seu ritmo normal.


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