domingo, fevereiro 20, 2005

 

Vencedores e vencidos

José Sócrates - Ele nem queria eleições antecipadas, mas a decisão de Jorge Sampaio obrigou-o a ir a jogo. Fez uma campanha asséptica, evitando envolver-se em polémicas ou fazer promessas, mas teve a coragem de pedir a maioria aboluta. E o povo português deu-lha, em grande parte como voto de protesto contra as guinadas de PSL e a pose postiça de Paulo Portas, que parecia grávido de Estado. O país caiu-lhe no colo e agora Sócrates tem que mostrar não só que tem capacidade para governar mas também para controlar os ímpetos dos "boys" e "girls". Legitimidade não lhe falta.

Jorge Sampaio - É um dos vencedores da noite e pode dormir tranquilo, mas viu o povo emendar-lhe a mão. A afluência às urnas e o desfecho mostraram que Jorge Sampaio andou mal em dar posso a PSL, num processo de sucessão dinástica que foi recebida com incompreensão. Não se livra da fama de ter feito um serviço ao PS, mas é hora de colocar o cinismo de lado e pensar que Sampaio fez aquilo que, em consciência, pensou ser o melhor para o país.

Francisco Louçã - O seu Bloco é um dos vencedores da noite, mas fica com o amargo de boca de não ter conseguido "amarrar" o PS a um entendimento parlamentar. O Bloco chegou à maioridade e é aqui que começam as verdadeiras dores de crescimento.

Jerónimo Sousa - Pode reclamar uma "vitorinha". Aguentou-se, mostrou o comunismo de rosto humano, caíu no goto dos portugueses. O mais difícil ainda vem por aí.

Marcelo Rebelo de Sousa - Vingança servida a frio. E agora que PSL mostrou vontade de disputar o congresso extraodinário, MRS vai divertir-se como ninguém. Vai conspirar, fazer cenários, fazer a vida negra a PSL. E volta a ter púlpito, na RTP. Suspeito que vamos ver muitas vezes o professor nos próximos quatro anos.

António Guterres - Objectivamente, ficou com o caminho aberto para ser o candidato do PS a Belém. Resta saber se o povo já lhe perdoou a fuga.

Cavaco Silva - Outro putativo candidato a Belém, que só lucra com uma maioria absoluta, para a qual contribuiu indirectamente ao retirar por diversas vezes o tapete a PSL, figura em quem nitidamente não confia. Está "jurado de morte" por PSL (para usar uma expressão brasileira), mas continua a ser o pilar no qual o centro-direita pode começar a reconstruir o seu castelo. Assim ele queira.


Vencidos

PSL - Já foi quase tudo dito. Quando se julga que PSL bateu no fundo ele surpreende toda a gente e avança às guinadas, como um touro cego pelo sangue que lhe escorre das feridas. O discurso em que aceitou a derrota do PSD não o enobrece e lança uma sombra sobre o futuro do partido. É com alívio, no entanto, que o país o vê a abandonar São Bento.

Paulo Portas - Engana-se quem julga que Paulo Portas vai desistir. Este CDS-PP não vive sem ele. Inteligente como é, vai aprender com os erros. Não se admirem se ele moderar a demagogia e voltar a apostar nas feiras e mercados, no contacto directo com o povo. Mas também pode fazer tudo ao contrário. A única certeza é a de que não vai abandonar a política.

Manuel Monteiro - Uma irrelevância. Até doi colocá-lo nesta lista.

Alberto João Jardim - Apostou mais do que ninguém em PSL, um líder à sua medida. Descobriu, outra vez, que não está em sintonia com o continente.

Luis Delgado - Desculpem. Não resisti. Sorry.

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